Ouvi hoje, na televisão, uma parte do diálogo entre Judite de Sousa - que me pareceu cansada - e o General Ramalho Eanes que, ao contrário, me pareceu em boa forma. O tema em análise respeitava às eleições presidenciais e ao país.
É publico que nutro uma grande estima pelo casal que já esteve em Belém. Mas não foi isso que me fez ficar a ouvir o antigo Presidente. A razão esteve em algo que de há muito defendo e que sempre me emociona. Refiro-me à capacidade que o ser humano tem de, ao longo da sua vida, se refazer.
O General que ali estava a falar sobre a crispação da actual sociedade portuguesa e da urgência de a fazer desaparecer, era um homem bem diferente daquele que foi, no seu tempo, a primeira figura da Nação.
Quem ali estava era alguém que acompanhara a evolução da sociedade portuguesa, que a olhava com os olhos da experiência mas também com uma surpreendente capacidade de entender aquilo que muitos recusam ver. É que, quer gostemos quer não, Portugal mudou e a única forma de acompanhar essa mudança é, em primeiro lugar, tentar compreende-la e depois perceber porque é que ela aconteceu. Ramalho Eanes mostrou que isso é possível.
Não é um problema de gostar ou não do regime que temos. Eu até nem gosto. Mas isso não me faz viver em fractura constante, em litígio permanente, em confronto habitual. Gosto muito do meu país e isso faz com que sinta a obrigação de tentar perceber a sua evolução. Tenho convicções, mas não recuso as convicções dos outros.
Penso, como disse o General, que é tempo de reconciliar os portugueses. E se isso não for possível no imediato, que, ao menos, saibamos não estar em permanente agressão. O país precisa de paz e os portugueses precisam de ver se escolheram, ou não, o melhor caminho.
HSC
12 comentários:
Judite de Sousa não me pareceu cansada, ao contrário do que diz. Achei-a até muito bonita, num beleza suave. Quanto a Ramalho Eanes acheio-o cansado, lá está, embora atento ao que se passa neste País. Gostei de o ouvir. Interessante saber que apoia a candidatura de Sampaio da Nóvoa. E cá para mim, se uma pessoa como o General Eanes apoia alguém para este tipo de funções (PR), tal é um certificado de validade, sem discussão.
Era bom que as TVs de quando em quando pudessem ouvir o que os PRs anteriores pensam sobre vários aspectos, quer da política interna, quer externa (embora M.Soares já esteja em baixo de forma, pela idade). Como Cavaco, a partir do dia em que cessar funções (embora não o aprecie, entendo ser sempre válido e útil ouvi-lo, pelas mesmas razões) que atrás refiro).
a) Rogério Santos
Subscrevo inteiramente o post, mas infelizmente ontem parei num debate das eleições presidências e fiquei parva...é o segundo que vejo e não passam de agressões verbais falando mais do passado do que o presente e futuro.
Destaco esta frase: "Refiro-me à capacidade que o ser humano tem de, ao longo da sua vida, se refazer."
e é verdade sim e se eu olhar para o meu digo que não sei como consegui lutar (como ainda luto) adaptando-me sempre aos altos e baixos da vida.
Bom fim de semana e estou um bocadinho zangada com o S.Pedro que deveria parar um cadixinho as limpezas das suas assoalhadas:)
Ramalho Eanes é uma pessoa com bom senso. Tem-se visto em cada sua intervenção, mais pública menos pública.
Judite de Sousa estará cansada ou desmotivada? Mal fisicamente, parece estar. E psicologicamente?
Os portugueses precisam de reconciliação. Uma vez mais, Eanes acerta, "saibamos não estar em permanente agressão".
Não deve haver caminho pior que o anterior, com tantos estragos. Por isso, vamos ver no que dá.
Assino por baixo o seu post, com uma ressalva, nestes últimos tempos foi a Direita que me surpreendeu e pela negativa! Antes da tomada de posse deste governo, na A.R. senti o que se chama, vergonha alheia!Agora já está tudo mais calmo.Quanto á Judite de Sousa acho que a imagem dela está muito desgastada, rara é a semana que não aparece nas "revistas cor de rosa"e era dispensável!
Já trabalhei directamente com o General Ramalho Eanes e tenho o máximo de
respeito por ele e pelo que diz. Portanto em relação às suas respostas
a Judite de Sousa não me surpreenderam. Eu também espero que haja
uma pacificação na Sociedade portuguesa.
Em relação a Judite de Sousa, se não é cansaço é uma nova postura?
Não me parece, mas não está a 100%.
Bom fim de semana.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves
Olá,
Só por acaso, também ouvi parte da entrevista.
Quanto a JS, não comento - mas parece-me que o tempo deixa marcas?!
O General Ramalho Eanes é hoje uma pessoa muito diferente.Mais calmo,mais sábio e até já se considera velho!
O apelo que faz à reconciliação, é disso prova!
É sem dúvida uma figura de referência no país - nem sempre estive de acordo com as suas ideias, mas merece o meu respeito.
Bom domingo,
É verdade que Portugal mudou, mas terá sido para melhor? Talvez seja prudente esvaziar um pouco as euforias. O tal "Tempo Novo" ainda pode trazer muitas surpresas. Oxalá me engane!
Anónimo das 10:52
Eu disse que Portugal mudou, mas não disse que era para melhor. Essa foi a sua conclusão.
Mas sempre lhe digo que em toda a mudança há sempre aspectos positivos e aspectos negativos. É da avaliação deste quociente custo/benefício que podemos dizer que mudámos para melhor ou para pior!
Um dos problemas para essa pacificação tem a ver com a falta de educação, quer em termos gerais, quer cívica), requisitos que o nosso querido General Eanes, a quem muito devemos, tem e sempre teve. Respeita o seu interlocutor (neste caso, entrevistador), nãofoge nunca às questões que lhe são colocadas e parte do princípio que a sua experiência ajuda a pensar, a reflectir. Sério, sério, sério, o que não é uma qualidade, é estrutural. A sua mulher, idem (e com a obra do Instituto de Apoio à Criança, exemplar e nada fácil). São personalidades excepcionais e coerentes com os seus valores de cidadãos, de formação cristã.
Quem estará interessado? Duvido que muitos. Pessoalmente, gostaria mais que não tivesse apoiado logo Sampaio da Nóvoa (não porque não seja pessoa de bem, mas porque já fez uma coisa que o General Eanes nunca faria - passar ao registo do achincalhamento e da ofensa gratuita - é uma moda nesta campanha perfeitamente execrável, que os seus dois filhos, ambos notáveis, nunca utilizaram, nem nos piores dias), tal como nas últimas presidenciais, Cavaco Silva.
Bem precisávamos hoje que pudesse ser candidato... Não me esqueço do nojo de tudo o que qualquer energúmeno se permitia dizer contra Sá Carneiro, em vez de discutir com ele Política). Hoje em dia é geral...
Política, ideias, zero. Crispação, ataques pidescos e soi-disant moralistas, aquela coisa pequenina e muito portuguesa de insinuar e apontar o dedo... Tempos tristes!
Helena
Judite luta diáriamente com o vazio, desgosto atroz, a sua voz já não é a mesma. Refugia-se no trabalho, a sua unica paixão agora, só que não chega, viver um grande amor fazia-lhe bem. Enquanto está na TVI o trabalho absorve-lhe os pensamentos, e quando chega a casa?
Continua bonita, elegante.
Os portugueses estão desiludidos com a presidência, governo, logo o descontentamento geral.
O general Eanes sempre primou pela discrição, qualidade que admiro.
A sabedoria é algo que se aprende com o tempo, as suas palavras refletem bem isso.
Carla
O melhor caminho...
O País quer um Presidente
Que seja absorvente
Com o coração quente
E alma de gente
Para saber ouvir o que o povo sente
Quando está carente
O País quer um Presidente
Que também passe o pente
Mas á mesa se sente
E esteja sempre presente
Quando o povo sofre doente
O País quer um Presidente
Que seja diferente
Mas nas palavras crente
Inteligente,excelente,eloquente
E abrace livremente
E se sinta contente
Com o que o povo sente
O País quer um Presidente
Com alma de gente
Zé
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