Acabei, por uma intolerável falha de pilha do meu comando televisivo, de assistir a um frente a frente. Nem vale a pena dizer entre quem. O tema, considerado de magna importância era, nem mais nem menos, o de saber quem tinha mandado vir a troika para Portugal.
Como se pode depreender trata-se de um assunto de relevante actualidade e que há dois dias ocupa o pleno do debate político nacional. Esclarecer o eleitor que se pretende levar a votar é simplesmente isto. É discutir o passado de há quatro anos. E os nossos políticos, aqueles que pedem que votemos e lhes confiemos a tal maioria estável, absoluta, alinham nesta triste farsa.
Passaram mais de quarenta anos sobre a revoluçao e nada mudou nas nossas campanhas, apesar do país e dos portugueses terem mudado muito. Até os dirigentes mais novos, embora com outras roupagens, parecem clones dos barões dos partidos a que pertencem.
Quando desliguei o aparelho, disse para comigo que este tipo de debates e campanhas só pode ter um resultado que é o de levar os indecisos a optarem pela abstenção. Que tristeza e que pouco respeito isto representa por todos nós. E ainda ousam falar em nome do povo. Qual povo, pergunto eu?!
HSC
13 comentários:
Olá,
Dra.Helena, está uma grande confusão.O povo está muito cansado e por isso o desinteresse.
Mas atenção, poderá haver surpresas?!
A abstenção depende de muitos factores.
Um grande abraço,
Não vi,e não tenho pena.Já cansa essa da Troika,sinceramente!
Preferia ouvir falar de resoluções no campo da saúde.O general inverno está a calçar as botas para começar o ataque e isto é que me preocupa,e muito.O cenário dantesco do último inverno que seja para não se repetir.Causa medo e pânico só de pensar nos hospitais á pinha com horas e horas de espera no atendimento.
Uma noite tranquila Dra Helena.
Sara
Agora entende o porquê de o Zé brincar?!É que é tudo tão triste,mesmo tão triste,que se o Zé não sorrir acaba com depré.
E Zé que é Zé não gosta de depré.
Pois é!
Essa é que é!
Zé
Seria uma sorte todos eles da esquerda á direita lerem este seu post.
Oxalá!
Fátima
Nem mais e subscrevo, mas acho que algo mudou em 40 anos: o gasto de cada partido com todo este folclore.
Só vi o debate Passos-Costa. Não tenho paciência para ver aquela menina do Bloco com cara de estagiária para professora primária a debitar demagogia por todos os lados. E não vou ver mais nada, sei em quem vou votar e ficarei aborrecida se eles não ganharem, não porque simpatize especialmente com os dois coligados mas porque os outros não prestam e o país não pode andar para trás.
Pois a Catarina é uma mulher e peras! Pena não pertencer a um dos partidos com possibilidade de ganhar. Daria uma boa ministra, não tenham duvidas.
Dra. Helena, isso de não ter pilha para o comando da TV, não teria problema se tivesse a MEO (não sei se tem), é que tem um dispositivo no comando que permite ver todos os programas já passados nas "gravações automáticas". Mas não perdeu nada, não. eh eh eh eh
Anónimo das 17:58
Com MEO ou com NOS o comando para funcionar precisa de pilha. A que eu tinha gastou-se e portanto para mudar de canal teria de ser manual. Não estive nem aí e fiquei no canal em que estava.
Aliás eu não gravo. O sistema Iris permite-me ver tudo da semana anterior sem necessidade de gravar. Mas para comandar...preciso de um comando com pilha!
:-))
Confesse lá. Não foi falta de pilha. Foi um guilty pleasure...
Sem dúvida uma tristeza!
Oxalá o povo,aquele povo que constrói para os outros terem o melhor,esse povo existe e é PORTUGUÊS,e é o melhor.
Veja-se agora no caso dos MIGRANTES. Segue ajuda para a Croácia.
Somos Bons - Somos Grandes - Somos Generosos
Eu acredito.
Não abusem é da generosidade e não nos façam mal.
Não façam pagar o justo pelo pecador.
Não merecemos.Temos de ser cada vez melhor e superarmo-nos.Eu acredito.
Ainda bem que fizeram de mim um lutador.Não sou de desistir.
E gosto de dar a mão mesmo a quem não pensa como eu,se for para o melhor de todos.
Primeiro está o País - Portugal
AMello
Gentil Senhora Dra. Helena,
De quando em vez, passo por aqui para ler nos seus tão inteligentes, simples, curtos (alguns) mas profundos quanto sinceros textos, com que nos costuma brindar nesta sua forma de postar, até porque ainda prezo uma das poucas virtudes do mediano "qi" que herdei: dar preferência, sempre que possível, aos bons autores.
Porém, desta vez, o título que escolheu, como que me "tocou", na medida em que tenho desses 40 anos passados, designadamente dos primeiros 19 meses pós Abril de 1974, gratas recordações, não apenas pela alegria de viver em sociedade que a liberdade me restituiu, mas também pelo aprendizado prático que um recém estudioso de economia - então ao serviço de um banco - passou a poder desfrutar, para realização profissional, já que, familiarmente, era feliz, por chefiar, a meias com a mãe, uma família onde cabiam 2 filhotes, lindos, principalmente por potenciarem os dois homens em que se transformaram, de que muito me orgulho até por constituírem, porventura, a única “coisa boa” que consegui ajudar a fazer.
Escreveu V. Exa. «… aqueles que pedem que votemos e lhes confiemos a tal maioria estável, absoluta, alinham nesta triste farsa.»
Também subscrevo, mas não muito surpreendido, pois aprendi de Sigmund Freud que: «As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e não vivem sem elas. Constantemente, elas dão ao irreal a procedência sobre o que é real; são quase tão intensamente influenciadas pela mentira, como pelo que é verdade. Têm uma evidente tendência a não distinguir entre as duas.»
E, obviamente, os tais que pedem votos, têm desta verdade conhecimento e servem-se da situação.
Creio existir uma outra (também não menos relevante, quanto complementar) razão, impressionantemente (mais que não fosse pela actualidade) interpretada pelo mestre Guerra Junqueiro que, brilhantemente a descreveu assim:
«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.»
E ainda uma terceira razão, que a saudosa Simone Beauvoir me ensinou: «O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.»
Deste modo, e penitenciando-me pela extensão do meu comentário, permita-me que lhe envie
...
(porque excedeu o número de caracteres permitido, aqui vai a parte final):
... duas “oitavazitas” que redigi para enviar aos poucos amigos que ainda me concedem o privilégio de o ser e bem conhecem a minha independência e apego à liberdade, neste tempo de tantas dúvidas, visando combater a abstenção porque, mais do que nunca, desta vez a considero perigosíssima:
Cessem, de todo o sábio político e burguês,
Os poderes que com promessas vãs têm alcançado;
Cale-se de comentadores jornalistas e tê vês
A fama das grandes vitórias que lhes têm dado;
Que aqui recantarei o peito ilustre Português
Que vergou Caetano e Spínola – o alucinado.
E que cesse tudo dos saudosos do que então ruiu,
Porque novas e gloriosas portas Abril abriu.
E Vós, meu Povo humilde, que de tanto explorado,
No campo na mina na fábrica no escritório
Na escola na universidade ou desempregado,
Que vais resistindo aos algozes desse relambório,
Mesmo que sejas idoso ou estejas emigrado,
Não queiras dar de novo para esse peditório.
Dos incomensuráveis logros dos “do arco” sabes Tu
E, se vacinado estás, passa a VOTAR CDU.
Votos sinceros para que a vida lhe sorria sempre e em tudo, a fim de que a possa viver com saúde, paz, alegria e muito amor também, junto dos que lhe são mais queridos.
Um abraço fraternal e, também por ser como é, um beijo no seu coração belo, do, seu e ao dispor,
alberto
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