"...Ora, quando os jornalistas escrevem opinião —
dizendo o que entendem sobre o que entendem — estão a arriscar-se a
subordinar o seu dever de informação, bem como o peso social gerado pela
visibilidade da função de informar, ao seu direito de ajustarem contas, de
tomarem partido, até de suspeitarem. É porque são jornalistas com coluna
publicada ou com editorial que a sua opinião conta, ou seja, importam porque se
presume que farão o trabalho de jornalistas, mesmo quando o estão a contrariar,
substituindo informação por uma campanha. Naturalmente, quando se dedicam a
fazê-lo sob a forma sublime da conversa de café, o uso do poder discricionário
da sua opinião sentenciosa é mais flagrante."
Eduardo Pitta in daliteratura.blogspot.com
Este texto foi retirado de um outro, mais longo, sobre Sócrates. Já aqui disse que me não pronunciaria sobre tal tema, antes de serem conhecidas todas as peças do processo. É uma questão de idoneidade e bom senso não falar daquilo que se não sabe.
Aquilo que me faz reproduzi-lo é o facto de ele abordar uma questão grave que se refere à confusão estabelecida entre jornalista e opinador. Ao primeiro, enquanto tal, compete informar de modo isento e sem estados de alma que influenciem esse dever.
Ao contrário os outros podem opinar - é mesmo isso que se lhes pede - porque não estão abrangidos por essa espécie de juramento que, aliás, também existe noutras profissões.
Quando o jornalista confunde estes dois campos e se serve do seu poder de informar, para influenciar em determinado sentido a opinião pública, comete uma forma de perjuro. O qual, infelizmente, se está a tornar muito comum entre nós. É pena!
HSC
3 comentários:
A palavra que mais se usa hoje em dia e "eu acho", mas estes achamentos são sempre desprovidos de objectividade e eivados de empirismo.
É claro que todos nós podemos achar isto ou aquilo se tivermos que nos leia e goste desse tipo de abordagem. O mesmo não acontece com os repórteres ou jornalistas, que devem informar, usando fontes fidedignas. Se virmos filmes sobre jornalismo americanos, verificamos que os jornalista é que fazem quase toda a investigação e por vezes até ocultam provas à Polícia para terem o monopólio da informação.
Cé penso que a atitude é de desconfiança permanente em relação à justiça e "em dúvida contra o reu" !
Bom dia Helena!
Concordo, os jornalistas devem tomar a posição de neutralidade, não de opinar, já os comentadores politicos, são convidados para expressar a sua opinião.
Todavia, os ouvintes devem seguir a sua consciência, ter opinião própria, não serem levados a acreditar no que ouvem.
Cito, a famosa frase do filósofo grego Sócrates:
"Só sei que nada sei."
Carla
"Só sei que nada sei"
Mas sei quem sabe!
Enviar um comentário