“Em Inglaterra, a cadeia de
supermercados Waitrose, oferece uma chapa a cada cliente que fizer compras acima
de um determinado
valor. Este, à saída tem, normalmente, três caixas, cada uma
em
nome de uma instituição social sediada no município, para receber as
referidas chapas, de acordo com a opção do cliente. As chapas de cada caixa são
periodicamente contadas e a empresa entrega em dinheiro,
à respectiva
instituição, o valor correspondente. Este donativo
diminui os seus lucros mas
também tem o devido tratamento em termos
de fiscalidade.
Em Portugal, as campanhas de solidariedade envolvem uma parte para a instituição, outra parte para o Estado e uma terceira parte para a empresa envolvida na acção. Ou seja, até na ajuda aos mais necessitados, todos têm que ganhar alguma coisa…
Em Portugal, as campanhas de solidariedade envolvem uma parte para a instituição, outra parte para o Estado e uma terceira parte para a empresa envolvida na acção. Ou seja, até na ajuda aos mais necessitados, todos têm que ganhar alguma coisa…
Nós ficamos
que contribuimos ficamos quietos e
calados. Tomamos tudo por normal, quando afinal há quem faça o bem de maneira
diferente.
Um exemplo: decorreu num
destes fins de semana mais uma ação, louvável, do
programa da luta contra
a fome.
A recolha em hipermercados, segundo os telejornais, foi de cerca de 2.644
toneladas,
ou seja 2.644.000 Kilos.
Se cada pessoa tiver
adquirido um bem para doar e se o mesmo custou, por exemplo,
0.50 €, teremos 1.322.000,00€ (correspondentes a 2.644.000 kg x 0,50€), como valor
total pago nas caixas dos hipermercados.
Dos quais, em princípio, o
Estado poderá receber 304.000,00€ (admitindo o IVA a 23%) e
o hipermercado 396.600,00 € (admitindo uma margem de lucro de cerca de 30%).
Excluo, como é evidente,
deste raciocínio, o louvável trabalho dos milhares de voluntarios que
generosamente se envolvem nestas campanhas e que merecem o maior respeito”.
Recebi este mail há uns dias. Penso que não é novo. Mas não é isso que me leva a publica-lo. Nem sequer discuto se aquelas contas, ou outras, estarão certas. O que eu questiono é a diferença de atitude entre os dois países.
Julgo que, tratando-se de campanhas contra a fome, se justificaria que o Estado fiscalizasse a autenticidade da operação prescindindo do imposto ou reduzindo-o ao mínimo valor. E a empresa limitar-se-ia a lucrar apenas o benefício fiscal que fosse determinado para tal tipo de operações.
Ou seja, parece-me que o modelo britanico é bem mais justo do que o nosso!
HSC
7 comentários:
Subscrevo inteiramente o seu comentário.
BOM ANO para si e todos os seus, com saúde e força para continuar a ser uma grande mulher
É por isso que gosto tanto do modo de actuar britânico. As lojas da Oxfam são populares por todas as cidades e muitas pessoas compram roupas em 2ª mão com satisfação. Tudo isso reverte para ONGs que trabalham imenso.
Cá é uma logística pseudo solidária....
UM BOM ANO!
Já tenho comentado isso várias vezes.Até na solidariedade que o estado não pratica,leva sempre a sua parte.
Estou completamente de acordo.
Cara Helena,
Vivi recentemente uns anos em Inglaterra e o meu supermercado de "referência" era um Waitrose, relativamente perto de casa. Portanto sei como funciona o esquema e não é bem como descrito.
O Waitrose dá uma quantia fixa por mês (aparentemente actualmente são £1000) por loja, sendo que existem 3 opções, nas quais os clientes "votam" colocando a tal ficha numa caixa. As £1000 são distribuídas pro rata, de acordo com o número de fichas por caixa.
O interessante aqui é que as instituições associadas (na totalidade) não recebem em função das compras: o montante é sempre o mesmo. O cliente não está, de facto, a fazer "caridade" através de terceiros, mas apenas a dizer para onde acha que a mesma deve ser dirigida.
Só mais uma nota: a cadeira Waitrose pertence à John Lewis (também uma cadeia de "department stores", ao estilo do El Corte Inglés). Essa cadeia é detida INTEGRALMENTE pelos funcionários (partners), que recebem parte dos lucros e votam na sua estrutura interna de gestão. Cada funcionário, seja operador de caixa ou o administrador executivo tem direito a um voto - em pé de igualdade.
Como católico e como admirador confesso da Doutrina Social da Igreja, acho o exemplo da John Lewis (ou da basca Mondrágon) como algo de admirável e a representação ideal do que deve ser uma empresa.
Carlos Duarte, obrigada pelo esclarecimento que, aliás, confirma que o modelo britânico é melhor do que o nosso.
Nem de copiar somos capazes...
De acordo com o fundo da(s) questão (ões), sem qualquer dúvida, o que vou dizer não tem a ver com isso.
Só que há uma coisa que vejo por sistema em comentários ou mesmo artigos espalhados por aí e que me leva a crer que quem os escreve nunca foi às compras.
Desde quando o tipo de bens que se entrega nestas campanhas é taxado a IVA de 23%?
Suponho que talvez haja alguns à taxa intermédia mas a enormíssima maioria é a 6%.
Uma vez li um artigo num jornal em que era apresentada a factura e a análise da mesma.
Devido aos profundos conhecimenos aritméticos dos portugueses e ao não menor bom senso, a autora chegava a um valor de IVA de bens exclusivamente alimentares de X euros e punha-o lá.
Escrevi para o mail do director a perguntar se ninguém lia os artigos antes de os publicar, já que a autora não o teria feito: o IVA dava cerca de 54%!
Recebi um mail 5 minutos depois a agradecer muito mas ainda estou à espera da errata.
Mas como disse, nada disto tem a ver com a questão de fundo.
RuiMG
Rui MG
Por isso eu comentei que "não discutia as contas, mas tão só e apenas a diferença de atitudes". Claro que a maioria do IVa será a 6%, mas também o lucro não será 30%...
Prescindir deles é que seria louvável!
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