Há bastante tempo que os amigos me falavam do restaurante "O
Talho" e eu, por um motivo ou por outro, acabava sempre por não ir lá. Os que
me conhecem sabem que sou bom garfo e me pélo por conhecer sítios novos. Pois
bem, desta vez é que foi.
Depois do lançamento, o meu editor convidou para jantar a autora e
a equipa que a acompanha nesta odisseia de publicar livros. Fomos finalmente
lá.
Enquanto aguardávamos pela mesa, eis que recebo um abraço e um livro de um
jovem cuja cara não me era estranha. Como tal não me acontece todos os dias,
olhei-o curiosa e mal ele começou a falar reconheci-o. Era o Kiko Martins, o
rosto da Chefs' Academy, um programa televisivo sobre gastronomia.
Mas o que eu não esperava foi o que veio a seguir e ele relembrou.
Havia sido meu aluno numa das aulas de culinária que dei numa escola de cozinha. Um
dos pratos então elaborados fazia hoje parte do menu do seu Talho. Não pude
deixar de sorrir pelas coincidências. Que muitos dizem não existirem mas nas quais
acredito piamente.
Comi uma alheira divinamente preparada. E embora fosse prato
considerado pesado para jantar - nunca fui capaz de fazer tão subtis distinções -, o
certo é que a dita desapareceu e nem o meu estômago nem o meu sono se ressentiram da escolha feita. Pelo contrário, senti-me muito bem!
E pude confirmar que o ditado popular "guardado está o
"pecado" para quem o há-de comer" era, neste caso, inteiramente verdadeiro. Pecar assim vale
mesmo a pena!
HSC
Nota: Do livro hei-de falar quando o ler!
Nota: Do livro hei-de falar quando o ler!
13 comentários:
Nada melhor do que receber feedback positivo dos nossos actos anos depois.....
E a alheira era de Mirandela ?
João Menéres
Se não era, o Kiko descobriu uma mina. Vinha toda envolvida num ninho de cappelinni muito bem frito, acompanhada de ovo quase escalfado e arroz de grelos. Tudo com um sabor verdadeiramente soberbo.
Diria que era o prato tradicional com um tempero tal que só a alheira e os grelos importavam. Divino!
Ó dra Helena também pecar com uma alheira...ora,ora!
Nada que uma contrição não absolva. Ahahah
Ai ai,o coelho que gostava de ser leitão passa a alheira.
Coelho
Bom dia Helena!
Adoro alheira, mas o meu estômogo já não...
Como " cotilla " que sou ( palavra dita pelos castellanos ) fui ver o site do Talho, as fotos convidam mesmo ao pecado, a decoração muito bonita.
É restaurante, onde quero pecar!
Carla
Caríssima Dr.ª Helena:
Devido a uma fortíssima constipação não tenho podido vir aqui como habitualmente.
Mas gostava de deixar o meu comentário ao «post» «O Congresso e o cante alentejano».
Como os «posts» se desactualizam rapidamente devido aos mais recentes, duvido que alguém vá ler a partir de agora os comentários que lá surjam.
Dada a explicação, e esperando a sua compreensão e a sua paciência para me ler, aqui vai o que lhe pretendo dizer.
Penso que não conhece profundamente a realidade alentejana.
Em 1.º lugar os alentejanos não são maioritariamente comunistas, a representação política, devido ao milagre do São Método de Hont, é que dá esse resultado. Some os votos efectivos dos abstencionistas aos votos dos outros partidos e verá. Essa afirmação não passa de mais um «mito urbano».
Mão há outros «mitos urbanos»: o PCP gere bem as autarquias (a única instância de poder que têm governado, felizmente, digo felizmente não porque tenhamos sido bem governados pelos outros partidos mas porque com o PCP ainda estaríamos pior).
Senão veja, as câmaras onde o PCP tem mantido a hegemonia desde o 1976 (data das primeiras autárquicas), as 13 câmaras do distrito de Setúbal (hoje dominam 11 e apenas têm perdido pontualmente uma ou outra para a recuperarem mais além) e as maiores do Alentejo, têm o mais alto nível de impostos autárquicos: IMI (o mais significativo); Derrama de IRC; devolução de 5% do IRS.
No IMI, o mais pesado de todos, em que se paga entre metade e mais de um ordenado (uma barbaridade sobre um bem que é um direito constitucional, comprado sabe cada um com que esforço), nada tendo como contrapartida autárquica de bem ou serviço que lhe corresponda (pois pagamos o preço da água, a taxa dos esgotos e a taxa do lixo, o IUC), estas câmaras têm as taxas mais altas desde 2003 (quando foi criado o IMI). No ano passado só pouco mais de 20 em 308 tiveram taxa máxima (0,5) e poucas tiveram taxas acima de 0,4 (o valor intermédio do intervalo, as taxas podem variar até à milésima entre 0,3 e 0,5 por decisão das câmaras). E mais de metade teve a taxa mínima de 0,3.
As do distrito de Setúbal têm tido sempre uma taxa média de 0,48 ou 0,49 quando a média nacional tem andado sempre entre 0, 33 a 0,36.
No IRS só 2 câmaras socialistas têm devolvido parte do IRS.
E as taxas de Derrama de IRC estão entre as mais altas.
Elucidativo de uma política fiscal. As leis são as mesmas no país, umas podem ter impostos autárquicos baixos, outras não.
Manuel Silva
Para o bem e para o mal eu sou metade alentejana - Beja de onde a familia materna era original - e metade beirã - Celorico e arrabaldes de onde a família paterna era original - e posso garantir-lhe que independentemente dos elementos que fornece, que não contesto, sinto bem mais "a força do PCP" no Alentejo do que na Beira!
Caríssima Dr.ª Helena:
Não contestando o que diz, pela evidência da realidade, também não desmente a minhas afirmações, escudadas em elementos oficiais e públicos.
Quer um exemplo mais: a minha autarquia é de maioria absoluta PCP há 37 anos. Actualmente foi eleita com 47%, uma grande vitória eleitoral, sem dúvida.
Ilusão, como não há alternativa por incompetência da oposição, houve 61,5% de abstenção.
Logo, estão eleitos com 17,98% dos votos do eleitorado.
Pode afirmar-se que a maioria do concelho é comunista?
...he-de...
O amor ardente chama por mim.
Gralhas
Helena,
Obrigado pela visita (e pelas palavras!). Foi uma alegria recebê-la n'O Talho, sabendo ainda por cima que foi uma experiência gastronómica tão feliz! Quem sabe agora não volte mais vezes...
Kiko
Com alheiras dessa qualidade, quem não peca ?
Obrigado.
Melhores cumprimentos.
Não emenda a Nota?!
Linda menina ...no conteúdo e na forma.
Uma perfeição.
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