segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Confesso que estou baralhada!


Por norma não me pronuncio neste blogue sobre questões que envolvam o Banco de Portugal. Foi a casa onde trabalhei 18 anos, onde aprendi quase tudo o que sei e onde tive o privilégio de ter como Governadores pessoas de alto gabarito profissional e pessoal.
Ontem ao ouvir o Dr Carlos Costa fiquei baralhada. Esperava uma comunicação ao país que não fosse de natureza técnica, mas sim que explicasse para leigos o que era "a solução" e como funcionaria. Ora se até eu que sou economista fiquei com dúvidas, calculo o que se não terá passado na cabeça daqueles que o não são.
Com efeito, dividir activos e passivos de uma instituição em dois blocos entende-se. Mas falta perceber muito bem o conteúdo real que fica em cada uma. E aqui a explicação dada - o Novo Banco fica com o filet mignon e o BES fica com os tóxicos - é muito parca para tranquilizar as hostes.
Mas, mesmo admitindo que nos próximos tempos, iremos ficar a saber exactamente quais os tóxicos, permanece alguma "injustiça" na opção escolhida. Porque embora saibamos que ser accionista é correr riscos, o certo é que tratar pequenos e grandes accionistas da mesma forma me causa algum mal estar.
É claro que o caminho encontrado foi acordado com a UE e é manifestamente melhor do que aqueles que foram seguidos para o BNP e BPP, cujo enquadramento também era diferente.
Julgo que a muito curto prazo e já sem estar sob clima de tensão máxima, as duas instituições de supervisão deveriam dar uma longa explicação, não técnica, do que vai seguir-se, nomeadamente quem fica com o quê.
Carlos Costa ontem estava manifestamente nervoso e preocupado. Assente a poeira é preciso que ele se explique melhor deixando-se, eventualmente, entrevistar de modo a tornar mais simples questões que sendo complexas só interessam ao grande público na fase das consequências. Porque, o Novo Banco por si só, pode não ser suficiente para estancar a saída de dinheiro do BES que se vinha verificando por parte dos clientes.
No campo técnico tenho outras dúvidas, nomeadamente a de temer que o capital do Novo possa não ser suficiente para fazer face à totalidade dos compromissos em clima de sangria de capitais. Mas essa não é questão para este blogue. É questão para peritos e políticos. O que, manifestamente, não sou.

HSC

12 comentários:

maria isabel disse...

Doutora Helena

Ontem,ao ouvir o Dr.Carlos Costa e como não estava a perceber nada deu-me a sensação que o dr estava com sono pois repetia várias vezes a mesma coisa.Então pensei: sou eu que estou com sono,e fui deitar-me.
Agora a Doutora Helena disse que estava nervoso,talvez fosse isso que me baralhou também. mas que não entendi,não

Anónimo disse...

concordo plenamente consigo, e pena não haver politicos assim como sra.... provavelmente estariamos bem melhores

Anónimo disse...

Til está baralhada e assustada!

Anónimo disse...

Estimada Helena, foi claro que Carlos Costa não estava à vontade. Desde logo pelo que ia transmitir, depois por se sentir sozinho. Governo de férias e um comunicado do Ministério das Finanças pouco claro, deram o mote, primeiro a vários adiamentos da hora do discurso, logo a seguir, uma incerteza de postura que fez parecer que não seria a pessoa indicada para o efeito. Mas era. Afinal, trata-se do governador do Banco de Portugal.

Evidentemente em modo excessivamente técnico, Costa deveria ter feito, com a antecedência possível, uma espécie de trabalho de casa para dar um sentido de conversa 'pró povo'. Os entendidos apanharam as ideias e, alguns deles, não fizeram melhor nos comentários despejados um pouco por todo o lado. Que raio de comentadores ditos económicos temos nós?
Tácticas e técnicas à parte, dei por mim a pensar. Hummm, estes milhões não são 'parecidos' com os que o nosso governo nos tirou nos vencimentos, pensões e afins? Mera coincidência, presumo mas, a verdade é que o 'povão' já está a pensar nisso. E com que ideia se fica?

Os meus cumprimentos, com a certeza de que o assunto será melhor explicado, mais dia menos dia. A sua ideia de uma entrevista a Costa, faz todo o sentido.

Cumprimentos

Silenciosamente ouvindo... disse...

Subscrevo totalmente o seu texto.
O Governador do Banco de Portugal
(que também tem culpas ao ponto4a que chegou o BES) estava mtº.
nervoso e deixou-me com muitas
dúvidas, os jornalistas lá iam
clarificando, mas eles também
com dúvidas. Não tenho conta no BES, mas sei do que uma pessoa amiga que entregou o seu andar com
apenas dois meses de atraso, tem
estado a sofrer, com a diferença.
Avaliaram por baixo, de seguida
venderam o andar por muito mais do
que essa avaliação, e como ficou
uma diferença que eles não conseguiram pagar foram à reforma
do avô(o fiador). Portanto eles
"sacavam muito" agora o que fizeram com o dinheiro...
Irene Alves

Anónimo disse...

Milhares de empregados, despesas enormes de manutenção. É isso que o Novo Banco recebeu. Do outro lado estão os cerca de 5 mil milhões. O tempo dirá o que vai acontecer...Quando se perde a confiança é difícil recupera-la...

Fatyly disse...

Pois é Dª. Helena, mas isso foi sempre a chave mestra usada para e ou por "entendidos".

Sei apenas que as perdas foram ainda maiores, pela falta de ética (agora até duvido se alguma vez a teve) de Ricardo Salgado & Compª já de saída e sem qualquer obediência ao travão do B&P.

Desejo apenas que não seja mais um mega processo que morrerá no tempo e sem culpados na "pildra".

Se eu não pagar uns míseros euros sou logo julgada e condenada e levam o que entenderem e com o nome sujo no B&P...agora dezenas para não dizer centenas de "figurões" roubam numa corrupção dantesca e nada lhes acontece.

O povo tem mostrado muito mais civismo, ética e educação do quem se julga o topo dos topos! Passámos agora a "cobaias"(alguém teria de ser o primeiro) e não faço a mínima ideia se estancaram a "hemorragia de euros já retirados pelos clientes", porque muito se faz via internet.

Não tenho nada no BES, mas neste preciso momento não acredito em ninguém de "topo", de banqueiros a políticos. É triste? Claro que sim e como eu haverá milhares!

Um abraço e vou dar uma volta a pé para arejar

Anónimo disse...

Ao que se chegou! O PM, a quem competia falar deste assunto e da sua "solução", preferiu ficar a banhos na praia e em vez disso mandatou o Governador do BdP para falar por ele - num directo nas TVs! E nenhum membro do governo, como o Vice-PM (a substituir o PM a banhos no Algarve),à Ministra das Finanças entendeu dever dar as explicações (como lhes competia) que Costa veio, atabalhoadamente, dar. Mais um supervisor que desilude. Este país roça o surreal!
P.Rufino

Virginia disse...

Já desisti....


Prefiro pensar na minha família e nas férias....já nem consigo ouvir um telejornal.

Desculpe....

Anónimo disse...

Que porcaria de supervisores são estes Srs. que se deixam enganar sempre. Será que só para lá vão incompetentes? Mas os seus vencimentos não estão de acordo com o que produzem, senão estavam "desempregados" (sem vencimento). É que se assim não for, começo também a desconfiar deles.
Agora que estes novos gestores do "Banco Novo" vão ter uma tarefa difícilima não temos dúvidas. Esperemos que consigam mas tal como a Srª ministra disse há sempre risco mesmo que mais pequeno e isto quer dizer que lá estaremos (desculpe a expressão) lixados outra vez.
J.P.

Unknown disse...

A solução encontrada terá sido, muito provavelmente a única possível, mas, tratar todos os accionistas da mesma forma não só é injusto como até desonesto. Muitos investidores compraram accões do BES, acreditando no Governador do BP, do Primeiro Ministro, que ainda em Julho diziam que tudo estava bem com o BES. E é conveniente não esquecer, que a CMVM e o BP aprovaram um aumento de capital no BES em Junho. Convém não ter memória curta. Escandalo dos escandalos, a PT conseguiu levantar os depósitos que tinha no BES no valor de 128M€, mesmo a tempo e antes da solução milagrosa ter sido encontrada. Não há inocentes nesta história, que por sinal está muito mal contada!

Octávio Diaz-Bérrio disse...

Estimada Drª Helena, Mãe do não menos estimado Dr. Paulo, então, como ex-funcionária do BdP, sabe da existência das especiais medidas para aceder aos registos de Karocha Diaz-Bérrio. Correcto? ;-)