sexta-feira, 18 de julho de 2014

Uma barbaridade insólita


O ataque a um avião comercial feito por um míssil no leste da Ucrânia do qual resultou a morte de três centenas de pessoas, vítimas acidentais de uma guerra civil com a qual nada tinham que ver, é um acto de barbaridade que não pode passar impune. 
Se até agora ainda havia quem aceitasse que o conflito naquela região opunha ‘ucranianos e russos’, esta atrocidade fez que qualquer tolerância apaziguadora que pudesse existir tivesse desaparecido, o que faz adivinhar algo que pode evoluir pra uma guerra muito violenta.
É verdade que Rússia não chegou a ocupar o território do leste da Ucrânia, mas não restam muitas dúvidas que terá fornecido armas sofisticadas aos rebeldes . 
E se vier a provar-se, como tudo parece indicar, que o avião comercial malaio foi abatido por um míssil das milícias, Moscovo ficará numa difícil situação e poderá ter de enfrentar sanções internacionais que isolarão ainda mais o regime de Vladimir Putin.
A destruição deste avião comercial é um crime tão bárbaro e insólito que não pode nem deve dar qualquer margem de manobra aqueles que, no fundo, só pretendem continuar esta guerra civil fabricada. 
  
HSC

10 comentários:

João Menéres disse...

Parece-me que o antigo senhor da KGB não estará isento...

Melhores cumprimentos.

Virginia disse...


Não é tão insólita assim, infelizmente, já estamos habituados a ouvir e ver que há "danos colaterais" em todas as guerras.
Há civis a morrer aos milhares por todo mundo, mulheres e crianças massacradas pela fome e pela perseguição política.
É claro que o facto de as vítimas serem todas europeias ou quase - muitas delas cientistas que se deslocavam para um congresso - pessoas que realmente nada tinham a ver com a guerra estúpida da Ucrânia, faz parecer a sua morte mais "desumana". Mas todas as mortes violentas são terríveis e a guerra devia ser banida de todos os palcos. É uma utopia, eu sei.

Helena Sacadura Cabral disse...

Virgínia o "insólito" são os danos colaterais. "quem vai à guerra, apanha e leva" diz o ditado, mas estes desgraçados nem dela faziam parte.
O drama, insólito é, no secXXI, continuarmos a ter guerras...

TERESA PERALTA disse...

Uma tristeza...
Um conflito que não pode ser ignorado. Cada vez mais, é da responsabilidade global a resolução deste problema, obrigando a uma cooperação pacificadora. Como alguém disse: “O mundo não será destruído por aqueles que fazem o mal, mas por aqueles que nada fazem para o combater”.
Abraço para si com saudades...

Anónimo disse...

Exactamente! Foi o que pensaram, seguramente, as pessoas que uns anos antes viram os seus familiares e amigos abatidos pela artilharia norte-americana, proveniente de um vaso de guerra americano, em águas territorias iranianas (sublinho, em águas estrangeiras, no caso, iranianas, portanto os EUA estavam, claramente, a invadir território estrangeiro)! Os EUA, na ocasião, limitaram-se a dizer qualquer coisa como tinham confundido aquele avião civil, com um avião militar, etc (!?). E a ONU calou, a coisa passou e ninguém mais levantou problemas. Os EUA podem, “têm o direito, de se enganar nestas coisas”. Acontece! Foram, ao que li, quase 2 centenas de pessoas, civis, que foram mortos, assim sem mais. O mesmo se passou com um outro avião civil que sobrevoava uma zona, não muito longínqua de Israel, mas não em território israelita, convém sublinhar. No caso, o número de vítimas ainda foi maior. Ninguém criticou Israel. Israel é um país, talvez o único, que pode matar impunemente, pode desrespeitar as decisões da ONU, pode invadir, cometer todo o tipo de atrocidades contra os Palestinianos, que a velha Europa e o seu líder político, os EUA, tudo aceitam e a tudo fecham os olhos. Naquele crime áereo, praticado por Israel, não houve “sururu”. Uma vez mais , a coisa passou e já ninguém se lembra. Neste momento, o mundo assiste, serenamente e de forma impávida, com total indiferença, ao que se está a passar no Médio Oriente, com a agressão israelita sobre os palestinianos, Hamas ou o que seja. Isto é muito grave. Mas, esta nova tragédia, levada a acabo por uns energúmeros, que, a acreditar no que nos vai sendo noticiado, terá (vamos aguardar pelas informações ulteriores), morto, tal como as anteriores que aqui se releva no Post, mais umas centenas de inocentes civis tem uma dimensão diferente. É que foram pró-russos (ainda não há a certeza) a praticar o crime. Se tivessem sido americanos ou israelitas, era diferente. O que é curioso é comparar a dimensão que se está a dar a este caso – e muitíssimo bem, em minha opinião, sublinho – e aquela, menor, que se deu em casos semelhantes, como o do avião, civil, iraniano abatido pelos EUA e o outro, igualmente civil, de uma linha creio que árabe, que foi abatido, deliberadamente, por Israel. Li isto, esta manhã, no Expresso on-line, se não erro. Com detalhes. Todavia, já não se encontra lá. Daí não poder precisar número de vítimas e datas. Interessante esta, “aparente”, censura. Este acidente, gravíssimo, de hoje, em vez de servir para apurar culpados, vai servir para desviar as atenções dos crimes praticados no Médio Oriente pelos israelitas, actualmente, e para pôr mais pressão sobre Moscovo, com vista a que os abutres ocidentais (EUA e UE) possam ficar com quase todo a “carne” da Ucrânia (NATO, UE).
P.Rufino


Unknown disse...

Querida Helenamiga

O insólito é continuar a haver guerras pelo Mundo fora: é na Ucrânia, é em Gaza, é na Nigéria,é, é, é!

Por sorte minha fui a algumas guerras e vi a barbárie no último grau.

Ainda agora tenho na Travessa um texto Areia na Guerra entre o Iraque e o Irão, a que assisti...

Qjs

Defreitas disse...

Uma barbaridade ? Sem dúvida. Mas não tão insólita como parece. Depende de quem a pratica.
Na realidade, a hipocrisia reina por todo o lado, neste vasto mundo. E são os civis que pagam o maior tributo. Como na Palestina hoje, quando se bombardeia crianças numa praia de Gaza.

Quando a Síria abateu , há anos, um avião militar turco ,que "passeava" no espaço aéreo sírio, Hillary Clinton falou de "acto vergonhoso e inaceitável" em relação às leis internacionais.

Quando os Americanos abateram um Airbus comercial iraniano, no espaço internacional do golfo Pérsico, como reagiram os media internacionais?

Basta ler o comunicado seguinte para compreender a hipocrisia internacional:

"Le vol 655 d'Iran Air était un vol commercial assurant la liaison entre Téhéran, la capitale de l'Iran et Dubaï aux Émirats arabes unis via Bandar Abbas. L'Airbus de la compagnie aérienne Iran Air est abattu le 3 juillet 1988 au-dessus du Golfe Persique par un tir de missiles provenant du croiseur américain USS Vincennes. La catastrophe, qui fit 290 victimes civiles, dont 66 enfants, serait due à une « méprise ». Le président George Bush a déclaré qu'il ne s'excuserait jamais!
O mesmo numero de mortos que o do avião da Malaysia Airlines!

Cara Doutora: Quando os Americanos forneciam armas e dinheiro aos Taliban que combatiam os Soviéticos no Afeganistão, os homens de Massoud eram "amigos" do Ocidente. Quando se viraram contra os Americanos, com as mesmas armas que estes lhes forneceram, eram "inimigos" do Ocidente.

O que me revolta é que as vitimas têm mais ou menos valor, segundo aqueles que os assassinam.
Quando os "nazis" ucranianos incendiaram, em Odessa, um edifício no qual pereceram queimados vivos outros ucranianos que recusam submeter-se ao Ocidente, quem protestou?

Mundo estúpido onde a vida humana tem cada vez manos valor. Em nome dos valores universais.

Fatyly disse...

Todo esta catástrofe é muito estranha e Putin estará preocupado com as sanções internacionais? Quem irá pagar é sempre o elo mais fraco: o povo.
Para mim a intervenção da UE foi e é do mais negativo e resultados? zero...como sempre.
No dia em que li a notícia num jornal online (não me recordo qual) o título era sobre o derrube do avião e o texto todo ele virado para "a balbúrdia dos mercados, das bolsas, do capitalismo do raio que os parta" e fiquei piursa...realmente não passamos de meros números.
Mais trezentos justos a pagarem por pecadores e pena é que não seja o contrário, que Deus me perdoe mas anda muito distraído ou a fazer algumas sestas!

A todos os familiares das vitimas o meu silêncio respeitador.

Helena Sacadura Cabral disse...

Caros comentadores
É verdade que há países que se "acham" no direito de matar. E isso continua a chocar-me imensamente, sejam eles os EUA, a Rússia, Israel ou a Palestina.
O "insólito" é, ainda, no sec XXI, este recrudescimento de violência que apenas vise reconstituir velhos poderes, se é que me faço entender.
Insólito, também, os permanentes danos colaterais daí decorrentes!

Defreitas disse...

O comentário do Senhor P.Rufino, que aprovo absolutamente, chama a minha atenção para a parte que diz respeito à agressão de Israel contra o povo palestiniano.

O que dizem os media do mundo inteiro, é que Israel se defende contra os ataques não provocados o que é um absurdo absoluto. Os povos ocupados têm o direito de resistir. Assim aconteceu em França de 1939 a 1945, e noutros países europeus ocupados pelos nazis.

O que é certo, é que pela terceira vez em cinco anos a quarta maior potência militar no mundo lançou uma ofensiva armada a grande escala sobre um dos territórios mais pobres e mais populosos.

Em oito dias, os bombardeamentos de Gaza provocaram 200 mortos , dos quais 80% são civis, e 20% crianças. Mais de 1400 feridos e 1255 habitações destruídas, na maior prisão a céu aberto do mundo!

Os palestinianosos provocaram a morte de 3 israelitas!

Tudo isto é possível, porque os Estados Unidos apoiam Israel, que ocupa ilegalmente um território.

Não é surpreendente que assim seja, quando sabemos que os países ocidentais, que ocuparam eles mesmos vários países árabes e muçulmanos no passado, apoiam, financiam e armam Israel.

Esta situação é trágica, mas a realidade brutal é que a ocupação israelita não acabará enquanto os Palestinianos não forem capazes de fazer subir o preço para o ocupante, duma maneira ou duma outra, e de modificar o equilíbrio das forças no terreno. O que supõe mais sangue e mais destruição no futuro.