terça-feira, 29 de julho de 2014

Ricardo Salgado


Começo por declarar que nunca tive contas no BES, nem acções ou quaisquer outros títulos. Tão pouco conheço a família Espirito Santo. Temos, isso sim, amigos comuns.
Podia, por isso, já ter comentado o assunto. Mas se o tivesse feito, os comentários seriam baseados em notícias que nem sempre terão correspondido à verdade. E eu já sei, por experiência familiar, como essas coisas acontecem.
Até que a Justiça julgue o caso, os elementos de que disponho já foram objecto das mais variadas interpretações. Tantas, que quase parece não estarem a referir-se à mesma pessoa.
O que me faz abordar hoje o tema é uma questão comportamental e de carácter. Ou, dito por outras palavras, é ver como pessoas que até há quinze dias se vangloriavam de ser íntimas da família, são hoje as primeiras a atirarem-lhes pedras e a levantarem, por via dessa intimidade, as maiores suspeitas. Tudo com um prazer malsão de quem se vinga por ver, finalmente, na cadeia, os ricos que antes admirava.
A Justiça deve ser igual para todos. No bom e no mau. Sabemos que não é. Não tanto por falha sua, mas mais porque uns podem pagar bons advogados e outros não. Aqui é que está a grande injustiça e o cerne da questão.
No caso Ricardo Salgado, prefiro esperar para ter mais certezas nos comentários que fizer, porque no campo dos julgamentos na praça pública, já me chegam os da família!

HSC 

29 comentários:

João Menéres disse...

Então, HSC, prepare-se para esperar muitoooooooo
tempo !

Melhores cumprimentos.

TERESA PERALTA disse...

Estou consigo amiga Helena.
"Só sei que nada sei."
Beijinho :)

Fatyly disse...

Também não tenho nada com o BES, mas a culpa de "julgamentos em praça pública" no "ANTES" parte de quem e do quê? De um cancro que cada vez mais é tão mortífero e devastador: a fuga de informação.

Mas infelizmente a justiça continua a ter dois pesos e duas medidas.

e escrevo o que habitualmente escrevo por ser a minha opinião pessoal e constatada ao longo de anos: mais um processo moroso que irá ter a nenhures.

Peço desculpa se não me fiz entender!



Anónimo disse...


Bom dia Helena!!
Este caso vai ser uma caixinha de pandora, o triste é ver que nos momentos bons a familia/amigos estão todos juntos, parecem abelhas de volta das flores... depois o mel passa a ser outra coisa, de que todos fogem, deixam de ser amigos e até a familia mostra a sua verdadeira máscara!

"De erro em erro, vai-se descobrindo toda a verdade."
Freud

Carla

Helena Sacadura Cabral disse...

João Menéres
É claro que vamos esperar muito tempo. O tempo da "nossa" Justiça para quem tem bons advogados que a "sabem utilizar" a seu favor. Mas essa mesma Justiça, igual para todos, para quem não tiver os tais bons advogados, será muito mais célere. De quem é então a culpa? Da Justiça que tal permite, ou dos advogados que a utilizam?!

Helena Sacadura Cabral disse...

Fatyly
A Justiça, as leis, são iguais para todos. Os advogados é que fazem a diferença, porque descobrem nela as suas próprias vicissitudes.
Valia a pena pensar bem nisto quando se fazem as leis...

Helena Sacadura Cabral disse...

Carla
Tem toda a razão. Freud ou Jung poderiam explicar muita coisa deste "affair"!

Virginia disse...

Penso que a culpa não é nem de quem aplica a justiça, nem de que se serve dela.
A culpa está em quem legisla - Assembleia da República - e permite toda a espécie de falcatrua para esticar os prazos até eles serem ultrapassados e os casos arquivados.
Se as Leis o permitem, logicamente os advogados aproveitam para ganhar mais uns euros e muitas vezes conseguirem os seus objectivos.
Quanto aos pobres, as suas penas tb são por vezes atenuadas pela Lei - vide o Palito, há pouco tempo - mas é claro que sendo vários os desacatos, repetidos e delinquentes, não há tanta possiilidade de fugir a uma condenação. E mesmo assim, ainda saem por vezes em liberdade condicional, pois como sabemos, as cadeias estão superlotadas.

Condenar a Justiça por todos os males que acontecem em Portugal é uma injustiça! Culpem as LEIS e modifiquem-nas a prol de mais celeridade e eficácia!

Isabel F.Homem disse...

Não posso estar mais de acordo. O que me continua a impressionar e, já é recorrente é quando se está no topo e, se chama até de poderoso tudo anda à sua volta e, até se conhecem de toda a vida, dizem e, quando se perde o estatuto, nesse mesmo momento olham para o lado e, comentam: "Eu bem me parecia, aliás nunca o conheci bem nem estive por perto"....É esta atitude que condeno e, me arrepia pois nem tanto nem tão pouco e, julga-se sem julgamento e, apuramento da verdade. Nem tanto nem tão pouco! Esta atitude é que torna uma sociedade doente e, triste para não acrescentar mais nada.

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Virginia eu não culpo a Justiça, culpo o legislador que tem por obrigação servir a Justiça. Esta é cega e igual para todos. Uns sabem aproveitar-se dela. Outros nem sabem que ela existe.
E o velho princípio básico de que "a ignorância da lei não aproveita a ninguém"...

Anónimo disse...


Bom dia Helena!!
Creio que se algumas pessoas pessoas da nossa sociedade fizessem psicanálise, iam mudar o seu comportamento/personalidade, e pensar duas vezes quando comentem certos "affairs".
São esses affairs que têm prejudicado de forma geral todos os portugueses, que pagam com o seu salário, reformas, as loucuras dos psicopatas, que não olham a meios para atingirem os seus desejos!
Os mais desfavorecidos são presos em celas sem condições, os ricos em celas especiais com toda a mordomia, mais tarde sem cumprir a pena total, são libertados com prisão domiciliária onde ficam nos seus palacetes...
Onde está a justiça para quem rouba milhões?
Opino o mesmo que Marinho Pinto a justiça devia ser igual para todos sejam eles pobres/ricos!

"Faça-se justiça, embora desabem os céus"

Carla

Carlos Duarte disse...

Cara Helena,

Nunca fui com a "cara" do Ricardo Salgado. É daquelas pessoas que, por motivos que não interessam para o caso, sempre me provocaram uma má impressão.

Mas, e até por causa disso, fico absolutamente estarrecido pela falta de lealdade das pessoas que se diziam admiradoras e próximas do senhor. Não sei se ele fez ou não fez, mas considero vil o saltar dos ratos para fora do navio ao primeiro sinal de naufrágio. Honra seja feita ao Marcelo Rebelo de Sousa (a título de exemplo) que disse, para o país todo ouvir, que é e irá continuar a ser amigo de Ricardo Salgado.

Maria do Porto disse...

Do caso Ricardo Salgado já poucas dúvidas há, infelizmente. Cada dia que passa lá aparece mais um rombo nas contas, mais uns milhões escondidos ao Banco de Portugal.
Afinal não era o povo a gastar mais do que podia, como estes banqueiros arrogantemente falavam. Isto de "aguenta, aguenta", de " os portugueses gostam pouco de trabalhar", etc, etc,devia envergonhá-los, mas não. Afinal, quem julga que estes senhores ficaram pobres?
Mal de quem ficou sem ele! Alguns seriam especuladores, mas outros haveria que não.
No fim esperemos que não seja só um, o acusado como no caso BPN. Quem acredita que só Oliveira e Costa foi o autor desse descalabro? Mas onde estão os outros?
Concordo consigo quando diz que nestes casos não é culpa da Justiça, mas sim das Leis.Leis essas que não são feitas inocentemente, claro...
Cumprimentos

Dalma disse...

Em suma, as leis são feitas para quem as sabe usar e não para servirem todos os que merecem justiça!

maria isabel disse...

Se com tanta gente a roubar,tanta corrupção os portugueses vão vivendo mal... mas lá vão vivendo.Quem tem pouco lá vai ajudando o seu vizinho e solidarizando-se com toda a gente, que bem se viveria em Portugal se fosse governado com gente honesta e que gerisse bem os dinheiros públicos.

Glória Vieira disse...


Sra. Dra. Helena

Sobre a justiça não me vou prenunciar. Tudo o que poderia escrever já aqui foi apresentado.
Na verdade não conheço Ricardo Salgado senão das notícias sobre as desavenças com alguns membros da família e outros banqueiros, e porque lhe chamavam o DDT. Espero que o BanK Best e o Best Bank também seja alvo de investigação pois conheço muita gente que ficou a arder com desvios...Reuniões no BES em Lisboa com os advogados do BES e sempre com a ressalva de que este banco não era responsável pelo Best Bank ou Banco Best, mas que as reuniões eram lá realizadas, na sede do BES na Av. da Liberdade, e os responsáveis do BES estavam presentes, lá isso estavam. Vamos ver se se faz luz.
Cumprimentos
Glória Vieira

Anónimo disse...


Bom dia Helena!!
O tema que quero abortar hoje é diferente, sinto que é uma pessoa sensível daquelas amigas que todos gostariamos de ter, desculpe invadir o seu espaço, mas não tenho outro meio para chegar a si.
Gostava de partilhar consigo um sentimento ...sei que passou pela mesma experiência que estou a passar " psicanálise ".
Todos nós temos um percurso de vida, que nos levou a ser o que somos hoje.
Sou uma pessoa forte, consegui superar muitas adversidades sozinha sem ajuda, só não consegui superar a dor de perder um pai, por isso procurei ajuda.
Ajuda essa que foi importante, para compreender certas atitudes minhas e dele, sempre tive empatia por o profissional, ontem fiquei saí zangada, revoltada não me deu as respostas que queria, nem sequer interpretou o que eu disse, simplesmente foi ouvinte, uma sessão insípida... quero sentir que estou num porto de abrigo...
No seu processo a Helena teve algumas desilusões? Sentiu que não era compreendida?
Segundo os senhores das psis. tive uma transfêrencia negativa...
fiquei muito sensível após a perda, sou exigente , se pago e bem quero ter um serviço de qualidade de não de contrafação, a relação terapêutica têm de ser verdadeiramente, verdadeira segundo Coimbra de Matos...
Penso que já sabe quem sou, hoje não vou me identificar...

"O homem enérgico e bem sucedido é aquele que consegue transmutar as fantasias do desejo em realidades."

Freud

Anónimo disse...

um mau exemplo de gestão privada, afinal.
Continuarão a pensar em privar a Caixa?

Helena Sacadura Cabral disse...

Ao/Á Anónima das 11:01
Pelo que me diz estará a fazer análise com um "analista" e não com psicólogo ou psiquiatra.
Para lhe responder com seriedade precisava de saber a resposta a esta pergunta.
Trata-se mesmo de um analista ou de um psiquiatra?

Anónimo disse...

Querida Helenamiga

Hoje não comento, só informo: já tenho quem me produza o livro de crónicas, é a Chiado Editora

Qjs

Anónimo disse...


Boa noite Helena!!
O profissional é psiquiatra, psicoterapêutico, psicanalalista, e exerce ainda psicoterapia psicanalitica.
Vim de lá mais doente do q fui...com falta das interpretações que me fazem pensar!
É bom sentirmos que somos ouvidas, mas melhor quando nos dão respostas, sentimo-nos mais leves..às vezes penso se será bom falarmos no passado, remexer em coisas que nos fazem sofrer.

Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para uma outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos.
Carl Jung









Anónimo disse...


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

Anónimo disse...


Anónimo das 1:30
Lindo, obrigada!!
Bebi cada palavra, são estas palavras que nos ajudam a pensar, já estou a construir o meu castelo mas ainda está frágil...

NB
Helena gostava da sua opinião já lhe respondi, não quero ser maçadora, a sua experiência pode dar-me outra visão da pisco.

Deus dá as batalhas mais difíceis aos seus melhores soldados.
Papa Francisco

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 11:01
O que me surpreende é que o seu médico tenha todas essas especialidades. Não é habitual. Com efeito, o psicanalista até pode recomendar a toma de medicamentos, coisa que o analista nunca faz...
Da minha experiência há três factores muito importantes na análise
1. sentir-se totalmente à vontade com o médico para que o transfer se possa fazer;
2. a análise representar um sacrifício pessoal de outras coisas que o dinheiro que nela gasta poderia comprar;
3. estar preparado para o silêncio do médico.
Quem tem de falar é o analisado que tem 45 minutos para o fazer. O analista pode, pontualmente, dirigir a conversa em determinado sentido, mas raramente intervém.
Aconselho-a, antes de qualquer sessão, a listar os assuntos que quer abordar para se não perder.
E se julgar que não está a ser bem acompanhada fale com o médico e, se necessário, mude.

Anónimo disse...

Ser ou não ser amigo dos ES, isso é hoje um fait divers. Quem é que quer ser amigo de escroques?! Ou talvez não seja um mero pormenor...
São inúmeros, digamos mesmo muuiitíssimos, os exemplos de ligação entre o governo e o BES.
Vejamos: a companheira de Marcelo RS, Rita Cabral, é administradora ñ executiva e pertenceu à comissão de vencimentos do BES. Daniel Proença de Carvalho, Rui Vilar, Almerindo Marques, Alexandre Vaz Pinto, MªJoão Bustorff, Miguel Frasquilho, Manuel Pinho(e muitos outros)foram ministros ou sec.s de estado, são do PSD ou do CDS e tiveram cargos no BES. Do PS, Maria de Belém, foi Ministra da Saúde e está ligada ao Espírito Santo Saúde.

Mas o que importa é entender as origens de acumulação de riqueza em Portugal, a construção das dinastias do dinheiro e as políticas matrimoniais.
Mesmo pessoas de empedernida direita, face a esta hecatombe, começam a desconfiar, ainda que secretamente, que a esquerda pode ter razões, Miguel Portas e outros podem estar do lado do entendimento das coisas.

Em 'Os Burgueses', um livrinho de escassas quinhentas e tal páginas bem fundamentadas, Francisco Louçã e outros, demonstram que são, ou foram, quatro as origens fundamentais de acumulação de capitais.

1. A primeira forma de acumulação: Concessão de renda e aliança matrimonial. As velhas fortunas das concessões do Estado, nomeadamente dos tabacos e dos sabões. Exemplo: Henry Burnay, '0 Senhor Milhão';

2- A segunda forma de acumulação: indústria e casamento. Manuel de Mello casa com a filha única de Alfredo da Silva, dono da Cuf e da Tabaqueira. António Campalimaud casa com a neta de Alfredo da Silva.

3- A família Espírito Santo e a terceira forma de acumulação: a via financeira, a concentração de poder e de capital no sector financeiro.

4- A quarta forma: Casos excecionais, raros, de mobilidade social como Duarte Ferreira que tinha sido artesão e criou a maior metalúrgica; Pinto de Azevedo que tinha sido tecelão, etc.


Anónimo disse...

É interessante que as máfias não conhecem os seus próprios tentáculos...Claro que a senhora não tem nada a ver com o BES, que não conhece ninguém e que todos são bons rapazes (zolas)... Nem sabe como acredito em si. Eu, então pelo contrário tenho tudo a ver com o BES, porque sou eu que o vou pagar e alegar desconhecimento sobre tal assunto é viver fora do prumo. Enfim... que não conheça esta gente de fora até parecem todos íntegros

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 12:17
Interessante é, para mim, que o comentador saiba tanto daquilo que eu não sei, nomeadamente de máfias e outros afins. E da minha falta de prumo.
Se o meu vizinho for preso eu não tenho que sofrer as consequências. Embora se for um condómino ele deixe de pagar as contas e isso afecte todos os que vivem no prédio.
O meu prumo é não fazer juízos de valor sem ter elementos que os justifiquem. E na altura era o que tinha. Infelizmente hoje tenho mais...

Anónimo disse...

Obrigada Helena!
Quanto às especialidades do profissional, só as vi quando consultei a site do consultório, tão pouco sabia o que queriam dizer...
Só depois de ler alguns livros, é que compreendi o que eram e como deviam ser realizadas.
Estou preparada para o silêncio, mas quero respostas ao que debito, interpretações no final...

"A resposta afectiva complementar insaturada é o seu produto terapêutico, de tratamento, o remédio apropriado, a sua pessoa, o veículo da substância activa. O psicanalista é o meio, o seu amor pelo analizando, o produto activo,a sua resposta na cura analítica, o processo eficiente de
o aplicar.« Recordemos Balint o médico como medicamento»
Coimbra de Matos

Mais uma vez obrigada, fiquei esclarecida mas neste momento confesso que estou a pensar se volto ou não...

Anónimo disse...

Será que Fernando Pessoa era adivinho?
Até o mar é Salgado...


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

:-))