quinta-feira, 30 de maio de 2013

O desacordo


JUIZ RUI TEIXEIRA PROÍBE ACORDO ORTOGRÁFICO

« Magistrado alega que as “actas não são uma forma do verbo atar” e que “os cágados continuam a ser animais e não algo mal cheiroso”.
O juiz Rui Teixeira, que conduziu a instrução do processo ‘Casa Pia e que agora está colocado no Tribunal de Torres Vedras, não quer os pareceres técnicos sociais com o novo Acordo Ortográfico. Os pareceres (relatórios sobre a situação social dos envolvidos em julgamentos) são elaborados pela Direcção Geral de Reinserção Social.
Em Abril, a DGRS recebeu um pedido de relatório social acompanhado de uma nota: “Fica advertida que deverá apresentar as peças em Língua Portuguesa e sem erros ortográficos decorrentes da aplicação da Resolução do Conselho de Ministros 8/2011(…) a qual apenas vincula o Governo e não os Tribunais”.
Os serviços da DGRS pediram um esclarecimento e Rui Teixeira respondeu: “Não compete aos Tribunais ensinar Leis aos serviços do Estado. É de presumir que a DGRS tenha um serviço jurídico e se não o tiver o Ministério da Justiça tem-no de certeza”.»

(in Correio da Manhã)

A ser verdadeira a notícia não posso deixar de me congratular com a decisão por muito que ela ofenda os apoiantes do Acordo. Torna-se cada vez mais evidente que vão perdurar duas formas de escrita por muitos e bons anos...

HSC

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Entre amigos

O lançamento encheu-me de alegria. Na véspera tinha tido uma espécie de intoxicação alimentar e nem sei como consegui estar "tão fresca"...
A apresentação teve imensa graça, a sala estava cheia de amigos e eu tive mais uma vez a consciência de como sou privilegiada em conseguir reunir tanta gente à minha volta. E, surpresa das surpresas, contei com algumas e alguns visitantes deste blogue.
A todos muito obrigada!

HSC

  

terça-feira, 28 de maio de 2013

A língua portuguesa

Gosto muito de Mia Couto, esse inventor de palavras, e por isso fiquei bastante contente com a atribuição que lhe foi feita do prémio Camões.
Portugal ainda não conhece bem os escritores africanos de língua portuguesa. Mia Couto e Agualusa são as excepções. Porque sendo o primeiro moçambicano e o  segundo angolano estão, com muita frequência, entre nós.
Em 1988 já o caboverdiano Arménio Vieira havia recebido o mesmo prémio e não é tão conhecido como aqueles que citei.
Acordei bastante tarde para estes escritores de grande qualidade, em particular alguns de Cabo Verde e S. Tomé e Principe. Mas aconselho vivamente a sua descoberta!

HSC

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Feira do Livro

Vencendo as oscilações do tempo em Lisboa, lá estive na Feira do Livro na sexta, sábado e Domingo e lá estarei todos os próximos fins de semana, à excepção do 8 de Junho, em que irei ao Porto receber um prémio.
Muita gente me pergunta porque é que ali estou tantos dias, quando se sabe que é uma tarefa cansativa, sobretudo para quem, como eu, trabalha com três editoras. Respondo sempre que é o mínimo que eu posso fazer por quem compra os meus livros e vai àquele espaço para me ver e dar um abraço.
De um ponto de vista pessoal, quem publica deve ter uma componente de proximidade e de acessibilidade face aos seus leitores. Eu sei que os "intelectuais" não pensam assim e até há muitos que nunca foram à Feira. Mas eu não sou intelectual, não escrevo para intelectuais. Sou, sim, alguém que tem prazer em partilhar "estórias" e pedaços de si com aqueles que se identificam com as suas palavras. Por isso, estar com essas pessoas e conversar um bocadinho com elas, é uma forma humanizada de lhes dizer "muito obrigada"!

HSC

domingo, 26 de maio de 2013

O lançamento

Vai ser já na terça feira, dia 28 de Maio, pelas 18:30, que o meu último livro vai ser apresentado pelo Paulo Farinha, no Corte Inglês. 
Quem estiver interessado, pode acreditar que me dará muito prazer com a sua presença e sempre poderá tomar um copo de vinho e comer umas tapas. Com a crise é capaz de valer a pena!

HSC

sábado, 25 de maio de 2013

Ispiandu oiá.


" Eça Cidade Grandi, é côsa di doido, siô
Ela non  pára ! Oxen ! É genti pra riba, i um 
mundaréo pra baxo.
Paço ora na janela, isgravitandum dedu, com u oiá 
espixado, pra vê, ondi essi povu, sí infia.
Mininu qui berra. Véi qui rir, com risu iscorridu, i, disdentadu.
Mininu moçu, bêjandu minina moça. I os dôi, já pensandu im butá fio.
Pençei cumigo. Kieta, rapá. A água du canaviá, é dôci, má nim tudu é garapa.
Ficu iscustandu na paredi di  pindoba, purquê, é a 
marômba qui mi protégi di xuva.
Nu serená da nôiti, u friu iscorri ná paredi d' Alma, i 
non resta otra côsa au cabôcu, senau, ispiá u 
Criadô."

Aqui está uma prova da riqueza do português.
Esta "estória", foi postada pelo José Maria Souza Costa em http://www.josemariacosta.com/ 


HSC

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Os resistentes

Aquietem-se, porque não é de política que vou falar. É de homens. Os que guardo nas minhas lembranças. 
Aquietem-se de novo, porque também não é acerca dos meus amores que vou escrever. Esses estão no meu coração, guardadinhos a sete chaves. Vou falar-vos dos homens que estão na minha memória e que embalaram as minhas paixões.
São vários. Na música, quatro: Sinatra, Montand, Cohen e Aznavour. Georges Moustaki é da mesma fornada mas não ocupava o lugar dos outros. Vinha na segunda linha. Acaba de morrer. Ficará o registo da sua voz, já que o da imagem se degradou muito. Quando veio a Lisboa já era um velho. Ao contrário dos outros dois vivos que citei, nos quais o passar dos anos foi menos cruel.
No cinema Redford mantém-se entre aqueles por quem a minha pressão sanguínea acelerou. E vou ficar triste, se ele partir antes de mim.
Estas figuras contam nas suas rugas - e ainda há quem queira apaga-las! - a história de um meio século, ao qual eu tive a sorte de pertencer. As vozes, essas, com os olhos fechados, eu distinguiria qualquer delas à distância.
Redford, no meu caso, personifica "aquele" homem com quem se tem o direito de sonhar. Aos vinte, aos trinta, aos cinquenta, aos noventa! Felizmente, o coração só envelhece nos electrocardiogramas...

HSC

Será novidade?

Eu sei que há idosas que ainda sonham com o grande amor. Fazem bem. Não foi nunca o meu caso e, talvez por isso, a vida me tivesse reservado algumas agradáveis e   merecidas surpresas. Vem este intróito a propósito de algo que está a passar-se comigo e, certamente, com algumas "eleitas" mais. 
De que se trata? De uma inesperada avalanche de senhores que através de uma rede apelidada TWOO se disponibilizam, de frente ou de perfil, para o chamado "grande amor". 
A primeira vez que tal oferta chegou à minha caixa de correio limpei e não reagi. Mas agora, é praticamente dia sim dia não, que um grupo de seis ou oito seniores tentam piscar-me o olho para me alertarem para os seus predicados... A coisa começou a tornar-se insólita e por mais que eu tente excluir-me do processo, nada consigo para além de mais seis risonhos candidatos ao amor eterno.
Abstenho-me, claro, de tecer comentários sobre as fotos dos pretendentes porque elas liquidariam qualquer resto de líbido que houvesse em mim. De facto, com tais candidaturas, não sei como a rede sobrevive.
A juntar a esta nova experiência etária, surgiu ultimamente uma outra, que também começa a entupir o meu mail. Trata-se de "clubes de dança" que aliciam as participantes da sua mailing list a darem contributo artístico ao fomento do tango e do paso doble...
Calculo que devo ser uma "predestinada", embora no meu CV nada justifique essa distinção. Não danço mal, mas só gosto de dançar com quem escolho e nunca com quem me escolhe. Eu sei que é "uma pequena diferença", mas ela existe e eu pretendo mante-la. 
Qual a razão de todas estas diatribes, não a sei, como diria o poeta, mas que ela me dá fortes ataques de riso, isso é um facto... 
Será que alguém já terá caído nas malhas de tanta oferta?!

HSC

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Há famílias de bom senso...

Só hoje soube que António Passos Coelho, pai do PM, teria afirmado que "nunca gostámos que ele fosse para onde foi, porque a ideia cá em casa, na família, é que isto não tem conserto. Há muitos anos, não é de agora", e que ousara mesmo dizer ao filho: "isto não tem conserto, entrega isto".
O alívio que senti foi enorme, ao confirmar que a lucidez dos progenitores não termina com a idade. Nem o amor pelos seus descendentes. Finalmente, um pai dizia ao filho algo semelhante ao que eu própria já dissera ao meu. E também ele, como eu - se estiver viva -, daremos uma festa de arromba quando tais funções acabarem. 
Com efeito, só quem tem familiares muito próximos no governo - qualquer que ele seja - é que pode avaliar o que passam pais, filhos e irmãos. Com a agravante, no meu caso, de "odiar" a política, que só é "nobre função" no pensamento de filósofos.
Lembro Hollande, homem normal como ele próprio se definiu, e vejo o que num ano  lhe aconteceu. Entrou a todo o gaz e, em pouco tempo, as decisões políticas que tomou transformaram-se num verdadeiro ziguezague de avanços e recuos, com a inevitável  e merecida queda de popularidade. Que arrastou, claro, a subida da direita mais radical.
Possivelmente, só Seguro deseja mais do que eu e António Passos Coelho, o fim de tudo isto. Falando, é evidente, daqueles a quem se costuma incluir no "arco da governação". 
Pelo menos, agora já não me sinto tão solitária ao confirmar ainda existem famílias cujo bom senso não fica afectado pelo poder..

HSC.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Megalomania despesista


"A Câmara de Gaia está a projectar a construção de um túnel rodoviário mergulhado nas águas do Douro para ligar a praia de Lavadores (Gaia) à zona do Castelo da Foz (Porto). A obra custa 54 milhões de euros. Para o túnel ser sustentável deverá ser portajado". ( in Jornal de Noticias)

O país anda louco com certeza. E aqueles que ainda não enlouqueceram estão a caminho disso quando lêem notícias destas. Deve ser mais uma PPP na calha em que os lucros vão para o privado e os prejuízos para o portuga contribuinte. Haja decoro!

HSC

A mobilidade...

Aqui está um exemplo de como se pode criticar sem usar jargões e sem ofender. É nestes moldes - concordando-se ou não - que entendo a crítica ao que entendemos não estar correcto nem se justo. Com a vantagem de todos perceberem...

HSC 

domingo, 19 de maio de 2013

O grande Gatsby

São cerca de duas horas e meia de filme para contar o "O Grande Gatsby". Pareceu-me excessivo. É um bom retrato da época, transforma o romance de Fitsgerald numa história de amor um pouco mórbida, mas não passa disto.
Acresce que não aprecio Leonardo Di Caprio. E também não gostei da interpretação dele nesta película. 
Baz Luhrmann adaptou ao cinema o célebre romance homónimo de Scott Fitzgerald. Mas o livro é muito mais do que se conta na película. No livro fala-se sobre o sonho, a ilusão, o idealismo, a decepção e a luta de classes. E isso está longe da abordagem feita agora. É pena porque já tivemos anteriormente três fitas sobre o mesmo tema. Uma muda em 1926, outra em 1944 e, finalmente a melhor, de Coppolla em 1974.
A meu ver, o realizador desta última versão, sendo alguem com excelente  curriculo, não conseguiu, a meu ver, dar alma ao filme, muito por culpa de Di Capprio, que tem aqui uma das suas menos felizes interpretações.

HSC

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A bílis

Sempre defendi que a blogosfera era um espaço de liberdade de que valia a pena tirar proveito. 
Como? Utilizando-a para investigar, ler e escrever e trocar ideias. Porém, quem se debruce, com algum tempo e alguma atenção, sobre os blogues ou redes sociais, tem enormes surpresas. Ontem passeei-me por vários blogues e fiquei impressionada com a violência e a virulência de alguns post's. A brutalidade da linguagem é tal que, numa primeira leitura, nem se chega perceber "o que" se critica, face ao ódio "a quem" se critica.
Creio que a liberdade de expressão, como todas as liberdades, tem limites. Não gostar, não estar de acordo, censurar, é um direito adquirido. Mas insultar, difamar, ofender, além de perturbar e de afastar certo tipo de pessoas, acaba por beneficiar quem se pretende criticar. Ou seja, consegue-se prestar um serviço ao adversário, quando, pela  forma usada, o tornamos numa vítima.
Em democracia o voto é a grande arma de punição. Ou até a falta dele, porque quanto menos pessoas votarem, menos representativos serão aqueles que votam e, por isso, menos força terá o resultado obtido. Nas ditaduras, as coisas resolvem-se com umas revoluções e umas mortes.
Mas democracias biliosas, que assentam na ofensa pessoal, não só não resolvem nada, como abrem as fracturas que acabam por justificar as piores ditaduras.
Portugal está profundamente doente. Mas se o tratamento for extirpar todos os orgãos, o mais natural é que o paciente morra... 

HSC

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Em nome do Pai



Começo por fazer uma declaração de interesses: gosto muito de Nuno Lobo Antunes. É difícil explicar porquê, uma vez que não convivemos muito. Eu diria que assim como no amor, também na amizade, existem coups de foudre. É o caso. E posso confessa-lo porque gosto muito da sua Mulher.
Há uma serenidade e uma doçura neste pediatra que se ocupa de crianças com graves problemas de saúde que me cativa profundamente. É um inspirador de bondade se é que entendem.
Foi hoje lançado o seu primeiro romance "Em Nome do Pai" que é um livro sobre o amor e sobre o ciúme e que se serve das personagens bíblicas para iluminar José, o Pai de Jesus, que nesta sua obra tem um papel principal. É também um curioso olhar sobre a paternidade e as formas que ela reveste. Trata-se de um livro de alguém que não sendo crente se interroga e nos interroga sobre quem é essa personagem a quem chamamos Deus.
A obra teve um apresentador cristão - Marcelo Rebelo de Sousa - e um apresentador que me pareceu se assumir como não o sendo - Rui Ramos -, o que, por si só, já diz muito sobre a sua grande qualidade. Os quais cumpriram, indubitavelmente, de forma brilhante, o seu papel.
Mas, para mim que já estou no fim do livro, o que de facto surpreende são as 234 paginas deste romance. Escritas num português magnífico, contam-nos uma história que nos confronta com os outros e também com os nossos vários "eus". A não perder!

HSC

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Uma Senhora

Tenho a honra e o privilégio de conhecer Maria de Lourdes Modesto, a qual, a seguir à minha avó materna, me ensinou tudo o que sei de cozinha e creio saber alguma coisa.
Foi a olhar os seus programas de televisão e a ler as suas obras que nasceu o amor que nutro pela gastronomia nacional, que considero entre as melhores.
O primeiro dos cinco livros de cozinha que publiquei foi-lhe dedicado e a Bertha Rosa Limpo, ambas grandes nesta matéria.
Hoje um grupo de amigos* - eram muitos - entre os quais eu, reunimo-nos no Grémio Literário, para lhe prestar uma homenagem, já há muito devida, porque esta Senhora fez por Portugal o que muitos não fizeram.
A investigação e divulgação da comida portuguesa faz parte da nossa cultura. E é uma pena que os respectivos ministros e secretários de estado nunca se tenham apercebido disso.
Também é de algum modo surpreendente que, desde 2004 - data em que lhe foi atribuída a Comenda da Ordem do Mérito - no 10 de Junho, onde se medalham até pessoas que o não deveriam ser, nunca mais ninguém tenha proposto ao nosso Presidente o nome de Maria de Lourdes Modesto.
Felizmente os amigos não a esquecem, como hoje ficou bem provado com a manifestação do imenso apreço que lhe demonstraram!

HSC

Em tempo: * Amigos que só foi possível reunir pela dedicação incansável da Margarida Mercês de Melo e da Carmo Figueiredo que, em segredo, conseguiram lista-los e convida-los a participar. Estão ambas de parabéns!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O grande obstáculo

Rodrigo Moita de Deus, no blogue 31 da Armada, afirma que:


Ora aqui está uma grande verdade em que eu não tinha pensado!

HSC

É bom não confundir

Que eu saiba, as pessoas definem-se pelo que pensam, pelo que dizem e pelo que fazem. Na minha família sempre respeitámos essa regra. Não somos clones uns dos outros.
Tive e tenho, mau grado meu, dois filhos na política, como antes tive o pai deles. Todos pertenceram a partidos, o que já diz muito da enorme diferença que de mim fazem, que nunca me filiei em nenhum. Penso apenas pela minha própria cabeça e só por ela sou responsável.
Escrevo, neste blogue, desde 2009, e nele vou dando conta do modo como vejo a vida e o mundo que me rodeia, tentando viver de acordo com esses parâmetros, que todos os que me lêem ou ouvem conhecem.
Critico este governo, como critiquei outros anteriores. Porque esse é um direito que me assiste enquanto cidadã e do qual não abdico. Mas não me confundam com a descendência que tive e tenho. Nem considerem que quando censuro a actual governação, isento quem quer que seja das responsabilidades pelas medidas conjuntas que assumem.
Acaso alguém esqueceu que os meus descendentes têm progenitor responsável e não são filhos de mãe solteira? Se assim aconteceu, talvez seja altura de eu o relembrar e de caminho recordar que a liberdade de pensar é algo que ainda não paga taxa de sustentabilidade. Pelo menos, no meu caso!

HSC


sábado, 11 de maio de 2013

Retroactividades...

Ontem tive o azar de apanhar o PM do país onde nasci, a explicar das suas razões para uma mais que certa retroactividade de cortes aos pensionistas "que estão a receber".(sic)
Fui educada numa família de gente séria que trabalhava para sustentar os seus e que considerava ser essa a obrigação de todos aqueles que tinham decidido constitui-la. 
Trabalho para viver do modo que sempre vivi, pois a reforma que recebo e o que este Estado me tira - estou a ser educada - não me permitiriam viver apenas dela. E tenho a sorte de ainda haver quem prefira comprar um livro meu a uma camisola básica.Essa é que é essa.
Dito isto, desliguei a televisão irritadíssima. Pronunciei alto umas palavras que não costumo usar e deitei-me. Tive uma noite de insónia, revoltada com o que ouvira e decidi que ninguém me poria a vista em cima nesta fim de semana. Era a minha única forma de evitar eventuais desaguisados.
Hoje levantei-me e fui à missa pela minha Mãe, que faria anos se fosse viva. E sabem que mais? Fui comer sardinhas assadas lá para as bandas do Tejo, beber sangria e caminhar ao sol. Desanuviei
O Dr Gaspar e a reforma do Estado podem levar-me a pensão, podem levar-me o pouco que tenho no banco para uma doença, mas não hão-de conseguir nem levar-me a voz, nem levar-me a alegria de estar viva. Porque eu não quero e porque eu não deixo!

HSC

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Hoje chorei

Helena,

Estava eu a trabalhar frente ao meu computador.
Ao fundo da sala a Helena apareceu conversando com a Conceição Lino (de quem também gosto muito).
Suspendi o que estava a fazer.
Foi um gosto ficar a ouvi-la.
Suspeito que em certos momentos o seu riso deu lugar a algumas lágrimas minhas.
Acabo de encerrar a minha quimioterapia; ando mais vulnerável às emoções.
Apeteceu-me enviar-lhe um beijo.

Hoje, ao receber este mail, soltei uma lágrima, grata por merecer de alguém um tal texto. Pelas palavras que me são dedicadas mas, sobretudo, pela "alma" que elas revelam. Enquanto houver quem pare o seu trabalho para as escrever e as enviar, conceitos como solidariedade, estima, afecto, despojamento, continuarão a fazer de mim uma pessoa melhor!

HSC

terça-feira, 7 de maio de 2013

Mais de um milhão

Não, não se trata de mais dívida pública ou privada. Nem de mais um buraco descoberto por acaso. Nada disso.
Ultrapassei o milhão - mais exactamente 1.004.711 - de número total de visualizações de páginas deste blogue, como pode ver-se na nota de rodapé do mesmo.
Confesso que me alegra porque esta actividade foi algo que, como uma formiguinha, vim desenvolvendo desde 2009, embora tenha registado o título Fio de prumo em 2007.
Quando penso na variadíssima gama de assuntos sobre os quais aqui tenho escrito e os leitores que com eles fui conseguindo, sinto que devo a todos um suporte único, sem o qual seria muito menos estimulante, aquilo que aqui faço. Bem hajam, pois, pelo vosso apoio!

HSC

Os telemóveis e os exames


"Há coisas que não percebo. Em vez de proibirem as suas criancinhas de levar telemóveis para um exame - por iniciativa própria e sem que sejam precisas recomendações exteriores, como seria lógico e natural - os pais dos alunos que fizeram hoje o exame do 4º ano vêm para a televisão insurgir-se contra o terrivelmente traumatizante pedido de assinatura de um papel que garante que os meninos não estão a conversar com os amigos em vez de estarem concentrados no exame. Insurgir-se, no fundo, contra a introdução das primeiras e utilíssimas noções de responsabilidade, ética e compromisso nas mentes dos filhos.

Esta nova forma de educar (ou de não educar, mais precisamente) com base no pressuposto de que tudo traumatiza as crianças, deixa-me seriamente preocupada. Primeiro, porque cria gerações sucessivas de florzinhas de estufa que não podem ser contrariadas nem suportam qualquer espécie de autoridade, o que as deixa totalmente impreparadas para o que vão enfrentar na vida real. Depois, porque torna quase insuportável o trabalho dos professores, desautorizados por um muro acusatório constituído por alunos mal educados e pais incapazes de autoridade que os apoiam incondicionalmente, tenham ou não razão. Finalmente, porque não vejo este excesso de protecção aplicado depois a outras frentes, como por exemplo à enorme exposição a que essas mesmas crianças estão sujeitas com a net, a televisão, a "noite" precoce, etc. Seria bom que estes pais pensassem um pouco mais em tudo isto, em vez de saltarem escandalizados, com acusações que não têm pés nem cabeça, para o microfone que a voraz media lhes estende à porta da escola".

Este texto de Ana Vidal publicado no blogue colectivo Delito de Opinião é bastante revelador do que, também eu, penso da medida tomada pelo Ministro da Educação de proibir os telemóveis na prova nacional de aferição.
Estou ligada, há muitos anos, ao ensino universitário e sei bem qual a preparação com que os alunos lá chegam. Sei quais os benefícios  e os inconvenientes do recurso permanente à net, como soube, no meu tempo, os que trouxeram ao exercício mental, as antigas máquinas de calcular. Hoje, há gerações que entram na Faculdade sem saber fazer "contas de cabeça"...
Os instrumentos que atrás referi são apenas ferramentas para facilitar o trabalho e não para dispensar o indivíduo de o realizar!

HSC