domingo, 30 de setembro de 2012

Para Roma com amor

Confesso já que mesmo o pior filme de Woody Allen, como é o caso deste de que vou falar, constitui para mim, uma certa forma de prazer. Nunca me interroguei muito sobre o que é que me atrai naquele homem pequenino, míope, envelhecido, meio careca, encantador. E nunca fui dada a interessar-me por homens bonitos, atléticos, fulgurantes. Ao contrário sempre me atraíram os feios, mas muito inteligentes. Os anos passaram sobre mim e nesta matéria não mudei nem um milímetro.
Fui hoje ver "Para Roma com amor", película menor, mas que tem bem marcado o dedo e o sarcasmo do seu realizador. E até poderia ter sido uma grande fita se ele não estivesse já cansado.
As histórias, bem trabalhadas, tinham pano para mangas. Mas não foram. Mesmo assim, a do cantor de ópera, é de um non sense de morrer a rir e, por si só, já valeria a deslocação.
Acresce que Penelope Cruz depois da maternidade e de levar para casa esse monstro sagrado que é Bardem, enche o ecrã com o seu esplendor. Portanto, para passar hora e meia sem pensar na crise, vale a pena sentar-se na cadeira e pagar o bilhete!

HSC

Um bom Domingo!


Mais uma prestação do grupo Corpo, igualmente bela, para vos desejar um bom Domingo!

HSC

sábado, 29 de setembro de 2012

A sensualidade


Gosto muito de ballet, particularmente quando na base da sua inspiração está a sensualidade dos corpos que se movimentam em palco. Aqui a inspiração é cubana e o grupo de que este dueto faz parte é hoje um dos mais importantes do Brasil.
Os corpos destes dois dançarinos enrolam-se e desenrolam-se, acariciam-se e repelem-se numa sucessão de movimentos de uma sensualidade surpreendente.
O Grupo Corpo mergulha o espectador num festim visual que exalta as infinitas possibilidades do corpo em movimento, o virtuosismo, a precisão milimétrica e a imensa expressividade dos dançarinos. É impossível ficar-se indiferente a um tal virtuosismo.
Aqui está uma enérgica forma de começar o sábado!

HSC

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O meu Governador

Passei dezoito anos no Banco de Portugal que, depois da Universidade, foi a minha grande escola de vida
Há poucos minutos ouvi o actual Governador fazer uma declaração sobre a austeridade por que estamos a passar e a forma como a estamos a resolver. Dizendo a verdade sem receio ou compromissos partidários. Falando quando a sua palavra se torna necessária. Como infelizmente outros não terão feito.
Gosto do Dr Carlos Costa. Estou muito à vontade para o afirmar porque, não sendo já trabalhadora activa daquela instituição, o elogio não pode ser tomado como forma de adulação de quem espera o respectivo retorno. 
Continuo desde que de lá saí, a seguir com toda a atenção as medidas que o Governador vem tomando. Elas revelam um homem de trato muito agradável, um técnico experiente, um gestor isento e um responsável corajoso. Como o foram, também, Jacinto Nunes, Silva Lopes e Costa Leal.
Conheci outros. Mas estes são os que destaco porque foi com eles que aprendi o que é um Banco Central.
Pena minha não ter nunca trabalhado com quem actualmente preside aos destinos da minha antiga casa, porque até hoje todas as medidas tomadas mereceram o meu respeito. 
A pequena intervenção que acabo de ouvir na televisão veio, uma vez mais, confirmar a minha opinião!

HSC

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A formiguinha...


Olhei hoje o meu "sitemeter" aqui ao lado esquerdo do blogue e dei com o número 501000. Se toda esta gente me leu eu dou-me por satisfeita.
Comecei este blogue há três anos - nos princípios de 2009 -, quando não percebia nada destas coisas da blogosfera. Perdi textos, não sabia colocar vídeos nem fotografias, ainda faço muito disparate, mas só com o meu esforço e a vossa imensa boa vontade, aqui estou eu. Como a formiguinha arrecadando amizades que me apoiaram e ajudaram.
Obrigada a todos. Cá de dentro e lá de fora. Fiz amigos tendo alguns ultrapassado, mesmo, o estádio virtual. Quando nos encontrámos foi como se nos conhecêssemos há muito. 
Um abraço especial à Helena Oneto - perdi o tio, mas ganhei a sobrinha, encantadora - à Isabel Seixas que é tal e qual como a tinha pensado, à Maggie Pereira doce como mel, à Ivone Costa, outra Mulher fora de série e à Teresa Feio, um amor de pessoa e a tantos virtuais que me visitam diariamente..
Todos - virtuais e reais - contribuíram para que eu pensasse, risse, me emocionasse e partilhasse mais e melhor. Bem hajam!

HSC

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Amar é difícil...

Amar é difícil. Todos sabemos. Nunca me faltou amor, pese embora nem sempre ter sido amada como eu gostaria, porque as pessoas só amam como sabem e não como nós desejamos. Mas fui e sou uma privilegiada.
Belo intróito para algo bem mais simples. De facto, do óptimo jantar na varanda, que o temporal inviabilizou, passámos ao jantar dentro de casa com luzes e algumas velas.
Cumprindo a regra da família paterna, os netos educadamente avisaram que estavam atrasados. Como adoram o tio, fiquei mais tranquila porque as horas deste último nunca coincidem com as de ninguém. Logo, com atrasos de um lado e do outro, acabaram por chegar quase todos ao mesmo tempo. Raro!
Mas, eis que ao abrir a porta tive "uma surpresa surpreendente", como dizia uma antiga secretária minha. O meu neto Fred, louro de olho verde, apareceu-me com cinco rastas na cabeça num toque de exotismo euro-africano. Confesso que levei um baque.
Porém, como de parva não tenho nada, nem piei. Quando o tio chegou ainda exclamou um pálido "que fizeste ao cabelo?!" que eu cortei de imediato com o prato da sopa.
Quando todos saíram dei comigo a sorrir lá para cima a pensar no que diria o pai Miguel. Cheira-me que teria havido uma conversa de raiz politico filosófica pouco eficaz. 
Aqui a avó Helena vai tolerar rastas, cabelo azul ou encarnado, calça com a cintura no meio das pernas e tudo o mais que apareça. Porque nenhuma destas manifestações é essencial. Essencial é que eles saibam que são amados. O resto é fruto da época. Mas que amar é difícil...lá isso é! 

HSC

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A mod(u)elação...



Julgo que todos nós já teremos passado por esperas enervantes, sobretudo se existe alguma má expectativa em relação ao resultado pelo qual se aguarda.
É assim relativamente às classificações dos exames ou dos concursos e mesmo das análises clínicas. É um tempo de desgaste até se saber o que o futuro próximo nos tem reservado.
Pois bem, julgo não errar quando digo que os portugueses estão neste estado crítico de esperar o que nos irá acontecer, seja nos impostos, seja na saúde, seja na educação, seja até numa eventual remodelação governamental.
É verdade que a comunicação social tem uma boa parte de responsabilidade no que estamos a passar. Os jornais e as televisões, na ânsia das audiências ou das vendas, exploram quanto podem o lado negro das notícias. E, se uma pequena elite sabe depurar essa informação, a maioria dos portugueses não está preparada para isso. Assim, adensa-se um clima de ansiedade que desgasta as nossas já depauperadas energias.
A outra parte de responsabilidade compete aos senhores políticos cujo discurso é uma sucessão de versões que um dia apontam num sentido e no outro apontam no contrário.
Agora as palavras chave para a espera, apelidam-se "modulação" ou "modelação", sem que eu consiga perceber o que realmente qualquer delas quer dizer.
Ao menos tenham pena de nós e falem um português que todos possamos entender. Será pedir muito?!

HSC

domingo, 23 de setembro de 2012

A classe média


Pode parecer injustiça ou falta de sensibilidade falar da classe média num país onde a pobreza aumenta a olhos vistos. Acontece que naquela a pobreza envergonhada já há muito se instalou, apesar de se falar pouco disso.
Portugal perdeu uma boa parte da sua classe média sobre a qual incidiram todas as medidas de austeridade impostas de forma tributária. De facto, o país hoje só tem ricos fechados nas suas fortalezas, pobres sem eira nem beira e remediados. É sobre estes, que trabalham por norma, por conta de outrem, que recai o grosso dos impostos.
Ora a classe média é indispensável ao movimento do país, à sua transformação e ao seu desenvolvimento. Se esta sai à procura de melhor vida e a que fica, mais velha, é sucessivamente empobrecida, isso significa que estamos a andar para trás. 
E se a este movimento juntarmos a preocupante quebra da taxa de natalidade que retrato teremos do país e da sua segurança social dentro de duas ou três décadas? Muito possivelmente ninguém terá direito a reforma e Portugal voltará a ser um país dos anos sessenta...
Parece tão evidente que não se percebe a insistência na desagregação que está a ser feita. 

HSC

sábado, 22 de setembro de 2012

O direito ao delírio

Eu sei que muito possivelmente esta espécie de oração não passará de uma utopia. Mas também sei que se não houver utopia não haverá sonho e este é, sempre, o que comanda a vida!

HSC

Um casamento

Ontem fui madrinha de uma amiga que decidiu juntar oficialmente o seu destino ao de um homem por quem se apaixonou. E que se encantou também com ela.
Qualquer deles tem idade e passado de experiência que dão à decisão tomada contornos de grande seriedade. Por isso, quando há uns meses, ela me pediu que fosse a sua testemunha, eu aceitei de imediato.
A noiva foi-me apresentada por uma amiga comum. Porém, a química que se estabeleceu entre nós duas fez com que tivesse nascido uma amizade que foi crescendo e fortalecendo tendo-a eu, de algum modo, tomado como uma filha adoptiva, uma vez que a sua Mãe não pertence já ao mundo dos vivos.
O casamento prometia ser variado, visto que ambos têm vidas profissionais intensas. Ele no mundo da política e ela no mundo da comunicação. Deu-se em Matosinhos esta sexta feira e decorreu maravilhosamente. Estavam de facto presentes muitos políticos mas quando aquilo que une as pessoas é o apreço pessoal, a ideologia fica à porta. E eu tive oportunidade de conhecer um pouco melhor pessoas de quem apenas sabia o nome.
Para a Isabel e para o Guilherme, eu só desejo que sejam muito, mas muito felizes. E acrescento que a gente de Matosinhos me encantou!

HSC

Nota: Convém esclarecer que não eram políticos do CDS... 

Um pequeno presente

Ultimamente tenho aqui falado muito de imaginação e de criatividade. Este vídeo que descobri passeando pela blogosfera, foi postado pela Sandra Barata Belo. Essa mesmo, a actriz, no blogue Escrever é Triste. Trata-se, a meu ver, de um filme animado e de uma canção extremamente felizes e que quis, em forma de presente, partilhar hoje convosco.

HSC

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O meu neto Fred

Hoje tenho a alma lavada e bem precisava porque o dia foi difícil. Como calculam estes tempos têm sido para mim sobretudo de silêncio. Silêncio porque o que se me pede neste momento é que saiba ouvir sem deixar de pensar o que penso. Enfim, tenho-me esforçado por ser mãe, avó e cidadã.
Mas Deus compensou-me com uma mensagem do meu neto Frederico, o mais novo e o mais parecido temperamentalmente com o Pai. Passo a contar. Tínhamos combinado antes das suas férias que jantaríamos na próxima terça. Como a metade Portas desta família não é muito rigorosa em horários, mandei uma mensagem a perguntar se tudo se mantinha e, em caso afirmativo, que o jantar seria na minha casa.
Pois não só tive resposta rápida, como recebi uma imensa prova de ternura. "Sim avó, mal posso esperar!" foi o retorno. 
Alguém avalia quantas TSU não me valeu este mimo?!

HSC

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A economia dos afectos

Há muito - ia dizer desde que me conheço - que considero o afecto a mais importante área da nossa vida. Por via dele poderão, sempre, encontrar-se pontes que nos liguem aos outros, por mais diversos que eles sejam de nós.
O país anda irritado, desconfiado e até violento. Diariamente lemos notícias de agressões domésticas sem qualquer  justificação que não seja a da patologia clínica ou a da prepotência de quem pode em relação a quem não se defende. Mães matam filhos, maridos matam mulheres, irmãos matam cunhados, tudo baseado em questões menores que nem discussão possivelmente justificariam.
Num diálogo - insisto na palavra diálogo - travado entre Francisco Assis e Angelo Correia abordaram-se hoje três temas cruciais da nossa sociedade actual. Um, aquele que acabo de referir que se corporiza numa crispação latente quer a nivel familiar quer a nível profissional e que está dar cabo de algo que, entre nós, se denomina de democracia. Outro, um culto da juventude, que está a afastar das decisões pessoas cuja experiência nos é indispensável. O terceiro, que de algum modo se encontra ligado ao segundo, respeita as excessivas limitações relativas ao exercício da cidadania, que está afastar da Assembleia da República os melhores e a fazer desta o refúgio de quem, além da política, não tem qualquer outra profissão.
Hei-de abordar aqui estes dois últimos pontos. Agora limito-me a referir que a vida de um país não pode focalizar-se apenas na ideia do obsessivo combate ao deficit. Os países são compostos por famílias e estas são constituídas por pessoas. Que precisam, hoje mais do que nunca, duma economia de afectos por oposição à dita economia numérica. Será muito difícil compreender isto?!

HSC

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Humor e subtileza

Há duas armas fatais para aniquilar um adversário. Em qualquer campo. Uma é o humor e a outra a subtileza. Por ambas tenho especial apreço e a primeira pratico-a mesmo muito em relação a mim própria.
Contudo, qualquer delas exige dos vários intervenientes não só inteligência como rapidez de resposta. Quando assim é, o diálogo torna-se algo de verdadeiramente precioso.
Confesso que gosto deste tipo de luta e que, muitas vezes na minha vida profissional, estas duas características me salvaram de algumas situações complicadas. 
Com efeito, e porque não havia muitas mulheres a viajarem em nome das instituições a que estavam ligadas eu fui, em certa altura, um caso bastante raro. E saía, de facto, muito em trabalho. 
Numa primeira abordagem, um palminho de cara pode levar à ideia de que quem o tem, nada mais possui além disso, e que um avançozinho é sempre possível. Recordo alguns colegas de profissão que por assim pensarem, terão ficado siderados pela tal dita subtileza e rapidez de resposta que sempre tive. Mas o que, sobretudo, não esqueci foi o "atarantamento" dos mesmos, incapazes de, com uma boa resposta, reverterem a situação!


HSC

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Casa comigo!

Hoje acordei com esta música no ouvido e fiquei enternecida. Gosto imenso desta canção, embora o seu título seja um pedido que, nos dias que correm, merece grande ponderação. Mas gostei de a ouvir e de a partilhar. Nem todos são dias tristes quando ainda há quem nos peça para casar!

HSC

domingo, 16 de setembro de 2012

Facebook: o divórcio

Diversas pessoas me têm escrito dizendo que não conseguem aceder à minha página de Facebook. Esclareço que isso acontece porque, finalmente, consegui fecha-la, embora ainda não tenha sido possível eliminar uma antiga que possuía antes das transformações porque esta rede social passou entre nós.
A mais simples explicação para o facto é que eu só ia à minha página quando tinha algo para anunciar, nomeadamente um novo livro.
Mas há outras razões, que derivam de ter passado cerca de uma semana, cansativa, a olhar para os conteúdos de diversas páginas. E o que vi causou-me alguma impressão porque ou se fala de nada ou se fala de intimidades que deveriam continuar a se-lo, ou se fala dos outros, ou se tiram conclusões apressadas, ou pior, se fazem julgamentos pessoais. Enfim um mundo bastante diferente daquele que eu conhecera quando o Face chegou a Portugal.
Pesando todos estes factores resolvi que nem eu nem o Face ganhávamos nada um com o outro. Daí o divórcio por mutuo consentimento!

HSC 

sábado, 15 de setembro de 2012

As palavras...

Pedro Correia publica hoje no blogue O Delito de Opinião, na sua rubrica "Frases de filmes" a que reproduzo abaixo e que é da fita O Carteiro baseado no romance de Pablo Neruda.

"...quando um homem começa por tocar-nos com palavras, pode chegar muito longe com as mãos."

Pareceu-me importante relembra-la nos tempos conturbados que nos regem...

HSC

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Um aniversário especial

Hoje o meu neto mais velho, o André, fez 19 anos. Como sempre acontece almoçámos a dois, e posso afirmar que desde sexta feira foi o único bálsamo que aliviou a minha latente irritação.
Foi também o seu primeiro aniversário após a morte do Pai. Está um homem que estuda e trabalha e faz a primeira experiência de viver independente compartilhando a casa com três amigos. Enche-me de ternura - eu sei como tudo isto é difícil -, esta sua inesperada transição da juventude para a independência, que ele não só aceitou como considerou ser o caminho correcto.
Sempre aprendi alguma coisa com os meus alunos. Continuo a aprender com os netos e em especial com este que desde muito pequeno - tanto que mal falava -, "pexijava da avó helena". 
Hoje sou eu quem precisa dele...

HSC

A inefável leveza do ser

Tento ouvir. Tento compreender. Não consigo. Insisto.  Espanto-me. Rebelo-me. Perco-me nas explicações. Pergunto-me se me terá dado uma branca, se estarei a esquecer-me dos conceitos que me ensinaram. Não é verdade, ainda me lembro muito bem do que aprendi. E não aprendi assim. 
Só pode haver uma explicação. Cruel. É a inefável leveza do ser...

HSC

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A imaginação ao poder

As pequenas poupanças aplicadas em Depósitos a Prazo nas instituições de crédito já eram taxadas a 25%. Agora passarão a se-lo a 26,5%.
Ou seja, todos os depositantes são tratados da mesma maneira, quer se tenha muito, quer se tenha pouco. O que significa que quem é rico se pode dispensar de trabalhar ou investir porque se aplicar todo o seu dinheiro a prazo a taxa de 26,5%, é manifestamente mais baixa do que a que pagaria se criasse uma empresa, postos de trabalho e corresse riscos.
Quem tem pouco dinheiro e o põe num banco, a prazo, para garantir uma doença ou uma velhice menos angustiada, face a esta taxa e aos baixos juros que remuneram as suas poupanças, decide te-lo à ordem ou, eventualmente, até gasta-lo.
Parece-me, por isso, que também aqui haveria que fazer alguma coisa que não castigue, de novo, aqueles que menos têm. E já não falo, claro, na velha tradição que, por esse país fora ainda existe de o pôr debaixo do colchão.
Porque não aproveita o governo as pequenas poupanças, que juntas já darão alguma coisa que se veja, e cria produtos atractivos de divida pública interna?
Mas com a garantia, claro, de que não muda, a meio do processo, os termos contratuais estabelecidos, como já se fez no passado com PPR's e quejandos.
Não seria de levar a imaginação ao poder...económico?!

HSC

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A democracia do sofrimento

- Vivemos em democracia?
- Vivemos
- Os governantes foram legalmente eleitos?
- Foram
- Foi o povo que os escolheu?
- Foi
- Há dinheiro?
- Há. Mas mal distribuído
- Porquê?
- Porque o muito está nas mãos de poucos e o pouco está nas   mãos de muitos.
- E o desemprego?
- Tem vindo a aumentar
- E a Justiça?
- Demora muito
- E o deputados não fazem nada?
- Dizem que sim. Mas cada grupo toca a sua música e ninguém se entende
- E os velhos?
- Estão cada vez mais velhos
- E os novos?
- Nascem cada vez menos
- E o ensino?
- Sabe-se pouco
- Têm dívidas?
- Todos têm. O Estado porque gasta demais e não tem coragem de meter na ordem as PPP, a banca porque faz negócio com o dinheiro dos clientes e estes estão a diminuir, as famílias porque não têm dinheiro nem emprego e precisam de comer.
- Mas isso é democracia?
- Dizem que sim.
- Ah! Já sei, É a nova democracia. A do sofrimento!

HSC

Dá-me Luz



Estas duas fotos dão uma pequena imagem do que é a loja da Patricia Esquível, que é linda e merece uma visita com tempo. Mas antes vou contar um pouco da sua original história que prova  bem que todos podemos sempre mudar de vida.
A Patrícia que é doutorada em Teoria da Arte, fez a sua carreira profissional sempre ligada à investigação. Viveu uns anos na Alemanha e foi nesse país que sentiu que precisava de "dar forma" ao património teórico que possuía.
Quando voltou para Portugal aquela necessidade tornou-se mais imperiosa e ela tomou a decisão de juntar a prática à teoria. Servindo-se de novos materiais decidiu explorar as possibilidades de os juntar a essas novas luzes que chamamos de LED's.
Sozinha foi criando peças tão diversas como colares, anéis, candeeiros, jogos de mesa, jarras, etc.
Aos poucos foi colocando os seus produtos. A dada altura, entendeu que talvez se justificasse ter um espaço seu. Quem a conhece, sabe como é discreta. Daí que não pudesse nem quisesse gastar muito dinheiro, para além de lhe apetecer dar um cunho muito pessoal àquilo em que se ia envolver.
Um dia descobriu um pequeno espaço, ali ao elevador da Bica,  quase em cima do Chiado. Tratou de tudo e quando terminou teve a sensação de se ter feito luz dentro de si. Nascia a loja, o atelier e o nome. Nascia, afinal, a LUZ ME, de que dou nas fotos acima uma pálida ideia.
Há dias levei a um jantar uma peça que ela criou para mim. Eu estava particularmente cansada nesse dia. Mas a luzinha que tinha ao pescoço, não só me tirou as olheiras de cima, como levou os meus amigos todos a perguntarem-me de que material era feito o meu colar!
A loja fica na Rua da Bica de Duarte Belo 68. Quando passar o sol da praia, vão lá porque ficam iluminados. E percebem como se pode sempre mudar de vida.

HSC

domingo, 9 de setembro de 2012

Mais pobres


Não costumo usar esta coluna para defender familiares. Mas também não posso calar uma injustiça, só porque ele recai sobre alguém que me é aparentado.
Refiro-me a João Paulo Sacadura, que vê a TVI acabar com a Livraria Ideal e o Cartaz das Artes que, do meu ponto de vista  e no de muito boa gente eram, naquele canal, os únicos programas de difusão cultural passíveis desse nome e daquilo que hoje tanto se discute e se apelida de serviço público.
João Paulo Sacadura é um excelente profissional que ajudou a tornar conhecidos o rosto e a obra de muitos dos nossos melhores escritores, num trabalho que sei ter sido muito árduo e profundamente honesto.
Se a cultura é a identidade de um povo e disso se tem consciência, não se pode, em simultâneo, permitir que ela se transforme no parente mais pobre dessa mesma identidade. Decisões desta natureza só conseguem deixar-nos cada vez mais tristes e preocupados.
Espero sinceramente que o meu querido João Paulo possa ser imediatamente aproveitado por quem, em televisão, também esteja interessado em divulgar quem somos na arte e na escrita.


HSC