Sempre achei que a Deus o que é de Deus, e a Cesar o que é de Cesar. D. Torgal entende que não. Mas recebe do Estado uma reforma de 4000 euros, a ser verdade o que a imprensa revela. Não querendo ver cortada a sua reforma, manifestou-se.
Ora eu, por 40 anos de serviço - e pertenço ao Banco de Portugal, o tal das pensões milionárias - recebo menos de metade do Senhor Bispo.
Porque será que o trabalho dele valerá mais do que o meu? Será que me devo manifestar? Ando mesmo intrigada com isto...
HSC
24 comentários:
É estranho, de facto.
Não imaginava que um elemento da Igreja Católica auferisse de reforma um valor tão avultado, não sei se será apenas D. Januário Torgal Ferreira que ganha um valor mais alto, por ser Bispo das Forças Armadas. Sinceramente, fiquei surpreendida.
Espanta e indigna até porque, julgo saber que não fazem deduções em sede de IRS, por estarem sujeitos a um certo tipo de isenção fiscal... mas a verdade é que já me disseram isto há tanto tempo que (muito provavelmente a informação já está desatualizada).
Pensava que faziam voto de pobreza, mas graças a este post fui pesquisar e soube que não: os membros do clero diocesano não faz Voto de Pobreza (http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20091122062141AAZXU8Z, a 18/07/2012)
Mas o Clero Franciscano faz e um conhecido franciscano ganha bem mais do que os pomposos 4000€ da reforma de D. Januário: segundo o blog a especiaria o Padre Vítor Melícias ganha quase o dobro 7450€
(http://aespeciaria.blogspot.pt/2011/05/o-padre-melicias-malicias.html, a 18/07/2012)
Perante isto, resta o espanto.
Agora, quanto ao valor do trabalho permita-me Drª Helena que me expresse e lhe diga que nunca ouvi homilia de D. Januário, mas já ouvi muitas (sou católica e prezo bastante certos membros da Igreja Católica: gosto, por exemplo, dos comentários do Bispo do Porto, que considero (e espero poder continuar a considerar) interessantes e coerentes, agora quanto ao valor do trabalho (retomando o assunto) mais que não seja, o seu sorriso é tão reconfortante como a homilia de muitos oradores, talvez por ser genuíno (não sei).
Um abraço grande,
Vânia Edite Vieira Batista
PS: Ah! É verdade... e manifeste-se sempre que com a suas manifestações faz-nos pensar a sociedade actual.
Talvez a sua manifestação seja mais ouvida/credível/com efeitos do que a minha, mas eu já me manifestei, educadamente como sempre fiz!
Uma vergonha nacional...neste caso na Igreja Católica que são muitos mais a receber este valor pago por todos nós.
É por estes e outros e outras...que estamos como estamos.
Senhora Doutora,
Foi porque Salazar também achava que "a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César", que o Sr. D. António Ferreira Gomes viveu tantos anos no exílio.
P.S. - Como V. Exa. bem sabe o valor das pensões de reforma não é calculado apenas em função dos anos de serviço.
A sua queixa faz-me lembrar - salvaguardando as devidas diferenças (*) - os queixumes de algumas figuras da vida artística nacional, que se queixam das suas exíguas pensões, mas que se esquecem de revelar qual o quantitativo das suas contribuições para a Segurança Social.
(*) Eu sei que enquanto pensionista do Banco de Portugal o seu caso não é igual ao das figuras a que me refiro.
Absolutamente de acordo com o que o que escreve e com o que disse o representante da Conferência Episcopal.
O que D. Januário Torgal disse corresponde a uma verdade que pouca gente ousará contrariar.
Uma vez que fala em nome individual e não em nome da Igreja, fica muito mais livre para dizer o que sente.
Estamos fartos de gente acomodada.
E quando surge alguém que como D. Januário põe o dedo na ferida e chama os nomes certos às coisas e às pessoas ... não dá jeito.
Cumprimentos.
Caro Carlos Fonseca
Eu não me queixei. Nem tenho razões para isso. Tenho trabalho e vivo dele.
Perguntei apenas se quem recebe do Estado uma pensão daquela ordem de grandeza se sente no direito de falar nos termos em que D. Torjal falou. Se há quem tenha razão para se queixar, são aqueles que levam 9 meses para receber o que o senhor bispo recebe num mês. Claro que até pode sempre distribuí-lo por quem não tem emprego...quem sabe?
Cara Fatyly
Estou inteiramente de acordo. E duvido que as Forças Armadas precisem de lá ter um Bispo.
E, já agora porque não, as outras religiões?!
Caro Observador
Se foi a titulo individual que falou, então dispa a batina e a farda do lugar que ocupa no Ministério que lhe paga.
Os portugueses são mansos mas não são idiotas.
E quem não está de acordo sai ou sujeita-se às consequências de qualquer civil. Vai a Tribunal e prova o que afirma. Não difama.
Talvez se houvesse coragem para o fazer, as coisas fossem diferentes. E ele acabou por prestar um excelente serviço ao governo que condena, vitimizando-o.
Estou chocada!! Não pelo o que ele disse,porque tenho para mim, que isso é bem verdadinha!!! Não todos mas a grande maioria!!
Agora que um bispo receba 4000€, bem sei que para as pessoas católicas, os bispos podem ser importantes; mas acho isso completamente injustificável que uma pessoa receba tanto dinheiro de reforma!! Depois admiram-se que a segurança social não consiga suportar as reformas, não é a da grande maioria, é a desses senhores!!!
Em relação ao que o D.Torgal disse, provavelmente é verdade, mas não é na televisão que se faz acusações, alguém explique ao senhor que é na policia!!! Porque esta atitude só veio ajudar o governo, em si!!!!
D. Helena,
Concordo em absoluto com o último período da resposta que me dá.
Cumprimentos
Que eu saiba, D. Torgal não se queixou propriamente da sua reforma e do seu caso pessoal. Até porque, com 4000 euros não precisa, de facto, de se queixar.
Realmente, D. Torgal usou a palavra 'corruptos' que terá caído menos bem, mas ele fez uma ressalva e disse ... 'nem todos'ou 'não todos'. Uns poderão achar que D. Torgal se excedeu, outros (e muuuuuuiiitos, certamente) terão achado que D. Torgal tocou na ferida que grande parte de nós sente, mas não se atreve a tocar. De facto, este governo é uma profunda desilusão. Apesar de votar neles, sempre achei que havia ali alguns 'miúdos' que ainda não sabem nada da vida, com pouca experiência e...e enfim, os podres estão a surgir em catadupa.
Eu acho surreal cortarem subsidios aos funcionários e depois contratarem pessoas (amigos, protegidos e o que quer que seja)com salários suplementares/extraordinários em Junho e Setembro. Ora vejamos, isto é um desaforo, uma injustiça do tamanho do mundo. E isto é apenas um pequenino exemplo. Porque de facto, há muito onde poupar, mas é 'um muito' onde não lhes interessa mexer.
E, não percebo porque acham que sendo o senhor o Bispo das Forças Armadas, não poderá dar as suas opiniões. Não pode? Não é uma pessoa? Estamos fartos de ver pessoas de cargos publicos, religiosos e etc em artigos de opinião. Ora, só podem dizer bem?
Cara Drª Helena, que muito admiro, se se sente injustiçada (refiro-me à comparação da reforma com a reforma do Sr. Bispo) deve manifestar-se, sim senhora. Eu também me manifesto contra a profunda injustiça de acharem que os meus 1100 euros de salário valem mais do que os mesmos 1100 euros de salário da privada, ao ponto de me cortarem 2 por ano.
Tenho 32 anos de serviço, NUNCA meti baixa, cumpro horário e, e trabalho muito.
Obrigada
Teresa Campos
Também costumo sentir algum desconforto, quando na televisão ouço alguns arranjadinhos com reformas e salários verdadeiramente obscenos,`que provêm de funções no público e no privado,dizerem que é necessário fazerem-se reduções nos salários, aumentar impostos, reduzir o número de trabalhadores para que as empresas se tornem mais produtivas, enfim serem fortes com os fracos e fracos com os fortes...
Sobre o bispo das FA,deixo este poema de Sofia de Mello Breyner...
"Porque os outros se mascaram mas tu não/ Porque os outros usam a virtude/ Para comprar o que não tem perdão./ Porque os outros têm medo mas tu não./ Porque os outros são os túmulos caiados/ Onde germina calada a podridão./ Porque os outros se calam mas tu não./ Porque os outros se compram e se vendem/ E os seus gestos dão sempre dividendo./ Porque os outros são hábeis mas tu não./ Porque os outros vão à sombra dos abrigos/ E tu vais de mãos dadas com os perigos./ Porque os outros calculam mas tu não.
um bj
ves
Parabéns!
è por post's como este que sou mesmo sua fã.
Obrigada.
A. Malheiro
E o meu que descontei 40 anos nem
aos 500 euros chega, porque no
Cinema sempre pagaram mal, a maior
parte do que recebia "era por fora
não entrava nos descontos"...e tive
que me reformar por antecipação...
o que fez com que a reforma ainda
fosse menos...(mas de repente ficámos
todos com um impresso na mão para
ir para o Fundo de Desemprego(era
assim que se chamava na altura)
e assim foi.
Realmente D. Helena o assunto
"pensões de reforma" deveria ser
analisado todo de uma ponta a outra
e verem as imensas injustiças que
há.Sobre o sr. Bispo também entendo
que dizendo tão mal do Governo devia deixar o cargo que tem nas
Forças Armadas(que eu saiba ainda
estão sob as ordens do Governo).
Bj.
Cara Teresa Campos
Como já disse a outro comentador, não me sinto injustiçada. Gostava era de perceber porque é que o bispo recebe das F. Armadas, por menos anos de trabalho mais do dobro do que eu recebo.
E. sendo católica, não entendo os privilégios da Igreja Católica face às Igrejas de outras religiões. Claro que há sempre uma Concordata que a defende...
Por outro lado, se D. Torgal acha o governo corrupto devia ir à polícia apresentar provas e po-lo em Tribunal.
Mas receber o que recebe e sentir que está acima de todos para difamar quem entenda, isso já me parece excessivo. Porque quem está mal costuma mudar-se.
E ainda não vi D. Torgal fazê-lo! Nem sequer afirmar que fala a título individual. Pelo contrário, usou as vestes de diácono para falar. A todos!
Há muito que considero D. Torgal um incontinente verbal. Mas respeito quem aprecie essa incontinência. Entretanto o governo ri-se...
"D. Torgal um incontinente verbal" é muito bom. Adoro.É verdade e além disso ainda rima! Concordo completamente consigo!...
Drª Helena tem toda a razão:
Até porque o pensamento é lógico:
Há um governo corrupto (nas suas -dele- palavras), não concorda com a corrupção, ocupa (de certo modo) funções nesse governo, abandona o cargo.
Sim Drª Helena, o governo deve continuar a rir-se. A rir-se muito. Acho até que nos devemos rir todos. Muito!
Quanto ao D. Torgal, não é questão de o defender e não tenho que o defender. Não o conheço de lado nenhum, não sei se ele é incontinente verbal ou incontinente de outra coisa qualquer e não me interessa nada que seja bispo, padre (nem gosto nada de padres), diacono, ou seja lá o que for. Agora que teve razão em muita coisa que disse, desculpe Dra Helena, teve.
Estamos cansados, massacrados, maltratados e desrespeitados de uma forma nunca antes vista.
Mas o governo ri-se...
Está certo Dra Helena, está certo.
Teresa campos
PS:Nao pretendi incomoda-la e nem me passou pela cabeça atingi-la, até porque ainda há alguns elementos no governo por quem continuo a nutrir a MESMA simpatia.
E, e porque sou admiradora deste seu espaço há muito tempo. E de si.
obrigada
A Falta de responsabilização pelas palavras e actos é comum nesta sociedade que cada vez mais, em nome da democracia, peca pela inexistência de educação, ética, moral e sentido de Justiça.. Se queria, efectivamente, ajudar o povo a "abrir os olhos" devia referir qual o nome dos corruptos...Assim, lança apenas a confusão!!
D. Januário está mesmo apreensivo e psicologicamente afectado, só de pensar que pode perder aquilo que os antigos diabinhos o tinham ajudado a adquirir e a manter....
Os Diabos maiores são aqueles que lhe tiram horas e horas de sono pela incerteza de vir a ser lesado nas suas mordomias.
Obrigada pela partilha
Cumprimentos
Teresa Peralta
Carla Almeida,
Caríssima Drª Helena, deixo aqui o meu cometário a título de desabafo. São neste momento cerca de 02h45 e estou acordada, não porque seja habitual mas porque já me cansei de estar na cama a tentar dormir, comigo está a minha filha de 5 anos que sente a inquietação da Mãe e também não dorme. Trabalho num organismo cultural que vive com dinheiros públicos e esta semana tivemos informações que me tiram o sono, inquietam e que me dão muito medo. Gosto do que faço e sempre me senti "agradecida" pela vida que tenho, apesar dos horários que fazemos, de trabalharmos aos fins-de-semana, feriados e ainda fazermos digressões. Tento compreender que este governo herdou o Nosso Portugal num estado lastimável, que é necessário fazerem-se "ajustes", que TODOS temos que fazer "sacríficos", mas esta divisão de "sacrifícios" por TODOS não é de todo justa, cortam indiscriminadamente por todo o lado, mas alguns são intocáveis, não entendo, afinal não vivemos TODOS no mesmo Pais, não somos TODOS governados pelo mesmo, não queremos TODOS o melhor para o Nosso Pais, aparentemente não. Estou triste, muito triste mas acima de tudo muito preocupada, sinto-me uma peça descartável de um jogo de interesses. Temo pela minha filha, por mim, por TODOS nós.
Obrigada,
Carla Almeida
Cara Teresa Campos
Quem ganha 4000 euros e diz o que D. Torgal disse, deveria ser coerente e demitir-se.
Porque, pelos vistos, não o incomoda mesmo nada, receber o que recebe, de um governo corrupto... nem sequer trabalhar para ele!
Senhora Doutora,
A propósito do valor da reforma de D. Januário, que, nestes comentários, bem como para V. Exa. parece ser um dado adquirido ter o valor de 4.000 euros, deixo aqui a parte de um noticía do jornal "i", que por si mesma se explica.
Conhecendo a sua verticalidade, e uma vez que deu como adquirido aquele, valor, acredito que de boa fé, talvez fosse justo escrever um novo post corrigindo o que escreveu.
Mesmo porque muitos dos seus leitores já não vão ler este meu comentário.
Quote:
"O Bispo das Forças Armadas diz--se vítima de um “linchamento público” devido a ter criticado, na última quarta-feira, o primeiro-ministro.
Em declarações ao i, D. Januário Torgal garante serem “falsas” as notícias de ontem, que deram conta de que ganha quase 4500 euros por mês – ordenado superior ao de um deputado e o equivalente a nove salários mínimos nacionais. “É totalmente falso. Ganho pouco mais de 2500 euros”, garante o bispo, acrescentando que “metade” da sua reforma vai para o Estado. “Depois de uma vida inteira a trabalhar, praticamente metade do que ganho vai para o Estado, que depois não sabe gerir esse dinheiro: vai para espiões e para empresas privadas”, critica.
O bispo garante ainda que uma reforma de 2500 euros “depois de décadas de trabalho” não “é nenhuma fortuna” e que a maior parte da pensão que aufere diz respeito aos anos em que foi professor assistente e regente na Faculdade de Letras do Porto. “Fui professor desde Fevereiro de 1971 e até 1989. Saí quando entrei para as Forças Armadas”, explica. Ontem, o “Correio da Manhã” adiantava que, além da reforma, D. Januário Torgal tem também direito a um conjunto de regalias – como um gabinete de apoio, carro, motorista, secretária e telemóvel. “O que também é completamente falso”, assegura o bispo. “Quando pedi a reforma, há quatro anos, abdiquei de tudo isso e nunca tive, sequer, secretária ou motorista”, diz, acrescentando: “E não sou nenhum herói por abdicar dessas regalias. Fiz aquilo que qualquer cidadão deve fazer.”
Unquote
Li todos os comentários e fiquei com a sensação de que pelo facto o Bispo Januário Torgal auferir uma reforma de 2000 e tal euros, isso não lhe dá o direito moral de criticar o Governo, tal como o fez!!!
Ou seja, criticar este governo de corrupto, nas suas intenções, negociatas e compadrios é adjectivação, apenas própria de sindicalista e afins!!! De desempregados e beneficiários do RMI!!!
Agora de um Bispo e ainda por cima com uma "bruta" reforma é que não!!!!! Fica mal!!! Não é elevado!!!
As verdades, algumas verdades sempre foram muito cruéis!!!
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