Se há algo que me cause alguma irritação é a importação de coisas que têm significado nos países de origem, mas são ridículas nos de destino. É o caso do Dia de S. Valentim, ou Dia dos Namorados.
Há uns anos escrevi sobre o tema no Caderno de Economia do DN - sim, no de Economia, onde colaborei a convite dessa excelente jornalista que é a Helena Garrido -, mas como mudei de PC, e não tenho aqui o
backup do anterior, desisti de o encontrar. Aqui vai o que me lembro das diversas "estórias" que se contam sobre o assunto.
Uma versão narra que Imperador Cláudio II havia proibido os matrimónios durante as guerras, por considerar que os homens solteiros eram melhores guerreiros. Mas o bispoValentim contrariou essa ordem e realizou, secretamente, vários casamentos. O caso foi descoberto e Valentim condenado à morte.
Enquanto aguardava na prisão o seu destino, apaixonou-se pela filha, cega, do seu carcereiro e, milagrosamente, a donzela recuperou a visão. Antes de morrer, o namorado ter-lhe-á enviado uma mensagem de despedida na qual assinava "teu Valentim".
Considerado mártir pela Igreja Católica, terá morrido a 14 de Fevereiro, pelo que o dia foi dedicado aos que se amam.
Outra versão, mais pagã, atribui a data às "lupercais", as festas em honra de Juno, deusa da mulher e do casamento e de Pan deus da natureza, nas quais havia o ritual da fertilidade em que o sacerdote tocava o ventre de todas as mulheres da cidade para lhes garantir fertilidade.
Outra versão diz que a data veio dos Estados Unidos e, na Idade Média, o dia era destinado a deixar mensagens de amor à porta das pretendidas.
Até há poucas décadas este data era apenas celebrada nos países anglo-saxões. Mas, a partir de meados do século passado, a moda alastrou para muitos outros países. Porém, no Brasil, os namorados comemoram o 12 de Junho, véspera do Dia de Santo António, considerado como o tradicional casamenteiro.
Mal por mal sempre me parece que este dia se ajustaria mais às festas da cidade de Lisboa...
HSC