Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos. Mas também, um local onde se faz o retrato do mundo em que vivemos e que muitos bem gostariam que fosse melhor!
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
2012
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Trinta anos de vida...
"Os homens amáveis, admiráveis, viciantes, são assim: expressivos, expansivos, esplêndidos. Ficam a navegar no nosso sangue, porque se cravaram além dos olhos e da pele: na alma. E lá, vivem para sempre. Até nos reencontrarmos. A vida contém infindas surpresas e o amor é a maior energia do universo".
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Street food
Maurício Barra abordou recentemente o tema das bifanas e dos pregos no seu blogue umgrandehotel.blogspot.com, aproveitando para tecer algumas considerações sobre a a "comida de rua" que me permiti roubar e reproduzir abaixo:
“...Street food",(é um) velho hábito europeu, hoje substancialmente reduzido devido à profusão de legislação sanitária e de licenciamento económico que nos submerge todos os dias ( ainda me lembro das dificuldades que os Hot Dogs da Boca do Inferno - os melhores de Portugal - tiveram de sofrer para serem licenciados ). A "Street Food", nestes tempos, com uma oferta infinita de diversidade e qualidade, pratica-se sobretudo na Ásia América Latina e América do Norte, e é um repositório dos sabores tradicionais dos seus países.
Não é comida de plástico. Não é fast food. São sabores "slow food" servidos rapidamente. A "Street Food" ´é gastronomia. Sempre ao dispor de quem a quiser saborear sem complexos de que "os seus parentes caiam na lama".
Acontece que o bom do Anthony refastelou-se, entre outras iguarias, com o nossos pregos e bifanas ( ?, sujeito a confirmação ). E fez muito bem. É a nossa "street food" mais consensual a nível nacional, hoje servida entre portas, a maior sobrevivente dos petiscos que em tascas e caramanchões durante vária gerações foram ( são ) o prazer dos portugueses.
E assim fica introduzido o tema que aqui me traz hoje.
O prego ( de vaca ) e a bifana ( de porco ) tem inúmeros templos em Portugal. Diria centenas. Eu falo dos que conheço. Mas dos quais ainda não discorro porque é essencial deixar claro que estas manducâncias precisam de um segundo produto sem a qual não têm a expressão devida : o pão.
O pão. Seja carcassa, molete, vianinha, papo-seco, ou têm qualidade e são devidamente aparelhados ou . . . estragam tudo. Têm ( desculpem, devem ) ser de mistura. E pré-aquecidos em torradeira antes de ser servidos ( eu uso, para isto, as antiquíssimas placas com rede que torram directamente sobre a chama ), para serem comidos estaladiços e crocantes”.
O que me leva a recuperar este tema é a preocupação que tenho de que as exigências sanitárias, acabem com tudo o que de verdadeiramente genuíno se produz no país.
Portugal tinha uma longa tradição, que ainda conheci, de bons petiscos servidos em pequenas tasquinhas familiares, em cujas mesas se reuniam não só gentes de parcas posses, mas também aqueles que, não tendo preconceitos sociais, gostavam de se misturar e provar bons pitéus.
A ASAE cuja função é fiscalizar o que comemos tem que, em simultâneo, defender, estes pequenos recantos, corrigindo falhas que possam existir, mas não pondo em causa o "valor acrescentado" que eles representam, num país que vive uma crise económica grave e cuja gente se vê obrigada a cortar, até, na alimentação.
Maurício Barra tem toda a razão no seu post. A gastronomia nacional também é feita de pastéis de bacalhau, rissois, croquetes, pregos e bifanas. Verdadeiras iguarias, quando cozinhadas a preceito por sábias mãos!
HSC
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
O primeiro já está!
Acreditei que iria ficar uns dias sem escrever. Apenas a dançar o tango. Mas tenho que dar descanso ao meu parceiro Dr Vítor Gaspar, que não está habituado a este ritmo. Já pensei se não teria sido mais inteligente escolhe-lo como par na valsa. Mas eu não gosto de valsas desde que debutei pelo braço do meu Pai e me senti muito ridícula numa função que ele considerava indispensável para a sua única filha. Assim cumpri a norma imposta pela autoridade paterna. Fiquei vacinada. Não valsei mais!
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Emigração...
"Eu, colaboradora, me entristeço"
"Arrependo-me de quase todas as decisões que tomei na vida. Durante muito tempo acreditei ser a escolha da profissão aquela de que me não iria arrepender. Os últimos tempos vieram provar o contrário: ser professor é um destino que não se deseja ao nosso pior inimigo.
O que era escola tornou-se comunidade educativa, designação execrável que engloba sensibilidades que não se encontram nem nunca se irão encontrar.
O zénite do desencanto aconteceu hoje: ao abrir o mail, recebo os votos de Boas Festas da direcção da escola. As Boas Festas dirigidas a todos os colaboradores. Colaboradores. Colaboradores, assim mesmo como se de uma empresa se tratasse. A escola não é uma empresa, não pode ser uma empresa, não deve ser uma empresa. Eu sei que esta linguagem está na moda e que é muito fácil agarrar estas expressões e usá-las sem reflectir sobre a elas. Ligam-me às pessoas que integram a direcção da minha escola laços de amizade de muitos e muitos anos. Sei que não usaram este termo para magoar, usaram-no porque se usa.
A mim, que sou rija e pouca dada a lamechiches, vieram-me as lágrimas aos olhos. Resumir o trabalho de um professor a uma colaboração é uma ofensa, é uma mágoa que custa a sacudir.
Só me apetece emigrar. Para um sítio onde me chamem professora."
(in arondadosdias.blogspot.com)
Este é o post colocado ontem, por Ivone Costa, no seu excelente blogue e que eu me permiti roubar, porque o sinto como a mágoa de alguém que escolheu ser professora
e, de repente, "se sente" pela forma como, no presente, se apelidam os professores.
Eu sei que há muitas outras profissões que, hoje, são tão flageladas ou mais que os professores. Mas a matéria prima sobre que estes trabalham - os alunos -, que serão as mulheres e os homens de amanhã, justifica, talvez, que eu sinta este lamento como especial. É que sei o que é ter sido aluna, ser professora e ter netos que vivem as agruras de se não pensar no amanhã deles.
Aliás, o futuro dos meus netos há muito que foi destruído pela inépcia da geração que os precede. A herança que lhes deixamos são os três D: a dívida, o desemprego e o desencanto. É muito de coisa nenhuma...
HSC
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
De tirar a respiração...
Liberta de afazeres, de livros, de trabalho, dedico-me ao tango, que adoro. É algo de uma precisão e sensualidade tais, que para o dançar bem, é preciso ter muito treino. Ando por isso a treinar. Para já, o meu equilíbrio orçamental no ano que vem.
Não podendo substituir o Dr. Vítor Constâncio que, suponho, não deve ter problemas orçamentais próprios, decidi-me pelo caminho de Socrates que já se lhe havia referido, precisando que para o dançar bem, seriam sempre necessários dois. Irei dança-lo, pois, com o Ministro das Finanças.
Deixo-vos o link. É isto que tenciono fazer com o orçamento que ele me impôs em 2012. Ora vejam e digam-me o que acham desta performance de cortar a respiração.
http://www.youtube.com/watch_popup?v=5hIc2ODfRxQ
É ou não magnífico? Pois é assim que vou bailar no ano que vem. Espero não cair!
HSC
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Pedido ao Pai Natal
Terminei hoje a árdua tarefa de promover o meu último livro, com uma sessão de autógrafos na Fnac do Chiado. Mesmo com crise e um grau de iliteracia elevado, a livraria estava cheia. E o sector das novas tecnologias abarrotava.
domingo, 18 de dezembro de 2011
Quase zombie...
O título deste post corresponde ao estado físico e psíquico em que me encontro depois de três sessões de autógrafos em outros tantos locais distintos neste fim de semana.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Lei palmada
A Câmara dos Deputados do Brasil aprovou o projecto que proíbe os pais de crianças ou adolescentes de aplicarem castigos físicos aos filhos, mais conhecido por Lei palmada.
Proposto no tempo de Lula da Silva, o projecto de lei foi aprovado numa comissão da Câmara dos Deputados especialmente criada para analisar este caso. O texto será submetido ao Senado, a menos que algum deputado peça a sua votação também em plenário.
O projecto prevê que os pais que maltratem os filhos, tenham de frequentar cursos de orientação e se submetam a tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de serem objecto de advertência. A criança que sofrer a agressão também terá tratamento especializado.
A proposta estipula ainda que os agentes públicos, como médicos e professores, poderão ser multados, se tiverem conhecimento de agressões e não denunciarem o caso às autoridades.
O objectivo desta lei é mudar um hábito cultural enraizado. Todavia este texto gerou críticas de alguns pais que o consideraram como uma intrusão do governo na sua forma de educar os filhos.
"Com a aprovação unânime da comissão especial que analisava a matéria, o Brasil terá dado um importante passo para a afirmação dos direitos da criança e do adolescente contra todo o tipo de violência", diz-se num comunicado.
Este tipo de legislação específica, que impõe um certo nível educacional, deixa-me sempre algumas dúvidas. Talvez, porque por detrás dele, pode estar um certo laxismo que tem conduzido a que as crianças tratem mal os adultos como é o caso dos professores maltratados e até batidos-, como me preocupa que se não faça legislação idêntica para idosos, cuja fragilidade tanto devia preocupar o legislador.
Pessoalmente julgo que uma palmada no rabete de uma criança malcriada, pode ser bem mais eficaz do que um moral discurso paterno que lhe entra por um ouvido e sai pelo outro...
HSC
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
As famílias e as empresas
Os dados mostram que o financiamento às famílias pela banca continua a diminuir. Com efeito, seja porque existe um crescente aperto à concessão de crédito, seja porque a procura decresceu, o volume de novos empréstimos concedidos a particulares atingiu em Outubro 738 milhões de euros, o valor mais baixo registado desde Janeiro de 2003, altura em que este registo se iniciou.
O agudizar da crise da dívida europeia e as crescentes dificuldades de financiamento também levaram os bancos a apertar mais o crédito às empresas.
A agravar o cenário, famílias e empresas revelam cada vez mais dificuldades em solver os seus empréstimos. Em Outubro, o crédito malparado de particulares voltou a subir, representando 3,34% do total de financiamento concedido às famílias. Nas empresas, o peso do crédito malparado ultrapassou os 6%, atingindo, assim, valor mais alto desde Maio de 1998.
Outro sinal preocupante foi dado pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal que ontem revelou que, até Outubro, foram entregues 5200 casas aos bancos. Ou seja mais 17,7% do que no ano anterior, situação que se deve ao incumprimento dos proprietários, na sua maioria promotores imobiliários, que não conseguem colocar os seus imóveis.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Villepin, l'élégant
" Dominique de Villepin a annoncé au journal du soir de TF1, dimanche 11 décembre, qu'il avait "décidé d'être candidat à l'élection présidentielle de 2012". "J'entends défendre une certaine idée de la France", a déclaré l'ancien premier ministre, ajoutant :"J'ai une conviction : le rendez-vous de 2012 sera le rendez-vous de la vérité, du courage et de la volonté."
domingo, 11 de dezembro de 2011
De Paris, com amor...
"...De repente, pela primeira e espero que última vez na vida, dei por mim com pena do eng. Sócrates: o que foi aquilo, meu Deus? Uma coisa são as vastas limitações da criatura, outra é a candura com que a criatura as expõe, essa sim uma propensão infantil. Pobre homem, que não arranja uma alminha amiga para preveni-lo do ridículo que comete, que está rodeado de tontos ou sabujos prontos a alimentar os seus delírios, que vive enfim numa completa solidão. O preço do poder, ou dos privilégios amealhados no poder, não precisa de ser tão elevado. As benesses materiais e afins não podem servir unicamente para enxovalhar o usufrutuário, ainda que a falta de consciência do usufrutuário, tradicionalmente aliada aos excessos do respectivo ego, o ponham a jeito com regularidade".
O que ele queria dizer até pode ter laivos de verdade. Mas os portugueses agradeceriam o seu silêncio por uns meses. Cem dias é muito pouco tempo para nos esquecermos dele.
À laia de explicação
sábado, 10 de dezembro de 2011
O amor
Das memórias de Tony Judt este pequeno excerto em que ele diz:
" O amor é aquele estado em que somos nós próprios com mais satisfação'.
Sobre o mesmo tema, Rilke afirma que:
"O amor consiste em deixar aos amados espaço para que sejam eles próprios, ao mesmo tempo que se lhes dá a segurança no seio da qual esse eu possa florescer'.
Estas duas frases foram retiradas de um dos blogues que frequento cujo link é
umjeitomanso.blogspot.com
Como se vê, ambos os pensadores - aqui gosto mais de usar este termo e não o de escritores - referem essa enorme necessidade vital, que é a de cada um dos amantes manter a sua própria identidade. Não há amor saudável que assim não seja.
Infelizmente, a maioria das pessoas leva imenso tempo a perceber tal realidade. E quando, finalmente, com a experiência e a idade, se dão conta disso, é quase sempre tarde demais.
Muitas vezes me tenho perguntado porque se fala tão pouco de Amor na família e na escola, e quando se fala é sempre em sexualidade que se pensa. É uma pena, porque o mais importante na vida de todos nós não é o dinheiro, a crise, o orçamento. O mais importante é ter vivido uma grande paixão e um grande amor.
Mas ninguém se preocupa em nos ensinar isso...
HSC
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
As necessidades bancárias
A EBA, Autoridade Bancária Europeia deu a conhecer esta tarde as novas estimativas de necessidade de capital para a banca europeia. Apesar de ter revisto em alta o montante necessário para a totalidade dos bancos europeus, no caso português, as conclusões apontam para uma quebra de 800 milhões de euros nas necessidades de capital.
BPI
A EBA estima que o BPI precisará de um reforço de capital de 1,389 mil milhões de euros. Deste total, 1,359 resultam de exposição da dívida soberana da zona euro e 989 milhões dizem respeito a dívida pública portuguesa.
BES
Este banco é o que apresenta menos necessidades de capital. Segundo as contas da EBA, o BES irá precisar de um reforço de capital de 810 milhões de euros. Mas 121 milhões de euros irão corresponder a uma “almofada temporária” para a exposição à dívida soberana.
O banco já deteve 3,6 mil milhões de euros em exposição a dívida soberana europeia, toda dívida pública nacional, mas em que 84% tinha maturidade até um ano.
Contudo, face ao recente aumento de capital de 622 milhões de euros, a instituição garante que as suas atuais necessidades de capital não ultrapassam os 188 milhões de euros.
BCP
É a instituição que enfrenta maiores exigências de capital. No entanto, o BCP explica que, já depois da avaliação da EBA, efectuou uma operação que permitiu um aumento de 405 milhões de euros de fundos próprios.
A ser assim, as suas reais necessidades de capitalização serão de apenas 1,725 mil milhões euros.
CGD
A Caixa Geral de Depósitos precisará de um reforço do capital no valor 1,834 mil milhões de euros. Destes, 1,073 mil milhões destinar-se-iam a responder exposição à dívida pública europeia, em 30 de Setembro deste ano.
Apesar disto, ou por causa disto, no final de Outubro, a EBA havia calculado a capitalização da CGD em 2,2 mil milhões de euros.
Todavia, o banco do Estado num comunicado enviado à CMVM, esclareceu que "este buffer não foi concebido para cobrir as perdas relacionadas com as carteiras de dívida soberana, mas sim para dar conforto aos mercados em relação à capacidade dos bancos em absorver uma série de choques e ainda assim manter um nível de capital adequado".
Oxalá por lá se mantenha!
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Liquidem-nas!
"Depois da ameaça de corte maciço de rating a 15 países da zona euro e ao fundo de socorro da moeda única, a agência de notação Standard & Poor’s (S&P) veio nesta quarta-feira fazer a mesma advertência aos maiores bancos da zona euro. CGD, BCP, BES, BPI, e Santander Totta entraram também em processo de revisão".
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Fazer anos!
Fazer anos tem sempre, a partir da idade adulta, dois lados. Um positivo, expresso no "aqui já eu cheguei", e outro, negativo, que é contar mais um na idade e menos um no tempo de vida.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Talvez seja de mais...
"O ministro do Trabalho brasileiro, Carlos Lupi, pediu a demissão neste domingo ao fim de semanas de pressão por denúncias de irregularidades que já tinham levado a Comissão de Ética a recomendar a sua exoneração. É o sétimo ministro que a Presidente Dilma Roussef perde em menos de um ano de mandato e o sexto a sair por denúncias de corrupção"
O que é que se estará a passar no Brasil? Perder sete ministros num ano de governação ou é um erro de casting, ou uma herança muito pesada.
sábado, 3 de dezembro de 2011
O Natal de Tolentino de Mendonça
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade
O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande
O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções
O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
O Natal não é ornamento"