Depois de ter assinado mais de trinta livros numa hora, uma senhora aproximou-se de mim com um saco e em voz baixa disse-me:"tenho aqui todos os seus livros. Era pedir-lhe muito que os assinasse?". Não queria acreditar.
Eram todos meus catorze livros já publicados que aquela senhora trazia consigo para eu autografar, porque tinha visto anunciado que eu estaria hoje ali. Quase me veio a lagrimita ao olho quando, no fim me abraçou, e se despediu desejando as melhoras do meu Miguel.
Muitas vezes provocamos nos outros afectos que nem suspeitamos. Só quando acontece algo de especial que nos envolve é que nos apercebemos da importância que podemos ter tido na vida de outros. Abençoada senhora que me fez sentir tão feliz.
Dali zarpei para o cinema com um amigo francês, muito querido, que ficara à minha espera, extasiado com a recepção que me fora feita . Teimou em ir ver "O Americano". Lá fui.
Ao contrário da maioria das pessoas, não gosto de galãs bonitos. Nem Brad Pitt, nem George Cloney, nem tantos outros que parecem esculpidos. Nada a fazer. Gosto de homens e de actores inteligentes. A beleza deixa-me relativamente indiferente. A cultura e o saber fascinam-me. Sempre fui assim e vou morrer assim.
Logo, o filme com o homem da Nespresso, não me aliciava muito. Felizmente o galã aqui não mostra os dentes. A história não é lá muito bem contada ou, então, eu estou a perder qualidades. Não aconselho.
Saímos dali e enfiámo-nos num restaurante italiano onde o barulho é imenso mas a comida muito boa. Amanhã é dia de Frederico, o meu neto mais novo, cuja vitalidade costuma deixar-me derreada. Veremos. Por hoje já tive comoção suficiente!
HSC
7 comentários:
... Essa é a importância que "importa"...De alguma forma, ter tido importância na vida dos outros...
LOL!
Que giro..., parece que andamos a reboque de tantas emoções!!!
...a sério... já viu como é FELIZ?!
Parabéns mil!!!!!
E obrigada por espalhar essa joie de vivre connosco, por aqui e por onde passa.
Deus recompensa-a (e sabe-o).
Abreijos sem fim.
Sobre o filme há por aí várias opiniões, no fundo importa o que sentimos e não o que entendem terceiros.
Sobre os homens: TOTALMENTE de acordo (mas isso já sabemos, eh, eh...)
Bom domingo e respire, respire, não se respirar! Ajuda!
:)))
D. Helena, hoje sem querer respondeu a uma das questões que desde sempre me assolam, sendo eu leitora compulsiva e apaixonada. Desde sempre encontro nalguns escritores, muitos felizmente, aquela empatia, aquela forma de sentir e ver o mundo como seres humanos na mesma linha, como se independentemente dos caminhos percorridos e trilhados, das vidas vividas e sentidas, chegassemos ao mesmo ponto,ao mesmo modo de sentir. Dou comigo a pensar que não é preciso viver as mesmas coisas para um mesmo modo de as sentir e, este sentimento é algo arrebatador, algo que vai mais além de nós como se fossemos almas gemeas,ou pertencentes a um clube onde os associados nem sequer se conhecem. Apaixono-me frequentemente pelos escritores que leio, adoro o modo como veem e sentem o que os rodeia e claro admiro incondicionalmente o talento que teem para o descrever. Nos meus devaneios penso, terão os ecritores noção das emoções que provocam em tão distantes "amigos" será que Isabel Allende, Luis Sepulveda, José Saramago, Gabriel Garcia Marques, Inês Pedrosa, Etc...., desconfiam sequer têm almas gemeas, noutros mundos paralelos tão longínquos e distantes dos seus? pois, respondeu-me Srª D. Helena quando ficou surpreendida com a Srª dos 14 livros que a abordou...mas assim como os leitores, como eu, encontram os seus melhores amigos nos escritores dos seus livros preferidos, tambés os escritores terão as suas almas gemeas em muitos dos seus leitores...Eu por mim agradeço e peço que os vossos talentos sejam abençoados, pois um livro bem escrito é muitas vezes o conforto de uma alma solitária.
Depois desse episódio comovente da senhora que lhe levou todos os seus livros, creio que voltará a encarar as sessões de apresentação dos seus livros de outro modo. Acredito que valha o sacrifício, pois a recompensa pode ser grande, como nos demonstrou hoje.
Carolina que belíssimo comentário aqui me deixou. Comovente e inspirador para quem passa a um computador horas a fio, na esperança de que as suas palavras tenham importância para alguem. Porque é disso que se trata quando se escreve. Ou, pelo menos, quando eu escrevo.
António
Tem toda a razão. O gesto daquela senhora tem acompanhado todo o meu fim de semana.
Parabéns e, por favor continue. Não só com a escrita, mas essa força, essa alegria de viver, esse estar neste mundo de corpo inteiro.
É que esse aspecto é tão importante, mas tão importante...
Abraço.
E que mais pode dizer alguém, que não tem nas palavras a força que outros têm, senão dizer que me deixei levar pela emoção.
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