É sempre difícil o retorno de férias. Em particular, se elas foram muito necessárias e muito boas.
No fim deste ano estarão no mercado livreiro quatro livros meus. Um publicado no final de Maio e mais três que irão agora aparecer. Seguem-se, assim, um de biografias de nove mulheres do século XX, outro de culinária e mais um de "short stories".
Julgo que a forma que tive de vencer as preocupações familiares que o ano 2010 - de má memória -, me trouxe, foi trabalhar que nem uma danada. Muito poucas pessoas compreenderão que há quem tenha este comportamento. Mas foi, de facto, o trabalho que me salvou. Porque, ao longo destes meses terei, talvez, tomado umas cinco pastilhas para a ansiedade. Não mais!
O ano que vem tem de ser diferente. Estiquei tanto a máquina que agora vou-lhe dar folga. A ela e a mim. E de algum modo, também aqueles que me lêm...
HSC
12 comentários:
Olá!
Deixa lá ver se eu acerto nas biografias mulheres do sec.XX:
Simone de Beauvoir; Margaret Thatcher; Maria Lamas; Betty Friedan; "Coco" Chanel; Eva Peron; Natalia Correia; Edith Piaf e Edite Estrela. Esta não, por amor de Deus!
Cá fico à espera porque gosto de ler biografias.
Percebo... Comungo...
E agora, bom descanso e a calmaria serenadora.
(pergunto-me se "serenadora" existirá... Hum!)
Caro Carlos II
Acertou uma, a Coco Chanel. As outras oito são Jackie Kennedy, Madame Curie, Duquesa de Windsor, Madre Teresa de Calcutá, Golda Meïr, Marguerite Yourcenar, Marlene Dietrich e Gala Dali.
Histórias surpreendentes e algumas muito pouco conhecidas...
Cara Helena:
Curiosíssimo quanto às biografias. É que há um traço de união entre elas. A política. E há mais. Simpatias nazistas e o contrário. Mais não digo para não estragar as suas vendas.
Também sou um gourmet e como escritor também gosto de "short stories". Já agora, para breve mais um livro de ficção meu.
Percebo perfeitamente o vício do trabalho para ocupar uma mente com preocupações muito fortes.
Desejo, ex core, que tudo corra pelo melhor.
Abreijo
Raúl.
Gala Dali (ou, melhor dizendo, Gala Eluard) foi uma personagem fascinante. Dali conheceu-a em 1929, quando tinha apenas 25 anos e ela mais dez do que ele. O grande artista espanhol, aparentemente, tinha pouca experiência da vida (escaldante) amorosa, ao contrário da exótica russa. À época, Gala estava envolvida numa relação triangular, que envolvia o seu marido, o poeta Paul Eluard, o pintor Max Ernest (salvo, mais tarde, da Gestapo com a ajuda de Peggy Guggenheim, com quem veio a casar) e Dali. Três anos após, decidiu-se por Salvador, casando com ele, para desgosto profundo de Eluard. E veio a ser a musa eterna de Dali. A sua obra “Leda Atómica”, onde tudo, Gala como modelo e todos os outros objectos estão, ou são pintados em posição de suspensão, ficou célebre. Leda tinha sido, de acordo com a mitologia da Antiguidade Clássica, uma das conquistas e Júpiter. O quadro em questão é considerado como uma prova de admiração e amor incondicional do grande pintor surrealista por aquela misteriosa mulher russa, que não sendo propriamente bela, possuía um fascínio capaz de controlar Dali. Há igualmente vários relatos, sobretudo passadas/os por ocasião da presença deles em NY, que estarão longe de abonar em favor dos seus comportamentos perante os “padrões morais vigentes”. São outras histórias. A impressão que me fica, daquilo que por aí tem sido dito e escrito é que a experiente russa soube tirar o máximo partido da, então, pouca vivência de Salvador Dali. E talvez tenha percebido que o surrealista espanhol teria sucesso. Como veio a ter. Ter sido o modelo e musa única de Dali terá, quase seguramente, tido a ver com a influência que (sempre, desde o início) exerceu sobre Salvador Dali. E naquele início de relação, entre Gala (Eluard) e Dali, é curioso recordar o quanto o pobre poeta, Paul Eluard, sofreu, “às mãos” de Dali (neste caso, mais em virtude de Gala), mas também de Picasso, visto o grande Cubista ter tido uma relação com Nush Eluard, a bela mulher de Eluard, depois de Gala o ter trocado por Dali.
Vidas “confusas”, mas fascinantes aquelas!
P.Rufino
Cara Helena,
Permita-me o comentário ainda que não a conheça. Ao longo destes anos de blogoesfera tenho-me cruzado com muitíssimos blogs. Uns triviais, outros laborais, outros pelo simples prazer de acompanhar o percurso de quem assim merece. O "seu" fio de prumo entra neste último registo. Como disse inicialmente, não a conheço, é verdade, mas o certo é que nutro por si uma enorme admiração. Vejo em si uma força e determinação que em muito me inspira. Eu, do alto dos meus parcos 26 anos,encontro em si e nos seus textos/desabafos/comentários algo que infelizmente não abunda actualmente: DETERMINAÇÃO. Sendo eu parte integrante da franja portuguesa que no passado vivia muitíssimo acima da média e hoje em dia tem que contar tostões e pagar prestações, venho muitas vezes aqui para "beber" um pouco da sua força e coragem para melhor me mentalizar para o que ainda poderá vir. Desejo-lhe o melhor do Mundo. Partilho consigo (ainda que por diferentes motivos, porque, graças a Deus nenhum dos meus vive sem Saúde física) algumas más memórias de 2010, mas espero sinceramente que 2011 (estranho esta escrita tão típica de passagem de ano, desta feita em Setembro) seja o reverter de tudo o que de mau se passou recentemente.
Antes de mais por si e pelos seus, mas também por nós que a acompanhamos deste lado, deixo-lhe uma frase que até hoje disse a muito poucas pessoas: "Continue assim e um dia o Mundo será seu".
Obrigado pelo blog e pela inspiração,
Tiago Moreira de Castro
Meu caro TC
Que posso eu responder ao seu comentário? Apenas o que digo aos meus netos, depois de sempre o ter dito aos meus filhos. Ou seja, que cada grão que consiga semear será pão para as bocas alimentar.
Muitíssimo obrigada pelas suas palavras. Elas são o melhor presente para quem tenta ajudar a construir um mundo mais justo!
Meu caro P. Rufino
Prepare-se, então, para grandes surpresas. As nove mulheres que biografei têm lados ocultos fascinantes. Eventualmente fora da moral da época, mas completamente integradas na de hoje.
Gala, por exemplo, só por períodos muito curtos, é que não viveu com dois homens ao mesmo tempo...
Mui Estimada Helena Sacadura Cabral,
Li com grande interesse os seus livros e estou por conseguinte “na fila” para os próximos. Quanto a Gala e Dali e os seus “comportamentos morais” nada tenho a criticar, a minha observação foi entre aspas. Não caindo no crime (como sucedeu num recente processo mediático), nada tenho a opor. Muita gente, por exemplo, não saberá que desde há uns anos a esta parte deixou de existir o crime de incesto em Portugal (entre pessoas/parentes de maior idade). Pode chocar, mas é uma realidade.
Voltando a Gala, num plano muito pessoal, acho a figura uma mulher e tanto, mas uma manipuladora (e sedutora) de grande calibre! Mulheres destas acabam sempre por encontrar os seus Eluard e Dali da vida!
Mas igualmente fascinante foi a vida de outra “Gala”, Galla Placidia (ou Gala Placida), a filha do Imperador Romano Teodósio I.
P.Rufino
Meu caro P. Rufino
Há muito que me deixei de considerações morais...Hoje apenas me guio por ética, que é coisa que vai havendo pouco. Mais uns tempinhos e estou quase pré histórica!
Mas é justamente esse lado amoral destas mulheres e o modo como lidaram com a moral do seu tempo - sec XX - que me surpreendeu tanto. E, diga-se de passagem, também me divertiu muito lembrar os moralismos hipócritas de hoje. Quando ler, vai perceber!:))
Anseio pelo seu livro!Felicidades!
Elevada consideração,
P.Rufino
Helena, vai fazer promoção aos seus livros pelo país?
Que tal uma booktour pelas FNAC de Portugal? Venha ao Porto, será muito bem vinda :D
Estou ansiosa por ler essas biografias...
...e os outros livros também.
Isabel
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