sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Uma certa forma de paz

Antes de terminar o ano de 2010, para mim de má memória, não quero deixar de registar aqui uma palavra de ternura para um blogue que acaba de fechar. Temporariamente ou não. Não sabemos.
Trata-se do Criativemo-nos.blogspot. com cuja autora é Maggie Pereira. Desde que ando pela blogosfera, há cerca de ano e meio, a sua casa era de visita diária.
Bonito, inteligente, sensível, culto, romântico, este blogue proporcionou-me muitos momentos de satisfação pessoal. Por motivos vários, acabei por me corresponder com quem regularmente o alimentava. Que veio, confirmei-o, a revelar-se um exemplo vivo dos adjectivos que uso para o seu espaço.
Vai fazer-me alguma falta esta visita diária que lhe fazia. Só não uso "muita" porque espero continuar a ter as suas notícias.
Ela já avisara, há uns tempos, que tal poderia acontecer. São bons os motivos que a levam do mundo etéreo que usamos. Isso alegra-me. Bom 2011, amiga!

HSC

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Pois, pois...

O ano de 2011, muito enervado, escreveu ao nosso Embaixador em França a pedir-lhe ajuda. Serviu-se para isso de uma carta que o nosso distinto diplomata se limitou a transcrever, sem qualquer comentário, no seu blogue e na qual se lamenta amargamente de andar a ser vilipendiado, pese embora o facto de ainda nem sequer ter começado.
Pois eu digo aqui, branco no preto - salvo seja, ainda vão chamar-me racista -, que 2011 tem grande descaramento. E costas largas.
De facto, se ainda não tomou posse, é porque gosta de estar aqui na Europa onde tudo se faz devagar, au ralenti. Se quer fazer vista antes de tempo, vá para os países onde começa mais cedo e julga que é melhor tratado. Espere pela pancada...
Esquece que se é tão mal afamado aqui, é por culpa do seu antecessor, o 2010, que o não avisou dos estragos que lhe fizeram três dos amigos comuns que o andam a difamar. Nomeadamente as previsões, as agências de rating e a política de alguns senhores com quem gosta de se mostrar. Que até vão para fora, para o estrangeiro, onde ele se estreia mais cedo!
"Diz-me com quem andas, dir-te-ei as manhas que tens" é adágio dessa terra onde ele pisa amanhã e de que tanto se queixa. Espere por 2012 e vai ver como lhe apertam os sapatos.
Nessa altura ninguém se vai esquecer da carta que o maroto escreveu ao diplomata abusando da sua conhecida educação. Mas prepare-se, porque de otimistas está o governo cheio... e os portugueses não são de vinganças mas fazem-nas pelas mansas. Olá, se fazem!

HSC

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Martha Medeiros

A Morte Devagar

"Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante.
Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia.
Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar."

Este texto foi citado, com admiração, por Isabel Seixas, num comentário feito a um post do nosso Embaixador em França, no seu blogue (duas-ou-tres-blogspot.com).
Martha Medeiros é brasileira, vai fazer 50 anos, é jornalista, escritora e poeta/poetisa. Tem uma dezena de livros publicados e colabora regularmente no jornal Zero Hora de Porto Alegre e no O Globo de S. Paulo.
Só recentemente a descobri. Mas neste fim de ano de balanços, nada melhor que dar voz a quem de forma tão inteligente acaba por falar da vida!

HSC

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Apelo?!

Só nos faltava mesmo esta para termos a ideia da consternação que grassa pelas mentes dos responsáveis do mundo europeu.
O Presidente da Comissão Europeia, português dos quatro costados e de nome Durão Barroso, anda incomodado com o falatório dos seus pares. Farto, "apela aos líderes políticos para estarem mais calados e deixarem os comentários para os comentadores e perceberem que os mercados financeiros estão a ouvir".
Por acaso esta declaração foi pronunciada na mesma altura em que o ministro das Finanças da Eslováquia, numa entrevista a um jornal, considerava que Portugal e Grécia estariam melhor fora da zona euro, para a qual, considerou, as suas economias não estavam ainda preparadas.
Confesso que tive que ler a notícia duas vezes. Depois de Durão mandar calar governantes, agora até um senhor de nome Ivan Miklos, que governa as finanças do seu país, se permite dar opiniões públicas sobre o modo como nós, seus parceiros, devemos ser conduzidos!
O mundo não anda bem. Os políticos, pior um pouco.
E ainda se admiram do rei Juan Carlos ter mandado calar o ditador Chavez!

HSC

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dez coisas que não devem mudar...

Não li, mas dizem-me que veio publicado no Expresso, num artigo do Embaixador do Reino Unido em Portugal, nesta época, e em vésperas de voltar ao seu país. Basicamente o diplomata salienta dez aspectos nacionais que, espera, não mudem nunca. A saber:
1- A comunicação inter gerações e a influência dos avós no seio da família;
2- A importância da comida na vida diária. Os portugueses, mesmo não almoçando em casa, não se limitam a ingerir sandes. Têm gosto de tomar a refeição à mesa e fazê-lo em companhia;
3- A variedade da paisagem do Minho ao Algarve;
4- A tolerância. Portugal é considerado pelo estudo internacional MIPEX como um dos países mais acolhedores para os emigrantes estrangeiros que o procuram;
5- O café e os cafés servidos em locais simples e acolhedores. Quando tomados com um pastel de nata morno são um prazer inesquecível;
6- A inocência tão bem traduzida nas nossas danças folclóricas regionais;
7- O espírito de independência que surpreende quando se olha o mapa ibérico;
8- As mulheres. Conselho precioso "se quiser uma tarefa bem feita entregue-a, neste país, a uma mulher". Conselho seguido pelo Embaixador que casou com uma portuguesa!
9- A curiosidade. A influência do "de lá" é marcante no "cá";
10- O dinheiro não é, entre nós, o mais importante. Sair da praia num fim de tarde e jantar um peixe grelhado com um bom vinho, entre amigos, não tem preço para os portugueses.
Bem haja o Senhor Embaixador pela simpatia revelada!

HSC

O olhar dos outros

Veja o vídeo para que remete este link. Vale a pena. Escolha a língua em que quer as legendas se não domina bem o inglês.

http://www.ted.com/talks/lang/eng/benjamin_zander_on_music_and_passion.html

Retirei-o do blogue da minha querida amiga Rita Ferro. Ela referencia-o como o poder de comunicar. A mim soa-me mais a fascínio de viver. De quem sabe ensinar, com alegria, o que é importante na nossa vida. Porém, seja qual fôr a óptica pela qual ele seja visto e ouvido, não há dúvida de que constitui um belo tema de meditação neste fim de ano que se aproxima. De facto, fazer do brilho do olhar dos outros um objectivo do nosso trabalho é algo de notável. E este vídeo mostra-o de uma forma exemplar!

HSC

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Já falta pouco!

Depois de andar como uma barata tonta de entrevista para entrevista, de sessões de autógrafos para sessões de autógrafos, terminei ontem, em família, no programa do João Paulo Sacadura, "A livraria Ideal", a conversar sobre os quatro livros que publiquei no último semestre deste ano. Foi algo sereno, tranquilo e acolhedor.
A seguir, fui a correr para o juri da revista Lux que, desde que saíu, criou esta espécie de prémio para quem se destacou nos vários sectores da vida nacional. A discussão correu bem e, de forma democrática, tentámos ser justos.
Hoje é, finalmente, o primeiro dos ultimos dias de Dezembro em que me preparo para desaparecer. O resto da família já saiu. Só falto eu.
No dia 1 de Janeiro acabará este 2010 de má memória...Mas no qual tomei uma decisão: tentar deixar de passar recibos verdes! Nem mais. Este ano trabalhei sete meses para o Estado e cinco para mim. Acabou. É uma violência a tributação do trabalho a que estamos sujeitos.
Vou voltar às explicações aos meninos maus das famílias boas e, quem sabe, a fazer petiscos para fora. Os amigos riem-se. E eu rio-me deles, porque as crises só se vencem com imaginação. E essa, felizmente, não me falta. Logo, vou entrar no velho sistem da troca directa de serviços e fazer frente a esse 2011 que se avizinha desagradável.
A todos os que me lêem um Natal caloroso e uma ceia agradável! E, provavelmente, até para o ano!

HSC

Uma má e outra boa...


A má notícia - se lhe dermos real valor - é que a Agência Fitch baixou hoje a notação de Portugal de AA- para A+, devido às dificuldades acrescidas de financiamento que o país continua a encontrar. Nada, porém, a que não estejamos já habituados...
A boa notícia é a de que, pelo terceiro mês consecutivo, o valor pedido pelos bancos portugueses ao BCE tem, de acordo com os dados do Banco de Portugal, vindo a decrescer. E, simultâneamente, tais operações de obtenção de liquidez têm vindo a perder peso, representando actualmente apenas 8,6% do total do financiamento.
Em contraponto, felizmente, os depósitos das famílias portuguesas estão a aumentar, o que pode significar que a ideia de poupança começa, por fim, a tomar importância nalguns estratos da sociedade portuguesa.

HSC

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Agora são só cinquenta...

O governo já não sabe que mais fazer para nos adormecer. Começou pela história da Carochinha, passou pela da Cigarra e da Formiga e contou vezes sem conta a do Lobo Mau, vulgo Capuchinho Vermelho.
Agora a última inventona é a das cinquuenta medidas. Trata-se de uma espécie de fábula para mostrar a Bruxelas, às agencias de rating e à oposição. Com que fim? Acredita-se que seja para os encantar. Todavia ninguém sabe como, nem com que meios. E, claro, todos duvidam que as mesmas tenham mais exequibilidade do que as lendas para crianças. Logo, nem fogo de artifício, esta gente consegue com elas...
A história real é que a despesa continua a crescer - sem qualquer respeito pelas declarações anteriormente assumidas pela dupla Socrates/ Teixeira dos Santos -, a oposição debita discursos de circunstância, o PSD que já é parte da governação, assobia para o lado e os portugueses nem percebem o que lhes está a acontecer.
Acresce que as presidenciais, essas, ninguem dá por elas. Eu, pessoalmente, nem me lembro que há debates. Será que há?!
De facto, até 23 de Janeiro, o PM até pode arranjar mais outras cinquenta medidas, que nos ponham como a bela Adormecida. Porque esta era, de facto, a história que nos faltava, depois da do Ali Babá e os quarenta ladrões...

HSC

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

As injecções

Não, não se trata de vacinas ou antibióticos. Nada disso. Trata-se das injecções financeiras do governo no BPN. Ainda estou meia aparvalhada com o que li e ouvi. Nem sei se terei compreendido bem.
Então não é que se anuncia que foi decidido "injectar" mais 500 milhões de euros de fundos públicos naquele banco, através de um aumento de capital para "limpar a situação líquida negativa"?! Pois é, parece, verdade.
E, como ninguém quis pegar no banco quando ele foi posto à venda, depois de ter sido comprado pelo Estado, a solução agora encontrada é a de mais uma injecção. Mas não só.
Como o BPN deve à CGDepósitos 4,8 mil milhões de euros - não falando já dos 3 mil milhões de depósitos -, a proposta do governo passa por autonomizar as duas instituições. O que significa, na prática, ficar com dois bancos públicos. Diz-se que a solução visa preservar 1800 empregos...
Claro que os activos tóxicos da instituição - um bico de obra - , cifrados em 1,9 mil milhões de euros, continuam num "veículo" externo à dita, não tendo eu, até agora, percebido o que se lhes vai fazer. De certo, também falha minha, que desde o início desta telenovela, não consigo entender bem o alcance das sucessivas medidas que têm sido tomadas.
Mas, já agora, gostava francamente de saber o que pensam da proposta as entidades reguladoras, ou seja, o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Aguarda-se para ver...
HSC

domingo, 19 de dezembro de 2010

Coitado!

Estas eram as empolgantes afirmações de Sócrates, há dez anos, numa entrevista concedida ao DNa. Numa rigorosa previsão do que poderia ser a vida de um PM em Portugal, o então jovem prometedor socialista renegava o seu actual retrato. Que, posteriormente, a História confirmou.
Lembrei-me disto porque um dos meus infantes também disse, com 18 anos, algo de parecido. Estou, assim, à vontade para me rir. Deles. Das promessas. Dos políticos. E de nós, que, graças a Deus, não acreditamos.
Talvez seja por este tipo de afirmações - totalmente desnecessárias -, que o exercício do poder me interessa tão pouco. E que, julgo, terão levado muitos portugueses à abstenção. A qual, ou me engano muito, ou será a vencedora das próximas eleições presidenciais. Das que se seguirão, será apenas uma questão de curto espaço de tempo!

HSC

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Os gastos de Natal

Confesso que é difícil compreender. Leio, no Jornal de Notícias, que os portugueses movimentaram 2,5 mil milhões de euros. De compras foram 1,3 mil milhões e de levantamentos multibanco o resto, ou seja, 1,2 mil milhões.
Parece que estes números, ligados ao subsídio de Natal, para além das aquisições da época, também serão reveladores de uma antecipação de compras de produtos que, em 2011, ficarão mais caros devido ao aumento do IVA.
De facto, parte significativa dos portugueses empregados parece não ter ainda interiorizado que a crise já existe e não vai apenas começar em 2011. Mas disso o governo tem bastante culpa.
O que estes gastos representam é a falta de preparação das famílias portuguesas, para as quais o cartão de crédito acaba sempre resolvendo parte dos seus problemas e constituindo um dos grandes multiplicadores do seu profundo endividamento.
Talvez no próximo ano as televisões percebam, enfim, a urgente necessidade de ter programas simples, acessíveis a todos, que ensinem os agregados familiares a poupar e a gerir o seu rendimento!
HSC

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Eles não vêm cá passear...

Sabe-se que estarão em Portugal técnicos do FMI. Ao que consta, já aqui terão vindo duas missões. Se não sou pessoa que defenda que sejam os outros a governar-nos - embora parte substancial dessa governação já resida em Bruxelas -, também não pertenço ao grupo que defende que a vinda do FMI é o desaparecimento do país.
Atravessei, no Banco de Portugal, dois desses momentos. Sei como foram duros. Mas também sei, infelizmente, que os portugueses aceitam melhor o que lhes é imposto de fora do que aquilo que lhes é imposto de dentro...
Se aqueles especialistas cá estão, por alguma razão é. Não me parece que venham em missão de lazer. Creio que terão vindo, por enquanto, em missão de aconselhamento. Ou para preparar o terreno para medidas necessárias, mas ainda não tornadas públicas.
No fundo, é uma espécie de prenda de Natal, este compasso de espera, até que fiquemos a saber o que na realidade está a ser preparado. Oxalá seja só isto!

HSC

Um exemplo!!!



Apesar de ser Dezembro, hoje, o meu infante mais velho fez-me chorar de alegria com uma simples mensagem que dizia "limpo". São os primeiros exames depois da quimio violenta a que foi submetido e que aguentou como um leão, sem um queixume.
Andava com o coração apertado. Agora, estalou de alegria. Pode, de facto, chorar-se de satisfação! E, como nada acontece por acaso, ontem um dos meus queridos comentadores havia-me enviado um mail com o vídeo acima. Que me deu ânimo e me apetece partilhar convosco . Obrigada, amigo P. Rufino!
Olhem-no bem, ouçam e meditem. É uma lição de como tudo na vida deve ser relativizado. Perante exemplos destes que importância podiam ter as minhas angústias?!

HSC

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quatrocentos e um!

Quem diria? Esta vossa blogueira atingiu os 401 leitores fiéis!
Quando, em Janeiro de 2009 iniciei esta aventura, estava bem longe de supor que, alguma vez, aqui chegaria. Mas, como as formiguinhas, lá fui, disciplinadamente, escrevendo e arrecadando leitores. Chego, assim, dois anos passados - registei o Fio de Prumo em 2007, apenas para preservar o nome da coluna que durante anos mantive no Diário de Notícias -, a este expressivo número. Mentiria se não dissesse que sinto algum orgulho. Porque aqui só funciona o boca a boca ou o acaso. E, claro, a publicidade que alguns dos meus leitores fazem nos seus blogues a meu respeito. A todos os 401 que me manifestaram o seu apreço - concordando ou não comigo - fica a expressão do meu reconhecimento. E da minha alegria, num mês em que tudo me parece cinzento. Bem hajam todos!

HSC

domingo, 12 de dezembro de 2010

Ele há infortúnios...


Já vão perceber a razão deste título. Primeiro, preciso de explicar que andava há cerca de três meses com uns estranhos avisos no meu PC, que não obedecia de imediato às minhas ordens. Ora eu que antes tinha medo desta máquina e me sujeitava aos seus caprichos, agora, com a idade virei atrevida e tento dar-lhe a volta quando não sou obedecida. Resultado, devo ter, numa destas ousadas intervenções, feito com que a dita se revoltasse. E "como o equipamento tem sempre razão" eu andava sem saber o que lhe havia de fazer.
Por outro lado, uma desgraça nunca vem só. O meu telemóvel estava com a bateria em permanente desfalecimento. Quando pretendi substituí-la, tive a ingrata informação de que a Motorola em Portugal havia falido. Logo, teria que mudar de marca.
Todos me queriam impingir umas "coisas" que funcionam por festinhas no ecrã, com um nome bizarro de touch qualquer coisa. Inclusivé o meu filho mais velho que tem a mania de se mostrar muito tecnológico. O outro, ao contrário é um tecno-excluído e vive na era da pedra lascada, a escrever a caneta de feltro. Cada um tem as suas magníficas"taras", e gozam-se mutuamente por isso! Declarei que detesto simbolos exteriores de modernidade ou de luxo - piada para o Miguel - e que o telelé é para fazer e receber chamadas e mensagens.
Chegada a uma loja, a pulposa vendedora insistia para que levasse um Blackberry ou algo semelhante. Esclarecia-a que era eu quem pagava as minhas contas e não uma empresa pública com jobs para os boys e a girls a falarem à nossa custa. Ela insistia e eu, já irritada, deixei-a.
Finalmente, alguem que gosta de mim e que me entende, ofereceu-me um topo de gama da Nokia com ar discretíssimo.
Restava a aventura de passar de um para outro, uma agenda de 700 nomes. Parecia fácil. Ou bluetooth ou ligação ao PC. Contudo algo me dizia para ter cuidado que aquilo não era material para as minhas unhas. De facto!
Decidi, então, ser humilde e recorrer a um especialista que veio ontem a minha casa. Entrou eram 16 horas e saíu às 23horas. E tudo ficou quase na mesma, porque descobri que me haviam instalarado no PC, não o Office que eu havia comprado, mas um outro. Daí a minha dificuldade, pois sempre que nas actualizações ou alterações, me pediam a respectiva chave, a máquina recusava-a. Isto demorou a descobrir cerca de três horas...
Seguiu-se o telemóvel. Tentámos o bluetooth. Nada. Quedos e mudos, ambos. Passámos ao CD da falida Motorola para transferir os contactos. Terminada a operação tentámos enviá-los para o Nokia. Nicles. Niente. Nada. Incompatibilidade entre os dois ficheiros. Duas horas de tentativas. Vãs. Acabámos a transferir, por cartão, 180 nomes de cada vez. Tenebroso.
Quando julgámos que tudo estava pronto vimos, com surpresa, que um nome que tivesse dois ou três números aparecia na nova lista em duplicado ou triplicado. Desisti!
Agora tenho como filhos dois Paulos e três Migueis. Como ex-marido nem digo, porque é um número assustador. São só seis contactos...Felizmente que, para marido, a coisa é mais fácil e não há este infortúnio!

HSC

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lindo!

Deixem-me parilhar convosco esta pequena intimidade. Há três amigas que fazem anos no mesmo dia* - a Ana Maria Caetano, a Magy Oom e eu - e que, sempre que podem, celebram em conjunto essa data.
Este ano foi na casa da Ana, em Belas. Para não variar, mais uma vez, eu e acompanhantes nos perdemos no percurso. Todas as vezes que o fazemos à noite, dá nisto. Mas acabamos, sempre, por rir muito da nossa desorientação. Na terça feira foi pior para as damas cujos cabelos sofreram as consequências da chuva e do vento. Diacho, nem o clima se aguenta...
Envelhecer ao mesmo tempo traz uma particular bonomia a algo que, só quando somos pequenos, constitui matéria de excitação. É que fazer a festa em conjunto com familiares e amigos empresta à efeméride um calor muito especial.
O jantar estava opíparo e o serão foi animadíssimo com fados de Maria Ana Bobone e Rodrigo Rebelo de Andrade. Houve bolo e cantar de parabéns. As velas foram um pouco confusas porque, no conjunto, somávamos dois séculos...
Se falo nisto é porque a Ana, sendo filha de Marcelo Caetano não tem traumas e continua a ser a mesma que sempre conheci. Alguem que jamais esquece os amigos, seja qual for a sua orientação política ou a sua idade. O convívio de 7 de Dezembro mostrou-o amplamente, com as três gerações que, à sua volta, se juntaram.
Eu, como sempre, festejo novamente no dia seguinte, porque nasci aos três minutos da madrugada de 8 de Dezembro. De tarde estou com amigos e à noite com os filhos. Ontém o infante mais novo preparou-me uma surpresa. Linda.
Sou, mesmo, uma mulher de sorte!

HSC

* O Dr Mário Soares também nasceu no mesmo dia, mas não é nosso amigo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Os excluídos!


Não. Não se trata dos excluídos no sentido usual. Ao contrário. São os excluídos do azar. Isso mesmo. São aqueles a quem a sorte bafejou por não cumprirem o que a lei impõe aos outros. Aos mais fracos, claro está.
Cito apenas dois exemplos. Mas tenho mais. Que hei-de ir mencionando. O primeiro refere-se àqueles desgraçados accionistas da PT que, coitados, de tão carenciados, vão receber por antecipação, os dividendos - extraordinários, dizem eles - da venda da Vivo, sem o enquadramento fiscal a que legalmente iriam estar submetidos, sem essa cautela prévia do senhor Zeinal Bava. Alguém faz alguma coisa? Nada!
O segundo respeita aos Açores e ao seu Presidente Regional que, com a maior desfaçatez, ultrapassa a medida de corte salarial tomada pelo Primeiro Ministro, compensando-a de forma a que, aquilo que se perde por um lado, seja reposto por outro. Alguém faz alguma coisa? Nada!
Só pergunto, onde é que está a autoridade - se é que tem alguma -, deste governo?!

HSC

sábado, 4 de dezembro de 2010

Dos homens e dos deuses

Eu não queria ir ver o filme. Em Dezembro nunca ando feliz e adivinhava que o tema me não contemplaria sorrisos. Mas fui, atendendo às solicitações familiares.
O caso relatado é verídico e passou-se em 1996. Portanto, há uma dezena e meia de anos. Arrepia só de pensar nisso.
Trata-se do quotidiano de sete monges da Ordem Cistercience da Estrita Observância que serão raptados e mortos em Tibhirine, uma aldeia da região do Magrebe argelino. A fita relata a sua vida "antes" desse rapto. Além da vivência duma fé há um outro retrato, absolutamente irrepreensível, do que pode ser o despojamento humano.
O meu sentir, a minha visão, a minha comoção como católica é, certamente, diferente da ótica que um ateu terá. Ainda bem. Porque se ali está a imagem da força dos que crêm, está, também, igualmente vivida, a dúvida, o medo, a incerteza daqueles que, um dia, decidiram "acreditar". E está a estupidez da guerra, a sua violência, a sua barbarie. Sobretudo quando essa guerra é basicamente uma questão de poder.
Trata-se de uma película lindíssima. Muito dura. Não será para se ver no estado de espírito que é o meu neste último mês do ano. Mas é indispensável vê-la seja qual for a posição religiosa que se tenha ou até não se tenha. Porque é um necessário murro no estômago!

HSC

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ernâni Lopes

Acabo de vir da missa de corpo presente do meu colega e amigo Ernâni Lopes. Não quero falar do economista. Era muito bom. Mas essa é a faceta que hoje menos me interessa. Interessa-me, sim falar do homem.
Conheci-o no Banco de Portugal e aí fomos muito próximos. Pertencíamos ambos ao Gabinete de Estudos e as nossas salas de trabalho eram ao lado uma da outra. Devo-lhe uma paciência infinita para aturar as minhas dúvidas e me explicar os procedimentos do banco central.
Foi, aliás, na sua companhia que visitei a Caixa Forte e vi as barras de ouro que lá estavam guardadas. Devemos isso ao Dr. Ramos Pereira, um homem de caracter excepcional que, tendo entrado como simples empregado chegou a administrador, num tempo em que a competência era o único critério de escolha da casa. Seria, infelizmente, laminado no 25 de Abril por todos aqueles a quem tinha ajudado. Nem o Ernâni nem eu jamais o esquecemos.
Hoje morreu um homem bom, um pai excepcional, um marido exemplar e um amigo raro. Estive com ele há muito pouco tempo e a sua ternura por mim, depois do que acontecera ao meu filho Miguel, tocou-me profundamente.
Hoje o país, a família e os amigos ficaram mais tristes. Mas acredito que o céu tenha ficado mais rico!

HSC

Mais um azarzito...

Li hoje na imprensa três notícias que nos fazem acreditar que ainda existimos. Como o dinheiro abunda acaba de se saber que a dívida líquida dos contribuintes ao Estado - até hesito na maíuscula - desce de 7,3 para 6,5 milhões de euros, ou seja diminui 11%.
O que é que isto significa? Apenas que, entre 2007 e 2008, o Estado deixou prescrever cerca de 1,5 milhões de euros de dívidas dos contribuintes. Mas se a este valor juntarmos as dívidas prescritas em 2009, de cerca de 573 milhões de euros, a coisa significa que em três anos não foram cobrados dois milhões de euros, que estão sobretudo concentrados em IVA e IRS...
Haverá, de certo, quem esfregue as mãos de contente. Eu não, que paguei tudo!
Outra notícia fresquinha. Portugal colocou ontem no mercado 500 milhões de euros em Bilhetes de Tesouro - dívida a um ano - a uma taxa que excedeu os 5%. Em Janeiro de 2010 este produto fora colocado a uma taxa de 0,928%. Isto significa, em menos de um ano, uma subida de 470 pontos percentuais, reflectindo bem a pressão dos mercados!
Finalmente, e agora aqui ao lado, outro jovem governante socialista, Zapatero, um dos mais belos da Europa - ou são bonitos ou se vestem bem -, acabou com o subsídio de 426 euros para desemprego de longa duração, introduzido há 18 meses. De facto, a cartilha socialista, muito preocupada com as classes mais desfavorecidas, não varia muito aqui na península...


Em tempo: Consta que Zapa também tenciona privatizar os aeroportos de Barajas e de El Prat e ainda a lotaria. Ah, leão!

HSC

Uma história em imagens

Anda na net e revela uma imaginação transbordante. Foi a minha amiga Alice Vieira quem ma mandou. Agora partilho convosco. Se carregarem num dos quadrados lêm melhor cada imagem. Finalmente descobri como vou fazer o meu próximo livro. Preparem-se!

HSC

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Será possível?!

O dislate é tão grande que até receio não ter ouvido bem. Parece que o (des)governo deste país se prepara para criar uma empresa publica para fiscalizar as célebres PPP - Parcerias Publico Privadas -, onde teriamos a oportunidade de colocar mais uns boys and girls. Ou seja, em linguagem menos elaborada mais uns lugarzinhos e uns ordenadozinhos para fazer o que quer o Ministério das Finanças quer os das tutelas têm a obrigação de fazer.
Não há quem ponha tento nestes senhores? E o que faz o PSD, o partido comprometido com esta governação? Não faz nada? Não opina?

HSC

No Ritz

Queria uma celebração original para dar a conhecer o RECEITUÁRIO.
Queria "apresentar" o livro e não "lançá-lo".
Queria, nesta época que se aproxima, mimar doze amigas.
Queria, numa situação de crise, dar-lhes algo que elas não fizessem todos os dias.
Queria que tudo decorresse como se fosse em minha casa.
Queria, enfim, contar-lhes a história deste livro e oferecê-lo a cada uma delas.
Consegui tudo o que pretendia num "chá das 5", numa sala do Ritz.
Um muito obrigada à Objectiva, a editora que me proporcionou este gosto e me tratou como uma rainha!
HSC

domingo, 28 de novembro de 2010

A importância dos outros

Este tema vem na sequência do meu fim de semana. Hoje o meu dia foi dedicado totalmente aos outros. Em primeiro lugar ao meu neto Frederico. Fiz tudo o que ele quiz. Mesmo quando me não apetecia.
Depois vim para casa, para o calor de braços amigos. E dei comigo a pensar nos comentários feitos ao post de ontem. Que, no fundo, reflectem bem a importância que, sem o saber, possamos ter tido na vida dos outros.
Sei disso no ensino universitário. Alguns do meus bons amigos provêm dos meus antigos alunos. Porque, depois de os passar, a nossa relação toma, nalguns casos, formas de afecto em que percebemos, o quanto, em certas ocasiões, a nossa palavra foi decisiva e valeu a pena.
Na escrita a percepção é diferente. Quando abordo temas profissionais a maior preocupação que tenho é a de ser clara. Para todos e em especial para quem não é economista. Por isso, também oiço com muita atenção os meus filhos. Trata-se de, através deles, perceber o "pensamento" político, venha ele de que ideologia vier. Finalmente, quando abordo questões do foro dos afectos, a única cautela que tenho é a de não ousar mencionar pessoas, os "outros" e ficar-me apenas pelo "eu". E aqui sim, tenho uma imensa satisfeitação se o leitor se encontra, se reconhece, nas palavras que escrevo. Para mim, essa é a verdadeira recompensa. Porque, tambem eu, devo a uma dezena de escritores uma boa parte do que sou e da forma como olho o mundo à minha volta.

HSC

Comoções

Hoje dei autógrafos na Livraria do Fonte Nova. Aguardava-me uma fila já simpática, que me recebeu com imenso carinho.
Depois de ter assinado mais de trinta livros numa hora, uma senhora aproximou-se de mim com um saco e em voz baixa disse-me:"tenho aqui todos os seus livros. Era pedir-lhe muito que os assinasse?". Não queria acreditar.
Eram todos meus catorze livros já publicados que aquela senhora trazia consigo para eu autografar, porque tinha visto anunciado que eu estaria hoje ali. Quase me veio a lagrimita ao olho quando, no fim me abraçou, e se despediu desejando as melhoras do meu Miguel.
Muitas vezes provocamos nos outros afectos que nem suspeitamos. Só quando acontece algo de especial que nos envolve é que nos apercebemos da importância que podemos ter tido na vida de outros. Abençoada senhora que me fez sentir tão feliz.
Dali zarpei para o cinema com um amigo francês, muito querido, que ficara à minha espera, extasiado com a recepção que me fora feita . Teimou em ir ver "O Americano". Lá fui.
Ao contrário da maioria das pessoas, não gosto de galãs bonitos. Nem Brad Pitt, nem George Cloney, nem tantos outros que parecem esculpidos. Nada a fazer. Gosto de homens e de actores inteligentes. A beleza deixa-me relativamente indiferente. A cultura e o saber fascinam-me. Sempre fui assim e vou morrer assim.
Logo, o filme com o homem da Nespresso, não me aliciava muito. Felizmente o galã aqui não mostra os dentes. A história não é lá muito bem contada ou, então, eu estou a perder qualidades. Não aconselho.
Saímos dali e enfiámo-nos num restaurante italiano onde o barulho é imenso mas a comida muito boa. Amanhã é dia de Frederico, o meu neto mais novo, cuja vitalidade costuma deixar-me derreada. Veremos. Por hoje já tive comoção suficiente!

HSC

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O que mais me custa...

Num livro, a parte que mais me custa, é promovê-lo. Porque é preciso dar entrevistas, fazer sessões de autógrafos e suportar sessões fotográficas. Ora eu na televisão sinto-me em casa, porque nem me lembro das câmaras. Esqueço tudo. Nas entrevistas, como os jornalistas nem sempre as preparam, refugiam-se nas perguntas calistas sobre a família, o que me provoca uma retracção imediata. Nas fotos é uma desgraça. Quando me dizem "sorria, a cabecinha mais para o lado, a mão mais para fora, etc, etc..." começa o meu sofrimento. Fico hirta que nem um carapau.
Porém, duas excepções eu registei: Pedro Ferreira e Pedro Letria. Ambos me fizeram "sentir eu", quando disparavam a sua máquina. E de ambos guardo as minhas melhores imagens que tenho.
Depois de, em Maio, ter andado num virote por causa das "Coisas que sei... ou julgo saber", que vai para a 5ª edição, seguiram-se as " Mulheres que amaram demais" e foi outra correria. Agora, para os "Nós de Amor" e para o "Receituário", nem sei que diga. Mas não vou fazer mais lançamentos... porque tenho medo de morrer, ou... de que me matem!

HSC

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O último!

Aqui está a capa do meu terceiro livro de cozinha, que vai estar nas livrarias a partir de quinta feira. Este livro é dedicado à Maggie, do blogue Criativemo-nos.blogspot.com que acompanho praticamente desde que comecei o Fio de Prumo. Não sei como lá fui parar. Mas hoje sei que tal deveria acontecer-me. Um dia, a brincar, fiz-lhe esta promessa. Aqui está, muito a sério, o cumprimento da mesma. Com muito gosto, este livro é para ela.
A blogosfera talvez tenda a que criemos os nossos pequenos grupos de eleição. Talvez. Mas o que eu tenho recebido em troca, de informação, de debate e de carinho não tem preço. Sendo, como é, um dos meios de comunicação mais interactivos, tem sobre os livros essa vantagem muito importante da reacção imediata.
Fiz na net amigos virtuais que me têm proporcionado muitas horas de aprendizagem, de desafio, de prazer compartilhado e de algumas boas gargalhadas.
À Margarida, neste caso, aqui fica a minha terna dedicatória!

HSC

Honra lhes seja feita!

Ontem já tinha chegado um blindado. Talvez por isso, começaram a conhecer-se mais pormenores desta encomenda de material que, agora, se tenta explicar ser afinal necessária mesmo que não houvesse Cimeira. Mas, se assim era, porquê a urgência que ditou que não houvesse concurso público? E porquê a assinatura do contrato apenas cinco dias antes da dita Cimeira? Há, aqui, uma qualquer névoa que urge dissipar.
Se, em tempos de normalidade a utilização dos dinheiro públicos deve ser cautelosa, em tempo de crise ela deve sê-lo mais ainda. Logo, este caso deve ser bem esclarecido. Pelo exemplo, pela importância, pelos sacrifícios que nos são exigidos, pela ética. A culpa não pode, nem deve morrer solteira, pese embora todos os dias sermos confrontados com mentiras e com meias verdades dos responsáveis. Impunemente.
Mas em tudo isto há, de facto, algo que deve ser elogiado. Muito. E o louvor vai para a forma como decorreu a organização da Cimeira, sobretudo no que à Segurança respeita. Mesmo sem os blindados, mesmo sem o material que havia sido encomendado, as mulheres e os homens que se ocuparam de garantir a salvaguarda da nata política europeia e não só, merecem os mais rasgados elogios. O que prova que, quando nos encontramos em situações limites, não ficamos atrás dos melhores!

HSC

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Prontos, já acabou!

Ai! que saudades eu tinha dos meus vícios interrompidos pela malfadada Cimeira. Hoje, foi dose dupla de todos eles!
Voltámos, assim, à alegria dos cemitérios. Mas, agora, com duas novidades para os opinion makers se deleitarem. Uma, é o eventual refreshement governamental, provocado pela entrevista do ministro Luis Amado. A outra, é a profunda preocupação manifestada pela oposição com uns blindados que haviam de chegar a tempo da magna reunião e não se sabe onde pairam. Mas porque é que haviamos de saber?! Aqui a norma não é não se saber de coisa nenhuma?!
Vejamos qualquer delas. A remodelação vai dar imenso trabalho para não resolver nada. Quem é o louco que quer ser ministro agora?
Quanto aos blindados, por mim, acho ótimo que andem perdidos. Não deviam mesmo aparecer. Já não fazem falta nenhuma e, se não forem encontrados, até temos duas vantagens. Não os pagamos e podemos pedir uma "indemnizaçãozinha". Não é bom em tempo de crise? Em tempo de crise não se limpam armas nem se procuram blindados. Ao menos, já dava para os comes e bebes que aqueles senhores todos e algumas senhoras comeram durante as reuniões. Sim, porque dizem-me que os hoteis, cada um pagou o seu... Que nem ginjas!
Enfim, sempre cá deixaram esses euros ou dolares. E acredito que também tenham levado uns pasteis de nata e uns Porto's para a viagem!
Very typical!

HSC

domingo, 21 de novembro de 2010

Um primeiro passo

Batizei-me aos 19 anos. Portanto, consciente daquilo que fazia. Mantenho-me dentro da Igreja, pesem embora as divergências que temos em certas matérias. O que não me impede de continuar no seu seio. Não somos todos iguais nem temos todos a mesma percepção do mundo que nos rodeia.
Fiquei muito satisfeita com a decisão tomada por Bento XVI de permitir, por razões profiláticas e humanitárias, o uso do preservativo. Eu sei que difícil deve ter sido tomar esta medida quando, para pedir desculpa a Copérnico, tiveram de passar trezentos anos.
Não importa. Ou, antes, até importa. Mas o que agora interessa, é o início de abertura que esta deliberação representa para todos aqueles que viviam o drama pessoal de se sentirem fora de uma Instituição à qual estavam ligados.
Outras audácias serão, ainda, necessárias. Estou certa que elas não deixarão de se manifestar. Para satisfação daqueles que - sendo crentes ou não - defendem a tolerância como norma de vida.

HSC

sábado, 20 de novembro de 2010

Mesmo nome, idêntico mister

Ambos têm o mesmo nome. Ambos dedicados aos outros. Um foi padre e intelectual. O outro é médico. Os dois professores. O primeiro, que tive a honra de conhecer de perto, já morreu. Mas marcou-me para sempre.
Agora refero-me ao Professor Manuel Antunes, médico cirurgião, que ouvi atentamente no programa televisivo Plano Inclinado, conversar com Medina Carreira e Mário Crespo.
Há alturas em que damos por bem entregue o tempo que passamos frente a um televisor. Foi o caso. Ouvi um homem falar do país, das suas escolhas, do que pensa ser o Serviço Nacional de Saúde, do que pode, ainda, ser feito na área hospitalar, enfim, falar de nós portugueses e de Portugal. Aqui está um bom exemplo do que eu penso que o país precisa de encontrar, se quiser ter futuro!

HSC

Um filme a não perder

Referi, no último post, que tinha ido ao cinema com um dos meus infantes. Resmunguei imenso pela escolha que ele havia feito e tentei substituí-la por algo romântico ou que me fizesse rir. Mas a alternativa a Inside Job - a sua opção - seria Red, que me não pareceu melhor. Pelo contrário. Por isso, lá fui arrastada pela mão de um dos intelectuais da família.
Tenho que confessar. Há bastante tempo que não via uma história da crise mundial que estamos a viver tão bem descrita. Depois de se assistir a este documentário, cuja narração é feita por Matt Damon, actor de que muito gosto, é difícil que alguém não entenda o que se passou. E, de caminho que, também, se não surpreenda com algumas nomeações feitas pelo Presidente Obama. Eu lamentava já, antes, algumas delas. Depois desta película, lamento mais ainda.
Recomendo vivamente Inside Job a quem ainda não se tenha demitido de perceber o mundo à sua volta. Por isso tive, claro, que agradecer ao meu filho a escolha feita e a sua insistência. Aqui têm porque é que eu digo que aprendo sempre com eles. Oxalá o contrário também seja verdadeiro!

HSC

A Cimeira e eu!

Vivo numa zona entre o cá e o lá da Cimeira. Perto de residências de embaixadores e hoteis de muitas estrelas. Também perto, felizmente, da arraia miuda que persemeia a Lapa, S. Bento e Santos. Tudo boa gente como se vê. Uns envergonhados de terem muito, só saem de carro. Outros envergonhados por terem pouco, pouco saem. Tudo como na roda da vida.
Assim, vou contar-vos como passei estes dois dias que devem custar ao país uns largos euros. Mas, como agora o governo já se habituou a viver a crédito, mais Nato, menos Nato, pouco importa. Para nós é que foi e vai ser mais difícil. Vejamos então como decorreu a minha prisão dourada. Foram sete etapas.
1.Fechei televisão porque já tinha tonturas de ver tanta gente que só conhecia dos jornais. Melhorei da vista e dos ouvidos.
2. Eliminado esse perigo, tentei sair para comprar jornais e tomar a bica. Impossível. Uns individuos fardados obrigaram-me a andar como a pescadinha de rabo na boca, porque havia uns senhores, dos tais importantes que, sem a gente saber, tinham combinado falar com o Primeiro Ministro.
3.Voltei para casa e, mais tarde, voltei à carga. Nada. Estavam no hotel que, por razões de segurança, tinha o perímetro de desvio alargado.
4. A custo tornei, novamente, ao lar sem café nem jornais. A tensão arterial beneficiou com a medida.
5. Fui ao cinema com um filho. De tão intelectual que é, escolheu uma espécie de documentário sobre a génese da crise. Remunguei. Não valeu de nada. Qualquer deles sai... à mãe. Mas gostei!
6. A capital retomara um pouco da normalidade. Transportada pelo infante, ri-me das voltas que teve de dar para me depositar.
7. Felizmente, amanhã já posso retomar todos os meus vícios...

HSC

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pronto, o meu novo livro saiu na terça feira. Fica aqui a capa como "cheiro" para o que ela encerra. Agora já posso dizer. São short stories nas páginas ímpares e "poesias" nas páginas pares. Tudo originais, à excepção do primeiro conto, mais longo, que foi publicado num livro escrito em parceria com outras autoras e agora remexido. São estórias de amor que nem sempre culminam em finais felizes. Mas contêm, todos elas, um lado de humor que contrabalança essa falha de felicidade.
Porque amar é muito mais do que gostar, resolvi meter mãos à obra e ensaiar dois géneros em que nunca tinha ousado pisar. Agora já está no mercado. E, por muito que me assuste, a criança vai caminhar pelos seus pés!

HSC

Chocolate


Ontem seis divas da literatura lançaram um livro conjunto com histórias em que o chocolate é a matéria prima principal. Eu tinha sido, no início, abordada para participar. Mas tal não foi possível. Fiquei feliz que o projecto se tivesse podido concretizar sem mim.
No grupo de seis estão duas grandes amigas minhas: a Rita Ferro e a Alice Vieira, dueto de mulheres com quem partilho muita coisa. E, para culminar, outra das narradoras, a Catarina Fonseca, é filha da Alice e do Mário Castrim, que foi um dos meus bons amigos.
Na assistência encontrava-se a nata da nata. Nem cito nomes, tal o peso deles. No meio dessa nata, uma comum amiga, a Rocha, como lhe chamamos para abreviar a importância do apelido, era o meu garante de um jantar supimpa de gargalhada a três.
A Rita, que durante cinco dias deixou de fumar, queria um restaurante onde se pudessem exalar nuvens de fumo. Sugeri um. Iam-me matando porque era caro. Remeti-me ao silêncio, envergonhada. Acabámos num italiano, ótimo, barato e que, numa quinta feira, tinha apenas tres mesas ocupadas.
Foi o derrame total. Em lugar de nos deprimir deu-nos um fôlego surpreendente. Rimos tanto, mas tanto, que dois pombinhos enamorados que estavam numa mesa, foram fazer ninho para outro local. Pior, porque o nosso riso aumentou. Deliciado, sim, estava o empregado que nos servia de olhos esbugalhados!
Se o chocolate daquelas seis histórias souber tão bem aos leitores como a noite nos soube a nós, estou feita. A concorrência aos meus livros será feroz! Sucesso amigas. Merecem!

HSC

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Debates

As televisões genéricas nacionais - salve-se o canal 2 - foram acometidas duma virose que anda a minar o país: os frente a frente ou as mesas de debate.
De que se trata? De um bónus que os respectivos canais dão a certos políticos - sempre os mesmos, mas em alternância -, para arredondarem os seus réditos mensais.
De que falam? Da crise económica ou das crises dos partidos nos quais não estão filiados ou de que não são simpatizantes.
De quem se trata? De veículos humanos dos ideais ou das teses das agremiações políticas em que se empenham.
Que montantes recebem ? São valores muito variáveis e que dependem da categoria politico profissional dos convidados. Mas, atendendo a que alguns desempenham funções de comando na sociedade portuguesa - como António Costa ou Pacheco Pereira, para só citar dois - devem poder atingir níveis bastante elevados.
Como se deduz do que acima descrevo, a originalidade dificilmente será grande, porque os conteúdos também não o são. As caras são quase sempre as mesmas. Conhecidas. Ou são opinion makers ou politólogos. Os primeiros, são intragáveis. Nos segundos, encontram-se alguns interessantes. Mas estes, por azar, são os que menos aparecem. Como os temas pouco ou nada variam e como falam todos para o seu umbigo, a linguagem utilizada é, na maioria dos casos, inacessível a grande número de espectadores.
Por tudo isto, alguém consegue explicar-me como se deixaram as generalistas invadir por esta virose e que razões justificam a sua manutenção? Só se for pela simpatia que mereçam da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
É que não é, decerto, pelas altas audiências...

HSC

Um outro tipo de deficite!

Tranquilizem-se, não vou falar do deficite de Teixeira dos Santos. Não vou falar do mundo económico, mas do mundo dos afectos e do saldo que o acompanha.
Hoje de manhão fui à SIC testemunhar a minha estima por Nicolau Breyner, que vê agora publicada a sua biografia. Eu e mais uns tantos amigos. Que, por sua vez, estão todos ligados entre si. Lá apareceram, também, o Raposo e o Eiró.
A risota foi total. Como sempre acontece quando juntamos várias gerações unidas pelo humor, pela amizade e pelo gosto de viver. Faltaram muitos com quem sempre nos rimos, mas estavam longe, a trabalhar. Se o Fernando Mendes tem ido, então, não teria sido possível ter feito o programa, porque as gargalhadas abafariam as nossas vozes. Mesmo sem ele, já foi difícil.
Portugal precisa disto. De solidariedade, de amizade, de felicidade. De muitos Nicos. E de poucos sabichões a botarem opiniões pagas a peso de euros. O país tem superhavit opinativo e deficite de boa disposição e de bom humor, porque este existe mas é negro.
A vida, já sabemos, é e vai continuar a ser muito dura. Então, por favor, não nos sirvam mais dramas televisivos. Ao menos, façam-nos sorrir. É barato e dá milhões...de votos!

HSC

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O verso e o reverso

Portugal no passado recente, com algum peso na consciência, ajudou Timor. Este país quer, agora, ajudar-nos comprando dívida nacional.
A China com quem indirectamente, através de Macau, estabelecemos relações, veio aqui e ofereceu-se para comprar débitos soberanos.
Angola que foi uma antiga colónia é, hoje, accionista das maiores empresas portuguesas e está disposta a fazer do Continente um devedor privilegiado, aplicando aqui enormes quantias de dinheiro.
Podia continuar a citar a lista daqueles que tendo sido, no passado, dependentes de nós, se prontificam, nos nossos dias, a depositar na mão estendida, aquilo que hoje é o nosso infeliz quotidiano. Ou seja, o dinheiro pago a juros de ouro.
Não me movem nestas palavras quaisquer resquícios racistas. Nunca o fui, não o seria agora. Até prefiro que sejam aqueles que falam a nossa língua os nossos liquidatários. Mas não posso deixar de sentir uma tristeza semelhante à daqueles pais que, a certa altura da vida, se tornam dependentes dos seus filhos. Mesmo que esses filhos digam que os ajudam de livre vontade...

HSC

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um sonhador...

Faz hoje oitenta e seis anos que o meu tio morreu, no Mar do Norte, a 15 de Novembro de 1924. Perseguia o sonho de dar a volta ao mundo de avião. Como antes sonhara e conseguira, com o seu amigo Gago Coutinho, atravessar por via aérea o Atlantico Sul e ligar Portugal ao Brasil, os dois países irmãos .
Nunca foi homem de bajular ninguém. Nunca se vergou ao que os outros consideravam impossível. E quando voltou, como herói, ao seu país, foi claro no discurso que proferiu. O "feito" fora em nome de Portugal e dos portugueses. Nenhum governo ou político dele se aproprearia.
Julgo que terei herdado dele este amor entranhado à minha terra. Amor tão fundo que esquece os defeitos ou até os defende. Mas tambéu eu entendo que Portugal é dos portugueses. Não de quem nos governa. O meu tio tinha toda a razão!

HSC

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

E esta?

Acabo de receber uma carta da Galp Energia que me informa que a minha factura de gás natural vai passar "a incluir um valor adicional que corresponde à taxa municipal de ocupação de subsolo, cujo montante é determinado pela sua autarquia, nos termos da legislação em vigor. Este valor é apresentado de forma destacada na factura de gás natural, com indicação do município a que se destina".
Mais informam que as empresas do sector são alheias a este valor, de que apenas são instrumento de cobrança, sendo o mesmo entregue, na íntegra, ao Município.
A resolução do Conselho de Ministros nº 98/2008, de 8 de Abril estabeleceu, através de contratos de Concessão de Serviço Público de Distribuição Regional de Gás Natural, que os custos com esta taxa de ocupação de subsolo seriam suportados pelos consumidores de cada Município.
Estou de boca aberta. Fui obrigada a substituir o gás que tinha, pelo natural. E agora vêm-me cobrar uma taxa de ocupação do subsolo?! E a água? E os telefones? E a televisão por cabo? E tudo o que anda pelo susolo também vai cobrar taxa para o Dr. António Costa me deixar cheia de buracos à porta e de lixo nas ruas que só são lavadas pela chuva?
Mas o que é isto? Mete-se a mão no bolso de quem quer que seja? E já agora os mortos também vão pagar por ocupação de subsolo?

HSC

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A escolha de Katia.

Hoje falo de fado. Gosto da canção nacional e conto com muito boas amizades nesse meio. É uma faceta boémia que, entre outras, felizmente mantenho.
Uma delas é Katia Guerreiro. Foi simpatia imediata. Talvez, quem sabe, porque o meu mestre nestas coisas do fado é o João Braga - que me ensinou quase tudo o que sei - foi o seu padrinho. Mas ela tem uma história de vida curiosa. Que nem todos conhecem e que eu vou contar, nesta fase em que me ando a ensaiar nas biografias...
Nasceu na África do Sul e cresceu nos Açores, onde aos 15 anos iniciou o seu percurso musical no Rancho Folclórico de Santa Cecília. Mas também quer ser médica. Por isso, Lisboa será o destino seguinte. O sonho torna-se realidade em 2000, findo o curso de Medicina. Só que a outra paixão, a da música, manteve-se viva durante os anos académicos, em que foi vocalista da banda rock "Os Charruas". Que escolher? Ou melhor, como escolher ? Às vezes a vida responde por nós.
Assim, em Outubro desse ano, num concerto de homenagem a Amália Rodrigues, no Coliseu de Lisboa, o encanto que o seu canto provocou, irá determinar a sua carreira como cantora de Fado. Que se vai desenrolar depressa.
O ano de 2005 ficará marcado pelo convite de Martinho da Vila para gravar, em dueto, uma das faixas do seu disco Brasilatinidade. E, ainda pelo lançamento no mercado do seu terceiro dico, Tudo ou Nada, com poemas de Vinicius de Moraes, Sophia de Mello Breyner e António Lobo Antunes, entre outros. Bernardo Sassetti far-lhe-á companhia na faixa “Minha Senhora das Dores”.
Em 2006 o ano é cheio. Grava com Ney Matogrosso, Menina do Alto da Serra e Lábios de Mel, recebe o prémio Personalidade Feminina 2005, disputado pelos grandes do panorama musical português e é nomeada Membro do Parlamento Europeu da Cultura, pela sua persistente defesa da identidade cultural de cada estado membro da União Europeia.
Em Maio de 2010 Katia recebe o prémio de "Melhor Intérprete" da Fundação Amália Rodrigues, que atribui anualmente os Prémios Amália.
Os seus dez anos de carreira artística vão ser celebrados neste sábado no Coliseu e no próximo dia 16 no Alhambra em Paris. No primeiro lá estarei. No segundo, quem sabe?

HSC

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A dívida destes senhores

A dívida está cada vez mais cara, contrariando assim os que estavam convencidos que após aprovação na generalidade do OE 2011, os mercados acalmariam.
Após uma sucessão lamentável de dislates na governação, finalmente começaram a ouvir-se aqueles que, em tempo oportuno, alertaram para a insanidade de uma série de medidas e que, por esse facto, foram apelidados de bota baixistas e outros impropérios idênticos.
Agora não há como fugir. É preciso falar verdade, para evitar que convulsões sociais nos façam perder o pé. E ter tento nas palavras e nas acções.
Julgo que ainda falta sabermos muito mais. Que ainda falta que o governo explique como isto poude acontecer, nomeadamente a derrapagem de 2009. Não basta que sejamos governados como um bando de carneiros. É preciso que nos considerem como gente. Que tem direito não só à verdade como às razões dessa verdade. Porque é a nós que estão a ser pedidos sacrifícios. Porque são os portugueses que estão sem poder sustentar as suas famílias. Porque foram estes senhores que, em tempo de eleições, prometeram e deram o que não podiam e não deviam. Porque estes senhores não se privam de nada, desde os carros de alta cilindrada, onde se transportam, até às mordomias de que não abdicam. Porque são estes senhores que nem sequer têm a humildade de pedir desculpas.

HSC

domingo, 7 de novembro de 2010

2 Prémios Dardos

Acabo de receber dois prémios cujo selo reproduzo acima e cujo significado passo a explicar. Quem mos atribuíu foram a Teresa Santos do http//blogcronicasdateresa.blogspot.com. e a Benjamina do http//:sonhospesados.blogspot.com.
«O Prémio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras.
Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web
».
As regras a seguir são:

- Exibir a imagem do Selo no blogue;
- Revelar o link do blogue que me/nos atribuiu o Prémio;
- Escolher 10, 15 ou 30 blogues para premiar.

A primeira e segunda partes estão cumpridas. O mais difícil vem a seguir. Mas nunca fui mulher de fugir a responsabilidades. Por isso, aqui vão dez.

http//:criativemo-nos.blospot.com
http//:duas-ou-tres.blogspot.com
http//:timtimnotibet.blogspot.com
http//:a-casa-da-lapa.blogspot.com
http//:bomba-inteligente.blogs.sapo.pt
http//:luradogrilo.blogspot.com
http//:actofalhado.blogs.sapo.pt
http//:sustentabilidadenaoepalavraeaccao.blogspot.com
http//:quepoesia.blogspot.com
http/:anamoradadewittgenstein.blogspot.com

Enfim, de certo que faltaram outros, porque a tarefa é mais difícil do que classificar alunos...
Mas cumpri. Está feito!

HSC

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Os Amigos

Há dias numa entrevista pediram-me para falar dos meus amigos. Aqueles que, afinal, com a família, são o meu suporte. A dada altura sugeriram que os descrevesse. Respondi sem hesitação.
Tenho três categorias de amigos. Curiosamente bastante estanques. Os mais velhos, os mais novos e os especiais. Com os quais mantenho relacionamenos diferentes. Enfim, uma espécie de Tintin, que é lido dos sete aos setenta.
Tenho uma trupe, que acompanho muito, de gente entre os quarenta e os cinquenta. Constituímos um núcleo sólido que apelidamos de "A Grupa" e somos bastante boémios. Gostamos de nos deslocar em grupo, de jantar, de ir ao cinema, aos concertos, ao teatro, às exposições. Uma boa parte deles trabalha em televisão, jornalismo e teatro. Fazem-me muito bem, mimam-me imenso, e damos boas gargalhadas juntos. Algo parecido com o "um por todos e todos por um". São da criação dos meus filhos, que conhecem, e permitem-me entender melhor como funcionam as novas gerações.
Depois tenho um outro núcleo, escasso em número, constituído por gente mais velha do que eu, que me visita e a quem visito. Com a qual discuto assuntos sérios e de quem culturalmente me sinto próxima. E, nalguns casos, estão ideologicamente nos antípodas do que penso. O que é excelente, porque obriga a pensar e até a rever posições. Não tenho medo nenhum de mudar se for para me valorizar.
Finalmente vêm os especiais. Que marcaram e marcam a minha vida. São quem amei e quem amo. Conhecidos de pouquíssimas pessoas porque constituem o meu lado privado, que só desvendo por razões muito especiais.
Hoje, ao folhear imagens do lançamento do meu último livro, lembrei-me desta entrevista porque vi como lá estiveram tantos daqueles que aqui referi. E como foi reconfortante tê-los comigo naquele dia!

HSC

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Hoje

Hoje pesei-me, tinha mais um quilo, mas não me ralei. Hoje o Orçamento passou. Hoje acordei cedinho e li um texto de Veríssimo sobre dietas verdadeiramente picaresco e ri. Hoje fui a uma entrevista inteligente, bem conduzida por Daniela Soares, na Antena 2, que me fez ter esperança nas novas gerações. Hoje andei de táxi, paguei uma fortuna - ida e volta à RDP vinte e dois euros - mas não me importei. Hoje o taxista que me trouxe, à saída, perguntou-me quando é que eu escrevia os "Homens que Amaram Demais" e eu soltei uma gargalhada e ele também. Hoje, neste blogue, dois interlocutores da entrevista de ontem, na Prova Oral, escreveram comentários simpáticos. Hoje vou jantar com o meu filho e o meu neto que volta para Bruxelas no sábado. Hoje não ouvi o Eng. Sócrates nem vou ouvir. Hoje não vou ver nenhum frente a frente, porque o jantar é fora. Hoje não houve, até agora, nada que me irritasse. Hoje estou otimista e crente na Humanidade! Hoje!

HSC

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tão diferentes...

Não sou uma obamista indefectível. Mas alegrei-me com a sua escolha pelo que ela representava de avanço numa América que ainda conheci num ambiente de black power. A eleição do actual Presidente representou, para mim, um factor de esperança e de justiça muito para além da política que defendia.
Hoje ouvi o seu discurso e não pude furtar-me à comparação doméstica. A dignidade com que assumiu toda a responsabilidade dos resultados eleitorais e reconheceu sem qualquer tipo de sobranceria que os EUA precisam de unir esforços, independentes das colorações conservadoras ou democráticas, é um exemplo daquilo que eu gostaria de ver no meu país. Que, infelizmente, personifica exactamente o contrário!

HSC

A morder no Tratado de Lisboa

As novas regras de governação da Zona Euro vão passar a "morder", avisou ontem a chanceler Angela Merkel, num discurso, em Bruges, onde defendeu a importância do mecanismo permanente de resolução de crises que o seu país pretende introduzir, salientando que o acordado endurecimento das sanções para os países que deixem derrapar as contas públicas, "protegerá o euro".
A condição para que a Alemanha aceite uma Europa que mantenha o apoio aos Estados mais vulneráveis depois de 2013, data em que expira o fundo europeu de estabilização financeira, impõe que a Zona Euro crie mecanismos de resgate que envolvam - em primeira instância -, os privados que detenham títulos de Estados em apuros, forçando-os a renegociar o valor dos respectivos activos num cenário de insolvência, no qual tenham de ser ajudados pelos restantes países parceiros do euro.
Ora todas estas decisões, para além de muito discutíveis levantam, é evidente, sérios problemas. Que, no mínimo, obrigarão a uma revisão do Tratado de Lisboa...
Que acharão os nossos dilectos responsáveis?

HSC