quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Preocupa-me...

Hoje andei a pé em Lisboa. Muito. A comprar uns resquícios de presentes, porque decidi que este ano não os dou. A única excepção são os netos e os médicos que me aturam o ano inteiro e que, felizmente, são meus amigos.
Estou um pouco apalermada. Nos três locais onde me dirigi a febre aquisitiva era total. Filas para embrulhar prendas, carrinhos cheios de comida e restaurantes apinhados de gente, foi o que descortinei. A que acresce um novo pequeno pormenor: os cemitérios de beatas em que, agora, se transformaram as entradas dos estabelecimentos...
Ou seja, o país em crise e as famílias endividadas continuam na senda das compras. A crédito, claro, sem parecerem dar-se conta de que a factura chega em Janeiro. Nesse momento, irão postergar a liquidação e acumular juros sobre juros. Pacificamente deixarão de pagar!
E já nem falo do tabaco e do peso que ele representa no cabaz das despesas com a saúde... A democracia tem, também, este aspecto libertário de permitir que as asneiras individuais sejam colectivamente financiadas... O problema é que isto me preocupa!

H.S.C

13 comentários:

Anónimo disse...

Helena sou fumadora e o que menos me importa é isso...
Não tenho dinheiro para um maço normal, compro agora de enrolar, pois gasto o mesmo numa semana que gastaria num dia.
Todos os malefícios foram atribuídos ao tabaco, a partir de uma certa altura, altura essa, em que lhe resolveram atribuir todos os tipos de cancro e outras doenças. Agora que muitos morrem dessa doença, o cancro, sem sequer serem fumadores passivos, morrem e cada vez mais.
Entretanto, se dermos uma vista de olhos neste vídeo e não estivermos "anestesiados" ao ponto de acreditarmos em tudo o que nos dizem ou fazem pensar, o tabaco, não tem toda a culpa das doenças de que hoje em dia lhe atribuem.
Atribuem porque dá um certo jeito para esconder outras coisas...

http://www.youtube.com/watch?v=4KCufbaxV1A

Quanto às compras... nada a dizer. Nunca fui muito disso e esperava mais um pouco de esforço da humanidade...

Está aqui um bom filme, para relembrar o antigo espiríto natalício.

http://www.youtube.com/watch?v=nhxf2Xg4xGc

margarida disse...

O que vou ouvindo é que anda tudo crente na profecia Maia e que em 2012 'explode' tudo; vai daí...
"mais vale um gosto na vida do que cinco réis na algibeira"...
...
tá tudo doido...
:(

Helena Sacadura Cabral disse...

Fada
Eu sei que o tabaco não é o culpado, senão, de alguns males. Você tocou no cerne: não abandonou algo de que gosta mas para a qual não tem dinheiro e passou a enrolar o tabaco como fazia o meu avô. Fez o que está certo(?). Tomou medidas para economizar. Eu passei a "fazer em casa os presentes", como quando era mais nova.Fiz o que devia.
Mas neste momento conheço quem não tenha dineiro para comer decentemente e "consuma" um maço por dia. São escolhas dirá, Fada.
São, de facto. Mas que têm outras repercussões.
Eu, por exemplo gosto de charutos. Mas agora fiquei pelo gosto. Com pena, acredite. Mas recuso-me a pager o que eles custam. Se mos derem...
O que me preocupa é a despreocupação com que tudo se faz.
Vem-se fumar para a rua. Custará muito trazer o cinzeiro e não sujar a rua com as beatas?
Como educar civicamente se não fizermos nada por isso?

Anónimo disse...

Se é assim, Helena, tem toda a razão!...
Como quase nunca, repito, quase nunca, vou à cidade, nem tinha visto essa perspectiva... nem imaginei, nem dei valor ao que li... :)
Sou sincera... Sendo assim, tem muita razão mesmo.
pensei que falava em gastar dinheiro no tabaco... que está errado, sei que um maço por dia, é uma renda e dos seus malefícios, não vi dessa perspectiva, mesmo lendo. :)

Beatas no chão?! consegui visualizar!... :(

Ibel disse...

Curiosamente, também eu andei hoje pelas ruas, depois de semanas de trabalho brutal e desuman, a descontrair o cérebro e os olhos.O que vi?
As ruas principais quase sem gente, com lojas vazias e um ar desolado nos vendedores.Mais preocupante é ter visto algumas lojas dos chineses com bastante gente.Entrei para farejar.Nada de especial, mas algumas coisas engraçadas, sobretudo toalhas de mesa e produtos que até já não são assim tão caros.Mas mais curioso ainda é que encontei gente com muito dinheiro a comprar nos chineses. Já se lembrou de falar sobre isso, Helena? O que pensa disso?

PS. A minha filha disse-me hoje que a sua abriu uma loja muito interesante perto do escritório do José Aguiar Branco"mãe, tens que lá ir fazer compras para o Natal".

Helena Figueiredo disse...

D.Helena,
passo sempre aqui, ou nos programas que agora faz na televisão. Sabe, porque aprecio tanto a sua forma de estar e de dizer? Porque, além de muita sabedoria, tem uma forma de humor,não irónico, que considero cativante. Além dessa maneira jovial e descomprometida ...
É isso, que na minha opinião, faz falta à maioria dos portugueses, em especial, àqueles que exercem funções, familiares, laborais, governamentais, pois é aí que essas qualidades são necessárias.
Um beijinho
Helena Figueiredo

Raúl Mesquita disse...

Helena, mais uma vez, Parabéns! Que excelente troca de impressões! Deixei de fumar há muitos anos (vinte, para ser rigoroso), mas ainda tenho sonhos que se centram nesse ... vício!? Sabe, eu não sou um hedonista: não ter prazer para não sofrer, embora compreeenda a filosofia subjacente ao hedonismo. Mas ela não me serve. Eu amo o prazer (e sem sentimentos de culpa!)Raúl Mesquita. P.S. Beatas na rua é feio, como papéis, como as buzinas a icomodarem a paz, como e como...

João Costa disse...

Cara Helena,

Concordo em geral com o que escreveu, sobre a inconsciência de um país falido, que alegremente vai gastando aquilo que não tem, mas permita-me uma observação:

- eu fumo, e por cada maço de tabaco que compro, cerca de 80% do preço final são impostos, IVA e Imposto Especial Sobre o Tabaco. O Estado arrecada cerca de 700 milhões de euros por ano através destes impostos. Acha que alguém está a pagar as minhas asneiras, senão eu próprio?

O argumento, normalmente utilizado por anti-tabagistas, ou pior ainda por higienistas, de que têm que suportar despesas de saúde com toxicodependentes como eu, é absurdo e injusto, já que, se todos os impostos cobrados pelo consumo, fossem canalizados para IPO's e afins, teríamos certamente dos melhores centros de tratamento de doenças relacionadas com o tabagismo do mundo.

Aproveito, desde já, para lhe desejar um óptimo Natal e um Super Ano Novo.

carolina disse...

Tenho pena, muita pena de nós, do que somos colectivamente, tentamos compensar em presentes, em compras, o vazio e a dor que sentimos cada vez mais na solidão dos nossos lares. Estamos conectados em rede uns com os outros temos 3001 amigos mas somos incapazes de nos ligarmos, de nos envolver, com os nossos. Amar doi, significa olhar os outros, sentir a sua dor e deixar que ele veja também a nossa solidão. Por isso é mais fácil entrar numa loja escolher o brilho de um presente que ofusca, endividarmo-nos; pagamos em janeiro e durante o resto do ano! que interessa se nos anestesiarmos no meio do barulho dos centros comerciais e do ruido dos restaurantes.Reparem que já ninguém faz um cozido á portuguesa ou um pato com laranja e convida a familia para celebrar os anos em casa, vamos todos a um restaurante porque aí estamos dispensados de Sermos, podemos apenas representar, rir muito e fingir que somos todos muito felizes e nos damos todos muito bem, cantamos os parabéns no meio de desconhecidos e, vamos cada um para sua casa, aliviados! Pessoalmente adoro que me escrevam postais, de livros com dedicatória, são para mim o verdadeiro presente, que algúem escreva duas palavras a pensar em mim emociona-me até porque sei que o mais fácil é mesmo comprar um presente, mesmo que seja a crédito.... porque amar , doi, significa, não, conectar-se, mas, ligar-se verdadeiramente aos outros e, isso é tão dificil!... Mas só o amor vale a pena, só o amor dá significado e valor à nossa vida, por isso amem, escrevam postais e tenham um Bom Natal sem precisarem de fugir para os Centros Comerciais, ensinem às crianças que o Natal é estarmos juntos, na mesa de Natal que todos preparam e ajudam a enfeitar, é sentirem que somos uma tribo, sobrevivente e guerreira, juntos a partilhar... assim de simples!

Feliz natal

Helena Sacadura Cabral disse...

Carolina bel o post sobre a solidão.
João leia por favor a minha resposta à Fada. Vai entender melhor o que eu disse.
Aos outros um obrigada pelos parabens e pelos votos!

Anónimo disse...

Há muitos anos que escrevo sobre este tema. Nos anos 90 consideravam-me bota de elástico mas, felizmente, há cada vez mais gente a partilhar a mesma opinião. Foi um enorme prazer ler este seu post. Obrigado!

Lura do Grilo disse...

Helena eu acho que com a idade a sobriedade vai tomando conta de nós. Damos mais valor a coisa pouca no aspecto material e deixamos igualmente de entender estas corridas.

Mas ainda há loucuras? Sim, muitas!
Eu prescindo de coisas para mim porque o Natal não é isto.

Anónimo disse...

When the vote in the U.S.?