sábado, 31 de outubro de 2015

Condição humana

“E quando os homens são de tal condição, que cada um quer tudo para si, com aquilo com que se pudera contentar a quatro, é força que fiquem descontentes três. O mesmo nos sucede. Nunca tantas mercês se fizeram em Portugal, como neste tempo; e são mais os queixosos, que os contentes. Porquê? Porque cada um quer tudo. Nos outros reinos com uma mercê ganha-se um homem; em Portugal com uma mercê, perdem-se muitos.

... Porque como cada um presume que se lhe deve tudo, qualquer cousa que se dá aos outros, cuida que se lhe rouba.”

                                      Padre António Vieira, in 'Sermões' 


 HSC

Sopros de vida...

Praticamente afastada - por decisão pessoal de salvaguarda de sanidade mental -, das noticias rocambolescas em que o nosso país tem andado mergulhado, eis que, ao abrir, numa livraria, uma revista, tomo conhecimento de que havia morrido de ataque cardíaco fulminante, alguém que, com 59 anos, eu conhecera em certa época do meu passado. Fiquei triste.
Nesse mesmo dia, ao voltar a casa, o meu filho conta-me que alguem que muito estimo escapara, aos 67 anos, da morte. Talvez, creio, por decisão de Deus e competência dos médicos que o salvaram. Fiquei muito feliz.
A vida, esse sopro divino que os nossos pais nos transmitiram - como diz este meu amigo - só tem, infelizmente, verdadeira importância, quando estamos à beira de a podermos perder.
Lembrei-me muito desta circunstância quando, há pouco abri, de novo, a televisão. Fiquei com a sensação de que para algumas pessoas, viver é deixar a sua pegada na história do pais, convencidas que estão, de que este não poderia existir sem o seu contributo. E esquecendo que, passados alguns meses, já ninguém se lembra, sequer, de que existiram!

HSC

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Seria tão simples...

Basta-me um pequeno gesto, feito de longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve...

                                      Cecília Meireles

HSC

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Pensamento para o dia (1)

“É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.”

                                            Eugénio de Andrade


HSC

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Os meus caminhos....


É um livro especial, talvez aquele que mais me custou escrever. A espiritualidade ocupa uma parte importante na vida de todos nós, crentes ou não. Ela abrange uma parte significativa da minha. O que não surpreende já que o espírito não é apanágio apenas de quem tem uma religião.
O meu percurso começou tarde, dado que me baptizei, por vontade própria, aos 20 anos. E até hoje não duvidei nunca de que terá sido uma das mais importantes decisões da minha vida, apesar de não ter sido bafejada pela Fé. A dádiva da Fé, não a tive gratuitamente, mas desde esse dia em que recebi o baptismo, jamais deixei de pedir para que ela me visite e me guie.
Este livro é assim a história do meu caminho para Deus, durante cerca de cinco décadas. São as minhas preces, os meus salmos, a poesia religiosa de que mais gosto. Mas também lá estão outras orações, de outras religiões, que me tocam particularmente.
Enfim, nestes CAMINHOS PARA DEUS, encontra-se a mulher que hoje sou. Não aquela que todos pensam que sou, mas sim a que se apresenta de alma desnudada perante esse Deus que, com mais ou menos dificuldades, tem sido o "amor real" que justifica a minha vida.
Nem todos se interessarão por este lado tão recôndito de mim. Mas não duvido que, para aqueles que me seguem há muito tempo, este livro pode constituir a revelação desse segredo em que se baseia a minha serenidade. E que, afinal, mais não é do que a alegria com que tento viver.
Vai ser posto à venda nas livrarias, a 4 de Novembro. Mas para quem o quiser adquirir antes, já o pode fazer online, através dos seguintes links:  

BERTRAND:


FNAC:


WOOK:

Acredito que ele será uma grande surpresa para alguns dos meus leitores habituais. Mas creio - se bem conheço o meu público -, que este livro irá acompanhar-vos durante bastante tempo, mesmo depois de o terem lido. E, até poderá acontecer que alguns o venham a ter na mesa de cabeceira, para lhe deitarem a mão nas suas conversas com Deus. Ou, se preferirem, convosco próprios. O que afinal, não será muito diferente!

HSC

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Falhar a vida...

Ha muito quem considere, percorrida uma boa parte do caminho, que terá falhado a sua vida. Ou porque as escolhas que fez não deram certo ou porque terá passado ao lado de muita coisa importante. 
Houve um tempo na minha vida, lá muito atrás, que pensei o mesmo. Sobretudo, porque falhara aquilo que considerava o lado mais importante da minha existência, o casamento. Fiquei tão vazia, tão entristecida, tão convencida da minha mediocridade, que olhava para mim e tinha dificuldade em perceber o que é que me acontecera. Até que decidi que se eu não percebia precisava de ajuda para perceber. E procurei essa ajuda que se tornaria vital para um encontro, esse sim feliz, comigo própria.
Foi há cinco décadas que se deu essa magia que representa gostarmos de nós mesmos. E essa magia ficou a dever-se a algo que  eu desconhecia e que considero essencial: a capacidade de nos perdoarmos. Levamos uma vida inteira a falar de perdoar os outros e esquecemos que nunca seremos capazes de o fazer, se não soubermos usar connosco esse perdão.
Agora já não preciso tanto dessa complacência, porque aprendi a viver de outra maneira. Mas não deixo de sorrir ao pensar naquela mulher que ficou lá para trás, convencida de que tinha falhado a sua vida. Hoje tenho a certeza que a "falha" teria sido ter continuado com ela e não me ter divorciado.
É por isso que é preciso ter muito cuidado com o que nos vendem como os "bons figurinos". É que nem todos eles vão com o nosso corpo e muito menos com a nossa alma!

HSC

Sonhos



Aqui ficam nestes tempos conturbados os sonhos de cada um de nós...

HSC

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A marca e a imagem





Confesso que sempre me irritaram os símbolos exteriores do que quer que seja. Muito particularmente os simbolos exteriores de riqueza ou de classe social. Isto é tão instintivo em mim que já tenho deixado de comprar certos objectos que me agradam, justamente por ser evidente a sua marca. Exceptuo aqui a pintura em que o nome do autor faz parte da sua obra.
Gosto de ter roupa de qualidade, mas detesto a agressão da sua origem. E considero que há muita qualidade em marcas que ninguem conhece e que compro com muita frequência, porque me fazem sentir bem e têm excelente design. Mas também é verdade que não sou exemplo de moda para ninguém!
Talvez por isto não acho a mínima graça ao George Clooney ou ao seu amigo Brad Pitt, simbolos de produtos de alta categoria e cuja marca se adivinha antes mesmo de eles aparecerem para a anunciar.
Aplicando o mesmo raciocínio á política, será que o sucesso de Varoufakis não está também ligado a certos destes simbolos? Não serão a moto de alta cilindrada, o casaco Mao e o cachecol Burberys mais conhecidos em certos meios do que o seu pensamento económico?
Entre nós, não foi o comunista José Luis Judas - um pedaço de mau caminho com barba á Sete Semanas e Meia e um belo sobretudo azul escuro de cachemira - eleito para a Camara de Cascais, porque a "sociedade bem" da zona o considerou um belo homem e, quem sabe, até um dos seus?
Quer gostemos quer não, vivemos um "tempo de imagem" no qual a mensagem só passa se for muito bem embrulhada. É pena, mas é a vida. Pelo menos, a vida actual...

HSC

domingo, 18 de outubro de 2015

A Maya grega


O economista e ex-governante Varoufakis, que se demitiu no dia 6 de Julho, antes de a Grécia chegar a acordo com o Eurogrupo para um novo resgate ao país, foi o conferencista convidado da aula inaugural dos doutoramentos que o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra desenvolve em parceria com outras universidades portuguesas e estrangeiras.
Já esta semana, o polémico ex-ministro havia afirmado que Portugal estava tão falido como a Grécia. E em entrevista ao jornal Público, Varoufakis defendeu não haver qualquer recuperação económica por terras lusas, avisando, qual pitonisa, que, mais cedo ou mais tarde, terá de haver uma renegociação de dívida. 


Porque será que com toda a sua capacidade cognitiva e divinativa, Yanis não voltou para os EUA onde, certamente, Obama não deixaria de o ouvir? Não se entende que tenha ficado por esta Europa tão decadente!


HSC

sábado, 17 de outubro de 2015

A "nossa" Cila


A semana que agora findou foi agitada porque cairam nela uma série de "efemérides" às quais não só não podia como não queria faltar. Resultado, cheguei a este sábado com 100 anos... Mas alegrou-me tanto o que fiz, que não me posso queixar. Serei uma centenária satisfeita!
As festividades terminaram com uma ceia surpresa pelos "39 anos" da Cila do Carmo - que para o ano faz 38 -, onde estava a nossa GRUPA toda e mais não sei quantas pessoas que ao longo da minha vida encontrei, mas já não via há muito tempo. 
Foi um encontro cheio de alegria, em que as duas filhas da aniversariante organizaram um vídeo com depoiementos de todas as pessoas que foram importantes na vida da mãe e nos deram um belíssimo repasto que nos manteve juntos até às quatro da matina. E ainda houve quem por lá ficasse.
Se falo aqui no blogue deste tipo de acontecimentos é porque eles me permitem, cada vez mais, perceber e sentir, que o melhor da minha vida - para além da familia que Deus me ofereceu - são os amigos e a riqueza imensa que trazem ao meu quotidiano. Com uma vantagem suplementar, no meu caso, que é o facto de eu possuir dois grandes e distintos grupos e de uma boa parte deles terem idade para poder ser meus filhos.
A Cila ficou tão feliz que não conteve as lágrimas e chorou de alegria. E nós, abraçamo-la, demos os presentes, cantamos os parabens e como quaisquer crianças pequenas, batemos palmas. Se a isto se pode chamar felicidade, não sei. Mas que estávamos todos felizes, disso não há qualquer dúvida!

HSC

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O Partido dos abstencionistas


Agora que já se encontram todos os votos contados, será que os políticos - esses iluminados que tudo sabem e sem os quais, dizem, não existe democracia - terão olhado com seriedade para o que significa este quadro de abstencionistas? É que ele representa o maior partido nacional...
E os donos da política - como os donos de isto tudo no passado - deveriam perceber que quaisquer que sejam as alianças que se façam à direita ou à esquerda, metade do país não quer saber delas. E, pior, mesmo em caso de a chamada maioria absoluta, que tanto se apregoa, ela pouco passa da um quarto dos cidadãos que essa élite pertende governar. 
Felizmente que há quem continue a acreditar que a democracia é o menor de todos os males!

HSC

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Viver a vida a amar


Sou muito amiga, há muitos anos, da Fátima Lopes. Essa amizade nasceu nos tempos da SIC, de uma mútua simpatia, já que ninguém nos apresentou. O tempo foi-a fortalecendo e hoje não precisamos de dizer muito para que cada uma saiba o que a outra pensa. E basta um telefonema para que a outra esteja lá para tudo o que for preciso.
Ontem, numa sala cheia de amigos, tive o gosto de apresentar o seu sexto livro "Viver a vida a amar" que acaba de sair. Não tem nada de comum com os anteriores e revela uma Fátima que nem todos conhecem, mas que fez uma longa caminhada não só no seu aperfeiçoamento pessoal como na forma como escreve.
O livro é um roteiro de vida de alguém que sempre se preocupou muito mais em "ser" do que em "parecer", em cuidar dos seus do que em esquece-los, em louvar  os amigos do que em ignora-los. É, enfim, um livro sobre o quotidiano de todos nós, que mostra que se o caminho se faz caminhando,  a vida se vive, amando!

HSC

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A entrevista


Cristina Ferreira pediu-me, amavelmente, que fechasse a sua série de entrevistas na TVI. Ando, por vontade própria, bastante arredada dos meios de comunicação televisiva. Com efeito, por muita cautela que se tenha, eles são sempre bastante invasivos. Acresce que, por outro, as minhas duas últimas experiências nesta matéria foram, a meu ver, uma prova de que as direcções das estações têm muito pouca consideração por quem lá trabalha. E como não tenho vocação para o martírio, registei o facto e fui à minha vida que, felizmente, tem muito por onde ser ganha.
Assim, quando veio o convite da Cristina fiquei indecisa porque , apesar deste contexto que descrevi, sou muito amiga de pessoas que trabalham nesta área. E a Cristina é alguem que muito estimo, como acontece com o Manuel Luis Goucha, a Fátima Lopes, o Daniel Oliveira ou o José Eduardo Moniz.
À excepção deste último - com quem, confesso, teria gostado muito de trabalhar quando ele me convidou, se tivessemos podido chegar a um acordo - todos me fizeram excelentes entrevistas.
Deste modo, quando veio o convite da Cristina, acabei por aceitar porque entendi que o desafio era grande e que ambas o podíamos ganhar. Julgo não ter errado.
A Cristina com o seu jeito suave de entrevistar conseguiu por-me a falar do privado sem jamais ferir o intimo. Fê-lo de forma impecável e deu à nossa conversa o intimismo indispensável. Por isso lhe estou muito grata.
Entretanto, recebi dezenas de telefonemas a dizerem-me do apreço que a entrevista lhes havia merecido. Este texto serve testemunhar o meu agradecimento à Cristina Ferreira e para relembrar que não há nunca boas entrevistas sem um bom entrevistador, no caso entrevistadora.
Bem haja Cristina, muito do mérito  que tenhamos tido é seu!

HSC

domingo, 11 de outubro de 2015

O medo

Todos nós, mais tarde ou mais cedo, experimentamos esse sentimento que apelidamos de medo e que, na maioria dos casos vem acompanhado de alguma ansiedade.
Embora não seja dada a grandes medos, já passei por alguns fortes, quase todos eles ligados às pessoas que amei ou amo. Mas sempre considerei que eles eram um teste ao nosso caracter, às nossas convicções, à nossa coragem, enfim, a nós próprios.
Talvez por tudo isto fujo dos médicos como diabo da cruz, à excepção daqueles que eu considero os meus anjos da guarda, e que conhecendo-me bem, sobretudo velam por mim.
Pois bem, nestes últimos dois meses apanhei um belo susto. Fui confrontada com a necessidade de uma pequena cirurgia e com a espera do resultado da mesma. Tive medo, sim. Em particular mais pelos que ainda precisam da minha ajuda - e dela ficariam subitamente privados - do que propriamente por mim, apesar de em relação a eles eu já ter tomado todas as disposições legais para que a minha vontade seja cumprida.
Mas descobri que há um outro medo possível, enorme, que é o de podermos ficar totalmente dependentes daqueles que nos rodeiam. E contra esse, pouco ou nada podemos fazer...nomeadamente quando se tem um único filho cuja é vida pouco propícia a este tipo de acontecimentos, por melhor filho que seja, e até é. 
Vivi, assim, estes dois meses de alguma angústia em total coincidência com a campanha eleitoral, calada que nem um rato. Valeram-me, uma vez mais, os amigos e essa força imensa que eles me transmitem. E consegui trabalhar, sair, divertir-me, como se nada se passasse. Ou seja, apesar do medo, ele não conseguiu vencer-me ou alterar a minha vida!

HSC

sábado, 10 de outubro de 2015

Políticos a fazer política...


Ferreira Fernandes é um jornalista com uma capacidade de análise invulgar e um enorme sentido do humor. Por norma não perco nada do que escreve e raramente discordo dele. Aconselho-vos vivamente a leitura da sua crónica de hoje no Diário de Notícias em 


Intitulada "Políticos a fazer política, nunca esperei", confesso-vos que julgo ser difícil fazer melhor!

HSC

Sergio Sousa Pinto demite-se



Sérgio Sousa Pinto demitiu-se do secretariado nacional do PS em ruptura com a estratégia de António Costa de tentar formar governo com PCP e Bloco de Esquerda. Sérgio Sousa Pinto defende que é a coligação que deve formar governo e prepara-se para falar na reunião da Comissão Política do PS marcada para a próxima terça-feira, onde explicará os motivos que o levaram à demissão.

Na sua página do Facebook, Sérgio Sousa Pinto escreveu esta semana:

"Aparentemente o BE e o PCP estão dispostos a viabilizar um governo do PS, um governo com menos deputados socialistas no Parlamento que a coligação de direita. Mas não estão disponíveis para integrar o governo e partilhar a responsabilidade de governar. O que se seguiria seria fácil de imaginar. Uns a pensar no país, outros a pensar na sua plateia, outros ainda a pensar em eleições e na maioria absoluta. A esta barafunda suicidária, sem programa nem destino certo, chamar-se-ia "governo de esquerda" - coisa que nem os eleitores do bloco desejaram, optando pelo partido do protesto histriónico (e agora fanfarrão). Um penoso caos que entregaria Portugal à direita por muitos anos. Mas talvez permitisse ao BE suplantar o PS. E não é essa a verdadeira agenda, velha de 40 anos, de quem se reclama "da verdadeira esquerda"? Talvez me engane".
                                      
                                                            In Jornal i

HSC