Portugal recebeu, entre
1974 e 1975, cerca de 600 mil refugiados, vindos das antigas Colónias e
maioritariamente provenientes de Angola.
Durante cem dias, uma
ponte aérea havia de fazer sair daquele país meio milhão de pessoas, naquilo
que se pode considerar ter sido sido a maior evacuação de civis realizada entre
dois continentes. Ao invés e infelizmente, quem saiu de Moçambique não poderá dizer o mesmo, já que o teve de fazer a
expensas próprias.
É claro que foram
tomadas medidas de excepção de que Portugal beneficiou. E foram muitas,
não se devendo esquecer o papel que nelas teve Mario Soares, então Ministro dos Negócios
Estrangeiros.
Pertenço a uma
geração que viu Portugal acolher crianças vítimas da Segunda Guerra e orgulho-me
de fazer parte de uma família que as soube generosamente receber.
Assisto com algum
respeito, confesso, às declarações da senhora Merkel. Como assisto à mais pungente e
hipócrita incapacidade demonstrada por esta Europa (des)unida.
Ora se foi possível, há 40 ou há 60 anos, um país pequeno e pobre acolher tanta gente, como é que a
Europa não consegue resolver o problema destes refugiados que a procuram, acreditando que ela ainda saberá o que significa a solidariedade na qual a sua
união se baseou?
Às vezes, de facto, os portugueses mostram a raça de que são feitos e dão cartas a muitos outros!
HSC