Em Portugal, quando se quer adiar uma discussão, cria-se um grupo de trabalho. Ou sugere-se um referendo.
Quando chega a hora da decisão, ela não existe. Na Assembleia vão estar,
hoje, quatro propostas de resolução.
Uma, que invoca razões legais e outras, parte de uma petição de cidadãos
e propõe a desvinculação do AO ou, no mínimo, a retirada do conversor Lince, que
considera violar as bases do próprio AO.
A segunda, dos deputados Ribeiro e Castro, Michael Seufert e Mota Amaral
propõe um grupo de trabalho que “faça o ponto da situação” e apresente num
prazo de quatro meses “um relatório objectivo e factual” da aplicação do AO.
A terceira, do PCP, propõe o prolongamento do prazo até 31 de Dezembro
de 2016 e que Portugal se desvincule do AO nessa data, se não for aceite por
“todos os países” de Língua Portuguesa.
Finalmente o BE propõe a “revisão técnica” do AO e conclui que, “se não
houver uma aplicação plena da parte brasileira, Portugal não pode ficar preso a
uma grafia singular e individual.”
Ora aqui reside o nó górdio da questão. É que mesmo que no Brasil venha
a haver aplicação plena, já hoje, Portugal fica para sempre preso a uma grafia de que muitos frontalmente discordam. Se a ortografia era
diferente nos dois países, continua a sê-lo. Mas agora com imensas opções e erros de palmatória.
O AO é, desde o seu início, uma enorme ilusão e um tremendo erro. À falta de coragem para lhe pôr cobro, estamos condenados a ver arrastar, penosamente, o seu cadáver adiado.
O AO é, desde o seu início, uma enorme ilusão e um tremendo erro. À falta de coragem para lhe pôr cobro, estamos condenados a ver arrastar, penosamente, o seu cadáver adiado.
Veremos se não iremos continuar a velar o cadáver...
HSC