Em 2012 perdi um filho. Perdi três grandes amigos, dos quais o último, ainda ontem. E estive à beira de perder o quarto.
Mas sobrevivi. E estou grata Aquele que assim me pôs à prova, porque me tornei mais consciente - e já era muito - da relatividade das coisas e da importância dos afectos.
Todavia também me aconteceram coisas boas e inesperadas. Que não esqueço.
Não sou, é evidente, a mesma pessoa. O meu ritmo alterou-se e tenho uma distância do que acontece à minha volta que, antes, não possuía. Mas ganhei liberdade, por mais bizarro que tal possa parecer. Explico-me.
Levei anos consecutivos a condicionar o que dizia - não o que pensava, entenda-se - à circunstância de, primeiro, ter sido casada com um homem que tinha um peso intelectual muito grande e, depois, por ter sido mãe de dois políticos que militavam em campos opostos.
Medi, assim, palavras e gestos para que, em circunstância alguma, pudesse servir como arma de arremesso útil contra qualquer deles. Não estou arrependida. Se voltasse atrás, faria o mesmo. Quem tenha acompanhado este blogue desde o seu início poderá perceber melhor o que digo.
Há oito meses, com a morte do Miguel, fechou-se esse ciclo. Passei, finalmente, a ser apenas eu própria, no pleno uso das minhas liberdades. De pensar, de dizer e de viver como quero. Na política, como fora dela. Felizmente, o filho que me resta tem por esta atitude o maior respeito.
Em 2012 perdi o mais importante. Por muito mau que seja o próximo ano, deixarei o que agora termina, sem qualquer saudade. E risca-lo-ei do meu calendário, na meia noite de hoje.
Para aqueles que me visitam o voto que aqui fica para 2013 é que ele possa ser menos mau do que aquilo que todos esperamos!
HSC