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Ontem, como é hábito, recebi da SIC o tema para o comentário de hoje. Nada mais nada menos que as novas tecnologias ao serviço da infidelidade. Riam-se porque eu também me ri. Mas isso não altera o facto. E de que se trata então? Passo a explicar.
Contrariando o que é socialmente aceite, existe um site que promove a entrada no mundo da infidelidade. Isso mesmo: um site para relacionamentos entre homens e mulheres que procurem um caso ou uma aventura emocionante.
Assumindo-se como uma forma de escapar à rotina, o Second Love foi lançado em Portugal, e no último mês já recebeu mais de 7500 inscrições. E isto quando ele só admite pessoas casadas ou com relacionamentos sérios.
A inscrição, que é gratuita, dá acesso a uma aventura extraconjugal sem sair de casa. A maioria dos utilizadores tem entre 35 e 50 anos.
Independentemente das razões, a porta-voz portuguesa do Second Love, Anabela Santos, afirma que “uma em cada três pessoas comete adultério pelo menos uma vez na vida”.
O conceito começou na Holanda, em 2008, e rapidamente se estendeu à Bélgica, Espanha e, em breve, chegará ao Brasil. Três anos depois do lançamento, já são mais de 200 mil os utilizadores que procuram um affair secreto.
O arranque oficial do site - em que os inscritos terão acesso aos perfis dos restantes utilizadores - aconteceu ontem, dia 1 de Junho.
Dos primeiros perfis, já é possível retirar algumas conclusões sobre a forma como os portugueses vêem a (in)fidelidade: são sobretudo homens, porque as mulheres "ainda têm algum receio de se expor no mundo virtual e continuam a privilegiar o contacto físico"; 70% tem formação superior; 46% são da Grande Lisboa e 21% do Porto.
"Quase todos dizem que amam a pessoa com quem estão casados e até deixam claro que não pretendem sair da relação, mas que procuram algo mais na vida", descreve a porta-voz nacional.
"O maior problema é que a esfera de relações pessoais é muito limitada, restringe-se a colegas de trabalho e amigos comuns, com quem é difícil manter um flirt", diz Anabela Santos.
Ter um affair com gente conhecida raramente dá bom resultado e é a sausa de "35% do fim dos casamentos". Mas a inscrição no site não significa passaporte garantido para o adultério: há quem se fique apenas pelo flirt online.
Tenho de confessar que sempre admiti que o
coup de foudre pode acontecer a qualquer um. Mas, neste caso, não se anda à procura de nada. Quando muito é-se surpreendido pelos acontecimentos. Mas no
second love não. Aqui, primeiro há a vontade de trair, e só depois é que se vai à procura de quem encaixa nessa traição. É diferente e eu tenho alguma dificuldade em compreender tal tipo de comportamento...
HSC