Nesta metade de férias que passei no Algarve, cheguei à conclusão de que a crise se cinge apenas aos que não têm trabalho, ou seja aos desempregados. Esses, sim, estão a sofrer...
Os hoteis e os restaurantes, em Setembro, encontram-se mais cheios do que eu poderia imaginar e a democratização do país provocou um fenómeno curioso e difícil de explicar.
É que unidades hoteleiras de cinco estrelas, que apresentam um parque automóvel que levaria a crer estarmos perante hóspedes de elite, revelam surpreendentemente uma frequência que eu situaria na classe média. O que prova que, de facto, o dinheiro mudou não só de mãos... como de forma de aplicação.
Com efeito, quem tem emprego, até pode ter melhorado o nível de vida, dado que o custo desta, até aqui, para muitos bens, baixou.
Assim, a clivagem social se, por um lado, se acentuou para os que não têm trabalho, acabou por se suavizar para outros, que até viram o seu poder de compra melhorado. A situação tem, por isso, algo de bizarro e explica de algum modo, o fenómeno a que assisti.
Acresce que muitos portugueses empregados ainda não interiorizaram a crise ou, pelo menos os seus efeitos a prazo. Daí que as poupanças que deveriam ter sido feitas, só agora comecem a despertar.
Se, a médio prazo, todos iremos sofrer por vivermos acima das nossas capacidades, por enquanto, o problema trágico é para quem não tem trabalho!
HSC