segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Demo - cristãos

Hoje o post é dedicado ao meu amigo P.Rufino que, a propósito do tema de quinta feira, faz uma análise dos partidos que temos e classifica o CDS de "demo - cristão". Confesso que gargalhei com vontade. É que ele "forneceu" á família um argumento que vai dar pano para mangas.
Eu percebo pouco, nos dias que correm, quais sejam as verdadeiras distinções entre os partidos políticos portugueses. Conheço gente de esquerda que termina a vida a administrar o capital dos outros e poucos que façam o percurso inverso. De certo porque nasci num tempo em que trabalhar no privado é que era bom e agora dizem-me que a administração pública não só garante o trabalho, como paga melhor.
Mas a blague de uma direita que, em simultâneo, possa ser demoníaca em lugar de democrata e cristã, é uma delícia de humor político. Já em tempos a escolha de "bloco" para nome de partido havia dado aqui em casa oportunidade para nos rirmos a bom rir.
Aplicando o raciocínio ao PSD, a coisa fia mais fino. Porque um Partido Social Demoníaco deixa a minha colega Ferreira Leite em muito maus lençóis. Não há dúvida que a palavra democrata já não é que era dantes. Caíu em desuso, por apropriação indevida.
E que dizer da democracia, meu caro P. Rufino? Como vai ela? Diga-nos coisas.

H.S.C

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Debates

Discute-se muito acerca dos eventuais debates televisivos para as próximas eleições. Os quais deveriam ajudar-nos a compreender as diferenças entre os vários programas apresentados pelos partidos.
Mas quais programas? Do que conheço não são mais do que linhas programáticas. Repito: linhas. Com as quais, aliás, ninguém consegue cozer... seja qual for o sentido que se aplique ao verbo e seja ele escrito com "s" ou com "z".
Os debates entre líderes roçam muitas vezes - diria, mesmo, a maior parte delas -, o insulto ou o impropério. Que não são esclarecedores para ninguém, nem um bom exemplo do que deve ser o exercício da política.
Por mim e por mais incorrecto que tal possa parecer, nunca foram os debates que me esclareceram do que quer que fosse. Serviram, sim, para ver quem os ganhou e fazer as manchetes dos jornais, o ganho dos opinion maker's e a abertura dos telejornais. De modo aliás bem elitista e nem sempre da forma mais justa. Como aconteceu com o primeiro em que Jeronimo de Sousa participou...
Será que vale a pena "ouvi-los" nesse campeonato de boxe que teremos que aguentar com quinze dias de intervalo? Alguem acredita?

H.S.C

Mil perdões

As férias nos Açores estão a tornar-me lerda. Acabo de saber que outros blogues me atribuiram prémios e eu não só os não mencionei como não agradeci. Por favor, ajudem-me a reparar a indelicadeza que, involuntariamente, terei cometido.
A todos o meu reconhecimento e o pedido de que me alertem. Se há defeito que não tenho é a ingratidão. Por isso conto com a vossa colaboração. Please!

H.S.C

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

E mais um obrigada

Ui! que estou numa crise de vaidade. A matria-minha.blogspot.com também me acarinhou com um selo "blogue viciante". Ainda acabo a julgar que valho alguma coisa...
Bem haja, matria nossa!


H.S.C

Respeitar as decisões

O meu neto mais velho - quase 16 anos - tem imensas parecenças comigo. Felizmente no melhor. Desde pequenino, ainda não sabia escrever, aprendeu o meu número de telefone e, para minha vergonha, era sempre ele que me ligava a pedir para estar comigo. Assim se desenvolveu uma cumplicidade que basta, hoje, olhar-mo-nos para nos entendermos.
Há uns dias telefonou-me para dizer que tinha uma notícia para me dar. Boa e má.
Perguntei-lhe como é que era possível essa ambivalência. Dele, a resposta: "começo pelo lado bom ou pelo lado mau?". Decidi-me pelo primeiro, otimista como sou.
Então aí vai, disse. "Depois da estadia em Inglaterra, resolvi mudar de curso. Já não vou para gestão. Vou para arquitectura. A avó que tanto gostava de ter tido um filho arquitecto e não conseguiu, vai satisfazer, agora, o sonho com o neto".
E o lado mau, questionei. " É que vou perder um ano e eu sei o orgulho que a avó tem em mim como aluno".
Confesso que me comovi, tal o gosto sempre adiado de viver numa casa concebida por um dos meus rebentos. Ambos excelentes desenhadores, resolveram, os dois, enfronhar-se pela via que mais detesto. Há mais de quarenta anos que vivo essa telenovela, depois de a ter experimentado, antes, com o respectivo progenitor. Julgo que andarei a expiar alguns saudáveis pecados que gulosamente cometi. E que repetiria, diga-se de passagem.
Assim, se já não viverei numa casa desenhada pelo André, espero, pelo menos, vê-lo a projectar outras. E alegrar-me com a imensa sorte do avô paterno que vai ter, finalmente, continuador.
Haja Deus, que quando nos fecha uma porta, nos abre, sempre, uma janela. Etimologicamente falando, claro!

H.S.C

Muito obrigada

Muito obrigada ao oficinadoparque.blogspot.com pela gentileza de nos ter considerado merecedores do selo do "blogue viciante". É a segunda vez que sou mencionada para selos/prémios e confesso que me senti mesmo contente pelo facto. Vaidades...

H.S.C

Prof. Adriano Moreira

Ontém, finalmente, a família ligou a televisão para ver os noticiários nacionais. Já só estamos quatro, dos dez que aqui conviveram quase um mês. E, para minha satisfação, apanhei na Sic Notícias, o Prof. Adriano Nogueira à conversa com Mário Crespo.
Foi uma notabilíssima oportunidade de aprender alguma coisa de política nacional, numa verdadeira missão de serviço público. Quando isto acontece consigo, afinal, vislumbrar o lado nobre do que deveria ser esse exercício. No caso vertente, fiquei absolutamente maravilhada com a lucidez deste Homem a quem a idade parece refinar, ainda mais, a sua espantosa clarividência.
Não se trata de pensar ideologicamente do mesmo modo. Trata-se, sim, de olhar o país com uma clareza sem concessões, de analisar o papel dos partidos, enfim, de pensar a democracia como ela deveria ser ser pensada. Tudo a propósito de um discurso - bem inteligente, por sinal - de Marques Mendes.
É nestas ocasiões que penso no papel que a televisão poderia - e deveria - ter como meio priviligeado de ensinar o que representa a cidadania. Num país como o nosso, tal aprendizagem tornou-se, hoje, a condição básica para o voto consciente. De quem se escolhe e do que se escolhe. O que raramente acontece entre nós...

H.S.C

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Quase no fim

Dentro de dois dias parto para Lisboa. Já começo a ter o coração um bocadinho apertado. Quando lá chegar tenho logo de resolver problemas. Começo por ter de reclamar do meu PC, comprado há 4 meses e cuja placa de wireless deixou de funcionar. Depois vou pagar o IRS e o selo do carro. E, por fim, tarefa hercúlea, terei de arranjar uma empregada doméstica.
Como se vê, assuntos suficientemente desinteressantes para me tirarem o prazer do retorno ao lar...
Mas, ainda vou escrever daqui o blogue da despedida dos Açores. Nem que seja para dizer "adeus, até à volta"!

H.S.C

sábado, 22 de agosto de 2009

Golfinhos


Ontém, após dois dias de mar picado tivemos, de novo, a oportunidade de ver golfinhos. Já assisti a este espectáculo várias vezes. Mas nunca me canso. Estes eram enormes - talvez, mesmo, os maiores que já aqui vi - e brincavam à volta do barco sem o mínimo constrangimento.

A família gosta de se banhar em mar alto, quando a temperatura da água ultrapassa os 22 graus. Por mim, estranhamente, este tipo de banhoca não me satisfaz muito. Não me sinto segura e para ser franca prefiro ir da areia para a água, do que o inverso. Mas, mesmo assim, lá vou dando uns mergulhos... com cautela!

É de facto uma pena que com belezas naturais deste jaez, se vá para o Brasil fazer férias deixando lá as nossas economias. Seguramente, se houvesse mais promoções e sobretudo mais publicidade destas riquezas, o português continental não deixaria de vir ver as suas Ilhas.

Para a Madeira sei que as agências de viagens têm pacotes bastante em conta. Para os Açores vejo menos referências. Seja como fôr, uma estadia nestes paraísos é, de certo, menos cara do que a dos locais ditos na moda. E o "dinheirinho" sempre ficava cá...

H.S.C

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Paraísos nossos!

É sempre surpreendente ver como podem ser diferentes as vivências dos portugueses. Aqui, onde me encontro, em Vila Franca do Campo, na Ilha de S. Miguel, dá gosto passear. As ruas são limpas, as estradas bordeadas de flores, as casas estão pintadas e até zebras de travessia das ruas são respeitadas. Vai-se a Ponta Delgada e é o mesmo. E quando falo dos Açores é porque os conheço melhor. Não porque entenda que a Madeira seja diferente nestes aspectos.
Só me pergunto - agora que estamos em vésperas de eleições autárquicas - porque é que não acontece o mesmo por todo o lado? Em especial na capital que está suja, com as entranhas à mostra, com as ruas sujas e cheias de buracos. Para não falar, já , nos dejectos dos animais que a poluem.
Antes, descer de um avião e chegar a Lisboa vindo do estrangeiro era um prazer. Hoje é uma tristeza! Porque será?


H.S.C

Walking in the rain...

Ser adulto e ter a capacidade de ser feliz como uma criança, é um benefício incalculável. Que aconteceu comigo hoje, quando, com uma amiga, fui a Ponta Delgada.
O tempo estava bom, mas não para sair de barco. Dava para fazer nove buracos no campo de golfe e depois ir cirandar.
Agora a familia já está em dez elementos. Uns ficaram a ler espalhados pelo jardim, outros foram pata o golfe e duas fomos passear e ver as lojas chinesas dos insulares. Encantadas.
De volta, começou a chover e eu em lugar de me abrigar, decidi passear-me à chuva ao longo da avenida marginal. Não tinha o Gene Kelly a dançar comigo, mas estava feliz como uma petiza que não se importa nada de ficar toda molhada e até tira prazer disso. Corri e passeei com gosto. Como se, de facto, tivesse voltado a ser miúda.
Seria tão bom que pudessemos, sempre que apetecesse, fazer o mesmo. Não a andar à chuva. Mas a voltar a ser pequeno...de vez em quando! Para não nos esquecermos. É tão bom!

H.S.C

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ontém fui eu!

Ontém foi o meu turno televisivo. Teria que ouvir e fazer um rapidíssimo resumo do que ouvira. Não foi fácil. Entre gripe A, roubos, facadas, assaltos e temperaturas elevadas para a época, restavam-me apenas os candidatos a tentarem colher votos.
Eles já pouco falavam. Só se mostravam e às suas comitivas. Suados, meios roucos - consequência das alternâncias entre o ar condicionado dos pópós e o calor abrasador sob o qual distribuiam os beijinhos e abraços - pouco ou nada diziam que interessasse. Apenas umas frases soltas ali, outras acolá. O que mais surpreendia era aquele caldo de vírus e bactérias em que se pretendia que a mensagem passasse.
E eu que tenho um dos meus infantes nesta aventura, só penso quando é que a Ministra da Saúde toma medidas e proibe este tipo de manifestações, que são o oposto do que ela recomenda que se faça para evitar a epidemia gripal.
Alguém nos valha antes de termos o governo todo de molho...

H.S.C

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mansamente a descansar...

Nestas férias o tempo vai decorrendo, mansamente, entre banhos, risadas e leituras. Televisão só vê um de nós, rapidamente, em alternância rotativa para contar a quem esteja interessado. Baixinho de preferência.
Por mim, apenas sei o que se passa a nível económico - é minha obrigação - e nada mais. Para tudo o resto o "continente" morreu. Até ao meu retorno, em que prometi a mim própria, manter a televisão desligada e apenas ler jornais estrangeiros e nacionais que se ocupem da minha área. A partir de 12 de Outubro retomarei a família e as funções maternais. Com algum receio, mesmo perante as medidas preventivas, de que ainda possam avizinhar-se dias perturbantes...
Há muito tempo que não fazia uma tal ausência do que os "outros" julgam importante!

H.S.C

sábado, 15 de agosto de 2009

Era de ver...

Ontém e sem nenhuma sjurpresa, chegaram os dados sobre o desemprego, que se agravou no segundo trimestre, ultrapassando, agora, a faixa dos 500 mil, numa população de 10 milhões de habitantes e temendo-se, aliás, o seu agravamento no próximo semestre.
Ou seja, face aos discursos, em tom vitorioso, de que estaríamos a começar a sair da da crise, a que fiz referência no post anterior, eis que vem a resposta que deveria ter refreado os ímpetos eleitoralistas do governo...
Porque de facto, a questão do desemprego é aquela que está a corroer a sociedade portuguesa e a tirar-lhe uma boa parte da sua capacidade de recuperação.
O ritmo de crescimento do emprego, sabe-se, é sempre mais lento do que da recuperação económica do país. Logo, o que se pede a quem nos governa é que fale verdade e tome medidas urgentes para combater um flagelo social que está a dar cabo de todos nós. Porque nem mesmo aqueles que estão empregados se podem sentir seguros...
E, já agora se, por um lado, dispensamos os discursos derrotistas das oposições, também agradecemos que parem os falsos otimismos de quem comanda. É que qualquer deles não é mais do que o típico produto das campanhas que, infelizmente, continuamos a ter de tolerar e que pouco ou nada nos esclarecem!
Haja Deus, que conseguir ter férias neste clima, é um milagre... Votar com consciência esclarecida será, certamente, outro.
H.S.C

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A bonomia...

Mesmo neste recôndito canto do Atlântico em que me abrigo, vou sabendo das "novidades continentais". Agora foram os dados do INE para o PIB, que vieram dar novas cores aos jornais que ultimamente se vestem de rosa.
Assim, o Diário Económico titula a notícia como "Economia portuguesa vai chegar às eleições em recuperação". E numa espécie de sub-título escreve-se. "Os economistas antecipam uma contracção menos intensa. O pior já passou mas a crise vai dominar a campanha eleitoral". Depois, o conteúdo do texto é bem diferente e refere os nossos dois pontos fracos: o investimento e as exportações.
O primeiro que se considera a componente de maior contributo negativo e as segundas que se julga serem a componente onde podemos depositar mais esperanças. Estas bem vãs, a meu ver...
Resumindo, a economia nacional vai continuar no vermelho, mas empola-se, para já, a menos acentuada contracção verificada no PIB no segundo trimestre, quando comparada com a que ocorreu nos três primeiros meses do ano. Logo, como se vê, a bonomia e capacidade previsiva dos analistas ouvidos pelo jornal é redentora.
O pior são os comentários dos "não alinhados", cuja leitura dos dados estatísticos é bem diferente, criticando a titulação dada ao assunto. Um deles, pela lucidez que revela, será objecto de um post meu aqui no Fio de Prumo.
Por enquanto, fico-me pela enorme capacidade tecnico imaginativa dos especialistas ouvidos que, julgo, poderão mesmo vir a ser aproveitados para escrever guiões tipo "Floribela"!

H.S.C

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dois livros

Nunca escondi que não nutro grande simpatia pelo Dr. Durão Barroso. Julgo, mesmo, que um segundo mandato à frente da Comissão Europeia só poderá fazer sonhar muito poucos. E, apesar do apoio dos 27 estados membros, a sua eleição não está, ainda, garantida. Para isso tem, aliás, contribuído a figura de Guy Verhofstadt, um liberal flamengo e antigo Primeiro-ministro da Bélgica que, ao que consta, terá o apoio da França e da Bélgica.
É este homem que acaba de lançar o livro “Sortir de la crise. Comment l’ Europe peut sauver le monde” (Andre Versaille Editeur/Actes Sud), uma obra provocadora mas muito curiosa, cuja informação nos habilita a compreender melhor as questões que estão em causa nesta eleição.
Uma outra publicação, igualmente interessante para quem se interesse pela problemática europeia, “Petits secrets et grandes intrigues. Complots, mensonges et trahisons à la Commission Européenne”, de autoria de Derk-Jan Eppink (Ed. Saint-Simon) ocupa-se, com um humor algo devastador, dos “pequenos pecados” daquela instituição. Duas leituras aconselhadas tanto a europeístas como a independentes!

O Mar

Dois dias de barco neste mar imenso de um azul profundo prateado, a ver tartarugas e golfinhos, reconciliam qualquer mortal com a vida e, a mim, fazem esquecer que quando chegar Setembro lá recomeçarei a minha caminhada para as duas eleições que se aproximam..
Tenho descansado pouco porque aqui o descanso é conviver com os amigos e a família. O rodopio começou já no Domingo e daqui em diante julgo que a agenda está preenchida com jantares, petiscos e passeios no oceano. Acresce que a casa deste meu irmão se vai enchendo todos os dias de mais gente convidada para qui vir. Ontem já eramos seis e a partir de amanhã iremos sendo dez a deslocarem-se, em bando, para casa dos amigos. Entrarmos num restaurante é ocupar, de imediato, uma boa parte dele!
Mas são as minhas férias, o meu mundo, aquilo em que a nossa família é francamente boa: a dar-se uns aos outros. Daqui que possivelmente chegue a Lisboa de corpo moído mas alma totalmente nova!

H.S.C

domingo, 9 de agosto de 2009

Solnado

Triste a notícia que aqui tive nos Açores da morte desse grande Homem, que em determinda época da minha vida conheci bem, através de vários amigos comuns. Muitas e sonoras gargalhadas dei com ele.
Os amigos não têm defeitos. Ou, se os têm, nós acabamos por só lhe ver as qualidades. E nestas o Raul era abundante. Porque foi, seguramente, uma das pessoas que mais gostava de partilhar com os outros aquilo que tinha. Era de uma imensa generosidade.
Não tenho dúvidas de que estará lá em cima a rir-se com todos aqueles que já partiram. Em particular com o Quim Machaz.
Nós, cá em baixo, ficámos mais pobres e mais tristes!

H.S.C

O casamento

Começaram as festas aqui em Vila Franca do Campo. Sexta foi o casamento do filho de um grande amigo. Como sempre lá deitei uma lagrimita. Pirosa mas autêntica. Que fazer quando vemos um noivo chorar de alegria?
Foi uma cerimónia religiosa, ao ar livre, com um padre moderno, de cabelos compridos e barba a lembrar um Cristo redimido. Apenas duas leituras do Evangelho, feitas pelos avós de um lado e do outro. E, depois, o sacerdote fez uma espécie de desafio aos noivos apontando-lhes seis caminhos possíveis para a felicidade. A pegar ou a largar. E a aceitar as consequências da opção. Para mim, que já trilhei estas rotas, a alocução pareceu-me a mais oportuna, sobretudo, nos tempos que correm.
Depois foi o habitual. Canapés e bebidas antes de um opíparo jantar numa sala muito bem decorada. Estava lá toda a gente de quem os noivos gostavam. Desde os grandes aos mais humildes. Tudo se misturou sem reservas.
E eu até acabei a noite a conversar com um casal encantador em que o marido era neto de Vitorino Nemésio!
No próximo Domingo temos outra festa. Um jantar em casa do tio do noivo. E já nem falo das que se adivinham porque, se for a todas, chego a Lisboa a precisar de férias de trabalho...

H.S.C

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Meditar

Ontém à noite, quando a família estava toda deitada fiquei a "sonocar", na sala, com o meu irmão. Pronunciávamos uns vagos monosílabos e assim ficámos por horas. Ele deitou-se pelas duas da madrugada e eu ainda lhe sobrevivi, sozinha na sala, a pensar na vida.
Havia em mim um tal sentimento de relaxe, de sossego, que me deu para recordar os tempos em que este meu irmão andava pela minha mão e me perguntavam se era meu filho. Fazemos dezoito anos de diferença, mas parecemos adolescentes quando estamos juntos. E temos uma imensa cumplicidade.
Com o mais velho, que me leva a dianteira de sete anos, é diferente. Gostamos muito um do outro, mas ele é, de certo modo, a figura parental. Contudo, quando estamos todos reunidos, a risota é sempre imensa, perante o ar atónito/divertido das minhas cunhadas, que não conseguem acompanhar o nosso ritmo, nem perceber sequer do que rimos.
Perante a sala vazia, o mar imenso iluminado por uma lua cheia plena, o silêncio que me rodeava, senti-me uma mulher realizada por gostar tanto dos meus. Apesar da ausência dos infantes, a minha família é a melhor herança que me foi deixada! Bem hajam os meus pais e avós!

H.S.C

NOTA
Por uma qualquer razão que desconheço o post sobre os ricos saiu antes do último, embora escrito posteriormente aos dos Açores. Milagres da net

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Aqui estou eu nos Açores!

Um país que possui ilhas como as dos Açores, tem a obrigação estrita de recomendar que "os continentais" não deixem de conhecer estes pequenos paraísos terrestres.
Mas nós agora andamos a redescobrir o Brasil e esquecemos o que a nossa terrinha tem para nos oferecer...
Estou em Vila Franca da Feira, em casa do meu irmão mais novo, rodeada de família e de amigos. Em frente à sala onde vos escrevo o mar desenrola-se a perder de vista. O sol acabou de se pôr e a imagem que acompanha este post, assemelha-se muito à paisagem que se desenrola perante os meus olhos. Por momentos tenho a sensação de estar noutro mundo. As ruas são limpas, as casas estão pintadas - um pouco como as do Alentejo - e não se vê à nossa volta nada que lembre a sujidade e os buracos tão frequentes na capital.
As gentes são calorosas e eu preparo-me para as festas que aqui vão desenrolar-se para bailar e me divertir como uma nativa.
Amanhã o meu irmão vai por o barquinho no mar e todo este pessoal por lá andará até que a noite caia, longe do país real e continental, visto que ainda não abrimos a televisão, em respeito ao "luto" que as campanhas me provocam. Por isso, eu vou ficar por enquanto puder. A contar-vos o que for vendo e sentindo.
H.S.C

domingo, 2 de agosto de 2009

Quem são os ricos?!

Desde que uma revista nacional publicou a lista dos homens mais ricos de Portugal e que o Partido Socialista anunciou medidas para combater as diferenças sociais profundas que continuam a existir cá no burgo, começaram a surgir artigos interessantes sobre a matéria. E com razão...
De facto o que é uma pessoa rica? Como se mede a riqueza de alguém? Pelo património? Pelo que ganha? Pelo estilo de vida? Pela ostentação? Todos sabemos que estes critérios não só são falíveis, como podem ser tremendamente injustos.
O escalão máximo de fiscalidade do rendimentos do trabalho apanha tanto indivíduos que ganham 2500€ por mês como aqueles que ganham dez vezes mais. E não se interessa muito por saber qual a composição do agregado familiar.
Por outro lado, os verdadeiramente ricos, aqueles que fizeram ou herdaram dinheiro e se limitam a viver do seu rendimento - parado, na maior parte dos casos, nos bancos - são taxados a 20%. E também aqui o tratamento continua a ser injusto porque esta taxa é igual para os que têm pouco e para os que têm muito. Ou seja a nossa fiscalidade em lugar de ser correctora de injustiças é a sua primeira fomentadora.
Precisamos de reformar toda esta área. Mas, sobretudo, de ter coragem de o fazer sem populismos!

H.S.C