quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Para sorrir...

NOVA LÍNGUA PORTUGUESA

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos
pretos 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical,isto tem sido um fartote pegado!
As
criadas dos anos 70 passaram a 'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber a menção de 'auxiliares de apoio doméstico' .
De igual modo, extinguiram-se nas escolas os '
contínuos' que passaram todos a 'auxiliares da acção educativa' e agora são 'assistentes operacionais'.
Os
vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por 'delegados de informação médica'.
E pelo mesmo processo transmudaram-se os
caixeiros-viajantes em 'técnicos de vendas '.
O
aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez';
Os
gangs étnicos são 'grupos de jovens'
Os
operários fizeram-se de repente 'colaboradores';
As
fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas'e vistas da estranja são 'centros de decisão nacionais'.
O
analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à 'iliteracia' galopante.
Desapareceram dos comboios as
1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'.
A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou
mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes
crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo'
Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os
alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, 'crianças de desenvolvimento instável'.
Ainda há
cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado 'invisual'. (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se para as regras gramaticais...)
As
p. passaram a ser 'senhoras de alterne'.
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em '
implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas fracturantes' e outros barbarismos da linguagem.
E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.
Estamos "tramados" com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'.


HSC

5 comentários:

Tétisq disse...

Muito bom :)

Anónimo disse...

Muito bom! E acrescento que estes fenomenos de linguagem são extensivos a todas as linguas e ferramentas importantes na engenharia social necessária ao control das massas!
Ogam

Paulo Abreu e Lima disse...

Acrescentando:

1- As assistentes sociais passaram a Técnicas de Serviço Social;

2- O guarda-livros passou a Técnico Oficial de Contas;

3- O maluco é um doente do foro psiquiátrico (esta é mázinha, eu sei) e por aí fora.

Se muitas são cómicas, outras "só" vieram dar crédito a novas descobertas e competências, isto é, identificá-las de uma objectividade que não era reconhecida.

Julia Macias-Valet disse...

Impressão minha ou ouve aqui uma influência tipografica à la Stephen Fry..... ????

Para quando nas Universidades a cadeira de Arqueologia da Lingua... : )))

Em França os "Almeidas" sao : Téchniciens de Surface !

PS : Tita !? que leitura poderemos fazer do seu comentário ? ....Y PUNTO ?

Bruno Oliveira disse...

Texto bem escrito só é uma pena a senhora com tanta formação não saber que o Transtorno de Défice de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma doença e não uma moda! É uma doença que infelizmente afecta significativamente a vida de crianças e famílias e que nada tem a ver com o tempo passado à frente de televisão e que está patologia não pode ser comparada com “comportamentos irrequietos e terroristas” das crianças de outrora!