domingo, 31 de janeiro de 2010

Invictus

Já aqui disse que gosto muito de Clint Eastwood. Do homem e do cineasta. De alguém que tem sabido envelhecer. E, cada vez que vejo o que se pode admitir ser a sua última obra, continuo a ficar surpreendida. Aconteceu ainda ontém, com o seu filme Invictus, que conta a história de um clube de rugby da África do Sul, no tempo em que Mandela era o Presidente do país.
É um filme lindíssimo. Morgan Freeman tem o papel da vida dele e a sua interpretação impressiona.
Quando vemos o cafre em que aquele homem passou 27 anos da sua existência e assistimos ao seu discurso de tolerância e de perdão, é impossível não nos sentirmos envergonhados por tal ter podido acontecer no seculo XX.
Eastwood não tem medo das palavras. Nem do que elas representam. E usa as imagens para tornar aquelas mais claras ou mais chocantes. A história serve para vitoriar Mandiba - o nome pelo qual os amigos tratavam o Presidente -, mas também para chamar a atenção de todos nós, para as diversas formas que o racismo pode revestir. E serve, também, para recordar o poema de William Henley, que dá título ao filme, e que eu não resisto a reproduzir:

Out of the night that covers me
Black as the pit from pole to pole
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul

In the fell clutch of circumstance
I have not vinced nor cried aloud
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed

Beyond these place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid

It matters not how strait the gate
How charged with punishements the scroll
I am the master of my fate
I am the captain of my soul

Foi este poema e, sobretudo as duas últimas estrofes, que deram força a Mandela sempre que o desespero se apossava dele!

HSC

Uma boa notícia

A minha amiga Carla Hilário Quevedo, que eu leio sempre com muita atenção, publicava há duas semanas, na sua coluna no Sol, uma nota à qual só agora tive acesso porque ando com as leituras atrasadas. E porque me pareceu uma boa notícia, vou partilhá-la hoje convosco.
De entre 194 paises analisados pela equipa do International Living, Portugal encontra-se na 21ª posição no Indice de Qualidade de Vida. Nos vários vectores tidos em consideração naquela avaliação, as nossas piores notações dizem respeito ao custo de vida, à economia e às infraestruturas. Ao contrário do que acontece na liberdade, saúde e segurança, considerados os melhores aspectos da terrinha.
Convém esclarecer que este índice é construído com base em informações variadas que vão dos sites governamentais, à Organização Mundial de Saúde, à revista The Economist e à opinião de colaboradores espalhados pelo mundo. Logo, não estamos nada mal!
Apesar da França ocupar, pelo quinto ano consecutivo, o 1º lugar, da Suiça ser o terceiro e o Luxemburgo o sexto, nem a Carla nem eu trocaríamos de país. É que ambas nascemos aqui e até conseguimos gostar dos defeitos da nossa terra. Se isto não é patriotismo, então não sei o que será?!
HSC

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A hora do sim

Fui hoje a um almoço muito divertido. Faço parte duma tertúlia que se reune todas as últimas sextas feiras do mês para comer e discutir um assunto que se considere ter interesse. Em cada uma delas marca-se quem falará na próxima. O tema mantém-se em segredo até que o indigitado o apresente. A escolha do dia, feita pelo homem de serviço, deu-nos conta da surpresa: a opção fora a estrofe da letra de uma música brasileira muito conhecida, que diz que "a hora do sim é um descuido do não".
A risota foi geral. Mas a conversa que se lhe seguiu foi notável, porque acabámos a citar Fernado Pessoa. O mais curioso da prosa residiu, justamente, no que representa para o letrista e para quem canta, a poética de uma canção. Ou, dito de outra forma, aquilo que, no fundo, as palavras pretendem transmitir. Alegria? Tristeza? Amor? Ciúme? Compromisso? Honra? Patriotismo?
Lembrámos muitas das canções cujas letras ficaram tão conhecidas quanto as próprias músicas e as épocas em que nasceram. E dedicámos uma boa parte do tempo a deambular por " A garota de Ipanema", cantada por toda a gente, "Savoir se retirer" cantada por Aznavour, "My Way" por Sintra (que, aliás, é uma canção francesa), e terminámos no "Yellow Submarine" cantado pelos Beatles.
Foi um encontro gostoso, musicado, alegre e... sem uma única palavra sobre política ou crise. Dito de outro modo, um oásis no deserto!
Mas, de facto, o núcleo duro do encontro foi a filosofia expressa no facto do "sim" ser, mesmo, um "descuido do não". Haverá algo mais certo?!

HSC

Negócios em família

Confessem lá, com este título, não julgaram que eu, pela primeira vez neste blogue, iria abordar algum dos processos judiciais mais badalados na Comunicação Social?! Nada disso. Esses processos só aqui serão referidos - e acaso interessem de facto - quando haja sentenças definitivas transitadas em julgado. Até lá... pouco me motivam.
Este post fala de um artigo de Thomaz Wood Jr, publicado na revista brasileira Carta Capital, de 20 de Janeiro, no qual se aborda uma célebre expressão de senso comum que diz que "negócios e família não se misturam". O adágio subentende que os primeiros constituem o domínio da racionalidade, das práticas científicas e da análise fria dos resultados, enquanto os segundos assentam no domínio das emoções e das paixões. Tudo baseado em três premissas:
1. as famílias tendem a favorecer os seus membros em detrimento dos interesses dos negócios;
2. as empresas familiares constituem terreno fértil para o nepotismo e dramas sucessórios;
3. o crescimento das famílias gera, com frequência, pressões insolúveis sobre os negócios.

Ora, por mais surpreendente que seja, a Harvard Business School mantém um programa denominado " Famílias nos negócios: de geração em geração" que é bastante concorrido e se destina a resolver as dores de cabeça das empresas familiares.
Estas empresas, mais de duas decadas depois da globalização, continuam a existir, firmes e fortes, nos Estados Unidos, na França, no Brasil e em muitos outros países. Talvez por isso, houve quem julgasse conveniente perceber a razão dessa persistência. Com efeito, estudos recentes avaliaram o desempenho de mais de cem empresas industriais de médio porte, nas quais se comparou a gestão familiar com a gestão profissional. E os resultados mostraram que as empresas de controle familiar apresentam desempenho similar ou superior às outras, destacando-se até nos indicadores de rentabilidade. Porquê? Porque, explicam, se concluiu que:
1. o desenvolvimento de laços estáveis e duradouros impede mudanças temerárias em busca de lucro fácil;
2. a consolidação do conhecimento do negócio se mantém no estrito seio da família;
3. a adopção de horizontes mais largos na decisão dos investimentos favorece os negócios;
4. a maior permanência dos gestores familiares nos cargos de comando beneficia a estabilidade do negócio.

É claro que para os profissionais que trabalham em empresas familiares, a vida pode ser mais dura. Exigirá, talvez, mais tolerância e diplomacia. Mas o processo decisório é, por norma, mais ágil e mais firme. Quem, entre os leitores, não se lembrou de tantos casos nacionais de sucesso?!

HSC



quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Plano, Davos e nós

"Foi-se para uma espécie de dieta geral, como alguém que tentasse emagrecer sem perder gordura e perdendo peso no corpo inteiro, incluindo o coração", terá dito, a propósito do Orçamento para este ano, o fiscalista Saldanha Sanches.
Não sei se o coração pode, fisicamente, emagrecer. Mas o outro, o anímico, esse seguramente que sim. Só nos falta, agora, emagrecer a alma...
Ninguém parece gostar do documento ontém apresentado, pelo Ministro das Finanças, ao Presidente da Assembleia da Repúlica e que foi alvo de tantas e tantas horas de negociação.
Eu ainda sei muito pouco, mas do que já me apercebi, confesso, esperava algo diferente. O cenário nacional está longe de ser animador e julgo difícil alguém acreditar que com aquele dispositivo iremos alcançar a redução de três pontos no défice de 9,3% para 6,3%. Nem sei se esta redução será o mais crucial de todos os problemas que temos.
O que nos falta é a definição de uma estratégia económica. Sobretudo, face ao excesso que temos das mais díspares estratégias políticas. As quais só servem para travar o estabelecimento de um plano de desenvolvimento coerente.
Mais uma vez seremos um país adiado. Os que forem vivos entre 2011/2013 irão acordar e, quem sabe, talvez perceber que a insolvência do país não é uma mera figura de retórica, nem uma previsão catrastofista.
Os dias que se seguem serão importantes na análise internacional das medidas que o Orçamento anuncia. Não vale a pena fazer um discurso empolgante e patriótico para dentro, porque isso não comove os mercados. E são estes que irão ditar muito do que nos vai acontecer.
Ora aqui não começamos nada bem. Com efeito, Nouriel Roubini, um dos poucos economistas que previu a crise provocada pelo suprime, afirmou acerca da situação económica na Europa que "o problema não é apenas a Grécia, é também a Espanha, Portugal e a Itália", porque "todos esses países apresentam não só um endividamento publico crescente, mas também um problema de competitividade".
Assim, depois da prematura "morte lenta" com que brindaram a economia nacional e das notações negativas das agências de rating, o Forum Mundial de Davos que se reune de 27 a 31 de Janeiro, pode ser o degrau descendente que se segue na amarga imagem do país a nível internacional.
HSC

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Parcerias

Leio que o governo inscreveu nas Grandes Opções do Plano - GOP - a criação de uma estrutura para fazer o acompanhamento das Parcerias Publico Privadas - as PPP - e que estas ultrapassam os cinquenta e um mil milhões até 2017. Se assim é, e num raciocínio simplista, atendendo ao número de anos que nos separam daquela data, os compromissos já contratualizados através das ditas parcerias, rondariam os 8 mil milhões de euros anuais.
Confesso que aquele total me impressiona porque ele representa uma parte significativa da riqueza nacional e eu não estou muito segura de que estes compromissos não representem um endividamento muito para além daquela data.
Serei eu que pertenço - e não me dei conta - àquele grupo de catastrofistas a que o PM se refere sempre, ou será Sócrates que julga que vai continuar à frente do governo pelo menos mais uma dezena de anos?
Começo a duvidar da Universidade onde tirei o curso, do ano em que o terminei, ou até se serei economista. Isto está mesmo a fazer-me muito mal. É que já não posso reconverter-me.
Sou capaz de me inscrever nas Novas Oportunidades, onde não só me reciclarei como até poderei ter um Magalhães.
Ainda bem que o meu neto mais velho optou por Arquitectura. Como economista não tinha futuro!

HSC

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Eu bem desconfiava...

Não me vacinei contra a gripe A. Fiz a sazonal, a Pneumo 23, e a dos brônquios. Confiei, assim, nos três anjos que me assistem. O cardiologista, o internista e a oftalmologista. Que, felizmente, estiveram de acordo. A partir daí puz-me nas mãos de Deus e da Dra Ana Jorge que, a mim e aos portugueses, indicava um caminho diferente.
Hoje ao almoço quase engasgo. Oiço no noticiário televisivo que foram dispendidos, indevidamente, na Europa, cinco mil milhões de euros com a vacina contra a gripe A.
Quem o afirmava era o responsável pela Comissão de Saúde do Conselho da Europa, que criticava a Organização Mundial de Saúde - a OMS - e a acusava de ter, eventualmente, sido conivente com um negócio que apenas dera lucros às farmacêuticas. Lucros incalculáveis que fizeram desviar para as vacinas, em cada país comprador, fundos cujo destino poderia ter sido mais útil e mais importante. Sobretudo em tempo de crise.
Se tais factos são verdadeiros, a OMS deveria ser fortemente punida. Porque depois disto, a sua honorabilidade enquanto instituição responsável, fica fortemente abalada e já ninguém parece duvidar que, afinal, o que se rumoreava há já bastante tempo, tinha razão de ser...
HSC

domingo, 24 de janeiro de 2010

O amor e ainda a amizade

"...Se um dia as pessoas que nós amámos e que nos amaram se reunissem para falar de nós, de certo que nenhuma estaria a referir a mesma pessoa. Porque, de facto, não amamos toda a gente da mesma forma...".
Este é um extracto do comentário que eu fiz num post que a Rita Ferro colocou no seu blogue Acto Falhado e no qual faz um retrato exemplar da amizade que nos une. Não indo pela emoção que esse elo me provoca, o certo é que decidi repegar no tema que ontém tratei e alargá-lo agora também ao amor.
Quantas pessoas diferentes não teremos sido, ao longo da vida, relativamente àqueles de quem gostámos? Quantas mulheres se não terão corporizado numa só, de cada vez que esse sentimento chamado amor despontou no nosso coração?
Umas vezes, porque tentámos corrigir erros passados que não queríamos repetir. Outras, porque, sendo o amor biunívoco, recebemos muito mais do que esperávamos e tentámos retribuir. Outras, ainda, porque o pouco que nos davam terá secado a torrente que, no início, nos alimentava. Outras, também, porque o tempo e a idade vão emoldurando, burilando, singularizando, os nossos afectos.
Na amizade passa-se algo de semelhante. O "outro" apresenta-se aos nossos olhos de uma forma diferente daquela pela qual certos amigos o veêm. E é essa singularidade que, juntamente com a nossa própria, selará uma relação que será diversa daquela que se estabelece com uma pessoa com distintas características. E vice versa. Também a forma como somos olhados dependem do olhar do outro, da sua capacidade de nos "ver".
Não serão, afinal, estes condicionalismos que fazem com que certos amores ou certas amizades durem uma vida inteira, ao contrário de uns ou umas que não deixam qualquer rasto?

HSC

sábado, 23 de janeiro de 2010

A amizade

Quem duvida da falta que fazem os amigos? Muito poucas pessoas. Mas, infelizmente, em muitos casos, só quando eles desaparecem é que realizamos bem o quanto deles precisávamos.
Perdi já, ao longo da vida, alguns. Talvez, por isso, prezo enormememente os que tenho.
Vem este post a propósito de ter estado, no espaço de quinze dias, por duas vezes, com uma velha amiga que não via há anos. O que me fez pensar um pouco no tema.
O que é que nos leva a escolher os amigos? Porque é que nos aproximamos de uns e de outros não? Porque é que só uns é que ficam para toda a vida?
Não sei responder. Sei apenas que descobri relativamente tarde a amizade feminina. Com efeito, a minha vida profissional - uma boa fonte de conhecimentos - foi feita no meio de homens e foi entre estes que escolhi e fui escolhida. Até aos trinta anos, tive sempre predomínio de amizades masculinas.
Depois dessa data e, creio, por motivos que me ultrapassaram, descobri a sua versão feminina. Hoje o núcleo está equilibrado. Mas as minhas maiores amigas são, agora, curiosamente, as filhas dos meus amigos, ou com idade muito póxima de o serem. Também não sei explicar porquê. E, mais surpreendente ainda, alguns meus amigos estão, hoje, entre os dos meus filhos.


HSC

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A Bela e o Paparazzo

Gosto de uma história divertida. Gosto muito do António Pedro de Vasconcelos. Como pessoa e como realizador. Conheço-o ha muitos anos. Até já trabalhámos juntos num seu Curso de Cinema, onde eu leccionava Guionismo e Escrita Criativa. Estivemos sempre do mesmo lado da barricada.
Este intróito explica o que vou escrever. Fui à ante estreia do seu último filme, "A Bela e o Paparazzo". Só ele é que me arrastaria a um destes happenings em que luzes e passadeira vermelha fazem parte obrigatória do decor.
Um dos meus infantes, que adora cinema, mesmo a meio da discussão do Orçamento de Estado (O.E), com imenso esforço, também deu lá uma saltada. Mas fomos por separado, como é hábito, para evitar a foto familiar. Tanto eu como ele, fugimos de ser apanhados, em pose, juntos. O outro facilita mais. Para piorar este lado privadíssimo, um dos meus netos também entra no filme e... estava lá.
Enfim, uma verdadeira saga, recheada de surpresas e, sobretudo, de uma chuva de telefonemas para o infante por causa do malfadado O.E. Ou, dito de outro modo, um fita privada num filme público. É a minha vida...
Vamos ao último. É uma comédia deliciosa, tipicamente portuguesa, cheia de ritmo, com actores muito bons e muito bem dirigidos. É o retrato de uma certa geração que todos conhecemos e por quem o realizador mostra bastante compreensão e, até, ternura. Com Lisboa, lindíssima, em pano de fundo e numa excelente fotografia.
António Pedro sabe fazer filmes de que todos podemos gostar. Não os faz para um circuito fechado. E, não menos importante, sabe contar uma história. Sem jamais se colocar no pedestal do realizador de "filmes de autor". Felizmente. Vão ver porque se divertem muito e o cinema nacional merece!

HSC

O FMI e nós!

Nesta quarta feira o FMI, no seu relatório sobre a economia portuguesa, veio insistir na urgência de um "plano de correcção orçamental credível" se quisermos manter a nossa "credibilidade internacional, duramente conseguida", no tempo do meu querido amigo Êrnani Lopes, a quem tanto devo no meu começo no Banco de Portugal.
Esse plano terá de começar já este ano, se quisermos evitar maior deteriorização das contas públicas. Em 2009 a economia portuguesa foi duramente afectada pela crise mundial com uma contração do PIB que se estima de 2,9% e uma subida substancial do desemprego para 9,6%. Para 2010, apesar de alguns pequenos sinais encorajantes, o crescimento deve situar-se nos 0,5%. Ora se não forem tomadas novas medidas o deficite irá crescer neste ano, e só em 2013 é que poderá vir a situar-se nos 5 a 6%, mas com um ratio de dívida que atingirá 100% do PIB.
"Para atingir o objectivo do governo de situar em 2013, o deficite em 3%, seria necessário que este ano ele se mantivesse ao nível anterior". Para o FMI esta "correcção orçamental passa por uma redução das despesas correntes, em particular salários e ajudas sociais e por um aumento das receitas". De acordo com aquele organismo internacional uma subida do IVA pode ser, também, uma outra opção.
A receita do médico especialista está, portanto, dada. Falta optar pela medicação a seguir: genéricos ou produtos de marca, paliativos ou intervenção imediata. Cada cabeça, sua sentença. Sem maioria absoluta urge que o governo e uma oposição tão alargada quanto possível, encontrem opções. Mas que nos não matem. Porque há quem não morra da doença, mas morra da cura!

HSC

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Memórias de um leão

Creio já ter dito aqui que não faço parte daqueles que entronizam a família Kennedy. Mas reconheço que a saga desta gente é tudo menos banal.
No último L' Express vêm publicados excertos de um livro agora editado em França pela Alban Michel, sobre a vida de Edward, o mais novo dos irmãos. Ted, como era conhecido, seguiu as pegadas familiares e tornou-se uma figura emblemática do Partido Democrata, eleito pelo Massachusetts.
Morreu recentemente de um cancro e sem ter visto realizado um dos seus maiores sonhos: a adopção pelo Senado da reforma do "seguro de doença", permitindo que a maioria dos americanos beneficiasse, a partir deste ano, duma cobertura social.
O "enfant terrible" da dinastia Kennedy, amante dos prazeres que as mulheres e o vinho proporcionam veio, afinal, a revelar-se como um daqueles homens cujo destino fica, por si só, ligado a uma importante parte da história dos Estados Unidos do século passado. E isto, apesar dos seus valores - herdados do pai e do avô - terem uma notória influência europeia.
Mesmo para aqueles que, como eu, não apreciam o clã, é indicutível a qualidade dos excertos publicados, que permitem confirmar que a vida acaba sempre por valorizar aqueles que se não recusam a aprender a vivê-la.
Para quem se interesse por biografias é uma história aliciante. Ted levou mais de dezoito anos dedicados à escrita deste livro que, na edição original, tem o título "True Compass. A memoir"e cujos primeiros exemplares foram entregues, na sua casa, poucas horas depois do leão do Senado falecer. A sua leitura vale, francamente, a pena!

HSC

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um ano de Obama

Na entrevista que concedeu à sua apoiante Oprah, esse colosso da televisão americana, o actual Presidente dos EUA classificou-se com B+. Não pode dizer-se que seja humilde...
Passaram 365 dias sobre a sua nomeação. Independentemente do alto conceito em que ele próprio se tem, que podem os outros dizer dele? Não sou obamista. Por isso vou tentar ser realista.
Obama herdou uma guerra em duas frentes, uma economia em colapso e o prestígio do país profundamente abalado. A sua resposta à situação, que mobilzou dois milhões de pessoas ao Capitólio, foi ouvi-lo falar de esperança, com o seu célebre "Yes we can".
Mas os problemas não se resolvem com slogans e um ano decorrido Obama confronta-se com uma das mais baixas taxas de aprovação de presidentes americanos: ou seja, 50%.
Aconteceu o mesmo com Reagan. E não foi isso que o impediu de ganhar dois mandatos, nem tão pouco, de ser considerado um dos mais influentes presidentes smericanos.
Só que 2010 vai ser marcado pela próximas eleições para o Senado e o partido democrata está perder agressivamente terreno por causa do desemprego e do défice. Ora Obama "precisa" da maioria dos votos do Congresso para fazer passar as medidas que pretende levar a efeito. E, o que parecia fácil, devido à maioria democrata, pode vir a tornar-se um pesadelo. Porque é no seio do seu próprio partido que grassa a desilusão. Como um mal nunca vem só, os independentes - essa outra sua grande base -, estão também a desertar.
Obama vai ter vida dura nos próximos tempos e nem o Prémio Nobel - recebido um pouco inesperadamente - lhe vai facilitar a batalha. Quase arricaria dizer "pelo contrário".
É o que acontece quando colocamos as expectativas muito altas e nos consideramos excelentes...

HSC

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Muito triste!

Hoje, para variar, a martelada cabe ao Eurostat que, como se sabe, é o gabinete de Estatítica da União Europeia, que vem dizer que há cada vez mais jovens em risco de pobreza. De modo mais claro, 23 em cada 100 daqueles que têm até dezassete anos, vivem em condições de extrema precariedade. Esta precariedade é medida pela "taxa de risco de pobreza" que, sendo um conceito que pode variar de país para país tem, no entanto, como norma, tudo o que se situe abaixo dos 60% do rendimento médio, caculado consoante os adultos com ganha pão que vivem no agregado familiar e os dependentes.
O outro ponto terrível desta realidade é a pobreza entre os mais de 65 anos. Há dois anos o país tinha 22% de idosos nessa faixa. Embora a situação, com o complemento solidário para reformados se tenha atenuado, aquela taxa é ainda alta. Por outro lado, a pobreza entre os que trabalham está, entre nós, quatro pontos acima da média europeia, que é 8%.
Quando nos debruçamos sobre a privação de bens e serviços tidos como essenciais a uma vida digna, a taxa de carencia nacional é de 23% e a da média da Europa é de 17%. O que permite o retrato seguinte: 64% não tem dinheiro para pagar uma semana de férias fora de casa, 35% não tem dinheiro para manter a casa a uma temperatura razoável e no que respeita ao acesso a uma refeição de carne, frango, peixe ou o equivalente em vegetais, ingerida de dois em dois dias, Portugal situa-se nos 4% contra os 9% da Europa.
Já quanto à posse de carro, de modo surpreendente, estamos ao nível da taxa média europeia.
O Primeiro Ministro que, reconheço, teve preocupações solidárias, vai precisar de grande criatividade na busca de soluções para os jovens e os velhos. Porque, quer os que estão a começar, quer os que estão a acabar... precisam de amparo!

HSC

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Tempo

Não se assustem. Não é de desgraças climáticas ou da indefinição sazonal que vou falar. A baralhada entre o que, antes, se considerava serem as quatro estações do ano e o que elas são actualmente, já é de si, matéria reveladora das mutações por que o mundo está a passar.
Não. O meu post de hoje teve origem no comentário de uma jovem leitora deste blogue que, como estudante, referia as dificuldaes que tinha para gerir o tempo. Eu respondi ao comentário.
Mas considerei que valia a pena abordar o tema. Com efeito, se pararmos para pensar quais são os bens escassos mais importantes, diria que "ter tempo" é um deles, apesar de se considerar que a partir de certa idade "tempo é o que se tem mais...".
São expressões falaciosas como esta, que ditam o desprezo que se vota ao tempo e o apreço que, ao contrário, se dedica ao dinheiro.
A gestão do tempo é uma tarefa delicadíssima porque ela pressupõe vontade, definição de prioridades, destrinça entre privado e público e, sobretudo, capacidade de hierarquizar entre valores afectivos e valores materiais.
Na actualidade vive-se para trabalhar e não se trabalha para viver. O processo está todo inquinado porque, quando se trabalha, o que se procura é o dinheiro, a posição, os sinais exteriores de classe social. Logo, a pirâmede hierárquica fica invertida. Mais importante que tudo na vida, é ser-se feliz. Ou, pelo menos, procurar sê-lo. E isso implica disponibilidade temporal.
A voragem de uma vida dedicada totalmente ao trabalho, que anula ou retira importância ao lado afectivo, é humanamente estéril. Muito em particular quando o trabalho significa emprego e não a satisfação de uma vocação. Que é, infelizmente, o caso da maioria de nós!

HSC

domingo, 17 de janeiro de 2010

Nove

Neste fim de tarde de um Domingo pastoso, em que nada do que escrevi se aproveita, cedi ao convite filial - eles andam cheios de cuidados comigo, o que significa que vêm aí tempos difíceis para mim - e fui ao Londres ver o "Nine".
Um musical belíssimo com um naipe de actrizes de matar de inveja qualquer realizador, excepto Rob Marshall que o fez. O que mais me tocou no filme foi o ritmo, a cor e a fotografia. Para além, claro - e, talvez, o mais importante - do retrato de uma época que eu vivi intensa e gostosamente. Ter nascido cedo traz destas vantagens: poder-se comparar o que fomos com o que somos. Como musical que é, não tem um roteiro "engagé". Aliás - e cada vez mais -, os filmes de autor, egocêntricos e destinados a uma pequena minoria que sobre eles filosofa, cansam-me extraordinariamente, hoje em dia.
"Nove" é uma homenagem a Fellini e o título é uma forma de continuação do seu "8 1/2" que, julgo, ninguém esquecerá. Portanto, estão lá todos os ingredientes para obter um bom resultado, no pano de fundo dessa terra magnífica, que é a Itália.
E o actor principal, Daniel Day Lewis, que me irritava bastante, conseguiu, em homem torturado, insano e cheio de talento, conciliar-me com ele.
Afinal, o Domingo improdutivo, sempre permitiu este post. Podia ser pior!

HSC

O meu padre

"...Não podemos continuar como se nada tivesse acontecido. A crise não se afronta com lamento ou passivismo, encomendando ao tempo o que requer consciência lúcida e vontade decidida. Partiram-se, quebraram-se os modelos presbiteriais do passado"... " O amanhã não será a continuação pacífica do ontém."

... Importa perceber com sagacidade e sensibilidade o decurso da história, em conexão com o dinamismo da Igreja que nasce da sua auto-compreensão para dentro e da sua projecção para fora. Seria erro impôr uma espiritualidade de modelo único, sinal de pobreza, prova de impermeabilidade ao mistério e ao dinamismo histórico e desrespeito pela criatividade de cada pessoa. A pluralidade não vem da pressão da moda, mas de fidelidade esclarecida devido à cultura em que se situa, evolução social e religiosa que o rodeia. Urge a vida. A imagem sairá de dentro da alma do padre posto a trabalhar e brotará como dom de Deus. É a atitude pastoral que produz estilos.
Prefiro um padre neio atrapalhado com a dificuldade de fazer cristalizar os dados sólidos que a Teologia oferece sobre a sua vocação do que a figura de quem executa a lição aprendida. Os melhores mestres - os místicos - foram sempre parcos em assimilar caminhos e pródigos em despertar atitudes pessoais"


(Excerto final da crónica " A imagem do Padre" de D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa, publicada na passada semana no Correio da Manhã)


Muito poucas vezes terei visto retratado de modo tão claro o que pretendo deva ser a imagem de um padre dos nossos dias. Foi essa a razão que me levou a publicar este post.


HSC

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Empréstimo a Portugal

Hoje, na sua crónica no Correio da Manhã, o Prof. Medeiros Ferreira lança uma ideia que já me tinha ocorrido e da qual só tinha falado com um dos meus filhos. Parece ter chegado a altura de secundar, noutros moldes, a ideia daquele socialista.
Como se sabe não distingo partidos, quando se trata do bem do meu país . Apenas considero ideias - não ideologias - e pessoas. Feito este intróito explico o conceito.
Portugal é, há anos, um bom cumpridor no pagamento da sua dívida externa. A actual situação de crise e as notações financeiras recentes, estão a tornar mais difíceis o cumprimento daquelas obrigações.
Os "certificados de tesouro" - uma forma de dívida pública - não correram bem, porque o Estado, injustamente, alterou as condições estabelecidas com os subscritores e estes fugiram para outras aplicações mais rentáveis. Com toda a razão e todo direito, aliás.
Mas se hover um compromisso firme e garantido de não existirem a meio do percurso preversões, julgo que se poderia criar um esquema de empréstimo público a Portugal - não à República, como refere Medeiros Ferreira - que permitisse ao país aliciar as poupanças que estão a fugir e financiar-se em condições mais favoráveis do que as que tem no estrangeiro.
De certo nenhum membro do governo lê estas linhas. Mas a ideia está lançada.
No meu caso pessoal e nos conselhos que dou a terceiros, se me derem garantias firmes, estou disposta a emprestar a Portugal. E só a ele. Porque o Estado, esse, não é pessoa de bem!

HSC

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

" As Mortes"...

Depois de, no dia de ontem, os portugueses terem exultado com a notícia de que o Banco Central corrigira em alta as suas anteriores previsões, eu fiquei nas minhas tamanquinhas - por acaso até são bem janotas -, porque já não seria a primeira vez que, dias depois, surgiria uma nova correcção, em baixa. Aliás, em vésperas de orçamentos, há sempre umas revisõeszinhas para animar o pessoal mais deprimido. Pode ser coincidência, claro! Mas na dúvida eu fiquei à espera. Fiz bem.
Porque, eis que, no mesmo dia, um pouco mais tarde, a Agência de rating Moody´s - que aqui já tenho referido várias vezes - resolveu refrear as nossas suaves alegrias, com um alerta de que "a economia corre risco de uma morte lenta" devido à necessidade do país reservar uma maior parcela da sua riqueza - qual, pergunto eu? - ao pagamento da sua dívida e ao prémio que, hoje, os investidores estão a pedir para manter as obrigações nacionais, e que atinge o dobro do que era há dois anos.
De forma simpática aquela agencia esclarece que Portugal e a Grécia - belo dueto! - não correm o perigo de "morte súbita" - muito simpáticos, convenhamos - mas, dizem, a lenta está garantida, se não houver equilíbrio das contas públicas, aumento de competitividade e... subida de impostos!
A agência de notação de risco está, portanto, à espera do próximo Orçamento Estado para decidir se faz ou não o downgrade da dívida de Portugal. Se tal se verificar, ficam à vista as dificuldades que iremos encontrar nas condições do nosso financiamento externo. Tudo belas notícias!

HSC




































terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Tony Blair

Prometi que faria este post. Aqui se explica porque a figura do estadista não me cativa. Não entro em pormenores. Sirvo-me apenas de notícias vindas nos jornais. Mas que não foram desmentidas. E da foto... como se vê!
Depois de deixar Downnig Street, sabe-se que a vida tem corrido bem a Blair. De facto, tornou-se no que hoje apelidamos de "lobbysta" - sem desprimor nem para a função nem para o profissional, porque cada um dedica-se ao que faz melhor - do banco JP Morgan e conselheiro da seguradora Zurich.
A última novidade será a sua muito possível contratação pela marca Louis Vuitton onde o salário, caso se chegue a acordo contratual, será de seis algarismos. Para ajudar, claro, a vender os produtos ditos de luxo.
Não uso argumentos moralistas relativamente aos empregos que os decisores políticos tenham após abandonar os cargos que ocuparam. Mas julgo que deve haver alguma decência nessas opções. Não é por acaso que certas empresas exigem um período de carência laboral no sector onde se deixa de trabalhar. Cá como em qualquer outra parte do mundo.
Ora o antigo PM britânico já fora alvo de críticas, enquanto exercia o cargo, pelas suas relações pessoais com Bernard Arnault, considerado o homem mais rico de França e o maior accionista da Vuitton. Com efeito, o relacionamento era tão próximo que, não só haviam passado, por duas vezes, férias familiares conjuntas, como os filhos de Blair teriam beneficiado, a diversos níveis dessa amizade.
A meu ver, o aspecto mais delicado desta situação não provém do facto de um daqueles períodos de férias ter decorrido na casa de campo oficial do PM inglês em Chequers, em 2003. Ou, de Blair se ter alojado, durante os Jogos Olimpicos de Pequim, em 2008, no iate do milionário.
O aspecto mais delicado desta amizade parece terem sido as benesses concedidas aos filhos de Blair, entre as quais se fala da oferta de um apartamento. Verdade? Mentira? Parece que, até agora, ninguém terá desmentido.
Se tudo isto for autêntico, poderia levantar-se a eventual questão de um conflito de interesses. Mas esta é matéria que só aos ingleses compete deslindar. Blair foi sempre um político polémico, mas foi eleito sem enganar ninguém.
Se aqui falo do caso é porque julgo que os políticos - para o bem e para o mal - são sujeitos a um escrutínio feroz. Que até arrasta nalguns casos, pessoas que nada têm que ver com as suas opções profissionais ou partidárias. E, nesta matéria, azar o meu, sei do que falo.
Parece, afinal, que ser político - de esquerda, centro, ou direita - em Inglaterra, não será isento de benefícios. Mesmo quando se cometem asneiras. Ou, quem sabe, mesmo por causa delas!

HSC

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O ano começa bem...

Hoje, que era dia de ir à SIC, dei-me ao luxo de olhar vários jornais. Bem sei que em diagonal. Mas, mesmo assim, fiquei logo com uma ideia do que é a felicidade em Portugal. Exemplifico.
Diário de Notícias - Etarra detida em Foz de Côa era das mais procuradas;
Tony Blair a vender malas Vuitton é "incesto".
Correio da Manhã - Função Pública: Directores Gerais investigados;
Clinton acusado de nova traição.
Publico - Governo vai corrigir erros e lacunas na reforma penal de há dois anos;
PS admite "retocar" artigo da adopção no casamento gay.
Jornal de Notícias - Explosivos da ETA passaram por esconderijo em Portugal;
16 Hospitais não cumprem mínimo para ter Oncologia.
Jornal i - Os juros vão subir pouco em 2010 e 2011;
Luanda: insegurança não assusta portugueses.
Diário Económico - Brasileiros acusam Cimpor de ignorar pequenos accionistas;
CMVM quer fim de pagamento a maus gestores.
Jornal de Negócios - Socrates impõe corte entre 10% a 15% no investimento do Estado;
Estado poupa 28% por cada trabalhador em lay off.

Que tal o panorama lusitano se todos os títulos forem verdadeiros? Por mim, como sou uma criatura com humor, prometo que dedicarei o próximo post ao "incesto financeiro" do senhor Blair, cujo sorriso sempre me pareceu um anúncio a pasta dentífrica. Não me enganei muito. Afinal são malas, senhores...

HSC

domingo, 10 de janeiro de 2010

Uma tarde chuvosa de Domingo...

Depois de um sábado fabuloso, a rir entre amigos, em Alcácer do Sal num dia em que o Sol entrava por tudo o que era janela e, uma das convidadas, a Alice do Procópio, estava no seu melhor, eis-me chegada a Lisboa com um Domingo desesperante. O cardápio era à escolha: ou chuva intensa ou neve!
Resolvi aceitar o convite empenhado de um dos meus filhos para ir ver o Avatar a três dimensões. Mas, como nesta família- excepto eu que sou pontualíssima-, ninguém respeita horários, quando o infante chegou o filme já havia começado. Exerci autoridade materna e recusei entrar. Filho diligente e com prática política, fez viragem de ampulheta e, relevando os elogios dos críticos, enfiou-me no Londres, para ver a Estrela Cintilante. Acrescentando que a realização era de Jane Campion cuja obra, sabe, é do meu apreço.
Belo sem dúvida. Lentíssimo. História de amor dramática com tuberculose e tudo. Campos ingleses e paisagens magníficas. Enfim, romantismo impróprio para criaturas que levam a semana a trabalhar no duro. Na sala dez pessoas...
É, nada mais nada menos, a história de amor do poeta inglês John Keats que morreu tísico aos 23 anos e que só tardiamente foi descoberto e devidamente apreciado.
Enfim, assisti a um filme de qualidade, interpretações de excelência, uma realização impecável, mas...mas uma "estória" tão deprimente que só a chuva a conseguiu suplantar.
Ele há Domingos em que devia ser proibido às mães seguirem sugestões filiais!

HSC

sábado, 9 de janeiro de 2010

Desacordo ortográfico...

Entrou em vigor o Acordo Ortográfico. Vai ser difícil habituar-me e creio que teremos algumas trapalhadas. Que nos farão rir, de certo - sou uma "otimista"- e levo tudo pelo lado melhor. O de rir, porque o humor genuíno, mata...
Por aqui vai, portanto, continuar a escrever-se mal. Até que eu me convença da necessidade e da possibilidade de introduzir no meu PC - não o partido, claro, que não é meu - o novo dicionário. Para já preciso de saber se papai, mamãe, cadê, fila, vitrine, bolsa, sítio, camisola, tou não, têm cá o mesmo significado que no Brasil. Alguém dá uma ajuda, tá? Díficil, né?

HSC

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Quantas vezes?

"...Isto a propósito de um certo encanto por Cor do textoquem nos ilumina, e que, sobre Joyce Carol Oates, escreveu José Abreu d' O Escafandro " thank you for all the things you do even when you don't know you're doing them".

Trancrevo esta frase com que, hoje, a Margarida do blog CRIATIVEMO-NOS termina o seu post em que, por sua vez, transcreve um texto de João Pereira Coutinho, cronista de quem gosto bastante, pese embora algumas divergências. Aliás, saudáveis, porque pertencemos a gerações diferentes e mau seria, para ambos, se pensássemos o mesmo...
Mas é sobre a frase "obrigado por todas as coisas que tu fazes, mesmo quando não sabes que as estás a fazer" que quero falar hoje.
Quantas vezes não terei eu pensado isto? A quantas pessoas eu não estou grata por terem cruzado o meu caminho, sem que elas, sequer, o saibam ? Quantas pessoas não encontrei, por escassos momentos na minha vida, às quais estarei para sempre grata, por me terem mostrado rotas que não conhecia? Quantas me magoaram mas, por isso, me fortaleceram? Quantas, por injustiças cometidas, me tornaram mais justa? Quantas me ensinaram a amar sem que, à época, eu me tivesse dado conta disso? Quantas nem por mim deram e, a essa ignorância, devo alguma humildade? De quantos bocados de todas estas almas não serei eu, hoje, feita? De muitos, certamente. Gente que nem sequer sonha quantas vezes, num agradecimento sincero, relembro tudo o que me ensinaram, fosse por vontade ou por ausência dela?
Obrigada Margarida por, indirectamente, mo ter lembrado e mo ter feito partilhar!

HSC

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

E nós por cá?

O presidente Sarkozy havia prometido aos franceses que o plano de salvamento da banca não lhes custaria nada. O que não surpreende no discurso de um político. Afirmações como esta tornaram-se "o pão nosso de cada dia", são feitas múltiplas vezes e, infelizmente, já ninguém reage... ou pede contas. Nesta crise o medo do garrote da banca e da falência do sistema financeiro chegou, mesmo, a obrigar a muito mais!
Mas desta feita Sarkozy conseguiu surpreender. Acabou hoje de informar que o Estado francês arrecadou dois mil milhões de euros de juros com os empréstimos concedidos às instituições de crédito na sequência do sub-prime, e que este montante irá ser aplicado em medidas sociais e investimentos para o futuro.
Salientou, ainda, que a França foi dos países que melhor superou as dificuldades financeiras, como revela o crescimento verificado na economia nos últimos seis meses. E também a subida do poder de compra em 2009, ao arrepio do que aconteceu nos restantes países europeus.
Reafirmou, igualmente, que manterá o plano de uma entrada por cada dois funcionários públicos que sairem, medida que lhe permitiu reduzir em cem mil os trabalhadores da administração francesa e foi crucial para a actual situação económica do país.
Finalmente, reiterou a a sua posição de não aumentar os impostos que, situando-se sete pontos acima da Alemanha, são o maior entrave à competividade francesa.
Em Portugal, onde tanto se fala de transparência, seria muito interessante saber "se" e "quanto" o Estado português terá arrecadado com o dinheiro que injectou na nossa banca. Para quando essa informação num país tão democrático?

HSC



quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A triste solidão e a pobreza envergonhada

Leio nos jornais e oiço no noticiário. A triste realidade está aí. Existem quinze mil idosos à espera de um lugar num lar e há um milhão e trezentos e cinquenta mil que vivem com uma pensão mínima que não atinge os 420 euros. A juntar ao rol o país regista, anualmente, setecentos funerais para indigentes.
O Banco Alimentar Contra a Fome alimenta e apoia quase cem mil idosos, através de cabazes mensais ou refeições servidas nas instituições.
Por outro lado estão a surgir os chamados "novos pobres" que ainda têm casa para viver, mas cujos donos não têm dinheiro para comer. Estes, que outrora constituiram uma classe média, talvez baixa, talvez remediada, que vivia do seu trabalho, passou ao grupo daqueles que tendo perdido o emprego, não perderam a vergonha. O que faz com que nem amigos nem familiares saibam da miséria que atravessam. Pertencem ao grupo dos pobres envergonhados.
Fico gelada enquanto ser humano e, pior, enquanto economista face a este quadro deprimente.
Sento-me à mesa onde não tenho luxos, mas tenho o suficiente. Há quem se sente e seja servido de iguarias. Há quem tenha lucros e não reparta. Há quem governe e não "obrigue" quem tem muito, a dispensar um pouco desse muito, para que os que nada têm possam ter alguma coisa. Há quem nem sequer saiba o que é a palavra solidariedade.
O que é que nos aconteceu? Em que país vivemos nós? Que governos permitiram que isto fosse sucedendo? Quem tolera tudo isto? Quem os salva?
Antes, a ditadura escondia. Hoje, a democracia mostra. Mas com 35 anos deste regime, que fazem os democratas responsáveis para resolver o que agora está à vista?!

HSC

Para rir

Sou uma pessoa contida nos gastos. Fui educada com esse rigor e a família ri-se de mim por considerar que sou forreta numas coisas e perdulária noutras. É verdade.
Uma das minhas loucuras são os livros. Mas, como as editoras me tratam bem, a conta fica aliviada no que a romances respeita. Mas os "canhanhos" de política, economia, sociologia e história? E as gramáticas, as enciclopédias e os dicionários, numa língua em permanente evolução? Cadê, como diriam os nossos irmãos brasileiros?
Ora bem. O tema, hoje, foi-me suscitado por um texto do nosso Embaixador em França que, num post, utilizou uma expressão que deu origem a vários comentários, inclusivé um meu.
Perante a dúvida que a dita suscitou, atirei-me ao velho Candido de Figueiredo, que era o que estava mais à mão. A dita, em lugar de ser esclarecida, alargou-se. Foi então que deitei mão a um dos meus 18 volumes do Houaiss que comprara precindindo, durante meses, de uma série de pequenas loucuras que dão côr à vida de qualquer mulher.
Mas, suprema vitória, lá estava a palavra e a confirmação da correcta interpretação que eu lhe havia dado. Soltei uma enorme gargalhada e, altas horas, telefonei a um dos meus infantes a contar a facécia e a discursar sobre o valor da cultura e dos benefícios que os gastos que ela arrasta, sempre comportam...
Do outro lado do fio um riso sonoro lembrava-me que eu só era forreta... com os vícios!

HSC

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A copiar?

Ninguém ignora o descrédito em que se encontra a classe política. Cá como nalguns outros países. E também todos sabemos que as cúpulas partidárias gostam pouco de ver reduzido o seu poder.
Pois bem, em Espanha, no inquérito do CIS - Centro de Investigaciones Sociológicas -, a desconfiança dos cidadãos acerca dos políticos maifestou-se de forma tão expressiva e demolidora, que o Presidente do Congresso dos Deputados, José Bono, numa entrevista concedida ontém ao jornal EL MUNDO, afirma que a credibilidade da classe vai ter de passar por uma mudança no sistema eleitoral, de modo a que os elegíveis passem a dever menos às cúpulas dos partidos e mais ao seu eleitorado.
Ou seja, Bono defende um sistema misto que combine o actual com a eleição por distritos uninominais. O saneamento político passaria, assim, por listas abertas, nas quais se forja uma relação mais directa entre eleitos e eleitores.
Este método vigora no Reino Unido e tem apresentado resultados muito positivos. Por mim, confesso a minha simpatia pelo modelo - que permitiria combinar listas nacionais e distritos uninominais -, porque acredito que, no dia em que os políticos saibam que os seus actos dependem mais dos eleitores do que das cúpulas partidárias, se deu um passo importante para devolver à sua classe, o prestígio que ela nunca devia ter deixado perecer.
O que quererá dizer que, se a sugestão for seguida, "para se ser eleito deputado será mais importante agradar a quem vota as candidaturas do que a quem as prepara". Nem mais!

H.S.C

Desacordo ortográfico...

Entrou em vigor o Acordo Ortográfico. Vai demorar tempo até que me habitue. E vamos passar a ter grandes trapalhadas. Por aqui vai, portanto, continuar a escrever-se mal. Até que eu consiga adaptar-me e meter no meu PC - não no partido - os novos termos. Para já, temos papai, mamãe, cadê, fila, vitrine, bolsa, sítio, camisola, tou não, que preciso saber se têm cá o mesmo significado que no Brasil. Alguém me ajuda, tá? É dificil, né?

HSC

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Obrigações

O Presidente da República falou. Estive atenta. As interpretações partidárias e as tricas imediatas daí decorrentes, não me interessam minimamente.
Mas interessa-me uma passagem discreta do discurso que, de certo, ninguém vai referir e que menciona o papel que a banca no futuro "tem" que ter. O da sua obrigação social. Isso mesmo.
Esta crise começou com eles. Os seus lucros não diminuiram. Até aumentaram. É a vez de se lhes exigir que cumpram, por uma vez, a sua função em prol de todos nós .
E que, em lugar de se virem pedir mais sacrifícios - incomportáveis e asfixiantes -, aos contribuintes se "imponha" às instituições de crédito que saldem a sua dívida para com a sociedade que neles confiou. Retribuindo. Repartindo. Resolvendo. Facilitando. Enfim, compensando todos daquilo que cada um nos ajudou a perder: a confiança.
É tempo do governo começar a pensar no modo de o conseguir. E de o fazer cumprir. Sem demoras.

HSC

Já foi

Ufa! Já acabou 2009.
Para mim, um ano com três eleições já seria algo semelhante a um pesadelo. Mas, além disso, perdi nele amigos queridos. Portanto, deixei-o sem tristeza, pese embora desconfie que aquele em que entrámos nos vai, ainda, trazer algumas surpresas.
Estive em casa de amigos, comi doze passas com lista de pedidos a cada badalada e subi a um sofá com uma nota de 100 euros numa mão e a taça de champanhe na outra. Tudo, como se vê no maior paganismo... Mas ri e muito com os telefonemas que os filhos me fizeram. E amanhã parto para os braços dos netos.
Sempre defendi que Natal é para a Família, mas passagem de ano é para os amigos. E, mais uma vez foi o que fiz. Com o apoio deles que venha, então, 2010!

HSC