sábado, 31 de maio de 2025

Carta para uma versão antiga de mim

Olá Helena!
Há bastante tempo que não nos falamos.
Talvez porque eu tenha passado os últimos anos, a tentar esquecer-te… ou, quem sabe, a tentar perdoar-te.

Sei que fizeste o que pudeste
Mesmo quando parecias não saber por onde ir, tu seguiste.
Tinhas medo, mas não paravas. Choravas escondida, e no dia seguinte sorrias como se estivesse tudo bem.
Eu lembro. Eu vi.

Às vezes, dou comigo a recordar coisas em que eu acreditava tanto.
Dos sonhos que hoje parecem ingénuos,
das pessoas que amei demais,
das vezes que me calei por medo de perder, ou de não ser suficiente.

Queria dizer-te que não falhaste.
Que o que parecia fraqueza era só cuidado demais, com o outro.
Que os erros que temes até hoje, foram, na verdade, tentativas sinceras de acertar.

Eu cresci.
Mudei tanto que, às vezes, nem sei mais quem sou.
Mas existem pedaços teus, aqui no meu jeito de sentir, na minha sensibilidade disfarçada, na minha força quieta.
Tu me ensinaste tudo isso, sem sequer perceber.

Se pudesse, hoje, eu te abraçaria.
Dir-te-ia que vai ficar tudo bem.

Não por magia, mas por esforço verdadeiro.
Vai doer. Vai cansar. Mas vai passar.
E tu vais ser alguém de quem te podes orgulhar.

Com carinho,
a Helena atual

MÃOS PEQUENAS, CORAÇÃO GRANDE

Já no top de vendas das livrarias.

2 comentários:

Anónimo disse...

🌻🌻🌻

Pedro Coimbra disse...

Tenho essa sensação tantas vezes!
Parece que houve uma pessoa muito diferente a viver metade da minha vida.
E afinal era eu.
Muito mais magro, mais ingénuo e muito mais infeliz.