sexta-feira, 9 de maio de 2025

GOSTAR DE SI


Gostar de si próprio é uma jornada silenciosa e muitas vezes solitária, onde as palavras se tornam um sussurro interno que ecoa mais alto do que qualquer elogio externo. É olhar no espelho e, pela primeira vez, ver algo além das imperfeições e falhas, algo além do reflexo que a sociedade molda e cobra. É perceber que, por mais que o mundo exija ser mais, fazer mais, conquistar mais, a única exigência verdadeira, é ser fiel ao que se é, com todas as suas complexidades e sutilezas.

Gostar de si próprio não é sinónimo de perfeição. Não se trata de uma aceitação cega das nossas falhas, mas sim da coragem de reconhecê-las sem julgamento. É entender que, às vezes, falhamos, mas isso não diminui a nossa essência. Esse gostar de si é um processo constante de aprendizagem, onde a auto compaixão se torna a chave para aliviar a dureza da autocrítica, e a empatia consigo mesmo se torna o alicerce para uma vida mais leve e mais verdadeira.

Quando se começa a gostar de si próprio, descobre-se que o amor-próprio não é egoísmo, mas um requisito essencial para que se possa dar ao outro o melhor de nós. Só quem tem uma relação saudável consigo mesmo pode nutrir relações genuínas com os outros. Esse amor, tão discreto quanto forte, não exige aplausos, nem reconhecimento externo. Ele cresce nas pequenas atitudes diárias – num sorriso sincero ao acordar, numa pausa para respirar, num gesto de carinho consigo mesmo, quando ninguém está olhando.

Gostar de si próprio é permitir- ser, sem pressa de se transformar em algo que se acredita dever ser. É abraçar-se nos momentos de vulnerabilidade e ver a beleza que há naquilo que é imperfeito. É ser o próprio refúgio, a própria casa onde se encontra a paz, mesmo quando o mundo lá fora parece um caos. E talvez, no fim, gostando de si, descubra que o mais importante não é ser aceito pelos outros, mas sentir-se em paz com quem se é.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ervilhas de cheiro
:-)

Pedro Coimbra disse...

Fui aprendendo a gostar de mim com o passar do tempo.
A vinda para Macau, a minha mulher, as minhas filhas, fizeram-me gostar muito mais de mim próprio.