Há algo em nós que observa tudo. Não fala alto, mas está
sempre lá — um sussurro que escuta, que sente, que pesa. A consciência. Essa
presença íntima, quase invisível, que mora entre o que somos e o que mostramos.
Ela desperta no silêncio dos nossos pensamentos, nas pausas
entre as decisões, na dúvida antes da palavra dita ou escrita. Às vezes parece
leve, como um afago que nos guia com ternura. Noutras, pesa como pedra no
peito, lembrando-nos do que tentamos esquecer ou fingir que não vemos. A
consciência não se cala facilmente. Ela insiste. Espera. Persiste.
É aquela voz que não engana, mesmo quando tudo ao redor
parece justificar os nossos deslizes. Ela não julga — apenas mostra. Ilumina
aquilo que preferiríamos deixar no escuro. E, nessa luz, temos duas escolhas:
encarar ou fugir. Mas fugir da consciência é tentar escapar de si. E ninguém
consegue correr da própria sombra.
Há momentos em que ela nos salva. Quando tudo parece ruir, é
a consciência que nos reconecta ao que é verdadeiro. Ela sabe o que, lá no
fundo, já sabíamos. Ela não precisa de provas, nem de testemunhas. Basta
existir.
Ser consciente não é estar certo o tempo todo. É ter coragem
de olhar para dentro, mesmo quando dói. É aceitar que somos imperfeitos, mas
ainda assim responsáveis. É fazer perguntas difíceis, mesmo sem garantia de
resposta.
A consciência é o espelho mais honesto. E talvez, por isso,
seja também o mais temido. Mas é nela que mora a liberdade — não a liberdade de
fazer tudo, mas a de ser inteiro. De viver em paz com aquilo que ninguém vê,
mas que sabemos. E saber, às vezes, é tudo.
3 comentários:
Dificilmente encontraria um post tao bem escrito.Nele está tudo.Uma reflexão,uma descrição,um ir ao fundo.Ter a capacidade de nos por a nu e perceber o verdadeiro âmago de nós próprios e do que nos rodeia.Os meus mais sinceros parabéns!Soube ter o poder de nos fazer encontrar muita coisa que já suspeitávamos,mas não saberíamos expressar por palavras.Mais uma vez parabéns!Continue a brindar nos com as suas pérolas
Golden Lady
You are a Masterpiece
Ghost
Tantas vezes incómoda e por isso mesmo tão essencial.
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