quinta-feira, 26 de junho de 2025

O Novo Jet Set

Durante boa parte do século XX, o termo "jet set" era usado para descrever uma elite internacional de ricos e famosos, que cruzavam o globo em jatos particulares, frequentando festas exclusivas, resorts de luxo e eventos badalados. Era um grupo reconhecido pelo glamour, pela ostentação e pelo estilo de vida inatingível, muitas vezes imortalizada por revistas e colunas sociais.

Hoje, o "novo jet set" é configurado de forma bastante diferente, mais digital, mais influente e, em certos aspetos, mais acessível (ou, aparentando ser). O novo jet set é composto por uma elite global que não se define apenas pelo dinheiro, mas pelo alcance, pela relevância e pela capacidade de moldar narrativas no mundo digital. Influenciadores, empreendedores de tecnologia, artistas de media, criadores de conteúdos, e até mesmo nómadas digitais com grandes audiências, formam esta nova constelação de poder. Podem não ter heranças milionárias, mas têm seguidores, influência cultural e visibilidade transnacional.

Enquanto o jet set clássico exibia status por meio de consumo e presença em espaços exclusivos, o novo jet set valoriza experiências, liberdade geográfica e capital simbólico. Estão menos nos salões de gala e mais nas conferências globais, em retiros de bem-estar em Bali, ou documentando as suas rotinas em Tóquio, Lisboa ou Dubai. Não é raro que sua vida pareça simultaneamente distante e íntima. As suas viagens são compartilhadas em tempo real, os seus pensamentos estão em podcasts, os seus negócios são discutidos no X (Twitter), e a sua estética molda tendências mundiais via Instagram ou TikTok.

Contudo, essa nova elite também enfrenta críticas. A aparente informalidade e autenticidade mascaram, muitas vezes, estruturas de privilégio e exclusão, similares às do antigo jet set. Além disso, o culto da produtividade, da performance e do "lifestyle" perfeito, podem gerar pressões psicológicas tanto para quem consome como para quem produz essa imagem. A desigualdade continua presente, apenas mais camuflada sob filtros e narrativas de meritocracia digital.

O novo jet set representa, assim, uma transformação no imaginário de sucesso e mobilidade global. É menos sobre luxo explícito e mais sobre acesso simbólico, influência cultural e presença digital. Ainda assim, agora, há uma elite que se mantém, não apenas nas primeiras classes dos aviões, mas nos algoritmos, nas tendências e no imaginário coletivo.

 

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Um montão de cabotinos e lambisgóias para não levar minimamente a sério.
Tenha um excelente fim-de-semana