quarta-feira, 4 de junho de 2025

A CULTURA DO CANSAÇO

Vivemos numa era em que o cansaço se tornou rotina e estar constantemente ocupado é quase um troféu. A cultura do cansaço, como a define o filósofo sul-coreano Byung-Chul-Han, é marcada pela exaustão silenciosa de indivíduos que, sob a lógica neoliberal, se transformam em empreendedores de si mesmos. O descanso, antes sinal de equilíbrio, hoje é, muitas vezes, visto como preguiça, improdutividade, ou até fracasso.

Ser ocupado, tornou-se símbolo de importância. Frases como “não tenho tempo para nada” ou “mal consigo dormir” ganharam status de medalhas honorárias. As redes sociais reforçam este fenómeno, onde o excesso de compromissos é exibido com orgulho. O tempo livre, por outro lado, é quase um tabu, algo que precisa ser “preenchido” com mais tarefas, projetos ou metas pessoais.

Esta constante aceleração gera não só fadiga física, mas um esgotamento mental profundo. Perdemos a capacidade de simplesmente não fazer nada, de contemplar, de pausar. O descanso tornou-se algo, que precisa ser justificado. E isso afasta-nos de nós próprios.

É urgente repensar este modelo. O valor de uma pessoa não deveria estar atrelado à sua produtividade. Precisamos resgatar o direito ao ócio, ao tédio criativo, ao descanso, como forma legítima de cuidado pessoal. Desacelerar não é fracassar, é resistir.

 

MÃOS PEQUENAS, CORAÇÃO GRANDE

Já no top de vendas das livrarias.

 

2 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Todos os dias tenho o meu tempo.
O meu repouso, a minha pausa.
Essenciais para não viver e morrer demasiado depressa.

Anónimo disse...

🌻