Não houve
mapa.
Nem bússola.
Apenas um cansaço antigo,
desses que não se cura com sono.
Era um peso sem nome,
um vazio que morava atrás do riso.
E um dia,
sem anúncio nem despedida,
comecei a caminhar para dentro.
Não sei dizer se fui por vontade, ou por falta de escolha.
Só sei que fui.
Fechei os olhos e fui.
Lá dentro,
encontrei paisagens que ninguém vê,
ruínas de promessas, jardins de lembranças,
estradas feitas de perguntas que nunca fiz em voz alta.
Encontrei também vozes antigas — algumas minhas, outras herdadas
que diziam quem eu deveria ser,
mas que já não me serviam como antes.
Havia
silêncio.
Mas era um silêncio que falava.
E eu escutei.
Escutei o que sempre esteve ali, abafado pelo barulho do mundo.
Escutei o meu medo com atenção de mãe,
minha raiva com o cuidado de um jardineiro,
meus sonhos com a ternura de quem reencontra um velho amigo.
Chorei.
Sorri. Perdoei-me.
Caminhei por memórias que ainda doíam,
e outras que brilhavam feitas farol em noite escura.
Nessa
peregrinação, descobri que não era preciso chegar a lugar nenhum. Era só uma
questão de estar. De ser. De me encontrar nas partes que eu mesma havia deixado
para trás.
E quando
voltei,
ou talvez nem tenha voltado,
porque nunca mais fui a mesma,
trouxe comigo algo que não tem nome,
mas que cabe inteiro no peito.
Talvez paz.
Talvez inteireza.
Talvez só um leve entendimento de mim.
2 comentários:
🌻
Uma viagem que para muitos pode ser um absoluto horror.
Enviar um comentário