terça-feira, 8 de outubro de 2024

DIZER NÃO COM VONTADE DE DIZER SIM

Dizer "não" quando a vontade interna é de dizer "sim", constitui uma experiência que envolve conflito entre desejo e razão. Isto pode acontecer por várias razões, como medo de rejeição, pressão social, necessidade de agradar aos outros ou, mesmo, o entendimento de que o "sim" seria prejudicial a longo prazo, apesar do desejo imediato.

Esse tipo de conflito revela uma luta interna entre os sentimentos e o sentido de responsabilidade ou autocontrole. Muitas vezes, dizemos "não" para preservar os nossos limites, manter a nossa integridade ou cumprir compromissos, mesmo que o desejo profundo seja o oposto.

Quando se deseja algo, mas nos sentimos presos por dizer "não", por dentro é como um turbilhão de sensações contraditórias. Às vezes é aquele momento em que o corpo já deu todos os sinais de que quer, de que deseja estar mais próximo, de que a conexão é o que falta para fechar a lacuna entre nós e a outra pessoa. Mas a mente interfere. Ela traz todas as dúvidas, as inseguranças, os medos.

Podemos estar ali, ao lado de alguém, sentindo que o mundo poderia parar naquele instante e que só o toque, o olhar, ou até mesmo o silêncio compartilhado, poderia fazer-nos sentir completos. No entanto, dizemos "não" — talvez por medo de como a outra pessoa vai reagir ou por um receio de estar indo rápido demais.

Por fora, pode parecer firme, uma decisão concreta, mas por dentro é como segurar uma maré que nos quer arrastar. Esse "não" vem com um gosto amargo, porque o "sim" está-nos sufocando por dentro. A pele pode até arrepiar ao imaginar o que poderia acontecer se simplesmente disséssemos o que queremos. Mas, ao mesmo tempo, “aquela ponta de orgulho”, que todos conhecemos, soa que admitir o desejo é uma derrota, uma perda de controle sobre quem somos.

Esse dilema entre o desejo e a autoproteção é algo muito real, algo que todos nós já sentimos em algum nível. É como se disséssemos "não" para evitar o possível desconforto de sermos vulneráveis. Mas, com isso também nos privamos do prazer, da conexão, daquilo que poderia ter sido um momento de intimidade profunda.

Esses sentimentos de tensão, vulnerabilidade e desejo são, afinal, parte do que significa ser humano!

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