Dizer "não" quando a
vontade interna é de dizer "sim", constitui uma experiência que
envolve conflito entre desejo e razão. Isto pode acontecer por várias razões,
como medo de rejeição, pressão social, necessidade de agradar aos outros ou,
mesmo, o entendimento de que o "sim" seria prejudicial a longo prazo,
apesar do desejo imediato.
Esse tipo de conflito revela
uma luta interna entre os sentimentos e o sentido de responsabilidade ou
autocontrole. Muitas vezes, dizemos "não" para preservar os nossos
limites, manter a nossa integridade ou cumprir compromissos, mesmo que o desejo
profundo seja o oposto.
Quando se deseja algo, mas nos
sentimos presos por dizer "não", por dentro é como um turbilhão de
sensações contraditórias. Às vezes é aquele momento em que o corpo já deu todos
os sinais de que quer, de que deseja estar mais próximo, de que a conexão é o
que falta para fechar a lacuna entre nós e a outra pessoa. Mas a mente
interfere. Ela traz todas as dúvidas, as inseguranças, os medos.
Podemos estar ali, ao lado de
alguém, sentindo que o mundo poderia parar naquele instante e que só o toque, o
olhar, ou até mesmo o silêncio compartilhado, poderia fazer-nos sentir completos.
No entanto, dizemos "não" — talvez por medo de como a outra pessoa
vai reagir ou por um receio de estar indo rápido demais.
Por fora, pode parecer firme,
uma decisão concreta, mas por dentro é como segurar uma maré que nos quer
arrastar. Esse "não" vem com um gosto amargo, porque o
"sim" está-nos sufocando por dentro. A pele pode até arrepiar ao
imaginar o que poderia acontecer se simplesmente disséssemos o que queremos. Mas,
ao mesmo tempo, “aquela ponta de orgulho”, que todos conhecemos, soa que
admitir o desejo é uma derrota, uma perda de controle sobre quem somos.
Esse dilema entre o desejo e a
autoproteção é algo muito real, algo que todos nós já sentimos em algum nível.
É como se disséssemos "não" para evitar o possível desconforto de
sermos vulneráveis. Mas, com isso também nos privamos do prazer, da conexão,
daquilo que poderia ter sido um momento de intimidade profunda.
Esses sentimentos de tensão, vulnerabilidade e desejo são, afinal, parte do que significa ser humano!
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