terça-feira, 11 de maio de 2010

A fé

O post de hoje é dedicado aqueles que são católicos e tentam manter-se como tal, num mundo que materializou quase todos os seus valores espirituais. Não é fácil, na sociedade actual, sê-lo.
Já o disse aqui várias vezes. A fé é algo que nos ultrapassa e foge aos cânones pelos quais os cientistas pretendem explicar o universo. Ou se tem ou não se tem. Mas o facto de se não ter, não dispensa aqueles que acreditam mas não a têm, de lutar por ela.
Como, aliás, acontece com muitas outras forma de amor, que impõem que se lute por ele, não só para o ter como, sobretudo, para o conservar.
Hoje assisti à missa de Bento XVI no Terreiro do Paço. Foi uma celebração magnífica para todos aqueles que se reveêm nesta práctica religiosa. Seguramente não assistirei, em vida, a outra igual. Estou feliz por ter tido essa oportunidade.
O actual Papa, que contrasta muito com o calor do anterior ou a bonomia de João XXIII, é um ideólogo, um filósofo, um homem que ao nascer na Alemanha viveu sob o nazismo e que está a atravessar, com imensa determinação, as duras críticas hoje dirigidas à Igreja.
Mas tem, também, a coragem, enquanto substituto de Pedro, de não descartar culpas e de assumir a parte que, nessas críticas, são de responsabilidade da própria Igreja. Num mundo em que todos arranjam sempre "bodes expiatórios", o actual Santo Padre merece respeito.

HSC

5 comentários:

Teresa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Não sendo católico, impressionou-me todavia ver tanta gente ontem, através das telejornais, ali a assistir com devoção e respeito à Missa Papal. São situações destas que me fazem aceitar, digamos, de algum modo, que se abra uma excepção e se determine um feriado especial, amanhã (ainda que, como alguém aqui referiu pertinentemente, possa sempre haver “gato escondido com o rabo de fora”, ou seja, um gesto político calculado, com a sua dose de populismo). Afinal de contas, o Papa, ou Chefe da Igreja cujos crentes, ou fiéis, são, indiscutivelmente, a larguíssima maioria da nossa população (mais, ou menos, praticante, o que julgo não é questão relevante, pois em circunstâncias como as de ontem e amanhã, lá estarão todos juntos, praticantes, ou não) só cá vem muito de longe em longe, neste caso, a última vez foi, pelos vistos, há 28 anos. A Fé, haverá que reconhecer, é transversal a todos os Partidos políticos. Mas igualmente transversal a todas as classes sociais. O que só por si é um caso interessante de Sociologia. E é um fenómeno (religioso) com uma tradição secular. Que vem do tempo da Fundação do País, ou do Reino, ao tempo. Ainda que abusivamente aproveitada pela Ditadura salazarenta. Mas, voltando à actualidade, reconheço que me marcou, aquele mar de gente simples (como digo, independentemente do seu estatuto social, visto todos, naquele momento, serem simples cristãos) ali a ouvir o Papa. Papa este que, curiosamente, pelas imagens transmitidas, estava longe de possuir aquele ar menos simpático que tantas vezes a comunicação social de todo o mundo faz passar. Pareceu-me genuinamente encantado com aquela devoção à sua volta e o seu rosto pareceu-me tranquilo. Quanto ao que ultimamente marcou de certo modo o nome e reputação da Igreja, não se deve tomar a nuvem por Juno e embora reconhecendo que os seus autores têm de ser castigados, no que o Vaticano está de acordo, também se concordará que quer o Papa, quer outros representantes da Igreja já criticaram tais facto e se penitenciaram publicamente deles. Outra situação interessante é o facto de a Igreja Católica ser a única Religião que se elevou a um estatuto de Instituição e mesmo mais do que isso, a de ter obtido e conseguido manter um Estado, com o qual inúmeros países pelo mundo fora mantêm relações diplomáticas. E países, convenhamos, bem diversos entre si e que não são católicos até. E o Papa ser não só, ou sobretudo, um Chefe de Igreja, mas de Estado, simultaneamente. Nenhuma outra confissão religiosa chegou tão longe!
Por mim, convivo muito bem entre e com gente católica, independentemente do meu ateísmo racional. Esta Igreja é bem mais flexível e consensual do que outras (como por exemplo o judaísmo, ou Islão). A vinda de Bento XVI aqui seguramente que deixou muita gente feliz. Nada tenho, muitíssimo pelo contrário, contra a felicidade das pessoas. Os portugueses são gente boa. E Crentes, na sua maioria - é um facto. Respeite-se esta sua opção. E por isso tudo não merecem ser maltratados. Mas, quer-me parecer, que o irão ser. Muito em breve. Que ao menos se saiba “distribuir os males pelas aldeias, de forma justa” e não como sucedeu noutros países (Grécia e agora Espanha). O que não seria mais do que um gesto cristão.
P.Rufino

causa vossa disse...

Todos nós nos temos por gente boa!
Principalmente os que não fazem da sua gente pisar nos outros, ofendê-los,conspurcá-los, aproveitar-se deles.Mas que me desculpe o Papa!
Quando visualizei a foto de Cavaco e família com o Papa, não pude deixar de pensar para além!
Adoptou o Papa esta família?
Nunca a família Cavaco pensou que se pudesse arvorar a tão alto lugar.
Com o devido respeito, a Sagrada Família Portuguesa, seja ela Cavaco, seja ela Sousa, enforma os meus maiores pesadelos.
Quanto mais provindos do bom povo Português, mais o sentido da posse, das mordomias!
Pensaram eles em voar baixinho fora dos Falcon, das executivas, riscando governos civis, autarquias, restantes mordomias...? Não! Sobrecarregaram os invalidos!
Sobra-nos um Santo. O Nobre! Que não se deixe ganhar pela vaidade e perdoar-lhe-emos a benção do Papa! Não cínica, nem hipócrita!
Basta aliás ver o orçamento da Zarzuela, metade do da Presidência da República, para ver que esta gente já passou todos os limites no aproveitamento daquilo que devia ser de todos nós.
Maldita República, cada vez mais raptada e Américo - Latinizada!
E que me desculpe o papa, que não TS que me ofendeu ao afirmar para a Blommberg: o povo é sereno, pacífico, burro de carga. Albarde-se, então, ao som dos yelds e dos CDS da república!

Teresa Santos disse...

Cara Helena,
Respeito a sua opinião, a sua visão sobre este Papa. Contudo, e enquanto católica que sou, não posso deixar de lamentar a atitude do mesmo perante os casos gravissimos de que teve conhecimento sem nunca ter tomado uma decisão que pusesse fim aos mesmos. Cristo, por certo, não teria sido tão magnânimo.

Zéliams disse...

Como católica, as suas palavras tocam-me e comungo da sua ideia de que o nosso mundo super-materializado pôs os valores espirituais para segundo plano.
Porém, e se me permite, creio que o seu post pode também alargar-se a todos os que, de uma forma mais ou menos espritualizada, seja qual for o seu credo, acredita que é possível ser feliz e ter prazer em gestos e momentos como aquele que vivenciou.
Aliás, estes acontecimentos são um bálsamo para as nossas almas que nos revigoram nesta nossa caminhada. Embora não admire o actual Papa, reconheço e respeito as suas qualidades intelectuais,até porque ninguém é igual a ninguém. Espero assim que consiga levar a bom porto a tarefa árdua de fazer da Igreja uma instituição mais sã e livre do opróprio a que tem sido sujeita.