quarta-feira, 8 de abril de 2009

Em Portugal

Em Portugal o Banco de Portugal renovou a sua CRC*, Central de Responsabilidade de Crédito, dotando-a de meios que irão permitir vigiar os créditos concedidos a particulares e empresas e emitir alarme sobre os riscos de sobreendivdamento. No qual, aliás, já nos encontramos. De caminho facilitará a necessária distinção entre entre bons e maus pagadores. É que o total de crédito concedido a seis milhões de pessoas - mais de metade da nossa população - já quase atingiu o dobro da riqueza produzida no país...
Em finais de Fevereiro último, o montante da dívida à Banca, situava-se nos 284 mil milhões de euros, dos quais 113 mil respeitavam a compra de habitação própria. Ora se a previsão do INE, Instituto Nacional de Estatística, para o nosso PIB em 2008 é de 166 mil milhões, ressalta evidente que o endividamento ultrapassa os 70%.
Na lista de incumpridores irá poder saber-se quais os montantes de exposição de cada um de nós, mas não será do conhecimento dos bancos, quem são os credores dessas dívidas. O lado bom desta lista deverá ser a possibilidade de tratar melhor, em matéria de taxas de juro praticadas, aqueles que cumprem com as suas obrigações.
Em Portugal metade do crédito para aquisição de bens não está garantido. D e facto, apenas 27% dos empréstimos está seguro por uma hipoteca e apenas 8% é objecto de outras garantias.
Como se vê o quadro é preocupante e demonstra a "irresponsabilidade" com que os bancos concederam empréstimos. São conhecidas, por exemplo, as campanhas agressivas nesse sentido e na atribuição do cartão de plástico, um dos maiores responsáveis do endividamento familiar. Estas, aliás, não parecem ter abrandado, pese embora uma maior vigilância por parte das entidades fiscalizadoras. Deveriam exigir-se apertadas condições na atribuição daqueles cartões, que dão aos que pouco têm, a imagem de que possuem alguma coisa. A sua única real capacidade é postergar o pagamento daquilo que adquirem. O resto é fantasia!

H.S.C

Nota
A CRC foi criada em 1978, mas só em 2003 os bancos puderam aceder electronicamente aos seus dados. As listas registam 5,6 milhões de particulares e 281 mil empresas.

1 comentário:

Anónimo disse...

E continua tudo, mais 'soft', menos ostensivo, mas constante.
Não são só as IC que são responsáveis, porém.
Todas as empresas que necessitam assegurar a sua sobrevivência ou preponderância no mercado, ensaiam as mais variadas coreografis para seduzir os inautos.
e estes só resistem se a teia das dívidas já for tal que quase nem para respirar exista margem.
O cerne da questão é a cupidez humana.
O materialismo florescente.
O desatino individual, familiar e colectivo.
Foram décadas de 'Alea jacta est' sem ponderação ou sobriedade.
Deu no que deu.