No crepúsculo da realidade, quando as sombras dançam entre a luz ténue,
emerge a possibilidade de ser outro. Não um mero disfarce ou uma máscara efémera,
mas uma metamorfose profunda, uma transmutação da essência que nos define. A jornada
de se perder para se encontrar, de mergulhar nas camadas mais profundas da
própria identidade e emergir como uma obra-prima reimaginada.
Imagine-se um mundo onde cada indivíduo tem a capacidade de trocar de pele,
não apenas trocar de roupas, mas de se despir da própria personalidade e
habitar temporariamente o ser de outrem. Uma dança caleidoscópica de
identidades, uma sinfonia de experiências entrelaçadas, onde o eu se dissolve
para dar espaço a um eu plural, composto de fragmentos de outros.
Nesse universo de ser outro, não há julgamento, apenas uma aceitação
incondicional da complexidade humana. Almas dançam entre corpos, experimentando
a riqueza da diversidade de perspetivas. O tímido conhece a audácia do
destemido, o artista descobre a lógica do cientista, e o amante sente as
cicatrizes do solitário. Uma troca constante de histórias, de sonhos, de dores
e alegrias.
Ser outro não é uma fuga da própria existência, mas um mergulho profundo na
vastidão do ser. É entender que, por baixo das diferenças superficiais, todos
compartilhamos uma humanidade comum. É descobrir que, ao vestir a pele de
outro, podemos compreender melhor a dança intricada da vida.
Entretanto, com essa dádiva vem a responsabilidade. A consciência de que
cada metamorfose deixa uma marca, uma impressão duradoura na teia
interconectada da existência. Ser outro é uma arte delicada, uma dança
equilibrada entre a preservação da própria essência e a absorção das nuances
alheias.
Ao aventurar-nos no reino do ser outro, desvendamos a magia de se perder para se encontrar. Descobrimos que a verdadeira riqueza reside na diversidade, na capacidade de enxergar o mundo através de olhos diferentes. Em cada troca de pele, abraçamos a unicidade de cada jornada, construindo uma tapeçaria vibrante e intrincada de histórias entrelaçadas.
2 comentários:
Porque é que em fundo julgo ouvir Imagine de John Lennon?
Tenha uma excelente semana
🌹
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