A propósito do post " Aprender a ser só" convém clarificar um ponto. Na língua portuguesa é habitual ouvir-se "ser ou estar" como tendo significados idênticos. Nem sempre isso é verdadeiro.
Neste caso "ser só" é diferente de "estar só". O primeiro é estrutural e o segundo pode ser conjuntural. Explico-me.
A aprendizagem de ser só, a que referi no meu post, é uma questão que envolve toda a nossa existência, mesmo que estejamos acompanhados. A aprendizagem de estar só pode ser uma necessidade pontual - e também é útil - mas não diz respeito ao nosso ser, ao nosso complexo anímico. Refere-se, por norma, a uma situação exterior a nós e para a qual convém estar preparado. A outra, a de ser só, é uma busca para toda a vida, é uma forma de enriquecimento pessoal, um meio diria, até, de ascese pessoal.
HSC
5 comentários:
Não podia ser mais clara e acertada esta explicação, Helena!
Estamos sempre a aprender consigo, ou pelo menos põe-nos a pensar, o que é mais importante ainda - o verdadeiro sentido da pedagogia. :)
Beijinho
Li o post anterior mas por desleixe acabei por não comentar.
De qualquer forma, identifico-me e revejo-me nas suas sábias palavras. Há uns meses atrás, quando decidi aventurar-me a uns milhares quilómetros de casa, tive de [re]aprender a "ser só", coisa que já não fazia desde os tempos de faculdade.
O "ser só" vs "estar só" tem muito, mas mesmo muito que se lhe diga. Já por diversas vezes fui acusado de ser egoísta por procurar "ser só". Descobri, mais tarde e na neblina dos dias que, as pessoas que me criticavam por procurar "ser só", tinha receio de "estar só", ou melhor, de "terminar só".
Vivi numa família de oito filhos ( fora os amigos e primos) e em que ser só implicava lutar pela minha opinião, liberdade, self-freedom e até ser irreverente, por vezes.
Estar só era impossível, só comecei a descobrir como era maravilhoso isolar-me na minha adolescência, numas férias em Sintra, onde percorri kms sozinha por aqueles penhascos e montes.
Consigo e amo estar só, sem conjuge. Mais: preciso de estar só para não me tornar uma daquelas mulheres sociais, que adoram os grupos, os almoços e jantares. Gosto de solidão, encho-me de música e de leitura e de pensamentos positivos.
A família habituou-se à minha maneira de ser bizarra!! Que remédio!!
Esta é a verdadeira Pedagogia Emocional, que ajuda a construir, cientificamente, os nossos sentimentos.
Na verdade, aquilo que desejo é aprender a “ser só”....
Muito obrigada Helena, com um enorme abraço.
interessantes problemas, ser só ou estar só, qual a diferença?
sendo ser um verbo existencial, ser só poderia significar uma condição, p ex não ter familia, ou amigos, ou estar isolado em algo.
estar é um verbo circunstancial, logo preferivel a meu ver para situações provisórias passageiras.
portanto, ele é um homem só versus ele é um homem que está só.
mas tudo isto é tambem tambem subjectivo e valido para o seu contrario e ser só pode ser circunstancial e estar só pode ser existencial.
um tema para pensar...
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