sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

As versões da discussão...


Em Portugal, quando se quer adiar uma discussão, cria-se um grupo de trabalho. Ou sugere-se um referendo.
Quando chega a hora da decisão, ela não existe. Na Assembleia vão estar, hoje, quatro propostas de resolução.
Uma, que invoca razões legais e outras, parte de uma petição de cidadãos e propõe a desvinculação do AO ou, no mínimo, a retirada do conversor Lince, que considera violar as bases do próprio AO.
A segunda, dos deputados Ribeiro e Castro, Michael Seufert e Mota Amaral propõe um grupo de trabalho que “faça o ponto da situação” e apresente num prazo de quatro meses “um relatório objectivo e factual” da aplicação do AO.
A terceira, do PCP, propõe o prolongamento do prazo até 31 de Dezembro de 2016 e que Portugal se desvincule do AO nessa data, se não for aceite por “todos os países” de Língua Portuguesa.
Finalmente o BE propõe a “revisão técnica” do AO e conclui que, “se não houver uma aplicação plena da parte brasileira, Portugal não pode ficar preso a uma grafia singular e individual.”


Ora aqui reside o nó górdio da questão. É que mesmo que no Brasil venha a haver aplicação plena, já hoje, Portugal fica para sempre preso a uma grafia de que muitos frontalmente discordam. Se a ortografia era diferente nos dois países, continua a sê-lo. Mas agora com imensas opções e erros de palmatória. 
O AO é, desde o seu início, uma enorme ilusão e um tremendo erro. À falta de coragem para lhe pôr cobro, estamos condenados a ver arrastar, penosamente, o seu cadáver adiado.

Veremos se não iremos continuar a velar o cadáver...

HSC

6 comentários:

TERESA PERALTA disse...

Para além da coragem falta-lhes patriotismo e discernimento...
Muito triste!!...
Beijinho:)

Raúl Mesquita disse...

Cara Helena:

1º erro do AO- a submissão do antigo, com sentido, ao novo, apenas fonético.

2º erro - o orgulho do isolamento, se mais nenhum país o seguir. Será esta uma característica da "alma nacional"?

Com franqueza, já nem consigo ficar triste, o que é muito mau.

Raúl.

Virginia disse...

É um horror e o pior é que as editoras adoptaram-no, obrigando os autores ( neste caso de manuais) a escreverem o português de acordo com a nova ortografia.
De tanto escrever, já me acontece tirar os p e os c em inglês onde não houve, nem haverá nenhum acordo ortográfico!!

João Menéres disse...

Poderia citar outras personalidades que sempre e PUBLICAMENTE se opuseram ao AO.
Lembro só o VASCO DA GRAÇA MOURA !

Abaixo com o acordo !


Melhores cumprimentos.

Anónimo disse...

Há uns dias, questionaram-me porque escrevia de acordo com o AO e "à antiga" (foi esta a expressão utilizada).

Respondi simplesmente: "A nível institucional estou vinculada ao AO e a nível pessoal estou vinculada ao MO".

Pois, o MO é a "Minha Opinião", e é essa, que comanda a minha vida fora das obrigações institucionais.

Isabel BP

Fatyly disse...

Eu não aderi, mas a pior tarefa é ajudar os netos e por vezes dou comigo a pensar e se o AO desaparecer como é que ficam todos os que foram "obrigados" a aderir???

Tudo isto é caso para dizer: Portugal no seu melhor e tem razão "iremos continuar a velar o cadáver".