A Margarida e o seu Criativemo-nos.blogspot.com, têm-me feito pensar. Àcerca da camuflagem. Isso mesmo. Daquela que vai da paleta das cores ao painel dos sentimentos. Portanto, da física à psicológica.
A primeira, muito usada pelas mulheres -diz ela - permite-nos ser sempre diferentes, com uma mudança de penteado, cor ou corte de cabelo, maquilhagem mais ou menos carregada. Enfim, nós teriamos essa possibilidade física de ser camaleónicas, com pequenas nuances meramente provisórias.
A segunda, muito usada pelos homens -disse eu - é mais complicada porque exige uma capacidade cénica especial. Mas ela alertou-me, e bem, para o facto de também nós a termos e a exercemos com razoável excelência. Tem razão.
Mas então porque é que será mais frequente um homem manter duas mulheres do que uma mulher manter dois homens?
H.S.C
4 comentários:
é mesmo mais frequente?
ou será mais uma questão de discrição?
a medir pelas histórias que ouço ultimamente, diria que é o inverso, e que a discrição muda de "campo"!
Milady prestigia-me além do concebível, e não tenho como agradecer a sua atenção...
Sobre a questão que coloca, para mim uma mulher torna-se um templo, quando ama.
A sua existência é consagrada àquele que ilumina a sua vida.
O sentido dos passos é numa só direcção. Adormece e acorda com ele no coração.
Quando falamos de sentimentos veros, não existem terceiros. É uma impossibilidade. Não há espaço para mais ninguém.
E procuro só falar de sentimentos essenciais.
Das predadoras não há quase nada a dizer. São como a maior parte dos homens: egoístas, imaturas, desompensadas, instáveis, frias e tristes.
Porque quem não sabe que amar é dar, é 'doar-se', não sabe nada do que é esse júbilo. Nem compreende, quando assim se define um estado que se aproxima ao que o Criador nos apontou: dar, não esperar nada, fazer aos outros o que desejamos para nós.
O facto de sabermos intrinsecamente o que são as artes e as manhas de que falei em comentário, não nos instiga a que as usemos; apenas nos responsabiliza ainda mais nos nossas actos. E, também nas nossas
omissões.
Acresce, ainda, o factor biológico. O homem tende a 'espalhar.-se'; a mulher, a concentrar-se. Tudos estratagemas genéticos de auto-defesa, se assim se possa entender. Ou 'classificar'.
Não é em vão que o ser humano aprecia jogos de estratégia.
Dos campos de batalha às alcovas, espraiam-se palcos infindos para a sua infelicidade e perdição.
Porque, nesses jogos que usam a perfídia, a mentira, a desonestidade intelectual, a cobardia, a falta de ética e de espinha dorsal, nesses abusos do poder que exercem sobre o outro que os têm como 'sol, lua e estrelas', perdem-se infinitamente mais eles.
Não há acto que não tenha consequência e, cedo ou tarde, amargarão profundamente a ignomínia do seu maquiavelismo. A imaturidade, a infãmia de que são capazes na cegueira do egocentrismo.
E nesse ponto, mesmo apiedadas, há limites onde já não podemos ir.
Nem para os salvar.
Mesmo que morramos um pouco.
Ou de vez.
Mad, amar assim perdidamente é uma aproximação ao divino. A que apenas alguns têm acesso. Eu tive, felizmente. Insisto no tempo do verbo. Talvez isso explique que, mesmo na perda, eu seja grata, gratíssima, pelo que vivi! Que provou valer para a vida inteira.
Mas isso não quer dizer que outros amores menores, à medida de outras capacidades de amar, em gente menos dotada no campo emocional ou cultural, sigam a sublimidade do padrão que descreve. Penso na gente que me serve, penso em colegas de ofício cuja luz se limita aos gráficos que os alimentam, penso, enfim, em todos aqueles que não possuem esse refinamento que tal tipo de amor também presupõe.
E, depois, que fazer quando essa vertigem acaba de um dos lados e o outro mal consegue sobreviver?
Abraço da Helena
PS Não sei porquê, mas ao lê-la lembrei uma querida amiga minha, a Rita Ferro, com quem tenho longas horas de conversa sobre este tema. Parte das quais, aliás, alimentam um livro que escrevemos em conjunto.
Queridíssima Milady, a Mad, excelsa bloguista e alma deliciosamente prismática, tem um 'nick' que, deveras, poderia ser meu. 'Mad'= doidinha, sendo meiga. E, de alguma forma, não somos todas um nadinha assim? ;)
Sei que viveu até ao sentir atómico esse amor de que falo, e, por isso, é tão gratificante ser entendida deveras...
E concedo sim (como não?) a existência de outras formas de amar - tantas! -, desde que sinceras. Ver da dei ras. Mas isso é o que tantas vezes falta: a verdade. Primeiro, para si mesmo, depois, para o outro.
A sua amiga Rita Ferro já foi condescendente o suficiente para comentar há tempos um 'post' meu.
E percebo que quer dizer. Nada como uma alma assim para trocar pensamentos tão essenciais.
Sois abençoadas, e eu, por uma dada osmose, também.
Ben-hajam.
Enviar um comentário