Não está fácil a vida para o PS. Depois do alvoroço provocado pelas notícias que têm saído envolvendo o nome do PM, da indignação face aos acontecimentos na banca, da crise nacional e internacional, José Sócrates tem ainda de enfrentar dois dos mais respeitados socialistas que periodicamente se rebelam contra ele. Falo de Mário Soares e de Manuel Alegre dois nomes e duas forças incontornáveis que lhe têm dado fortes dores de cabeça.
Ambos pretendem - embora em moldes diferentes - uma viragem à esquerda da sua família política. Só que esse é, justamente, o receio maior do Secretário Geral que, até aqui, tem, no plano económico, governado à direita, mas no plano ideológico vem servindo as causas da esquerda, em particular as que ele sabe serem mais fracturantes. As quais, por isso, também lhe dão maior visibilidade.
Todavia as eleições aproximam-se e, com elas, a necessidade duma definição mais clara acerca daqueles com quem terá que se "entender" se perder a maioria absoluta. E estou já a dar de barato que ganhará as legislativas. Mas aqui um conflito com Soares ou Alegre poderá custar-lhe caro, porque um milhão de votantes não é universo que possa desperdiçar.
Assim, Sócrates está num beco afunilado. Presumir alianças ou entendimentos parcelares com qualquer das forças à sua direita ou à sua esquerda irá trazer-lhe, sempre, riscos suplementares. E governar sem maioria, depois de quatro anos com ela, ser-lhe-á particularmente difícil, dado que exige uma flexibilidade que, me parece, ele não tem. Em particular depois do desgaste destes últimos meses.
Que solução, então? Há quem defenda que se a maioria absoluta se esvaír, Sócrates não governará...
H.S.C
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