quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

O NINHO VAZIO

Quantos de nós não terão já passado por esta situação ambígua de felicidade e tristeza. Quando os filhos batendo as asas procuram o seu caminho?

A síndrome do ninho vazio é um fenómeno que ocorre quando os filhos, já crescidos, deixam a casa dos pais, muitas vezes rumo à faculdade, ao casamento ou à vida independente. Esse momento, embora esperado como um marco natural do ciclo de vida familiar, pode ser sentido de maneira profunda e intimista, especialmente por aqueles que investiram grande parte de sua identidade no papel de cuidadores.

Do ponto de vista pessoal e intimista, o ninho vazio não se resume apenas à ausência física do filho no lar, mas envolve uma ampla gama de sentimentos internos. É comum que pais e mães experimentem um misto de tristeza, melancolia, solidão e até mesmo um certo desamparo emocional. Ao olhar para os quartos vazios, para a rotina sem os sons habituais dos filhos ou para os rituais familiares interrompidos, muitos se veem frente a um vazio que vai além do espaço físico: é um vazio simbólico, que questiona sua própria identidade, propósito e valor pessoal.

Este aspecto “pessoal e intimista” da síndrome exige uma reflexão cuidadosa sobre a própria trajetória de vida. É um momento que convida à redescoberta de si mesmo: hobbies adiados podem ser retomados, interesses esquecidos podem emergir e novas conexões sociais podem ser cultivadas. Nesse sentido, embora a sensação inicial possa ser marcada pela perda, existe também um potencial transformador. Muitos pais se permitem reencontrar desejos e metas pessoais, fortalecendo a autoestima e desenvolvendo novas dimensões do “eu” que antes estavam ofuscadas pelas exigências da vida familiar.

Em última análise, o ninho vazio vivenciado de forma pessoal e intimista é um fenómeno que pode levar à dor, mas também ao crescimento. Por meio da introspeção, do acolhimento das suas próprias emoções e do investimento em novas atividades e relacionamentos, muitos pais e mães conseguem dar um novo significado à própria existência, transformando esse período de transição numa oportunidade para redescobrir quem realmente são, para além do papel de cuidadores.

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2 comentários:

Pedro Coimbra disse...

A Catarina chega no dia 22.
A Mariana esteve cá em Junho e não pode vir agora.
Qual é a nossa função como pais?
Ensinar os filhos a voar e depois deixá-los sair do ninho.
Por mais doloroso que seja.
Tenha um excelente fim de semana

Marques Aarão disse...

Um ninho aparentemente vazio que até consegue ajudar a preencher tantos que se aconchegam no seu "fio de prumo", minha senhora.