quarta-feira, 6 de outubro de 2021

MST - Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares despediu-se, no último domingo, de 45 anos de jornalismo e fê-lo com uma entrevista à mais alta figura do Estado, o Presidente da Republica Portuguesa.

Não é do entrevistado que pretendo falar, mas sim do entrevistador. Nunca fui fã do Miguel, pela rudeza e sobranceria que frequentemente revelava, pese embora, muitas vezes tenha concordado com o conteúdo daquilo que dizia.

Há já mais de quarenta anos, ele "meteu-se" com um dos meus filhos. Como seria de esperar, não perdi um minuto a responder-lhe na mesma moeda. A "formiga" que eu era na época, ousou, assim, ripostar ao pequeno "génio" que nele já despontava. Nunca tive retorno, como era natural.

No domingo que passou, quando o vi, com toda a correção, fazer o seu ultimo trabalho jornalístico, senti pena. Há muitas razões para se gostar ou não do Miguel Sousa Tavares. E também há bastantes razões para - sendo filho de Sophia de Melo Breyner e de Francisco Sousa Tavares-  se perceber o receio de uma eventual comparação. Estou à vontade, porque conheci ambos e de ambos tenho boas lembranças.

Porém, quarenta e cinco anos de jornalismo, foram mais do que suficientes para ele criar a sua própria marca, o seu MST e ser avaliado pelo que realmente é e, não mais, pelo filho de quem foi. E, porque não temos, infelizmente, assim tantos bons jornalistas, não será de ver com grande gaudio a sua saída da ribalta.

Pessoalmente e não sendo sua fã, sinto que irá faltar "alguém" ao jornalismo de qualidade, em Portugal. Não deixarei, por isso, de o acompanhar, quer na coluna do Expresso, quer nos livros que venha a escrever. E, desejo, sinceramente, que ele nunca venha a ter saudades do tempo que agora termina.

HSC

10 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Também lamento a sua decisão, mas só tenho
que a respeitar.
Cada vez há menos jornalistas corajosos...
Os meus cumprimentos.

Irene Alves

Anónimo disse...

Dra Helena

Se eu tivesse qualquer jeito para a escrita, as suas palavras seriam as minhas.
Podemos não apreciar o feitio ou a maneira de ser de uma pessoa, mas sermos capazes de distinguir isso da sua capacidade de pensar.
O Dr Miguel Sousa Tavares não deve ter tido uma infância fácil, com os pais que que também conheci. Infelizmente seguiu o curso do pai e tomou o difícil caminho da mãe, a escrita.
Olhando para ele hoje, tenho a impressão de alguém que se quer retirar do mundo e viver a sua vida lá no Alentejo talvez mais solitariamente. Esta experiência televisiva não correu bem e ele decidiu que já não tem idade nem paciência para aturar certas coisas. Acontece a todos nós: um dia deixamos de ser quem fomos...

Pedro Coimbra disse...

O MST só perdia o tino quando se falava de cigarros, futebol e caça.
Nesses temas nem havia conversa.
Culto, inteligente, independente, diletante, é dos que faz falta sem dúvida nenhuma.

Anónimo disse...


Estou consigo e julgo que vai fazer falta ao jornalismo nacional. Mas compreendo que o MST iria sofrer cada vez mais com o jornalismo que se faz e do qual ele se sente muito distante. Mas não acredito que que de vez em quando as saudades não o mordam!
Talvez seja uma boa altura para ele pensar fazer um livro sobre a comunicação social em Portugal.

Santiago

Anónimo disse...


Ninguém sabe exatamente o pensamento de MST. A mim parece-me alguém muito solitário que se tem em muita consideração, com um reduzido núcleo de amigos com quem convive de vez em quando.


Leonardo

Anónimo disse...

Há uns anos achava-lhe piada, quero dizer, gostava de o ver e ouvir.
Depois, vendo a forma como defendeu causas com as quais discordo em absoluto, fui deixando de gostar dele, fui deixando de ter interesse no que dizia. E não gosto quando ele opina sobre classes profissionais como se ainda estivéssemos a viver 50 anos atrás. Quanto a isso, e quando não se conhece o que se passa nos dias de hoje, não se opina de forma tão feroz como ele faz.
Mais recentemente li um livro seu, "Cebola crua com sal e broa" e, então, percebi de onde vem aquela agressividade, aquela forma de ser e de dizer as coisas, muitas vezes sendo profundamente injusto.
Não terá tido uma infância propriamente feliz, tem marcas profundas vindas dessa época. Penso que não ajudou ser filho de quem é. Mas sou eu a fazer a minha análise. Vale o que vale.
Pedro (já tinha saudades de lhe escrever)

Anónimo disse...

Fico completamente sem palavras com estes comentários! Vida difícil???
Por favor se, como eu, têm já 60 anos deveriam perceber o que são vidas difíceis! Embora não a tivesse vivido tive sempre olhos para as ver e sentir!
Bom jornalista? Só as boquinhas dele e o modo mal educado como se dirigia às pessoas me faziam imediatamente mudar de canal.
Muito mimo, mania que é bom e pouco mais. Acredito que não tenha amigos! Eu não quereria ser amiga dele!
Nunca comento nada nem sou azeda por natureza mas esta defesa do benzoca enerva-me! Penso que no silêncio do seu "monte" dará mais liberdade à sua sobranceria sem ofender ninguém. Saiu na altura certa. Não aguentou a crítica. É típico dos mimados que não estão habituados a levar pancada da vida.
Para acabar com o negativismo, é bom escritor. O "Equador" dava um grande filme com qualquer bom realizador!

Anónimo disse...

Um arrogante pretensioso com a mania que é melhor e mais conhecedor do que os outros. A mim não me deixa saudades nenhumas...

Antónia disse...

Adoro tudo o que ele escreve. E até a maneura desbragada das suas análises. Por isso acredito que choque algumas pessoas. Compreendo que como mãe tenha deitado as garras pela cria, que também não fez muito para granjear simpatias 🥴

Antónia disse...

Adoro tudo o que ele escreve. E até a maneira desbragada das suas análises. Por isso acredito que choque algumas pessoas. Compreendo que como mãe tenha deitado as garras pela cria, que também não fez muito para granjear simpatias 🥴