domingo, 5 de abril de 2020

Redescobrir-se...


Creio já aqui ter dito que, por ter tido uma pneumonia estranha no inicio do ano, estive um período razoável sem as minhas rotinas tradicionais que de manhã incluíam uma caminhada de meia hora no Jardim da Estrela e a ida ao escritório acompanhar e fiscalizar o andamento do mesmo.
Quando, no rescaldo da pneumonia, recomeçava a minha vida profissional, apareceu o corona 19 que, de um momento para o outro, me proibiu o exercício fisico e me colocou em teletrabalho. Resumindo, desde Janeiro que não saio de casa e me transformei numa especialista em "não fazer nada". 
Nos primeiros dias ainda escrevi alguma coisa, sobretudo no twitter, porque lá só me ocupo de politica e de economia. É uma espécie de catarse pelos anos em que a actividade dos meus filhos me aconselhava o silêncio...
Mas, depois da leitura de vários livros e de umas sessões musicais de que tinha saudades, veio um entorpecimento progressivo, no qual a única tarefa de que me ocupo é escolher o que se vai dar de comer ao meu filho que está com uma actividade profissional tal, que sou eu que fico cansada.
Jamais acreditaria que isto fosse possível comigo, a quem sempre falta tempo para fazer tudo o que devo. E, acreditem, com este constrangimento em que vivemos, vim a descobrir em mim facetas totalmente novas. Elas estariam lá, mas eu nem reparava nelas...
A minha vida espiritual fortaleceu-se, o que deu azo a novas formas de olhar os que me rodeiam e até a sociedade em que vivo. Perante o risco de morte, as pessoas tornam-se diferentes, normalmente para melhor. Porque esse risco e o medo tendem a normalizar os comportamentos. E o vírus, sendo altamente democrático, rala-se pouco com as diferenças sociais!

HSC

18 comentários:

Anónimo disse...

No vácuo do silêncio
No papiro do viver
Percorremos o compêndio
Da essência do Ser

AM

" R y k @ r d o " disse...

A imaginação aguça o género e o espaço em que se move o pensamento. Redescobrir factos e entreténs está na génese humana. Em cada momento se aprendem novos caminhos
.
Um domingo de Ramos feliz

João Menéres disse...

As constantes notícias sobre o Corona que me surgem aqui no computador roubam-me muitíssimo tempo.
Tenho visitado MUITO MENOS blogues de que gosto, o que lamento.
Mas, para ouvir o seu filho TVI há sempre tempo, obviamente !
É uma pessoa de uma cultura extensíssima e que expõe de uma forma muito clara !
Faz muita falta a um Governo de Portugal !

Melhores cumprimentos.

Anónimo disse...

Urbi major est,minor cedat

Crudelius est quam mori semper mortem timere

Timor Domini initium sapientiae

:-)

Maria Eugénia disse...

Está situação veio mostrar-nos o quanto o ser humano é vulnerável. O tudo querer, a correria dos dias, a voracidade das coisas acabaram. Pessoas minhas amigas diziam que o dia deveria ter 48horas, agora queixam-se de tédio, enfim...
Se o ser humano não aprender alguma coisa com esta situação, somos todos burros...
Cumprimentos da Maria do Porto

Anónimo disse...

https://www.youtube.com/watch?v=qNLne8CE8xM

(muito útil, agora que já é aconselhável usar máscaras)

Pedro Coimbra disse...

Estamos todos a viver uma época algo assustadora.
O normal receio do desconhecido.
Mas vamos sair dela.
Melhores como seres humanos, espero eu.
Boa semana

Anónimo disse...

🌹

Anónimo disse...

Verdade, o Paulo tem estado insuperável. Não perco o comentário diário na tvi, bem informado, clareza na comunicação, ausência dos irritantes elogios bacocos ao governo e de desnecessários ataques aos alvos do costume (Trump, Bolsonaro, Boris Johnson, Orban) pelos "bem pensantes", informação nova, isenta e precisa, novos pontos de vista por especialistas credenciados, que não os do costume... Imperdível!

Anónimo disse...

Pois a mim não me interessa muito a opinião não científica de comentadores leigos, como é tb o caso de Paulo Portas.
Lê umas coisas, vem com «novidades» pomposas (embora disfarçadamente), entra-me a 100 e sai-me a 200.
Estava bem a falar uma vez por semana, agora é todos os dias, acho um exagero
Mais um a falar de tudo, para mim isso é pouco credível.
Mas neste país não há cientistas, só políticos?!

Helena Sacadura Cabral disse...

Comentador das 21:57

E o comentador depois de todas as pomposas novidades ainda tem paciencia para o ouvir?!
Isso tem laivos de masoquismo. Mude para outro canal e não faça sacrifícios inúteis!

Anónimo disse...

Anónimo das 21:57, não gosta não veja, ora essa...

Anónimo disse...

Diz aquilo que toda a gente já sabe, com o ar de quem descobriu a pólvora.
E não liga nenhuma às perguntas do jornalista, como se este não interessasse para nada.
Gostava de o ouvir aos domingos, nesta situação não gosto, parece-me uma pessoa fria, centrado em si mesmo, imaturo.

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo da 08.09
Mude para o canal do Correio da Manhã.
Lá vai encontrar a originalidade que pretende, despretensiosa, calorosa, centrada no bem comum e nas inteligentes questões postas pelos jornalista, que insistem em funcionar como entrevistados!

Anónimo disse...

Frieza (neste caso de PP) e sensacionalismo (CMTV) são duas faces da mesma moeda. Entre um e outro existem muitos mundos, muitos.
Se vejo, o que vejo e como vejo, isso é comigo.
Mas já me arrasou (PP tem a quem sair), é assim em Portugal.
Estudei noutro país (tenho dupla nacionalidade) e aprendi a dizer o que penso, isso era valorizado, não arrasado.
As novas capacidades (skills) a nível mundial já não giram à volta das «eminências pardas» que julgam arrasar todos à sua volta.
O facto de criticar PP neste contexto, não significa que não possa aplaudi-lo noutro.



Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 18:07

Quem qualificou o meu filhoi e o tentou denegrir foi o senhor ao considera-lo uma pessoa fria, com novidades pomposas e o ar de quem descobriu a pólvora. Isso sim é arrasar, não o que lhe respondi. Quem usa fogo, por norma queima-se. Mesmo estudando lá fora e sendo muito culto!

Anónimo disse...

Não fui eu que fiz o comentário das novidades pomposas.
Não sou muito culto, mas tenho uma cultura, nem melhor, nem pior, mas diferente da portuguesa, em que criticar significa denegrir, o que não foi a minha intenção.
Já o seu comentário mandou-me logo para a imprensa do sensacionalismo, como se eu não tivesse capacidade para ouvir «a maravilha das maravilhas» dos comentários do seu filho. Se isso não é arrasar!
No mínimo, estaríamos ao mesmo nível, quanto aos nossos comentários.
Mas já entendi o seu ponto de vista, e é mãe, por isso peço-lhe desculpa.
Eu podia ter dito a mesma coisa de outra maneira.
Agradeço ter publicado o meu comentário, é ético da sua parte.


Anónimo disse...

Anónimo das 18:07 :
Fiquei curiosa: nesse país de onde veio ou onde viveu não se disciplinam as crianças, não se lhes ensinam as boas maneiras? É que por cá, valorizamos a aprendizagem inicial das "regras". É apenas um começo, mas constitui um bom "treino" que visa no futuro uma sociabilidade amável. Nós em Portugal, ensinamos aos mais novos como se devem dirigir aos outros, como usar ou não usar certas palavras, para não ofender, magoar, melindrar...etc.
Mais tarde, em adultos, tudo isso se transforma numa coisa chamada Delicadeza (cortesia, boa-educação...),skills indispensáveis à boa convivialidade. E com consequências muito vantajosas. Por um lado, é uma espécie de travão que permite que nos tornemos suportáveis uns aos outros. Por outro lado, dá-nos autodomínio, autocontrolo fazendo uma barreira contra a violência e a selvajaria que às vezes começa simplesmente pela linguagem, pela palavra e descambando depois noutras formas de agredir.
Em resumo: a Delicadeza é em si uma "ability" que traz associada Correcção e Civilidade, as bases onde assenta aquilo a que se chama Respeito pelos
Outros.
Abomino o excesso de franqueza ou aquele tipo de "transparência" dos que se vangloriam "Eu cá sou muito frontal ou eu gosto de ser muito franco(a)". A experiência diz-me que, geralmente, vem grosseria a seguir. Fujo a 7 pés...
Cumprimentos.
Gl