sexta-feira, 22 de março de 2019

Direito a escolher

Não tenho relações de amizade com Adolfo Mesquita Nunes. Não pertenço nem ao seu partido nem a nenhum outro. Conheço-o mal, mas ambos fazemos parte do mesmo blog colectivo, que há dez anos teima em existir, apesar de muitos de nós passarmos longos períodos sem lá escrever.
Mas sempre admirei a frontalidade como ele assume as suas escolhas e defende aquilo em que acredita. Era uma lufada de ar fresco na vida partidária nacional, já muito envelhecida nos partidos tradicionais. E mesmo no BE, a juventude pode bem dizer-se que já passou. 
Até Catarina Martins começa a dar sinais de que a idade não perdoa. O corpo modifica-se e a frescura que lhe conhecemos já não tem o mesmo viço. Louçã, Rosas e Fazenda, de jovens têm pouco e são hoje vistos como os senadores dum partido que fundaram, mas que está muito diferente do que foi. Não é um mal, é um facto, é a vida.
Adolfo, que sempre conciliou vida profissional autónoma com o exercício da política, resolveu mudar de rumo em nome daquilo que entende ser a sua felicidade pessoal. Caiu meio mundo em cima dele, entendendo que tinha vendido a alma ao Diabo. Tudo pessoas que o julgaram como se fossem seus íntimos. 
À semelhança do que já havia feito com a sua orientação sexual, deu a explicação que entendeu devia dar enquanto político e, tenho a certeza, não dirá mais uma palavra sobre o assunto.
Demitiu-se, como devia, das funções que exercia na vida política e esclareceu que continuaria, como militante, ligado ao seu partido, o CDS.
Sempre me chocaram os julgamentos na praça pública, sobretudo por parte de gente que nada sabendo da vida dos visados, se arroga o direito de criticar as escolhas que façam. 
Sou mãe de dois políticos que sempre foram livres de pensar e de escolher em conformidade com esse pensamento. Por várias formas também tentaram fazer de mim alguém que tinha de pensar como qualquer um deles. Não conseguiram. Como não conseguiram abalar a amizade que unia os dois irmãos. 
É que nós três sempre acreditámos e defendemos - como na canção do Sondheim -, que as escolhas podem estar erradas, mas escolher está certo. Por isso, sempre escolhemos!

HSC

6 comentários:

Anónimo disse...

🌷

Virginia disse...



Acho muito importante fazer escolhas, sejam elas no inicio ou no fim da vida. As escolhas pressupôem liberdade, independência, individualismo. Nunca oertenci a nenhum partido porque a ideia de ter de seguir as normas, justificar actos ou obedecer a compromissos não eram a "minha praia". Uma coisa é fazê.-lo por gosto em dada altura, outra é sujeitar-nos à vontade da carneirada. Admirava bastante AMN e tenho pena que o CDS perca um dos seus melhores, mas nunca o criticaria por escolher o que pensa ser melhor para si.

Anónimo disse...

qual é o blog coletivo, já agora?

Pedro Coimbra disse...

A frontalidade e dignidade têm sempre um preço elevado.
Mas que vale a pena ser pago se queremos viver a vida de cara levada e coluna vertebral direita.

Para finalizar, também já tive oportunidade de participar nesse excelente blogue colectivo.

Tenha uma excelente semana

Silenciosamente ouvindo... disse...

Estou totalmente de acordo com as suas palavras.

Ele agiu corretamente e tem todo o direito de fazer

as suas escolhas. Boa sorte para ele.

Os meus cumprimentos.

Irene Alves

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 18.30

É o Delito de Opinião.