domingo, 7 de setembro de 2014

O Capital de Piketty

"... Sabe-se de onde vem Piketty: fran­cês, pari­si­ense, o mais impor­tante eco­no­mista gau­lês da sua gera­ção (tem ape­nas 43 anos), colu­nista do “Libé­ra­tion” e do “Le Monde”, esteve ao lado de Michel Rocard em 2002 e apoiou Ségolène Royal em 2006 e Fran­çois Hol­lande em 2012, três bluffs do tama­nho da ambi­ção pseu­dor­re­for­mista do PS local (registe-se que foi ele que depressa os aban­do­nou, desi­lu­dido). Mas o seu estudo é sério, exaus­tivo — sobre­tudo para um leigo, admito -, fun­da­men­tado nas pre­mis­sas his­tó­ri­cas e, por vezes, con­tun­dente, tendo pro­vo­cando res­peito e admi­ra­ção na Amé­rica, Europa e Ásia.
... De acordo com o autor, a desi­gual­dade de bens, ren­di­men­tos e riqueza entre os mais pobres e os mais ricos não tem parado de aumen­tar em todo o mundo oci­den­tal nos últi­mos 70 anos. Se a acu­mu­la­ção de capi­tal é, pelo menos desde a Revo­lu­ção Indus­trial, útil para o cres­ci­mento da eco­no­mia e para a melho­ria dos salá­rios, o seu efeito no cres­ci­mento das nações tem dimi­nuído de forma quase sem­pre cons­tante, num qua­dro cada vez menos asso­ci­ado ao sis­tema pro­du­tivo e cada vez mais depen­dente da espe­cu­la­ção financeira.
... Per­pe­tu­ando o modelo dos últi­mos 45 anos, esta­mos agora, no mundo oci­den­tal e na aná­lise de Piketty, perto dos níveis de desi­gual­dade da Belle Épo­que. Como o modelo está em pro­cesso de soli­di­fi­ca­ção a Ori­ente, após a pros­pe­ri­dade ini­cial, será a vez das “eco­no­mias emer­gen­tes”. Em França, por exem­plo, entre 1871 e 1914, 90% da riqueza total era riqueza her­dada. Em 1970, era de 40%. Hoje, após a “idade doi­rada da des­re­gu­la­ção”, regres­sou aos 75%. Em pou­cos anos, se nada for feito, regres­sará aos 90%.
Para este eco­no­mista, o capi­ta­lismo é um excep­ci­o­nal pro­du­tor de riqueza, de ino­va­ção e de bem-estar. Mas a forma como reparte a riqueza é, a longo prazo e à escala pla­ne­tá­ria, dema­si­ado dese­qui­li­brada. Mais peri­goso ainda: é anti-democrática.

Estes extractos foram retirados de um post de Pedro Marta Santos, intitulado DESIGUALDADE no blogue Escrever é Triste em http://www.escreveretriste.com. Vale a pena ler e pensar!

HSC


1 comentário:

Anónimo disse...

E tanto os homens perdem tempo a falar de riqueza material,quando a maior está dentro deles e não há moedas nem notas nem património que a supere.
C'est L'Amour!

A