E eu também posso esperar, já que só hoje comecei a ler o livro da Rita Ferro cujo título encabeça este post. Mas, do que vos quero falar, agora, é do lançamento que ocorreu ontem, no Corte Inglês, com uma casa apinhada de gente, pese embora o imenso temporal.
A Rita tem a rara qualidade de conseguir congregar à sua volta os indefectíveis que nem os ventos ou as chuvas conseguem esmorecer. E, mais morta que viva, lá estava eu, esbaforida de calor - a sala encontrava-se sobreaquecida pelas pessoas e pelo termostato -, mas encantada por partilhar aquela alegria com ela. Levou-me, como sempre, a Maria João Lopo de Carvalho que tem um carro grande e um coração ainda maior.
Chegada à sala deparei-me com uma mesa radiosa de apresentadores - nada menos que três - e uma assistência que faria inveja a qualquer político, por muito bom que ele fosse. Da esquerda à direita, passando pela realeza, havia para todos os gostos, o que é outra característica desta minha amiga.
Falemos então daqueles - Ana Mesquita, Herman José e o Embaixador Marcelo Mathias - e do que disseram. A Ana escalpelizou, com muita graça, as várias Ritas que o livro - um diário que promete continuação - contém, fazendo de cada uma um breve apontamento.
O Herman, segundo orador, acentuou a terna surpresa de ver retratada uma Rita que ele conhecia menos bem e invocou o programa televisivo que o trio fizera, para explicar como a amizade entre ambos se havia aprofundado.
Finalmente Marcelo Mathias - de quem sou incondicional admiradora - teve a difícil tarefa de encerrar a apresentação. E fê-lo de uma forma admirável - ele que é um "diarista" de altíssima qualidade - centrando-se mais na obra do que na autora. A meu ver, uma análise de rara sensibilidade.
A terminar, a Rita - que estava linda - agradeceu, emocionou-se, atrapalhou-se e deliciou-nos com aquela torrente de vitalidade e fino humor de que só ela é capaz.
Enfim, um emocionante tornado de afectos, no meio de uma tempestade climatérica!
HSC
12 comentários:
Veneza pode esperar.
Lisboa, não.
2 eventos em Lisboa:
. V-DAY - Lisboa a dançar pelo fim da violência.
Largo do Carmo e Estação do Rossio, 14 de Fev. às 18h30.
'Mil milhões de mulheres em todo o mundo já passaram por situações de violência nas suas vidas'
O V-DAY é uma iniciativa do movimento mundial One Billion Rising, criado em 2012.
Outro evento:
Passeios 'Enamorados por Lisboa'
14, 15, 16 de Fev.:
. 'Até que a morte nos separe'
. 'Seduz-me Mouraria'
um bom diário, a ideia dum romance biografico sobre antonio ferro é boa, pois a agustina ao rejeitar apoio perdeu o avião, sim, precisamos de diários como estes, vivos, com humor, desinibidos, não há muito a tradição nos nossos escritores (ou politicos, etc)
Gente fina é outra coisa...Também eu gosto muito da Ritinha!
O crochet literário de Rita Ferro também nós fazíamos, é como a Joana Vasconcelos. Bastava seguir o quadriculado.
E ambas são XXL.
Mesmo assim prefiro a Joana Vasconcelos, sempre são cravos de Abril.
Ai os nossos artistas do regime.
Uma escrita passadista e decadente que tem o seu público e o seu mérito. Não é para todas fazer o seu striptease celulítico e mesmo assim atrair leitores.
Concordo com a DrªHelena não podemos gastar o pouco que temos com os cravos milionários da Joana Albuquerque, quase todas as mulheres sabem fazer os cravos, nem com estes livros extravagantes, que não ensinam nada de prático, quando temos lindas quadras populares por esse país fora, nos cravos de papel dos manjericos, nas festas, nas ruas, nos cantares. E depois a própria Rita Ferro diz que não lê nada dos outros escritores e faz ela muito bem, folheei o livro numa livraria, e ela gostou da franqueza do empreiteiro que lhe fez as obras em casa quando ele lhe disse que ler não é com ele. Pelas páginas que li pareceu-me uma senhora tipo classe alta mimada mas sincera, afogada nos móveis e tralhas que herdou.
Cuidado com o bicho Rita Ferro! O gato é o seu alter-ego e olhem o que ela pensa dele e a crueldade com que o trata. Neste livro vira a crueldade contra si mesma e desvia-a dos outros. Tem de aprender a gostar dos outros com as suas qualidades e defeitos, para se aceitar a si mesma.
Não, nada disso, ela não se despe nem desvenda, faz de conta que.
A escrita é a sua capa, a sua cura, e o seu proveitoso provento.
Se se desvendasse um pouco que fosse, não nos vinha impingir como todos são magníficos- os avós, os pais, os irmãos (felizmente com ligeiras ressalvas passadas), os filhos, os netos, os amigos, os conhecidos.
E RF só acha os outros magníficos para se sentir magnânima e solar, para atenuar os seus sentimentos de culpa (talvez seja do peso da educação, da sociedade em que foi criança) para não se sentir aquela megera que fecha a sete chaves, o que a desgasta. Não tem de a soltar por aí, mas seria bom conhecê-la.
Quanto narcisismo, quanta falta de sentido crítico, rabos presos e populismo!
Tivesse ela nascido bonita, que nunca esta mulher se teria interessado pelos livros! Estes são a sua maquilhagem.
Anónimo das 15:44
Pode ou não gostar-se da escrita da RF. Pode, mesmo, não se gostar dela sem nunca a ter conhecido.
Mas em nenhum dos casos se pode através da sua escrita ou do seu aspecto físico, fazer julgamentos de personalidade.
Ou antes, pode-se. Mas não se deve, porque é injusto.
Não sou bonita, mas mostro a cara :-)
Beijo grande, querida Helena!
Ai se eu pudesse!... Ter o poder de acabar com as caixas de comentários!
Venho aqui depois de a ouvir na Antena 2, depois de a ouvir falar de si, sem rodeios, sem medos, elegante.
Chego aqui e vejo tanto disparate...
Eu por mim acho-a uma mulher bonita de dentro para fora. Não preciso de mais. Há palavras que são ombros à noite. Obrigado Rita.
E há lá coisa melhor que ligar a TV neste fim de Agosto(29)morrinhento, e ver a querida Rita Ferro na TVI a ser entrevistada (por um também simpático jornalista...)???!! Não a conheço pessoalmente, mas não é possível não gostar de tanta alegria de viver...e que continuem esses santos Diários nos anos vindouros....bem haja!!!
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