sábado, 30 de outubro de 2010

A telenovela

Vejo algumas telenovelas. Não as nacionais, confesso. Mas as brasileiras, sim. Não as sigo, não sei bem as "estórias" que contam porque falho muitos episódios, mas vou tirando o guião pelo sentido...
Nem sei explicar o porquê desta minha mediania, mas o facto é que me distraem e permitem que eu faça, pelo meio, outras coisas. Ninguém aqui em casa percebe o fenómeno e quando estou fora do país, sou objecto das maiores risadas por este meu pecadilho.
Mas ontem um amigo meu francês - não estou a escrever de Portugal -, dizia-me "mais oui, maintenant je comence a comprendre ta petite folie pour les series".
Tratava-se, como podem calcular, da telenovela política a que nós e o resto do mundo fomos assistindo. Este amigo é um ilustre francês que acompanha, vá lá saber-se porquê, com muito interesse o que se passa em Portugal. E, como vem aqui com muita frequência, conhece bem as nossas dificuldades. Aliás, tem sido, até, chamado a pronunciar-se sobre elas.
Felizmente que tudo acabou. Não porque tenha terminado bem, mas porque, para já, não há novos episódios.
Abstenho-me de dizer o que, politicamente, penso de tudo o que se passou. Mas, do ponto de vista económico, acredito que em Março teremos o FMI à porta, porque não vai ser este Orçamento 2011 que será capaz de resolver os nossos problemas estruturais, inexplicavelmente agravados em 2010.
Há, contudo, um lado otimista que convém não esquecer. É que a única vantagem desta crise e desta telenovela foi pôr a nú uma série de falsas verdades que andaram a tentar vender-nos...

HSC

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Trabalhar!

O lançamento do meu livro "Mulheres que amaram demais" foi na quarta feira. Fiquei feliz com a forma como decorreu e como o livro foi apresentado. Com efeito, o apresentador, O Dr. Pires de Lima, fez o que eu penso deve ser a sua tarefa. Falou do livro e não da autora, como costuma acontecer.
Estive rodeada de amigos e de pessoas que me apreciam. O que, para mim, é fundamental. Sem família e sem amigos não existo.
O problema surge, por norma, com a catadupa de entrevistas a que uma promoção obriga e nas quais me sinto, sempre, a repetir o que disse na anterior. O pior, contudo, é que como nem sempre os livros são lidos, as perguntas sobre a minha vida familiar tornam-se calistas. E eu reajo manifestamente mal. Torno-me dura e fechada, o que não é o meu estado normal.
Há muito que deixei de dar entrevistas em casa, porque me sinto devassada. Desta vez, em má hora, abri uma excepção porque fui pressionada pela editora. Resultado, veio a minha casa em todo o seu esplendor, como se de uma reportagem de decoração se tratasse.
Fiquei danada, porque tinha sido clara nas condições em que abrira essa excepção. Só fotografavam o local em que estava sentada. O resto seria esbatido, caso fosse apanhado. Nada foi respeitado, o que é paradigmático do modo como se encaram os compromissos. A revista em causa - nem refiro o nome para lhe não fazer publicidade - está banida, para mim, no futuro.
Ontem e ainda hoje estou, claro, de ressaca. Assinei setenta livros e já não tenho vinte anos. E, como sempre acontece, acabei por não estar com os amigos a gozar da sua estima, tanto quanto queria.
Daqui a uma semana sai mais outro livro meu. Este, de cozinha. Um clássico. Um retorno ao receituário tradicional, sem fotografias e com muitas e boas receitas. Um misto de Pantagruel e de Isalita, mas com récipes da minha família. Muito boas.
Passados dez dias sairá ainda outro, que será uma surpresa. A única coisa que revelo é o nome. Chamar-se-á "NÓS DE AMOR"!
Alguém do governo me poderá, alguma vez, dizer que preciso trabalhar, depois de publicar quatro livros num ano?! E, ao mesmo tempo, dar aulas e fazer televisão? Com a idade que tenho? Tomaram eles!

HSC

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O que os outros querem para nós...

"...José Cardoso Pires morreu, precisamente, há 12 anos. A melhor homenagem que lhe podemos prestar é lê-lo. Foi um dos grandes escritores da língua portuguesa e um homem que sabia o que queria da vida e o que queria para a vida de nós todos".

( Em http://duas-ou-tres.blogspot.com/)


O excerto que acima trancrevo, extraído de um post do nosso Embaixador em Paris, e cujo bold é de minha responsabilidade, ficou a martelar-me na cabeça, ontem, uma boa parte do dia. Sobretudo, porque o li a seguir às notícias que davam por terminadas as negociações entre os dois maiores partidos, para aprovação do Orçamento 2011.
E porquê, se uma coisa nada tem a ver com a outra? Porque continuo a constatar que o mais difícil na existência de todos nós é conciliar, com o menor sofrimento possível, a liberdade individual com a organização do colectivo, dado que esta última representa, na maioria dos casos, uma forte limitação da primeira.
Um pequeno exemplo, banal, é o das medidas anti tabágicas. Eu tenho a liberdade de fumar ou não. Mas essa liberdade individual deixa de existir, quando o colectivo me impõe que dentro de certos espaços, eu não fume. A solução será não ir a esses espaços... ou deixar de fumar.
Logo, vontade cerceada e liberdade curta. Poderia, à exaustão, enumerar casos destes.
Assim, cada um tem que se submeter à vontade de uma maioria na qual, uma parte expressiva de todos nós delegou o poder de estabelecer regras. Mas, face ao que venho assistindo, tenho cada vez mais dificuldades em aceitar o que os outros querem para a minha vida. Porque o que eles querem para mim é, justamente, aquilo que eu não quero...

HSC

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os PEC'S

"Portugal vai entrar num período profundo de recessão "durante muitos anos" e "vão ser precisos outros PEC" considerou ontem Daniel Bessa. "Vamos entrar num período profundíssimo de recessão, durante muitos anos [...]. As medidas que estão tomadas vão fazer a economia entrar em recessão. Mais tarde ou mais cedo, o Estado vai perceber que as receitas não chegam", afirmou o economista, durante um debate na Universidade Católica".

(Notícia do Publico de hoje)

Quando lemos uma notícia destas, em que um economista respeitado prevê o que o governo nega, é caso para perguntar quando será que o país conhecerá a verdade toda sobre a sua real situação. Eu sei que há sempre gente que apelidará este discurso de pessimista. Mas isso não resolve o problema de andarmos a ser sucessivamente enganados e punidos como se a culpa fosse exclusivamente nossa.
Claro que todos temos uma parcela de responsabilidade no que se está a passar. Primeiro, porque este governo foi eleito com os votos da maioria do povo português. Depois, porque havendo vozes que chamaram a atenção para o excesso das despesas governamentais e familiares, não foram ouvidas e até foram enxovalhadas. E, finalmente, porque apesar de, mesmo agora, essas vozes dizerem que este PEC não chega, ninguém as leva a sério.
Portugal está doente. Mas grande parte do fardo dessa doença, compete aos medicamentos que o médico prescreveu porque ignorou os efeitos secundários. A outra parcela pertence ao doente que tomou sempre os remédios fora de horas...

HSC

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fazer contas à vida!

Com algum masoquismo, confesso, decidi neste fim de semana, ver o que posso cortar nas minhas despesas de modo a situar-me, sem defice, nas novas condições que o excelso grupo que nos governa me irá impor.
A primeira realidade vem do lado da receita. Antes, eu trabalhava cinco meses para o Estado e sete para mim. Mais coisa, menos coisa. Agora, com quatro livros publicados neste ano, o mesmo Estado vai arrecadar cerca de sete meses do meu esforço e eu... cinco.
Logo a solução para o próximo ano, será trabalhar menos, para manter a anterior paridade. Mas como tudo vai ficar mais caro só tenho dois caminhos. Um, a troca directa - o meu trabalho contra trabalho de outrem que me faça falta - ou o meu trabalho contra os bens de que necessito. O outro caminho será o trabalho marginal. Não, não é esse que estão a pensar. O decoro e a idade não mo permitem. Falo de explicações dadas aos alunos maus das famílias boas. Esse é dinheiro limpo e não paga qualquer indecoroso imposto.
Do lado da despesa aqui vão os cortes. Tinha empregada doméstica nove horas por semana. Vai passar a seis. Enchia o depósito do carro de dez em dez dias. Vai passar a quinze. Ia ao cabeleireiro uma vez por semana. Vai passar a uma vez de quinze em quinze dias. Almoçava fora três vezes por semana. Passarei para duas. Ia ao gourmet do Corte Inglês duas vezes no mês. Passo a uma. Mantenho os livros, as pessoas que ajudo e continuo a viajar em leilão ou por pontos. Se nada mais se alterar o meu nível de vida desce mas é, ainda, suportável.
Se conseguir vender a casa, como pretendo, mando tudo às ortigas e vou viver para a minha segunda cidade de eleição, Paris, que sempre fica mais perto do meu neto que está em Bruxelas. É que nem ginjas, como diria o nosso povo.
Tenho uma imensa tristeza só de pensar em deixar a terrinha. Mas a minha tensão arterial volta ao normal, o sono reequilibra-se, as tristezas desaparecem e eu sobrevivo sem estas telenovelas políticas de baixa classe B...

HSC

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Financiamento dos partdos...

De acordo com uma notícia publicada hoje no jornal O Público, vem aí uma alteração à lei do financiamento dos partidos, que visa não só o corte dos gastos públicos em despesas eleitorais, como contemplar um aumento da entrada de donativos privados sem titulação bancária.
O coordenador do grupo de trabalho, é o deputado do PS Ricardo Rodrigues que confirmou haver "uma pequena possibilidade" de aumentar os limites daqueles donativos, embora saliente que "nada está decidido" quanto a montantes.
O aumento dos valores que os partidos podem receber em iniciativas de angariação de fundos ou em quotas em "dinheiro vivo", sem titulação por instrumento bancário, é uma proposta do PCP. Na anterior legislatura, os partidos haviam chegado a acordo para subir os limites máximos, mas a decisão, aprovada por unanimidade, foi vetada em 2009 pelo Presidente da República. A lei, entre outros pontos, aumentava para o dobro os limites então estabelecidos.
Devo dizer que o projecto, pessoalmente, não me agrada nada, pese embora resulte da necessidade de aliviar as despesas do Estado nesta matéria. Correr o risco de serem os que têm dinheiro aqueles que mais influenciem a nossa vida política, é prestar um mau serviço à democracia.
Prefiro que as águas sejam muito claras. A titulação bancária destes donativos só contribui para a transparência que se pretende imprimir à vida política. Não vejo nenhuma razão para fazer de modo diferente. Ou melhor, vejo muitas razões para o não fazer!

HSC

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A taxa...

"...Mais: e este aumento imoral da taxa de audiovisual encafuada na conta da electricidade? Só para pagar a boa vida da RTP, com os seus programas da treta e concursos em que se oferece tudo e mais alguma coisa - homessa! Isso é para os privados! Haja sentido do que é o diacho do serviço público, que para o resto temos os canais por cabo!
Eu andava a ver se não me enervava, mas isto de irmos sabendo o que se propõe para nos acabrunhar, num strip-tease económico-financeiro malvado, é demais..."

(www. Criativemo-nos.blogspot.com)

Hoje a Margarida tirou-me as palavras da boca com o seu post parcialmente reproduzido acima. Apenas junto uma acha. É que o grupo RTP vai fechar este ano com um endividamento de 801 milhões de euros, valor que representa, calcule-se, uma redução de 74,5 milhões de euros relativamente a 2009.
Só com muitíssimo otimismo é que nós continuamos na senda de acreditar que, um dia - certamente já não no meu tempo -, isto há-de acabar e Portugal voltará a resplandecer...

HSC

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Da sorte e da incompetência

"... sou capaz de ter chegado a um ponto em que considero ser o mal a própria ideia do merecimento. Podemos merecer ser promovidos no trabalho porque trabalhámos bem, ter boas notas na escola porque nos esforçámos, ganhar distinções e medalhas pela dedicação ao país, ou sermos homenageados com estátuas e nomes de ruas por termos oferecido um hospital ou uma escola à população. Mas tirando estes exemplos, ninguém merece nada do que lhe acontece..."
http:// bomba-inteligente.blogs.sapo.pt (publicado em 12/10)

Sempre tive imensas dúvidas acerca do grau de importância da sorte e do merecimento. Mas pendi, acreditei, sempre mais no merecimento como factor decisivo da sorte que temos.
O texto que reproduzo trouxe, de novo, à minha mente esta dúvida, num momento em que todos sentimos que o nosso futuro está nas mãos dos outros...e em que o valor pessoal é o menor dos factores a reger a nossa vida.
Por um qualquer falacioso princípio de Peter, aqueles que menos fazem são, por norma, os mais recompensados. Porquê? Porque têm sorte? Porque há quem, sem justiça, lhes teça a inércia e a compense? Porque, entre nós, a sorte se alia ao compadrio?
O que acontece aos mais competentes? Saem. Emigram. Vão procurar fora o que não encontram cá dentro. Porquê? Só pode ser falta de sorte...

HSC

Rapazes inteligentes...

"...Entre as alterações que os socialistas vão entregar hoje no Parlamento está a possibilidade de o Governo poder juntar uma moção de confiança à proposta de Orçamento do Estado. Na prática, esta medida torna as consequências de um chumbo muito mais sérias. Isto, porque votar contra o OE significaria inevitavelmente a queda do Governo
Actualmente, durante a discussão do OE, o Parlamento fica impedido de debater quaisquer outras propostas. O que significa que a apresentação de uma moção de confiança só seria discutida depois das contas públicas...."


Jornal Público, hoje.

Estes senhores que nos governam, não querem assumir responsabilidades sozinhos. Por isso fazem propostas. Como esta. Devem pensar que somos todos estúpidos...
HSC

domingo, 17 de outubro de 2010

Pátria

«Esses tempos feriam-no lá onde a alma já não seria capaz de defender-se. Se podia ter vivido ainda com as feridas da sua vida pessoal, as feridas da grande família que era a pátria acabavam com ele. Muitos da sua classe, e geração, morreram como ele, e não eram, seguramente, os mais fracos. «Pátria» era, para o pai, um conceito mais vasto que o da família, entidade suprema cujo destino responsabilizava os seus membros mais proeminentes. Aquele golpe do destino atingira-o em todo o seu ser, no corpo e na alma, como se a sua família tivesse sido afrontada, como se a infâmia que atingia o país ferisse a própria família. A sua agonia era como o prestar de contas de alguém que admite responsabilidades no sucedido, e, a seu modo, paga por isso.»

"Divórcio em Buda" de Sandor Márai

O autor deste belíssimo texto foi-me revelado, há uns anos, pela minha querida amiga Rita Ferro. A história da sua vida é fabulosa, apesar de terminar em suicídio, numa fase tardia da sua existência.
Hoje, ao visitar o inteligente blogue da Rita, o Acto Falhado, dei com esta reprodução que lhe roubo e aqui publico. É que fiquei com a impressão de que estas palavras podiam ter sido escritas por um(a) português(a) de têmpera, sobre a sua amada pátria.
Quem me dera ter tal talento. Porque o sentimento de amor a Portugal, esse, está todo inteiro dentro de mim!

HSC

Um Domingo abençoado

Tenho trabalhado tanto, que nem as medidas do engenheiro me têm conseguido parar. É a vida, quando se tem de continuar a trabalhar, para manter a qualidade a que cinquenta anos de ininterrupta actividade profissional deveriam dar direito. Mas isso é uma outra conversa que, um dia, aqui terei. Hoje não. Hoje estou feliz e não quero falar do que ou de quem diariamente me incomoda.
Estou feliz porque pude, de novo, almoçar a sós, com o meu querido filho Miguel. A sós durante uma hora. Só nossa. Sem netos nem irmão. Em puro egoismo!
Se alguém pudesse calcular o que para mim representam estes sessenta minutos, diria que, neste momento, me sinto a mais beneficiada das criaturas. Amo os meus filhos perdidamente, mas preciso com avidez, destes bocados com cada um deles em separado. E com o Miguel, nos últimos meses, a sós, nem pensar...
Rimo-nos imenso - somos muito parecidos - confessámo-nos mutuamente, contámo-nos estórias, enfim, troçámos muito um do outro. No meio de tanta crise, de tanta desgraça, eu só quero, mesmo, poder ver a minha família feliz.
E poder ter muitos Domingos como este: abençoados!

HSC

sábado, 16 de outubro de 2010

Os meus

"Le besoin d'évoquer certains des êtres qui ont illuminé mon parcours me tenaille depuis que j'ai découvert qu'ils occupaient mes nuits".
Jean Daniel
"Les Miens"

Esta é uma das frases de abertura dum blogue de que gosto muito, "A Casa da Lapa" (a-casa-da-lapa.blogspt.com), que pertence a Helena Oneto. É um misto de memórias e de reflexões que fazem pensar aqueles que, como eu, o seguem. E que, por norma, são acompanhadas de fotografias muito bonitas.
De facto, a quantas pessoas com quem nos cruzámos, não devemos nós uma parcela daquilo que somos? Por mais supreendente que tal possa parecer, até aqui, neste blogue, eu já tenho aprendido com muitos dos comentários feitos!
Quanto mais velha vou ficando, mais real a afirmação se torna. Se devo muito aos do meu sangue, nomeadamente pais, avós e filhos, não é menos verdade que uma boa parte do que sou, foi muito influenciada por pessoas que passaram na minha vida e nela deixaram uma marca.
Marca que abrange a gente que conheci e amei, os livros que li, a arte que apreciei, as músicas que ouvi, as viagens que fiz, enfim, o mundo que me rodeou. A todos eles estou muitíssimo grata. Jean Daniel tem muita razão. E Helena Oneto também!

HSC

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A vergonha...

Diz o Correio da Manhã. Na Carris, uma empresa deficitária, os administradores tiveram aumentos salariais de 65%. Prejuízo em 2009 de 41 milhões de euros.
Na CP, igualmente deficitária, os corpos gerentes registaram melhorias nos vencimentos entre 52 e 60%. Prejuízo no ano passado de 217 milhões de euros.
No Porto de Lisboa subidas apenas entre 29 e 32%.
Alguém tem vergonha na cara? Alguém desmente? Alguém explica?

HSC

Abençoada seja...

Sou uma admiradora incondicional de Agustina Bessa Luís que hoje completa 88 anos de idade. O que pessoalmente lhe devo não tem preço. O que, com a leitura dos seus livros aprendi, não tem medida. Que a tenhamos, entre nós, muitos anos mais, é o que desejo. Mesmo que longe dos nossos olhares.

HSC

Os dias depois...

O mundo viveu suspenso da sorte de trinta e três mineiros soterrados numa mina chilena. Todos os dias acompanhámos a sua sorte, nos jornais e na televisão. Felizmente a história teve um final feliz e esses homens encontram-se já entre as suas famílias,
Mas, curiosamente, pouco se tem falado do que vai ser "o depois" da vida destas pessoas que os media transformaram, de um dia para o outro, em estrelas do mundo televisivo. Como é que os protagonistas deste guião irão viver o retorno "à normalidade" do novo quotidiano?
Esta é, para já, do meu ponto de vista, a questão chave, que se põe após terem conseguido ser salvos. Que tipo de vida espera estes heróis e como é que cada um deles vai reagir a tudo aquilo que lhes aconteceu? E as autoridades do sector que lição tiraram de tudo o que se passou?

HSC

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Alguém se Candidata?



Ser parlamentar na Suécia é, como pode deduzir-se do vídeo publicado, um verdadeiro serviço cívico. Sem qualquer tipo de mordomias ou privilégios. Mais, quando se olha a forma como estes deputados vivem e exercem as suas funções, dá vontade de perguntar:"E se fosse cá, quantos candidatos teríamos?".

Algum dos representantes da Nação que falam da crise, do alto das cadeiras em que se encontram sentados em S. Bento, teria coragem de passar a viver com este estilo?
E as viagenzinhas à custa do erário público? E os assessores? E as secretárias? E as despesas de representação?

Ah! Claro, nem mais. A diferença está em que a Suécia é um país pobre e Portugal é um país rico. Esqueço-me sempre disto...

HSC

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Alta definição

Por mero acaso ouvi a entrevista a Susana Vieira dada ao programa Alta Definição. Gosto das perguntas de Daniel Oliveira e gostei das que fez agora . A actriz brasileira esteve à altura dos seus não escondidos 68 anos. Mostrou o que é, aquilo de que gosta e aquilo de que não gosta. Ou seja, respondeu livremente às questões postas. E assumiu, sem qualquer constrangimento, as mais difíceis que lhe foram colocadas.
Mostrou que, afinal, com a sua idade, tem toda a liberdade de viver como quer. E de não se preocupar com o que os outros possam pensar dela. Sobretudo, aqueles que entendem que uma mulher a caminho dos setenta, não pode, não deve, namorar um rapaz que podia ser seu filho. Ela pode e ela namora. Apesar das críticas. E parece ter o assunto bem resolvido. Assunto que, de facto, só a dois diz respeito. Ela mostrou bem que não é apenas aos homens que se permite o acesso à...carne fresca, por muito que a sociedade pretenda convencer-nos do contrário!

HSC

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

MULHERES QUE AMARAM DEMAIS

Um livro é sempre um parto difícil. No fim de 2010 terei catorze livros publicados. São vinte anos em que decidi perder vergonhas e meter-me nestas andanças. Sem descurar a economia que é a minha profissão, o meu gosto, a minha vocação. Escrever, como ler, é a minha paixão.
"MULHERES QUE AMARAM DEMAIS", conta a vida de nove mulheres que de algum modo marcaram o século XX. Umas são mais conhecidas do que outras, mas todas tiveram uma vida pública que é a sua ímagem de marca. Neste livro, para além desse lado social de qualquer delas, o que me interessou foi tentar ir mais além e perceber, ou melhor, sentir "quem" foram essas mulheres, para além das funções que exerceram. E nada melhor para revelar a alma feminina, do que conhecer o mundo dos seus afectos.
O leque é tão variado que inclui Jackie Kennedy, Gala Dali, Coco Chanel, Marie Curie, Marlene Dietrich, Marguerite Yourcenar, Madre Teresa de Calcutá, Golda Meïr e Wallis Simpson. Todas sublimes, todas surpreendentes, todas frágeis e fortes, enfim, todas mulheres de têmpera.
O livro estará à venda a partir de 12 ou 13 de Outubro. Ou seja, a partir de meados da próxima semana. E o lançamento será no dia 27, pelas 18h30, no Corte Inglês. Deixo-vos aqui a capa para abrir o apetite.
Até Dezembro irão sair mais dois. Um, será de culinária. A juntar aos dois que sobre o tema já publiquei. São receitas de família de quem tem uma metade beirã e outra alentejana. O último será surpresa!
HSC

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O 5 de Outubro

Talvez estivessem à espera que eu vos falasse da República. Não. Falo dela quase todos os dias quando "posto" sobre economia, finanças, questões sociais. Hoje não.
Também não falo do Tratado de Zamora que, no mesmo dia de 1143, estabeleceu que existia uma identidade nacional.
Não falo igualmente da crise que, placidamente instalada, assistiu às comemorações de republicanos e monárquicos.
Nada disso. Hoje falo de mim. Do meu feriado. Da tranquilidade com que o vivi, esquecida de dias e dias a paginar os três livros que estão para sair. Hoje só pensei em mim, gozando da presença e companhia de quem me estima.
Fui a Sintra, tomei chá, comi scones, sentada no jardim da casa, à sombra de uma árvore. E terminei, finalmente, a belíssima biografia de Catarina da Rússia. Depois, já quando o sol se punha, voltei aos tempos de menina e passeei de mão dada.
Acredito que a República tivesse estado sempre comigo, silenciosa mas presente...

HSC

domingo, 3 de outubro de 2010

PEC III


Embora o governo não explique o que é que entre Maio e Setembro deste ano aconteceu, para que a derrapagem tenha sido calamitosa - lembram-se certamente que quando do PEC II, se disse que as medidas nele preconizadas eram suficientes para pôr em ordem as contas -, talvez valha a pena debruçarmo-nos sobre o que conhecemos através da comunicação social.
Cortes salariais - de certo necessários. Mas aplicar uma redução de 3,5% a partir de um salário de 1500 euros e deixar o corte máximo em 10% para os salários mais elevados, num país em que o fosso salarial é enorme, parece pouco justo. Poderia começar-se nos 2% a partir dos 1750 euros e terminar nos 15% para os salários máximos.
O agravamento é mais chocante ainda, por se ter, simultaneamene, aumentedo em 1% a contribuição para a CGAposentações.
Congelamento de pensões - discordo para as pensões muito baixas.
Redução das despesas de saúde - discordo para os salários e pensões mais baixas. A solidariedade imporia, aqui, um agravamento para os níveis mais altos em benfício dos que podem menos. E uma apertadíssima vigilância da despesa, para evitar os tradicionais abusos.
Abono de família - discordo do corte para as famílias de nível de vida mais baixo que são quem mais filhos tem. E é um risco para a nossa taxa de natalidade que está muito baixa.
PIDAC - O que importa é estar atento ao tipo de projectos e não perder recursos europeus para aqueles cuja componente mais importante seja o fomento do emprego.
Indemnizações compensatórias - discordo para as empresas que trabalhem para a exportação que, deste modo, perdem competitividade.
Frota automóvel do Estado - discordo. Deveria proceder-se ao congelamento total de aquisições
Sector empresarial do Estado - redução os limite dos 7% de endividamento para todas as empresas que não cumpriram, como deviam, esta disposição.
Transferência do Fundo de Pensões da PT - discordo. É uma medida conjuntural e aquilo que o país precisa são medidas estruturais. No futuro, esta transferência vai sair a todos muito cara.
Em pricípio as restantes medidas conhecidas - que são, ainda, muito pouco do total -, parecem-me inevitáveis, apesar de algumas delas poderem, até, ser-me pouco simpáticas.
Julgo que terei esclarecido alguns comentários que aqui têm sido feitos.
HSC

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Que dizer?

"Os sacrifícios que estão a ser exigidos ao povo não são sacrifícios incomportáveis. Oxalá que o país nunca tenha de enfrentar sacrifícios maiores".
"As crises não são só do Governo, são do povo e o povo tem que sofrer as crises como o Governo sofre". (Declarações do Dr. Almeida Santos)
Será necessário fazer algum comentário a estas infelizes declarações?

HSC