segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Da sorte e da incompetência

"... sou capaz de ter chegado a um ponto em que considero ser o mal a própria ideia do merecimento. Podemos merecer ser promovidos no trabalho porque trabalhámos bem, ter boas notas na escola porque nos esforçámos, ganhar distinções e medalhas pela dedicação ao país, ou sermos homenageados com estátuas e nomes de ruas por termos oferecido um hospital ou uma escola à população. Mas tirando estes exemplos, ninguém merece nada do que lhe acontece..."
http:// bomba-inteligente.blogs.sapo.pt (publicado em 12/10)

Sempre tive imensas dúvidas acerca do grau de importância da sorte e do merecimento. Mas pendi, acreditei, sempre mais no merecimento como factor decisivo da sorte que temos.
O texto que reproduzo trouxe, de novo, à minha mente esta dúvida, num momento em que todos sentimos que o nosso futuro está nas mãos dos outros...e em que o valor pessoal é o menor dos factores a reger a nossa vida.
Por um qualquer falacioso princípio de Peter, aqueles que menos fazem são, por norma, os mais recompensados. Porquê? Porque têm sorte? Porque há quem, sem justiça, lhes teça a inércia e a compense? Porque, entre nós, a sorte se alia ao compadrio?
O que acontece aos mais competentes? Saem. Emigram. Vão procurar fora o que não encontram cá dentro. Porquê? Só pode ser falta de sorte...

HSC

7 comentários:

  1. Cara amiga

    Permita-me que a trate assim.
    Permita-me também que hiperligue o seu post, pois se todos os que lutam por um mundo melhor, juntarmos a força das nossa convicções, poderemos pelos menos morrer com a consciência plena de não sermos coniventes com este triste Destino e Fado, que se replica pelos séculos como uma maldição, e sermos finalmente bafejados pela sorte.

    E cara amiga, pudesse Portugal ter dez milhões como a senhora!
    Eu por mim continuarei a "lutar" pelo "meu" Portugal, que é um Portugal onde se viva na rectidão e respeito pelos outros, na justiça, no sentido de humanidade e no sentido de igualdade e de dignidade!

    Tudo coisas que com "sorte" ainda poderemos aspirar a ver!

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  2. Caro Raúl

    A sorte que cada um procura tem diferentes cambiantes.
    A sorte que eu procuro não está na soberba ou na passarele de vaidades que infelizmente se tornou uma parte da sociedade Portuguesa.
    Não pode haver inveja enquanto houver tantos dos nossos cidadãos a passar fome.
    A inveja é para quem quer comprar uma vida cómoda e... vazia!
    Pudessem todos os meninos de Moçambique, na magnífica e emocionante reportagem da TVI, a geração da viragem, sonhar um sonho num livro e todos seríamos mais felizes.
    Uns porque veríamos os outros felizes, outros porque perceberiam que construíram vidas vazias!

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  3. COm o amadurecimento da idade questiono-me mais vezes sobre o porquê de tantas desigualdades. E, sempre que se fala em sorte na vida, costumo dizer: até quando se é cão, se precisa ter sorte!! Não é verdade? :)
    Agora que dá para pensar, dá!
    Helena (Lisboa)

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  4. Caro PAS
    Também eu vi a reportagem. Impressionante. Apesar de saber que entre nós, nesse Portugal profundo, há outro tipo de miséria também.
    Apenas fiquei triste com Mia Couto, qundo afirmou que o problema dos livros dele dependia das editoras. Mia já chegou a um patamar em que pode negociar que uns tantos livros seus -descapados porque o que interessa é o conteúdo - possam ser enviados para Moçambique!

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  5. Cara HSC,
    sou idealista e otimista q.b, tenho a minha fé, acredito em valores que me foram transmitidos.Porém, neste momento, neste país, apenas estou mais convencida de vivermos um "nacional-porreirismo" que unge e protege os filhos em detrimento dos enteados. Seja qual for a localidade, a entidade, a cor política, litoral ou interior, a premissa é sempre a mesma: diz-me a tua filiação e não terás preocupação.

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  6. Cara Helena:

    Como não tenho o seu mail e não o encontro aqui, vinha dizer-lhe que, caso não a tenha, gostava de lhe enviar um ficheiro de imagem de uma foto da mesa de um colóquio no Porto (que também vou dar em papel à Dulce Rebelo)realizado em 1969 no Dia Internacional da Mulher
    em que participou com o Abelaira, a Dulce, o Blasco e a Natália Nunes
    (é tirada do livro do Sérgio Valente «Um fotógrafo na oposição»).
    O meu mail é vmcdias2007@gmail.com.
    Saudações cordiais.

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