Embora o governo não explique o que é que entre Maio e Setembro deste ano aconteceu, para que a derrapagem tenha sido calamitosa - lembram-se certamente que quando do PEC II, se disse que as medidas nele preconizadas eram suficientes para pôr em ordem as contas -, talvez valha a pena debruçarmo-nos sobre o que conhecemos através da comunicação social.
Cortes salariais - de certo necessários. Mas aplicar uma redução de 3,5% a partir de um salário de 1500 euros e deixar o corte máximo em 10% para os salários mais elevados, num país em que o fosso salarial é enorme, parece pouco justo. Poderia começar-se nos 2% a partir dos 1750 euros e terminar nos 15% para os salários máximos.
O agravamento é mais chocante ainda, por se ter, simultaneamene, aumentedo em 1% a contribuição para a CGAposentações.
Congelamento de pensões - discordo para as pensões muito baixas.
Redução das despesas de saúde - discordo para os salários e pensões mais baixas. A solidariedade imporia, aqui, um agravamento para os níveis mais altos em benfício dos que podem menos. E uma apertadíssima vigilância da despesa, para evitar os tradicionais abusos.
Abono de família - discordo do corte para as famílias de nível de vida mais baixo que são quem mais filhos tem. E é um risco para a nossa taxa de natalidade que está muito baixa.
PIDAC - O que importa é estar atento ao tipo de projectos e não perder recursos europeus para aqueles cuja componente mais importante seja o fomento do emprego.
Indemnizações compensatórias - discordo para as empresas que trabalhem para a exportação que, deste modo, perdem competitividade.
Frota automóvel do Estado - discordo. Deveria proceder-se ao congelamento total de aquisições
Sector empresarial do Estado - redução os limite dos 7% de endividamento para todas as empresas que não cumpriram, como deviam, esta disposição.
Transferência do Fundo de Pensões da PT - discordo. É uma medida conjuntural e aquilo que o país precisa são medidas estruturais. No futuro, esta transferência vai sair a todos muito cara.
Em pricípio as restantes medidas conhecidas - que são, ainda, muito pouco do total -, parecem-me inevitáveis, apesar de algumas delas poderem, até, ser-me pouco simpáticas.
Julgo que terei esclarecido alguns comentários que aqui têm sido feitos.
HSC
Concordo com o seu discordar, Helena, mas infelizmente não mandamos e somos espectadores, ainda que muito críticos, valha-nos isso.
ResponderEliminarRaúl.
Cara Helena,
ResponderEliminarMuito, mas muito interessantes comentários estes seus! Gostei de os ler. De algum modo, MRS ontem na TVI também abordou de forma parecida estas questões e bem gostei de o ouvir (cá para mim, dava um excelente PM!).
P.Rufino
Eu também concordo, com esta análise, parece-me mais justa e equitativa, mas pergunto-me quem somos nós afinal? uns visionários loucos? pois, parece-me é que todos os portugueses sabem o que está certo e que é tão óbvio para todos, menos para os politicos que nos governam. Não entendo, confesso-me desconcertada e, desiludida também há demasiado tempo que pedem sacrificos, os mesmos e aos mesmos e para os mesmos fins, anos e anos de sacrificios e anos e anos de decisões desastrosas que nos levam a mais anos de sacrificios, vai acontecer mais uma vez?? lamento que estejamos já tão doridos que nem reagimos a mais chibatadas...Eu tenho um ordenado de 1.750€, tendo dois filhos universitários que vivem exclusivamente a meu cargo, trabalho muito e com muito gosto, e, não ganho o suficiente para manter a minha familia, descontem-me 5%, aumentem o custo de vida e eu terei dias em que passo fome, é preciso muita análise e muito estudo para saber que quem ganha 500€ vive sem dignidade? que país é o nosso? eu não quero subsidios, nem pensões nem esmolas, quero ganhar para manter os meus, que me paguem com a dignidade com que exerço a minha profissão. O que me parece pelo que ouço das análises televisivas é que nenhuma daquelas pessas tem de governar a sua via com 1500 €, não fazem ideia do preço do dinheiro!
ResponderEliminarPerante o que acabo de ler, só me resta mesmo .... "nomeá-la" primeira ministra! :)))
ResponderEliminarHelena (Lisboa)
Para quê interrogarmo-nos sobre o que correu mal com o PEC II, que o governo afirmou ser suficiente para estancar a hemorragia da crise? O governo mentiu então, como mente agora, como mente sempre. Mente porque lhe convém, mente porque despreza o povo que governa, mente porque é tão incompetente que só lhe resta mentir, para encobrir a sua incompetência.
ResponderEliminarISC
Isto mostra que todo o Sistema está mal estruturado, mal demais...
ResponderEliminarQuanto à questão do salários a minha sugestão não é de corte, mas sim de não aumentos. E porquê? Pois com cortes além do corte directo temos também o corte indirecto!
Assim, penso que seria mais justo o seguinte, mero exemplo!!!
Salários
1000€ a 1250€ Dois anos sem aumentos
Até 1750€ Três anos sem aumentos
Até 2750€ Quatro anos sem aumentos
Até 3750€ Cinco anos sem aumentos
Acima 4750€ Sete anos sem aumentos
A seguir utiliza-se a inflação para se ir aumento os salários abaixo dos 1000€
Assim conseguia-se reajustar o tal fosso salarial
Mas claro que isto é muito difícil de se fazer...
Cara HSC,
ResponderEliminaras suas discordâncias são pertinentes, justas e adequadas a uma situação calamitosa.
Como seria bom que os desgovernantes desta república tivessem a sua lucidez!
ZMS
Sem dúvida que a sua análise é correcta e pertinente, mas neste momento as análises já não são suficientes...Para aléma das que nomeia, o governo prepara-se para mais uma medida conjuntural: Apoderar-se do fundo de pensões dos bancários...ao invés de tentar puxar todas as classes para um nível aceitável está a afundar os poucos que ainda andavam à tona de água...hà uma amosfera de pré revolta no ar...o meu pai, do alto dos seus 70 anos diz que lhe cheira ao mesmo cheiro dos 15 dias que antecederam o 25 de Abril...É bom que a classe política se torne responsável porque nós já não aguentamos mais...pacificamente...
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