domingo, 3 de outubro de 2010

PEC III


Embora o governo não explique o que é que entre Maio e Setembro deste ano aconteceu, para que a derrapagem tenha sido calamitosa - lembram-se certamente que quando do PEC II, se disse que as medidas nele preconizadas eram suficientes para pôr em ordem as contas -, talvez valha a pena debruçarmo-nos sobre o que conhecemos através da comunicação social.
Cortes salariais - de certo necessários. Mas aplicar uma redução de 3,5% a partir de um salário de 1500 euros e deixar o corte máximo em 10% para os salários mais elevados, num país em que o fosso salarial é enorme, parece pouco justo. Poderia começar-se nos 2% a partir dos 1750 euros e terminar nos 15% para os salários máximos.
O agravamento é mais chocante ainda, por se ter, simultaneamene, aumentedo em 1% a contribuição para a CGAposentações.
Congelamento de pensões - discordo para as pensões muito baixas.
Redução das despesas de saúde - discordo para os salários e pensões mais baixas. A solidariedade imporia, aqui, um agravamento para os níveis mais altos em benfício dos que podem menos. E uma apertadíssima vigilância da despesa, para evitar os tradicionais abusos.
Abono de família - discordo do corte para as famílias de nível de vida mais baixo que são quem mais filhos tem. E é um risco para a nossa taxa de natalidade que está muito baixa.
PIDAC - O que importa é estar atento ao tipo de projectos e não perder recursos europeus para aqueles cuja componente mais importante seja o fomento do emprego.
Indemnizações compensatórias - discordo para as empresas que trabalhem para a exportação que, deste modo, perdem competitividade.
Frota automóvel do Estado - discordo. Deveria proceder-se ao congelamento total de aquisições
Sector empresarial do Estado - redução os limite dos 7% de endividamento para todas as empresas que não cumpriram, como deviam, esta disposição.
Transferência do Fundo de Pensões da PT - discordo. É uma medida conjuntural e aquilo que o país precisa são medidas estruturais. No futuro, esta transferência vai sair a todos muito cara.
Em pricípio as restantes medidas conhecidas - que são, ainda, muito pouco do total -, parecem-me inevitáveis, apesar de algumas delas poderem, até, ser-me pouco simpáticas.
Julgo que terei esclarecido alguns comentários que aqui têm sido feitos.
HSC

8 comentários:

  1. Concordo com o seu discordar, Helena, mas infelizmente não mandamos e somos espectadores, ainda que muito críticos, valha-nos isso.

    Raúl.

    ResponderEliminar
  2. Cara Helena,
    Muito, mas muito interessantes comentários estes seus! Gostei de os ler. De algum modo, MRS ontem na TVI também abordou de forma parecida estas questões e bem gostei de o ouvir (cá para mim, dava um excelente PM!).
    P.Rufino

    ResponderEliminar
  3. Eu também concordo, com esta análise, parece-me mais justa e equitativa, mas pergunto-me quem somos nós afinal? uns visionários loucos? pois, parece-me é que todos os portugueses sabem o que está certo e que é tão óbvio para todos, menos para os politicos que nos governam. Não entendo, confesso-me desconcertada e, desiludida também há demasiado tempo que pedem sacrificos, os mesmos e aos mesmos e para os mesmos fins, anos e anos de sacrificios e anos e anos de decisões desastrosas que nos levam a mais anos de sacrificios, vai acontecer mais uma vez?? lamento que estejamos já tão doridos que nem reagimos a mais chibatadas...Eu tenho um ordenado de 1.750€, tendo dois filhos universitários que vivem exclusivamente a meu cargo, trabalho muito e com muito gosto, e, não ganho o suficiente para manter a minha familia, descontem-me 5%, aumentem o custo de vida e eu terei dias em que passo fome, é preciso muita análise e muito estudo para saber que quem ganha 500€ vive sem dignidade? que país é o nosso? eu não quero subsidios, nem pensões nem esmolas, quero ganhar para manter os meus, que me paguem com a dignidade com que exerço a minha profissão. O que me parece pelo que ouço das análises televisivas é que nenhuma daquelas pessas tem de governar a sua via com 1500 €, não fazem ideia do preço do dinheiro!

    ResponderEliminar
  4. Perante o que acabo de ler, só me resta mesmo .... "nomeá-la" primeira ministra! :)))
    Helena (Lisboa)

    ResponderEliminar
  5. Para quê interrogarmo-nos sobre o que correu mal com o PEC II, que o governo afirmou ser suficiente para estancar a hemorragia da crise? O governo mentiu então, como mente agora, como mente sempre. Mente porque lhe convém, mente porque despreza o povo que governa, mente porque é tão incompetente que só lhe resta mentir, para encobrir a sua incompetência.
    ISC

    ResponderEliminar
  6. Isto mostra que todo o Sistema está mal estruturado, mal demais...

    Quanto à questão do salários a minha sugestão não é de corte, mas sim de não aumentos. E porquê? Pois com cortes além do corte directo temos também o corte indirecto!

    Assim, penso que seria mais justo o seguinte, mero exemplo!!!

    Salários
    1000€ a 1250€ Dois anos sem aumentos
    Até 1750€ Três anos sem aumentos
    Até 2750€ Quatro anos sem aumentos
    Até 3750€ Cinco anos sem aumentos
    Acima 4750€ Sete anos sem aumentos

    A seguir utiliza-se a inflação para se ir aumento os salários abaixo dos 1000€

    Assim conseguia-se reajustar o tal fosso salarial

    Mas claro que isto é muito difícil de se fazer...

    ResponderEliminar
  7. Cara HSC,
    as suas discordâncias são pertinentes, justas e adequadas a uma situação calamitosa.
    Como seria bom que os desgovernantes desta república tivessem a sua lucidez!
    ZMS

    ResponderEliminar
  8. Sem dúvida que a sua análise é correcta e pertinente, mas neste momento as análises já não são suficientes...Para aléma das que nomeia, o governo prepara-se para mais uma medida conjuntural: Apoderar-se do fundo de pensões dos bancários...ao invés de tentar puxar todas as classes para um nível aceitável está a afundar os poucos que ainda andavam à tona de água...hà uma amosfera de pré revolta no ar...o meu pai, do alto dos seus 70 anos diz que lhe cheira ao mesmo cheiro dos 15 dias que antecederam o 25 de Abril...É bom que a classe política se torne responsável porque nós já não aguentamos mais...pacificamente...

    ResponderEliminar