Usei a expressão "torna" e não "faz", como seria mais natural porque, para mim, o estado de infelicidade deve ser transitório e o verbo fazer tem uma conotação mais rígida que o verbo tornar. É pessoal e não gramatical, a interpretação.
Depois, o que me torna feliz, muito possivelmente não diz nada a outras pessoas. E o que me dá, hoje, felicidade, é bem diferente daquilo que, há 30 anos, me provocava tal sentimento.
Assim, quando os economistas e sociólogos pretendem encontrar uma "taxa de satisfação pessoal", sinto uma grande desconfiança acerca daquilo que se pretende medir. Para além de que, estar satisfeito não é o mesmo que estar feliz.
Por outro lado, se não sei responder à pergunta que coloquei, sei que o sentimento que me invade quando penso que tenho família, amor, amizade, saúde, casa e trabalho, é muito próximo do que, julgo, será a felicidade. E, quando me é dada a fabulosa possibilidade de ver dois netos crescer, eu devo estar muito próxima de ser uma mulher feliz!
Será que não deveríamos todos, neste momento difícil para muitos, tentar requalificar as nossas prioridades, de modo a sentir-mo-nos um pouco menos infelizes?
H.S.C
9 comentários:
Confirmo que por vezes a nossa dimensão de felicidade ou de satisfação não está na proporção da realidade da vida.
Sentimo-nos menos felizes por isto ou por aquilo e nesse preciso momento não paramos para pensar o que a cada segundo acontece de mal no mundo.
No entanto, tal como a Helena diz, como é que é possível requalificar as nossas prioridades se as dificuldades por vezes ultrapassam a nossa intenção de parar para pensar a realidade?
É preciso muita capacidade e "cabeça fresca" que nos (me) falta algumas vezes nas vicissitudes da vida.
Um beijinho e mais uma vez bem haja por nos recordar que dentro do menos bom somos privilegiados em relação a tantos outros.
Ou seja, ajustar os níveis da "taxa de satisfação pessoal" à nova realidade...? Mas isso é o que fazemos toda a vida. Expressões como "vai-se andando"; "nunca seja pior" ou "há quem sofra mais", reflectem essa adequação, relativizando as vicissitudes da vida.
Tenho uma bitola muito elevada: ser feliz é ter saúde...
Felicidade, palavra cara para uns e barata para outros. Entendo que, do meu quarto de seculo, a felicidae é um sentimento que pode ser extremamente simples. Basta um gesto, um beijo, um sinal... para me fazer sorrir e sentir feliz.
Já dizia Saint-Exupéry: "Se queres compreender a palavra 'felicidade', indispensável se torna entendê-la como recompensa e não como fim."
Ó Paulo, ter saúde sem ter amor? Pois eu só quero as duas coisas...
A felicidade e como foi dito pela Dri, está resumida no Príncipezinho de Saint Éxupéry, com acréscimo da Saúde. A saúde tem-se ou não, o amor é a conquista do bom combate.
Helena, é a única faceta (saúde) que não depende da nossa inteira vontade desde o nascimento. Aliás, ter/querer Amor depende tanto, mas tanto, de nós próprios...
Ah pois é! :)
Eu sou feliz mas não estou satisfeita com muito do que acontece na minha vida. Como explicar? Tenho 2 filhos lindos que me enchem de orgulho, tenho uma família presente e amigos fantásticos. Por isto, sou feliz.
No entanto, não estou satisfeita. Porquê? Porque a empresa onde trabalho entrou em lay-off, porque o casamento chegou ao fim, porque quero mais e melhor a vários níveis.
Mas, garanto-lhe, é raro o dia em que não me sinta feliz. Porque aquilo que de bom tenho me ajuda a superar o menos bom que acredito vir a ultrapassar.
Ser feliz é viver o momento presente a desejar ser feliz.
Há alguns anos ouvi que felicidade "... é um fato branco que se veste ao domingo..." isto figurativamente, claro. Agrada-me muito esta ideia, às vezes quando olho para a minha vida desdo o meu "aeroplano" sei que usei este fato branco muitas vezes, sei também que foram alguns domingos em que não o pude vestir....
Agrada-me também nesta ideia, o facto de, como fato de vestir, depende muito de nós vesti-lo ou deixá-lo bo garda vestidos... descobri no meu andar que muitas vezes, oneramos terceiros, com a obrigação de nos fazerem felizes. A
felicidade que pode ser recompensa pela nossa maturidade emocional, pela aprendizagem que fizemos, pela dor que soubemos sublimar, deve ser também um fim em si mesmo. quando nos sentimos felizes de fato branco vestido, queremos um mundo radioso, somos melhores pessoas, mais solidários e realçamos as nossa qualidade de humanos.
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